Levantamento feito pelo GLOBO revela que, na última eleição, partidos se valeram de candidaturas de mulheres com desempenho eleitoral inexpressivo para cumprir a cota de 30% do uso do fundo eleitoral. Muitas nem sequer chegaram a fazer campanha.
Dos 79 candidatos que registram gastos de mais de R$ 1.000 para cada voto obtido, 76 são do sexo feminino. São R$ 13,8 milhões em fundo partidário e fundo eleitoral, verbas públicas, gastos com essas candidaturas. Nenhuma dessas mulheres foi eleita. Para efeito de comparação, o gasto médio dos candidatos que disputaram a última eleição pelo país foi de R$ 41 por voto.
Os casos de candidaturas de mulheres com votação inexpressiva e altos custos envolvem 21 partidos. A sigla que mais se valeu do expediente é do PRB, com 12 mulheres que receberam R$ 4,3 milhões em dinheiro público e, juntas, tiveram pouco menos de 3 mil votos.
As histórias se repetem em todo o país. Tamires Vasconcelos, candidata a deputada estadual do PR do Piauí, declarou um gasto de R$ 370 mil e acabou com 41 votos. No PRB do Maranhão, Maria Regina Duarte Teixeira declarou gastos de R$ 585 mil de verba pública, apesar de ter obtido só 161 votos para deputada estadual. As campanhas não deixaram rastros nas redes sociais e as mulheres não foram encontradas para comentar.
Kadija
A candidata a deputada distrital Kadija (MDB-DF) declarou gastos de R$ 454,5 mil, mas obteve só 403 votos. Sua principal despesa foi com militantes de rua (93%), mas três pessoas contratadas como cabos eleitorais relataram ao GLOBO que não fizeram campanha para ela.
Ilka Quinhões Azevedo diz que trabalhou apenas na campanha do candidato do MDB ao governo, Ibaneis, que foi eleito, e que nunca ouviu falar em Kadija. Ela ainda perguntou se o nome do seu genro, Anderson Ferreira de Souza, estava na prestação de contas, o que foi confirmado pela reportagem, e disse que ele também não trabalhou para a deputada.
— Meu nome está na prestação de contas de uma deputada que eu nunca ouvi falar? Eu não trabalhei para ela. Vou atrás dela pedir meu dinheiro
Thiago Neves Braz está em situação semelhante. Ele foi contratado pelo MDB, e ressalta que avisado que o trabalho poderia envolver outros candidatos, mas afirma que não conhece Kadija e não sabia que seu nome estava na prestação de contas dela. Felipe Souza Lopes também conta que não conhece a candidata, mas preferiu não revelar para qual candidato trabalhou.
Outro cabo eleitoral foi Henrique Nelson da Cunha Mesquita. Ele conta que foi um dos coordenadores da campanha de Kadija e que chefiou um grupo de 50 pessoas, grupo em que deu prioridade a Ibaneis. O nome de Henrique, porém, está somente na prestação de contas de Kadija, e não na de Ibaneis.
— Eu tinha uma equipe de 50 pessoas. Coloquei 20 para trabalhar para ela e para o Ibaneis e 30 somente para o Ibaneis.
Kadija se disse surpresa com a informação e afirmou que todos os seus gastos foram devidamente apresentados à Justiça Eleitoral. Ela afirma não saber qual foi o critério do partido na distribuição do dinheiro, mas admite que a cota de 30% dos recursos para mulheres pode ter influenciado.
— Me causa estranheza quem falou isso. São pessoas que receberam cheques nominais. Não posso dizer que conhecia todas as pessoas, os coordenadores da campanha tinham liberdade para arregimentar. É uma questão que eu tenho que ver na próxima gestão de campanha. Não sei quais foram os critérios do partido. Deve ter tido algo relacionado aos 30%, acho que o partido deve ter feito seus critérios. Mas foi bem tranquilo, me senti até privilegiada.
Teresa Cavalcante Queiroz
Teresa Cavalcante Queiroz, candidata a deputada estadual no Ceará, recebeu um voto. Ela disse ao GLOBO que desistiu de fazer campanha porque é funcionária pública e temeu haver incompatibilidade. Na sua prestação de contas, porém, aparece um gasto de R$ 5 mil. Deste valor, R$ 3 mil foi gasto com uma gráfica, no Ceará, no nome de Gustavo Silveira Alves.
— Não sei quem é. Com certeza é com eles (o partido), porque não recebi nada e não gastei nada. Tive um único voto, de uma professora que não estava sabendo que eu desisti — contou.
Por sua assessoria, o partido Democracia Cristã (DC) disse que distribuiu R$ 50 mil do fundo eleitoral para mulheres no Ceará e que coube ao diretório estadual decidir como distribuir o dinheiro. Ely Aguiar, presidente do diretório do Ceará, negou que conheça a candidata a deputada que desistiu de concorrer.
— Tem que ver se as contas delas estão pendentes ou não. Que tipo de gasto foi feito. Existe pendência. Não conheço a candidata e nem sei de que forma ela fez a prestação. Ela que tem que responder o tipo de despesa. Ao partido compete liberar o que a justiça manda. Isso foi feito — afirmou.
