O ataque mais intenso do exército de Israel por terra desde o lançamento da operação Limite Protetor, em 8 de julho, deixou 50 palestinos mortos no distrito de Shejaia. Milhares de moradores deixaram suas casas em uma tentativa desesperada de fuga e descreveram a ofensiva israelense como um “massacre”. Após pedidos da Cruz Vermelha, Israel concordou em um cessar-fogo humanitário de duas horas na área, para a evacuação de feridos e civis. Mas bombas lançadas pelo Hamas contra o exército fizeram a trégua durar menos de uma hora.
O número de mortos em Shejaia, considerada por Israel um centro da atividade terrorista na Faixa de Gaza, foi confirmado por fontes médicas, segundo o “Jerusalem Post”. Os militares israelenses se aproximaram da cidade de Gaza durante a noite com tanques e tropas após demolir cerca de quinze túneis do Hamas e incendiar tanques em áreas de fronteiras. Pelo menos 26 soldados feridos foram enviados para hospitais.
Ambulâncias foram incapazes de chegar ao local, cerca de três quilômetros de distância da cidade de Gaza, por causa dos bombardeamentos. Testemunhas relataram terem ouvido tiroteios nas ruas de Gaza.
Nos 13 dias de conflito, cinco soldados e dois civis israelenses morreram. De acordo com a Organização das Nações Unidas, o número de palestinos mortos passou de 400, a maioria civis. A ONU informou que 60 mil pessoas haviam procurado refúgio em 49 de seus abrigos na Faixa de Gaza.
Questionado sobre o ataque a Shejaia, um porta-voz militar israelense afirmou que Israel alertou os moradores para que deixassem a área:
“Há dois dias, os moradores de Shejaia receberam mensagens gravadas para evacuar a área, a fim de proteger as suas vidas”.
De acordo com Israel, o Hamas incitou as pessoas a não abandonarem suas casas. Um ataque aéreo na casa de Khalil al-Hayya, um alto funcionário do Hamas, matou seu filho, sua nora e dois netos, segundo funcionários de um hospital local.
O encontro marcado entre o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, deve acontecer nas próximas horas, em Doha, no Qatar. Abbas condenou a expansão da ofensiva na região e descreveu o ataque como “o novo massacre cometido pelo governo israelense em Shejaia“.
De acordo com o jornal egípcio “Aharam“, o secretária de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, estava viajando para o Cairo para ajudar o esforço de mediação.
Na semana passada, o Hamas rejeitou a trégua sugerida pelo Egito, insistindo sobre as garantias para acabar com as sanções israelenses e egípcias e com o bloqueio das fronteias de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, que voou para Israel depois de reuniões no Egito e na Jordânia, disse no sábado que os esforços para garantir um cessar-fogo fracassaram.
“Infelizmente, posso dizer que a chamada para um cessar-fogo não foi ouvido, e, pelo contrário, há um risco de mais mortes de civis que nos preocupa”, afirmou Fabius após reunião com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.
O Globo
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