Josias de Souza:
O escândalo sexual que custou a Dominique Strauss-Kahn a cadeira de diretor-gerente do FMI está na bica de sofrer uma reviravolta.
Em notícia levada à web, o ‘New York Times’ informa: os promotores que cuidam do caso colecionaram dados que fizeram ruir a versão da suposta vítima.
Levado às manchetes em maio como autor de tentativa de estupro de uma camaneira de hotel, Strauss-Kahn pode virar personagem de um golpe.
As dúvidas não se referem ao contato sexual de Strauss-Kahn com a camareira, atestado por exames técnicos.
O que subiu no telhado foi a consistência dos depoimentos da camareira sobre o que se passou na luxuosa suite do hotel Sofitel, em Nova York.
Nesta quinta (30), relata o ‘NYT’, os promotores reuniram-se com advogados de Straus-Khan. Relataram parte dos achados da investigação.
Descobriu-se, por exemplo, que a camareira manteve diálogo telefônico com um homem que se encontra preso. A conversa foi gravada.
Na fita, a mulher discute com o interlocutor sobre eventuais ganhos financeiros que poderia auferir se formalizasse uma acusação contra Strauss-Kahn.
O preso que falou com a camareira descera ao cárcera depois de ter sido pilhado com grande quantidade de maconha.
Descobriu-se que o sujeito e membros de sua quadrilha –acusados de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro— fizeram depósitos bancários em favor da camareira.
De acordo com a notícia, os depósitos pingaram em quatro Estados: Arizona, Nova York, Georgia e Pennsylvania.
Somaram US$ 100 mil. Ouvida, a beneficiária alegou desconhecer os depósitos.
Afora o diálogo vadio do grampo e o envolvimento da acusadora de Strauss-Kahn com criminosos, os promotores detectaram mentiras nos depoimentos dela.
Agendou-se para esta sexta (1o) um encontro da promotoria e dos defensores de Strauss-Kahn na Corte de Manhattan.
O magistrado que se ocupa do caso, Michael J. Obus, será informado acerca das novidades. A promotoria, antes convicta, agora avalia que tem “problemas”.
Mercê das acusações que o alvejaram, Strauss-Kahn arrostou danos múltiplos. Encontra-se em prisão domiciliar, depois de pagar fiança de US$ 1 milhão.
No campo funcional, viu-se compelido a renunciar ao commando do FMI.
Na terça (28), assumiu a cadeira, com o apoio do Brasil, a ex-ministra das Finanças da França, Christine Lagarde.
Na esfera política, afora a humilhação, o acusado viu ruir uma bem posicionada candidatura à Presidência da França.
É contra esse pano de fundo que promotores, advogados de defesa e a Justiça dos EUA analisam as revelações que injetam um escândalo dentro do outro.
Mais uma vez os EUA dão aula de democracia, liberdade e justiça. Primeiro, pegaram o suspeito e não deixaram que ele saísse do país. Segundo, continuaram a investigar. E terceiro, estão a ponto de esclarecer tudo e com todos os envolvidos tendo os sagrados direitos constitucionais garantidos. Isso de forma rápida e sem influência política ou financeira. Lição para todo o mundo, principalmente o Brasil, que vive a era da letargia processual e do compadrio político-jurídico-financeiro.