A alta de 0,70% dos preço dos alimentos e bebidas foi a principal surpresa na prévia da inflação oficial do país, o IPCA-15, dizem analistas. Isso porque houve uma forte aceleração diante do resultado de setembro (0,04%). A carne foi a maior vilã, com alta de 2,36%.
O IPCA-15, divulgado nesta sexta-feira (18) pelo IBGE, apresentou alta de 0,48%, acima da expectativa de especialistas, que projetavam variação de 0,42%.
Adriana Molinari, analista de inflação da consultoria Tendências, afirma que a alta no alimentos ocorre com a pressão cambial de agosto e o maior preço de diversas commodities no mercado externo.
“Além disso, as quedas nos preços de produtos ‘in natura’ [como ovos, frutas e legumes] já mostram um menor fôlego, indicando o fim das pressões baixistas em alimentação no domicílio”, afirma
Molinari também cita que houve uma queda menor do preço do que o esperado de itens como tubérculos, raízes, legumes, cereais, leguminosas e oleaginosas. “A redução maior era esperada pela fator sazonal e também porque era aguardada uma devolução mais acentuada das contundentes altas que ocorreram no início do ano”, diz.
Segundo ela, o subgrupo alimentação fora do domicílio acelerou e contribuiu com o avanço do grupo.
No caso da carne bovina, a maior vilã do período, afirma que houve aumento das exportações do produto, com a questão cambial, o que fez com que houvesse redução da oferta no mercado interno.
GASOLINA
Os analistas da consultoria LCA avaliam que o IPCA continuará acelerando no restante de outubro. “Projetamos nova pressão do grupo alimentação e bebidas, trazendo novas altas de frutas, carnes, pescados, aves e ovos, panificados e tomate”.
Além disso, a consultoria espera o reajuste da gasolina, um pleito da Petrobras, no dia 20 deste mês. “O que justifica, em boa medida, o importante diferencial entre este IPCA-15 (+0,48%) e o IPCA fechado de outubro, que teve sua projeção elevada de 0,58% para 0,67%”.
A consultoria Tendências projeta o aumento da gasolina nos últimos dois meses do ano. Apesar disso, a analista da consultoria, afirma que outubro seria um período favorável para conceder o reajuste, uma vez que o índice acumulado em 12 meses está abaixo de 6%, em 5,75%. O teto da meta do governo é 6,5%.
“Do ponto de vista da inflação, é o melhor momento para sair o reajuste”, afirma, lembrando que a inflação, apesar disso, está longe do centro da meta, de 4,5%.
Molinari destaca ainda que os preços administrados (como energia e tarifas de ônibus) têm contribuído para uma inflação abaixo do teto da meta, com variação de 1% nos últimos 12 meses. O percentual é bem inferior ao daqueles com preço livre, que estão em 7% no mesmo período.
Ela destaca ainda que a alta está disseminada. O índice de difusão registrou piora, passando de 57,81% para 65,75%. “Isso indica que a disseminação da alta de preços não ficou concentrada apenas nos componentes de alimentação”, afirma.
Folha
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