Se a Polícia Civil tivesse investigado uma denúncia recebida 75 dias antes da morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, a tragédia poderia ter sido evitada. No dia 1º de maio deste ano uma paciente registrou uma acusação contra o médico Denis Cesar Barros Furtado na 16ª DP (Barra da Tijuca). A mulher, que não teve a identidade revelada, desconfiou da conduta do “Doutor Bumbum“, como o médico ficou conhecido nas redes, após ser informada de que o procedimento agendado seria realizado numa cobertura na Barra da Tijuca, e não no consultório. A paciente desistiu do atendimento e pediu o dinheiro de volta, mas o “Doutor Bumbum” se recusou a devolver os valores.
Mesmo com informações que poderiam indicar um crime — denúncia, detalhes da negociação, valores combinados e já pagos, local em que o atendimento seria feito, além do nome de pessoas envolvidas no caso — o registro de ocorrência número 016-03895/2018 foi suspenso e a investigação parou. Se à época um inquérito tivesse sido instaurado, a morte da bancária poderia ter sido evitada. É o que alerta o advogado criminalista Ary Bergher.
Uma simples consulta na internet com o nome do médico, que está foragido mostraria que ele sequer tinha autorização do Conselho Regional de Medicina para exercer a profissão no Rio de Janeiro. Diversos vídeos publicados pelo “Doutor Bumbum” nas suas redes sociais também indicam procedimentos suspeitos.
Bergher argumenta que uma investigação sobre a conduta do médico deveria ter sido aberta. O criminalista disse ainda que, na ocasião, o Conselho Regional de Medicina (CRM) deveria ter sido comunicado para que uma investigação administrativa fosse aberta em relação ao possível exercício ilegal da profissão.
— O caso foi efetivamente registrado e descrito pormenorizadamente. Então houve uma negligência da polícia. A obrigação era abrir uma diligência, fazer uma investigação e comunicar ao órgão da classe, que, no caso, é o CRM. Hoje ele poderia estar com registro negado — explicou Berher, que complementou:
— Uma pessoa faz um registro de ocorrência com a descrição de uma fato que contraria as normas de medicina e que podem gerar uma situação de extrema gravidade, como o falecimento dessa bancária. Isso poderia ter sido evitado.
Por outro lado, o criminalista Breno Melaragno explicou que, neste caso, a abertura de uma investigação sobre o caso fica a critério do delegado de polícia. Ele disse que o fato de realizar esse tipo de procedimento médico dentro de um apartamento pode configurar a segunda parte do artigo 282 (exercício ilegal da profissão), quando são excedidos os limites definidos de atuação da profissão. Contudo, como o procedimento não ocorreu, a autoridade policial entendeu que não houve crime. Melaragno ressalta ainda que não houve procedimento, morte ou lesão corporal.
— O delegado entendeu que, como o procedimento médico não chegou a acontecer, não configura crime algum. Com essa narrativa (relato da paciente) o delegado poderia investigar se o fato ocorria, mas o entendimento dele foi que, como o procedimento não ocorreu, não houve crime da segunda parte do artigo 282 — afirmou o criminalista.
A reportagem de O GLOBO entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil na noite de terça-feira. Foi perguntado o motivo pelo qual as investigações não seguiram adiante após a o registro da ocorrência em maio, porque o caso foi registrado como fato atípico e se a corregedoria da corporação foi acionada. Além disso, foi questionado por que só após a morte de Lilian Calixto a mulher que fez a denúncia há mais de dois meses foi chamada pela corporação. O GLOBO ainda tentou contato com a 16º DP (Barra da Tijuca) e com a delegada Adriana Belém.
O órgão respondeu na noite de terça que iria “apurar o caso”, mas até às 13h desta quarta-feira ainda não havia respondido aos questionamentos. O contato foi refeito por volta das 16h, mas a assessoria da corporação ainda não tinha respostas e disse que não há “uma previsão”.
O GLOBO
O famoso "homem de bem na internet"que prega os bons costumes, prega intervenção miliar, coloca frases motivacionais, é contra a corrupção e é a favor da família…mas na vida real é mais um pato da fiesp.
Segundo O GLOBO, quem entregar o bumbum ganha mil reais. Na crise que está e nos costumes petistas implantados, vai ter muita gente procurando entregar o bumbum.