Não é exagero dizer que as obras de mobilidade urbana previstas para a Copa de 2014 correm o risco de ficar só no papel. Em Natal, menos de 1% das intervenções urbanas planejadas e anunciadas aos quatro ventos pela prefeitura da capital e Governo do Estado para o Mundial da Fifa foram executadas, conforme aponta um relatório realizado pela Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados e apresentado nesta quarta-feira, 25, em Brasília (DF), pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo. Em maio o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, vai fazer visitas às cidades-sedes para avaliar o andamento das obras.
O levantamento da Comissão de Desenvolvimento Urbano servirá como uma das bases de uma série de auditorias que o TCU está fazendo nas doze cidades-sede do evento. Em pior situação do que Natal, Manaus e Curitiba, cujos trabalhos chegam ao irrisório percentual de 1% de execução, estão cidades como Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Salvador e São Paulo, que não tem nenhum projeto de mobilidade da Copa em execução, segundo o levantamento. Natal tem oito grandes obras de mobilidade urbana previstas para a Copa, e outras cinco associadas ao mundial, ou seja, justificadas como importantes para a realização do evento.
As obras de mobilidade em todo o país estão atrasadas em comparação aos estádios de futebol que vão receber os jogos. “Os estádios estão com 22% do total proposto executado. A mobilidade só está com 5%. Isso é preocupante porque seria justamente na infraestrutura urbana que a Copa poderia deixar algum legado”, criticou o presidente da CDU, o deputado Domingos Neto (PSB-CE).
Como apenas 5% dos mais de R$ 12 bilhões destinados para as obras de infraestrutura e transporte foram executados, o ministro Valmir Campelo argumentou que as obras com risco de ficarem prontas somente após o Mundial devem ser retiradas da matriz de responsabilidades do evento.
O ministro lembrou que todas as obras previstas na matriz, assinada pelos governos federal, estadual e prefeituras em 2010 e revisadas no ano passado, podem entrar no Regime de Contratação Diferenciada, que flexibiliza as licitações e contratações públicas. Leia-se: com menos transparência na gestão dos recursos. “Para não entrar nesse regime, a matriz deve ser revista. Precisamos tirar desse planejamento as obras que não têm condições de ficar prontas até 2014”, argumentou Campelo.
Fonte: Diário de Natal
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