Engana-se quem pensa que o universo agropecuário é dominado pelos homens. Cada vez mais as mulheres estão conquistando espaço, e prova disso foi a Corrida de 3 Tambores que aconteceu neste sábado (13) na 56ª edição da Festa do Boi, dentro da Copa Potiguar da modalidade. As histórias das atletas são similares: já tinham convívio com cavalo nas fazendas dos familiares e uma aproximação com a vaquejada.
Kaline Machado é uma das atletas que representa o estado em competições pelo Brasil. Ela conta que o surgimento da modalidade no Rio Grande do Norte se deu há três anos e aconteceu porque alguns homens queriam inserir esposas, filhas e irmãs na rotina das vaquejadas.
“Foi a esposa de um deles que falou da vontade de correr nas pistas, mas não tinha nada que incluísse a mulher. Foi aí que eles trouxeram os 3 Tambores, e acabou unindo toda a família”, e acrescentou, “não são só os adultos que correm, tem a categoria Kids, Junior.
As nossas filhas correm 3 Tambores e nos incentivam”.
Kaline, que é vice-presidente da Associação Norte-Riograndense de 3 Tambores, afirma que a modalidade e o ambiente não registra nenhum preconceito com a presença das mulheres. “Não tem lugar para isso.
As mulheres abrilhantam os campeonatos de 3 Tambores e mostram competitividade. Os melhores tempos são feitos por elas, chegam a fazer em 17 segundos todo o circuito”, explica.
Atletas
A empresária cearense Andrea Macedo, na época de colégio, praticava Hipismo. Com o fim dos estudos, sentiu falta de um esporte com cavalos. Em 2013, conheceu a modalidade e “não vou deixar mais”.
“É uma adrenalina muito boa. A mulher sempre lidou com a competição, seja no mercado de trabalho, nas tarefas do dia-dia, mas aqui a coisa é diferente”, contou a atleta que já foi convidada a competir em São Paulo.
Mas tem algo que desacelera Andrea, a perda do seu animal. O atleta, seja ele de qual gênero, tem um grande companheiro: o cavalo. Com o animal, eles formam uma dupla que devem fazer o circuito dos 3 Tambores com o menor tempo. “Eu perdi minha égua há dois anos e o coração ficou apertado. É difícil digerir uma perda, é o meu companheiro, minha dupla, mas não dá pra desistir, está intrínseco no meu sangue”.
No caso de Fernanda Nunes, as filhas de 11 e 4 anos são as grandes incentivadoras da mãe correr nas pistas. “A minha mais velha que me chamou para voltar a correr e é muito bom. Quando não tenho um resultado bom, ela me orienta, aconselha, chama a minha atenção nos erros. Amamos de paixão e as competições empolgam toda a família”.
Ana Catarina Dias, gestora municipal, relembra que quem gostava de montar a cavalo só tinha a vaquejada como esporte, e os 3 Tambores é mais uma opção que agrega diversos familiares. Hoje, depois de mais de três anos da modalidade instalada no Rio Grande do Norte, Ana garante que o RN é o estado mais forte no Nordeste, com competições organizadas, na modalidade.
“Temos atletas de alto nível com capacidade de disputar por igual com competidores do Sul e Sudeste. A cada campeonato, os atletas estão mais afiados, bem treinados e dispostos a ganhar”, comentou. Ela mesma ganhou no mês passado a prova Rufino Borba, em Pernambuco, na categoria Tira Teima, com a presença de homens, mulheres, profissionais e amadores; e na categoria Aberta, somente com atletas profissionais.
O que seria de nós, homens, sem as mulheres?! Cada mulher pode chegar aonde ela própria quiser porque cada uma guarda uma força inacreditável. Tenho enorme respeito e admiração por vocês, polivalentes! Vocês, mulheres, são as tampas das nossas panelas, ou as panelas para nossas rampas, a ordem – tampa/panela panela/tampa – é o que menos importa. O FATO é nós não vivemos sem vocês!
Fico muito feliz com suas palavras. Muito obrigada!