Um funk que se utiliza de trechos do Alcorão, o livro sagrado do Islã, vem gerando irritação entre líderes muçulmanos no Brasil. Sucesso no YouTube, o vídeo do “Passinho do romano”, de Mc Dadinho, já tem mais de 35 milhões de visualizações, mas é pivô de uma ação judicial na qual a Sociedade Beneficente Muçulmana (SBM) exige a retirada imediata de cinco clipes da música do ar. A entidade representante da fé islâmica considera que inserir citações do livro sagrado em uma música não ligada à religião “desrespeita os preceitos muçulmanos”.
O vídeo mais acessado foi postado em maio do ano passado. Meses depois, a SBM entrou com uma ação contra o Google Brasil pedindo a remoção dos links do YouTube. A entidade chegou a ganhar uma liminar que obrigava o gigante tecnológico a tirar os vídeos. Mas, no último dia 9 de abril, a 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a decisão.
Em entrevista ao GLOBO, Dadinho se diz assustado com a polêmica. Ele conta que já recebeu várias ameaças por causa da música. Mas o cantor afirma que nem sabia que as palavras usadas eram uma oração muçulmana e que não quis ofender ninguém.
O parecer do desembargador relator do caso, Dácio Tadeu Viviani Nicolau, considerou que a “imediata retirada dos vídeos da internet caracteriza censura ao seu conteúdo”. No texto, ele ressaltou que a ação envolve o conflito entre dois direitos fundamentais de mesma relevância garantidos pela Constituição Federal: liberdade de expressão e liberdade religiosa. Porém, usando os critérios da razoabilidade e proporcionalidade, o relator observou que, nesse caso, há de prevalecer a liberdade de expressão. Segundo Nicolau, “há que se observar, ainda, que os vídeos estão disponíveis na internet há meses, já tendo ampla repercussão”, o que tornaria irrelevante a remoção do conteúdo no momento presente.
A nova decisão vai contra a liminar emitida em primeira instância que determinou que o Google Brasil deveria remover os links indicados, no prazo de 48 horas, sob pena de multa diária no valor de R$ 5 mil, limitado a R$ 30 mil. A juíza Anna Paula Dias da Costa havia concordado com os argumentos da SBM, aceitando a ação de indenização, com pedido de antecipação de tutela. O caso ainda será julgado em segunda instância.
No vídeo de maior sucesso da música “Passinho do romano”, com mais de 35 milhões de acessos, o dançarino Fezinho Patatyy executa movimentos do estilo passinho, enquanto trechos do Alcorão são recitados em árabe ao fundo, sobre uma batida de funk, e intercalados com os versos criados por Dadinho. “Eu já tô louco, já tô crazy, tô ficando embrazado/ Faz o passinho do romano, mas não mostra a minha cara, porque eu sou envergonhado”, diz a letra, que ainda afirma: “Essa é a nova do Dadinho, esse passinho tá pegando”.
LIVRO SÓ PODE SER CITADO EM ESTADO DE PUREZA
A ideia de introduzir uma melodia proveniente do Oriente Médio na canção partiu do DJ DN de Caxias, segundo Dadinho, que garante nunca ter sido sua intenção ofender a religião muçulmana. Já a sociedade defensora da fé islâmica no Brasil acredita que citações do livro sagrado em uma música não ligada à religião “desrespeita os preceitos muçulmanos, pois o Livro somente pode ser recitado em estado de pureza, no momento da reza”. A decisão anterior considerou o vídeo potencialmente ofensivo, por utilizar frases do Alcorão em contexto diverso do religioso.
— A gente nem sabia que era uma oração dos muçulmanos. Não quis ofender ninguém — se defendeu Dadinho, de 20 anos, morador de Caxias.
O funkeiro contou, por telefone, que recebe constantemente em seu perfil no Instagram e no Facebook mensagens de ódio.