Lucenir Licata
A candidata a deputada estadual Lucenir Licata, do PSD de Roraima, declarou ter gastado R$ 60 mil de dinheiro público e recebeu apenas nove votos. O motivo está explícito em sua página no Facebook. Lucenir anunciou outra candidatura: a de seu marido, o pastor Josias Licata, a deputado federal. A verba foi repassada pelo PSD. A reportagem entrou em contato com o candidato, que não quis falar sobre o assunto.
— Não tem nada a ver comigo, tem a ver com ela. Tem que ligar para ela.
O GLOBO pediu para entrar em contato com Lucenir, mas o pastor afirmou que preferia não ajudar. Josias Licata teve a candidatura indeferida por ausência da prestação de contas referente à eleição de 2014, em que também concorreu. Em sua própria campanha, declarou gastos de R$ 50 mil.
Lucenir fez campanha para o marido no Facebook Foto: Reprodução/Facebook
Clivia Pinheiro Leão
No Pará, a candidata a deputada estadual Clivia Pinheiro Leão, pelo PROS, gastou R$ 170 mil de dinheiro público, mas converteu só 49 votos. Em sua página do Facebook, Clivia aparece fazendo campanha para o candidato a deputado federal Xarão Leão, um parente seu, e não para si mesma. Xarão, ou José Antonio Azevedo Leão, é o presidente do partido no estado.
Clivia registrou gastos de R$ 70 mil em uma gráfica que também consta na prestação de contas de Xarão. Ex-prefeito de Breves (PA), Xarão já foi condenado em primeira instância à inelegibilidade por desvio de dinheiro público, mas teve o registro deferido no ano passado. Ele não se elegeu a deputado.
Na prestação de contas de Clivia, R$ 33 mil foram gastos em locação de veículos. Os donos dos carros são Eline das Graças Azevedo Leão, Karen Nunes Leão e Gustavo Silva Leão. Procurada, Clivia não quis atender a reportagem. Após o contato, ela apagou todas as publicações no Facebook em que fazia propaganda para Xarão.
Deize Ramos da Silva
Concorrendo a deputada estadual, Deize Ramos da Silva, do Solidariedade da Bahia, recebeu apenas nove votos. Na prática, a estrutura de sua campanha foi mais usada por um homem, o candidato a deputado federal Luciano Araújo (SD-BA). Ela não sabia, antes da ligação do GLOBO, o seu gasto total: R$ 55 mil em verba pública.
— Teve carro de som, panfleto, teve tudo, mas na hora de votar, ninguém votou em mim. Eu me decepcionei muito com o pessoal. Não sei quanto gastei. Todo o material era casado com Luciano — disse Deize.
A reportagem entrou em contato com Valdira Maria Ribeiro, contabilizada na prestação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como cabo eleitoral de Deize. Questionada, ela não sabia dizer se Deize era ou não candidata. Lembrava do nome de apenas um candidato para quem fez campanha: Luciano Araújo. Ele não se elegeu.
— Não lembro se ela (Deize) era candidata. O deputado federal era o Luciano. O nome dele estava nos panfletos.
Vânia da Silva
A candidata a deputada estadual em Roraima do PV Vânia Bezerra da Silva teve dois votos e declarou gastos de R$ 9,8 mil. Ela nega que tenha recebido dinheiro.
— Não tive dinheiro. Não quero tocar nesse assunto, não — disse Vânia Bezerra da Silva, que completa: — Realmente, só tive dois votos, não comprei votos de ninguém, não sou forte e não tenho dinheiro.
O Globo

PSL do presidente é corrupto!
O foco agora são as mulheres. Depois de demonizarem a atividade política – com toda contribuição financeira para campanha tratada e orquestrada como propina – colocando todos os políticos no mesmo saco – as mulheres que se arriscam a entrar na atividade, são chamadas de laranjas. Basta ler qualquer reportagem: as mulheres são protagonistas da quase totalidade dos casos de desvios de verbas públicas para campanha- o fundo eleitoral. Quando se sabe que a maioria entrou na eleição para os partidos cumprirem a quota obrigatória de mulheres candidatas. Tanto é assim que em todo o Brasil apenas uma mulher se elegeu governadora. E mesmo assim a então senadora Fátima Bezerra, uma política já de longo curso e percurso nos labirintos da política.
Porque só depois de massacrar o PSL, é que a verdade sobre fundo partidário aparece, e tem casos bem mais grave que o do PSL. Bem a exemplo do que aconteceu na ALRN, que depois de massacrar o Queiroz, aí sim mostraram outros casos idêntico, só que bem mais grave. Portanto amigos, o alvo será sempre pessoas ligadas ao mito, depois esquece. Que já tentaram queimar o filme do bolsonaro. Só que as pessoas não são tolas e sabem que é tudo armação.
Hipócrita e mau caráter. Falava horrores do PT e agora relativisa quando é do seu candidato.