Nem cartão de crédito, nem cartão de débito. Apesar do avanço das tecnologias na área de meios de pagamento, a forma mais frequente de recebimento no comércio brasileiro ainda é com dinheiro. Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (19) pelo Banco Central mostra que 52% dos recebimentos no comércio ocorrem com o uso de cédulas e moedas. Cinco anos antes, em 2013, o porcentual estava em 57%.
A pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro” mostra que, no período, o recebimento de pagamentos por cartões de crédito no comércio caiu de 35% para 31%. Modalidade de pagamento que possui um custo maior para o comerciante, o cartão de crédito mostrou retração no período, enquanto o recebimento por cartão de débito saltou de 4% para 15%.
Entre as modalidades mais frequentes de recebimento no comércio, aparece ainda o uso de vale refeição/alimentação, que passou de zero em 2013 para 1% em 2018. O pagamento com cheque permaneceu com porcentual de 1% e o uso de outros meios foi de 3% para 2% – neste caso, entram formas diversas de pagamento, de vales a moedas virtuais, como o bitcoin.
Valor das Transações
O fato de a população utilizar mais cédulas e moedas para pagar compras no comércio, na comparação com os cartões, está ligada aos valores das transações. O estudo do BC mostra que, em compras de até R$ 10, o principal meio de pagamento utilizado é o dinheiro, com 88% do total. O cartão de débito é usado em 9% dos casos e o cartão de crédito, em 2%.
Em transações com valores maiores, o costume muda. Para compras com valores entre R$ 50 e R$ 100, 52% dos pagamentos são feitos em dinheiro, 27% com cartão de débito e 19% com cartão de crédito. No caso de valores acima de R$ 500, os porcentuais são de 31% para dinheiro, 18% para débito e 43% para crédito.
“Apesar do crescimento dos meios de pagamentos eletrônicos, o dinheiro em espécie ainda é largamente utilizado no Brasil”, pontuou o chefe do Departamento de Meio Circulante do BC, Felipe Frenkel, durante a apresentação da pesquisa. “Quanto menor o valor, maior o uso do dinheiro. E as despesas de menor valor são as mais frequentes. Toda hora vamos à padaria, à farmácia”, acrescentou o chefe-adjunto do departamento, Fábio Bollmann.
Segundo eles, o uso de dinheiro ou de cartões não é apenas uma questão de avanço de tecnologias ou do próprio setor de meios de pagamentos, mas também passa por questões culturais. Eles lembraram que na Suécia o uso de dinheiro vivo é reduzido. Ao mesmo tempo, a Alemanha, outro país europeu com sistema financeiro desenvolvido, utiliza muito o dinheiro em transações. “Não existe um padrão ótimo”, disse Bollmann.
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