O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, disse que não é possível afirmar que a morte de uma jovem de 20 anos, em abril do ano passado, tenha sido causada exclusivamente pelo vírus zika. Na época, a suspeita era que a paciente tivesse morrido devido à dengue, mas os exames não foram conclusivos. O laudo que confirmou a infecção por zika foi feito pelo Instituto Evandro Chagas.
— Não é possível afirmar a essa altura que o vírus zika foi a causa exclusiva e direta da morte. Nós precisamos de mais dados de investigação, relatos de autópsia — afirmou.
O Ministério da Saúde atribui a morte da jovem ao vírus, como confirmou o ministro Marcelo Castro. Segundo o governo federal, esta seria a terceira causada pelo zika no Brasil.
A vítima morreu 12 dias após ser internada no Hospital Giselda Trigueiro, em Natal (RN). A paciente era do município de Serrinha e teve problemas respiratórios. A informação foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, nesta quinta-feira. O caso foi levado à Organização Mundial de Saúde (OMS), que já havia considerado o vírus zika explosivo.
Como não é comum uma pessoa jovem morrer tão rapidamente dessa causa, o material genético foi encaminhado para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, que conseguiu verificar a presença do vírus e, ao mesmo tempo, descartou outras possíveis causas.
Por esse motivo, segundo o ministro, a notificação foi feita à OMS como morte pelo vírus. O Ministério ponderou que é preciso estudar mais para verificar se a zika foi a única causa do óbito.
O primeiro paciente foi um homem do Maranhão, que apresentava lúpus – doença que pode se complicar de forma expressiva quando o organismo é infectado por bactérias ou por vírus, como a zika. A morte foi confirmada em novembro pelo Instituto Evandro Chagas.
O segundo caso foi de uma adolescente de 16 anos, que teve como primeiros sintomas dor de cabeça, náuseas e pontos vermelhos pelo corpo e morreu em outubro. Ela morava no município de Benevides, no Pará.
As mortes por zika no Brasil são as primeiras registradas no mundo. A velocidade com que o vírus se propaga e a associação com casos de microcefalia fizeram a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerar a epidemia explosiva. Especialistas dizem que há motivo para preocupação, mas não para pânico.
O zika tem se mostrado muito menos letal que a dengue, que mata entre 25 mil e 50 mil pessoas por ano no mundo. Pois, a infecção por zika é assintomática ou branda na maioria dos casos. Porém, a doença já está instalada no Brasil e para combatê-la é essencial erradicar o mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Para isso, é fundamental que a população colabore.
PRESENÇA ATIVA DO VÍRUS ZIKA EM SALIVA E URINA
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou, na última sexta-feira, que detectou a presença ativa do vírus zika com potencial de infecção em saliva e urina. No entanto, ainda não há comprovação de transmissão por estas vias.
A recomendação, principalmente no caso de gestantes, é que evitem contato físico, como beijo na boca em pessoas com suspeita de infecção. O compartilhamento de copos e talheres deve ser evitado, assim como grandes aglomerações. O uso de máscaras ainda não é necessário.
Já se sabia que o zika poderia estar presente tanto na saliva quanto na urina, mas é a primeira vez que sua presença ativa, com potencial de provocar a infecção, foi comprovada. Pesquisas ainda devem ser realizadas para se esclarecer se esta pode ser uma outra forma de transmissão, segundo o presidente da fundação, Paulo Gadelha.
O Globo
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