Diversos

“Corrupção tinha em toda obra e dinheiro era entregue até em cabaré”, afirma delator da Odebrecht

Foto: Suellen Lima/Frame Photo

 

Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas disse que “sempre tinha acordo” de pagamento de propina, em “qualquer lugar do mundo”, ao explicar sua função no Setor de Operações Estruturadas da empreiteira. A área operacionalizava todos os pagamentos não oficiais da Odebrecht e chegou a movimentar, segundo ele, US$ 3,370 bilhões entre 2006 e 2014.

Ao explicar que o caixa do setor variava de acordo com a conquista de obras no exterior e da realização de eleições em diversos países, o delator foi questionado pelo juiz auxiliar do TSE Bruno Lorencini: “Mas impactava porque havia acordos de pagamento de propina?”.

“Desculpe, qual o nome do senhor?”, perguntou o delator.
“Bruno”, respondeu o magistrado.
“Juiz Bruno, sempre tinha acordo.”
“Sempre tinha acordo?”, voltou a questionar o juiz.
“Sempre, em qualquer lugar do mundo”, disse Mascarenhas.

O delator se definiu como o “pagão” – aquele que apenas operacionalizava o pagamento. “Eu, Hilberto Mascarenha Alves da Silva Filho, nunca corrompi ninguém”, disse o ex-executivo.

De acordo com ele, a conta do Setor de Operações Estruturadas tinha US$ 70 milhões em 2006, ano em que ele assumiu a área, e cresceu para US$ 730 milhões em 2013. “E 2014, já com o início da Lava Jato, baixou para US$ 450 (milhões)”, disse o delator. Os valores não são cumulativos, são referentes a cada ano.

“Acumulado, deu de 2006 a 2014 US$ 3,370 bilhões. É um absurdo, mas é verdade. (…) Em função desse aumento, comecei a sentir que eu precisava ter algum controle”, disse Mascarenhas. A partir daí ele desenvolveu o sistema de informática da empreiteira. O sistema identificava os valores pagos aos codinomes dados pelos executivos da empresa para esconder a real identidade dos beneficiários dos pagamentos.

Ele disse ainda que a entrega do dinheiro no Brasil era feita em espécie e narrou formas de pagamento. “Se fossem valores pequenos, encontravam num bar. Em todos os lugares. Você não tem ideia dos lugares absurdos se encontra, no cabaré…Ele encontrava a pessoa, o preposto ia lá e pegava”, afirmou.

Em repasses mais volumosos, segundo Mascarenhas, era possível que algum representante da empresa se hospedasse em um mesmo hotel que um preposto de quem iria receber o dinheiro e, no meio da noite, a entrega fosse feita no quarto.

Estadão

Opinião dos leitores

  1. Imagino a contabilidade furada dessas empresas. Imagino os pareceres de balanço aprovando tudo. Imagino o conselho fiscal aprovando tudo. Imagina quanta grana pra aprovar tudo isso sem falar a perda de imposto

  2. Lamentável. Infelizmente, o povo que acredita no funcionamento da instituições desse país, sem que haja isso, é quem paga o preço por isso, pois disso resulta a dalta de dinheiro para se investir nas áreas de saúde, educação e segurança . entretanto, não temos a capacidade de mudar com a força que o voto nos proporciona, reelegemos sempre os mesmos políticos, quando não, seus parentes. Assim, as elites (política e empresarial ) se articulam, por trás dos bastidores, subterfugicamente, com todo tipo de negociata para atenderem suas vontades em detrimento da vontade do povo. Para isso, a máxima de Maquiavel diz tudo: "os fins justificam os meios".

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Finanças

Empréstimo a Bumlai foi “abençoado” por Lula, afirma delator

BLO empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. Todo negócio estaria “abençoado” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nega.

A operação de empréstimo, um dos motivos que levaram Bumlai para a cadeia nesta terça-feira, 24, foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai, juntamente com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano, teria dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão – para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 – como compensação a uma dívida de “R$ 60 milhões” do PT com a Schahin.

Telefonema

O empresário confirma a contratação como pagamento pelo empréstimo nunca pago feito pelo pecuarista amigo de Lula.

Alvo da Lava Jato, Salim contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro José Dirceu ligou pessoalmente para ele. “Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin pelo então executivo do banco Sandro Tordin, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões”, disse Salim em depoimento.

“Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente”, registra a força-tarefa.

Em 2004, o PT participaria das primeiras disputas eleitorais nos municípios, após a eleição de Lula como presidente, em 2002. “O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo.”

“Dias depois foi realizada uma nova reunião na sede do Banco Schahin”, conta Salim. “Como novidade, Bumlai veio acompanhado de Delúbio Soares.” A presença do ex-tesoureiro do PT – que foi condenado em 2012 no processo do mensalão – “trouxe um pouco de mais de conforto”, disse Schahin. “Tendo em conta que ele, diferentemente de Bumlai, tinha relação direta com o PT.” No novo encontro, o empresário afirmou que Bumlai e Delúbio insistiram na necessidade de urgência no empréstimo.

Schahin conta que, nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como “evidência adicional”, a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. “Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Isto É, com AE

Opinião dos leitores

  1. Tem mais corrupto prá cair, e como tem, mais de grão em grão, os frangos encherão a papuda.

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