— Fiquei com medo quando comecei a receber recados no meu WhatsApp. Me explicaram que o trecho que aparecia na minha música era do Alcorão e que se eu não tirasse os vídeos do ar em um mês, iam me matar — afirmou.
Com medo de represálias, o artista pretende gravar, em breve, uma nova versão da música, sem as citações em árabe, e substituir a gravação nos vídeos hospedados no YouTube. O MC também afirmou que dois shows que faria fora do estado do Rio foram cancelados após a polêmica.
Contra a determinação de remoção dos vídeos, o Google interpôs Agravo de Instrumento ao TJ-SP. No recurso, a empresa alegou que a decisão “afronta as garantias constitucionais da liberdade de expressão e da livre manifestação artística, (…) implicando censura da manifestação cultural do funk brasileiro” e defendeu que o YouTube é mero provedor de hospedagem de vídeos, não exercendo controle sobre o conteúdo publicado pelos internautas, embasando seus argumentos na Constituição Federal e no Marco Civil da Internet. A companhia de tecnologia ainda afirmou que os conteúdos são “inocentes” e que claramente “não há intuito ofensivo nos vídeos, no qual figuram crianças e adolescentes dançando”. Por fim, a firma argumentou que as regras religiosas devem ser somente impostas a seus adeptos, inexistindo obrigação das demais pessoas de seguir os costumes de determinada religião. O parecer do desembargador Nicolau foi favorável ao Google Brasil e derrubou a liminar que pedia a retirada imediata do conteúdo. A SBM, no entanto, aguarda o julgamento do agravo, que deve acontecer no fim do mês, enquanto prepara sua defesa.
— Não é intenção da SBM censurar nada. A ação movida contra o Google tem um caráter educativo. Apenas pedimos a retirada dos vídeos que ofendem a fé islâmica do ar. É uma forma de dizer que as pessoas precisam tomar cuidado quando se trata do Alcorão — argumentou o advogado que representa a SBM no caso, Alberto Camelier. — É difícil para quem não compartilha da fé entender o que é uma afronta a uma crença que não é a sua. Os muçulmanos se sentiram profundamente ofendidos com a canção, por mais que os compositores não tivessem a intenção de causar dolo.
O Globo
Pessoal, essa ideologia do medo não funciona no Brasil… A gente já vive em guerra aqui com o tráfico; uma a mais ou a menos não vai fazer diferença.. Apesar que eu acredito mais que os traficantes queimem as mesquitas aqui no Brasil do que eles quererem fazer algum atentado, do jeito que as coisas tão no Brasil.
Vai lá danadinho … Mexe massas
Isto é o mau costume de morar no Brasil que toca fogo nos templos . Nas igrejas eu gostaria de ver vcs fazer e muitos mas pra ver se vcs tem coragem mesmo… Um bando de doidinhos desafinados achando q pode mexer com as oltras culturas quero ver ……
O mal de vocês é sair julgando, acha que um “favelado” tem que ter um reconhecimento desse? Vem viver no mundo onde vivemos e ver como é diferencia o convívio de vida de vocês. Falar é fácil!! Ninguém é obrigado a estudar “Arabe”, tão até de sacanagem.
Ninguem mandou ele colocar versos do Alcorão pra fazer funk agora ele dizer que ele não sabia que era uma oração árabe ele só pode ser muito burro
Liberdade de expressão………
Esses mulçumanos que são ignorantes, cada um faz o que quer
Pois vai vc fazer liberdade de expressão lá na mesquita deles ….
Os caras fazem merda e o Google é que paga ? Que bela maneira de produzir irresponsabilidade …..
O pessoal do Charlie Hebdo , também tinham liberdade de expressão na França …. a questão que o desembargador não entendeu, é para os Muçulmanos nossa lei aqui não quer dizer nada …. se eles se ssntirem ofendidos virão aqui e irão explodir um monte de gente ….
Esse pseudo cantor não sabe nem o que é o Alcorão e nem o Islã.
Uma besta ignorante