Quatro dias depois de uma “inspeção surpresa” feita pelo ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no Rio de Janeiro, a direção da empresa anunciou nesta segunda-feira, 28, reestruturação dos quadros e redução de 45 cargos em comissão.
As demissões atingem funcionários do Rio, Brasília, São Paulo e Maranhão. Nem todos deixarão a empresa por serem servidores de carreira, mas vão perder os cargos comissionados. “Vamos enxugar o quadro, deixá-lo mais eficiente, com menos custo, mas cabe ao presidente da EBC executar isso. Ele é quem vai definir quem e quando será cortado. A forma de executar cabe ao presidente da EBC”, disse Santos Cruz.
A nota da EBC comunicando os afastamentos informa ainda que a partir desta segunda, o Repórter Brasil Maranhão, programa jornalístico local da TV Brasil no Estado, deixará de ser exibido. A ideia é reduzir o quadro em 30%.
Inicialmente, o presidente Jair Bolsonaro havia anunciado que extinguiria a EBC. Agora, a intenção é juntar os quadros da TV Brasil, criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a NBR, TV que faz as transmissões oficiais do governo em um só núcleo. Além disso, o governo quer limitar os cargos em comissão ao mínimo possível e colocar funcionários de carreira nos postos.
Na “visita surpresa” à EBC-Rio, na semana passada, o ministro encomendou, no departamento de Recursos Humanos, um relatório sobre quantas pessoas e cargos tem cada setor, a folha de ponto e a informação sobre quem é funcionário de carreira e quem é comissionado.
Em nota, a direção da EBC comunicou a reestruturação da empresa e informou que “o objetivo das mudanças é adequar a empresa à meta de otimizar despesas, com vistas à sustentabilidade até 2022, conforme estabelecida no Planejamento Estratégico”.
ESTADÃO CONTEÚDO
A EBC é uma das maiores vergonhas paridas na era petralha. Somente no último semestre de 2017, seus funcionários apresentaram 2.845 atestados médicos e pedidos de afastamento, o que dá quase 16 por dia. O número é maior do que o quadro da empresa, que tem 2.307 empregados. Um acordo coletivo permite aos funcionários até mesmo faltarem cinco vezes ao trabalho para acompanhar parentes (cônjuge, companheiro, pai, mãe, filho, enteado, irmão ou dependente legal) em consultas ao médico ou ao dentista. Outra vantagem: empregado só perde o salário integral após 4 meses de afastamento. Nem precisa mais explicar por que a audiência da famigerada "TV Lula" não passa de um traço (-).