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Número de brasileiros reconhecidos pelo Exército como atiradores esportivos explodiu nos últimos anos, e já é recorde em 2018

Foto: Pixabay

O número de brasileiros reconhecidos pelo Exército como atiradores explodiu nos últimos anos, e já é recorde em 2018. Dados obtidos pela CBN indicam que, só este ano, a corporação concedeu cerca de 40 mil Certificados de Registro a atiradores esportivos, o número mais alto em cinco anos. O documento, também chamado de CR, é necessário para compra de armamentos por colecionadores de armas, caçadores e atiradores. Só em relação a 2016, quando 19 mil CRs foram emitidos para atiradores, o total deste ano dobrou.

As confederações de tiro prático e esportivo já vinham observando a tendência, como mostrou uma reportagem da CBN há duas semanas. As entidades apontam que o interesse pelo esporte e a busca por um hobby explicam a alta. O vice-presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, Jodson Gomes, também destaca a medalha olímpica conquistada pelo brasileiro Felipe Wu, em 2016. Ele discorda que um possível afrouxamento das regras possa ter contribuído para o resultado.

“Continua do mesmo jeito. Temos uma legislação que é altamente restritiva em relação a qualquer tipo de pessoa, mas se tiver com toda documentação e apresentar para o Exército, é claro que vai ter autorização para o seu CR, e depoism, a pedir autorização para compra das armas. Então não é algo tão simples, tão célere assim.”

Além de apresentar documentos e laudos técnicos, também é preciso estar matriculado num clube de tiro pra conseguir a posse da arma como atirador. O número de autorizações a atividades desse tipo cresceu 220% em relação a 2014. A prática também é regulamentada pelo Exército. A CBN entrou em contato com clubes que oferecem despachantes pra dar entrada no CR, como esse no interior de São Paulo que promete a entrega do documento em até 90 dias:

Clube: – Você já é atiradora?
CBN: – Não, nunca pratiquei
Clube: – O CR sai por R$ 2.100. Inclui a filiação de 2019 completa, laudo psicológico, capacitação de técnica de tiro, tudo incluso. CR entregue em suas mãos. É o primeiro documento que você tem que fazer para comprar a sua arma e virar um atleta, vamos dizer assim.

A prática não é ilegal, mas é vista com preocupação por alguns pesquisadores de segurança pública. O doutor em Sociologia pela USP e diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, critica a falta de transparência sobre as autorizações.

“Se existe um interesse nessa atividade esportiva, a gente precisa ter um registro. Eles estão registrados, participam de atividades? A melhor forma de encarar o problema é jogando luz em tudo que está envolvido. Mesmo contrariando todos os interesses, as evidências científicas são robustas em dizer que ‘mais armas, mais mortes’, mesmo sendo armas de origem legal.”

Procurado, o Exército disse que não há um estudo sobre as causas do aumento de pedidos. A corporação ressaltou que o combate a atos ilícitos é de competência dos órgãos de segurança pública.

CBN

Opinião dos leitores

  1. Embora conheça muitos que estão usando esse artifício apenas para ter mais acessos a armas de fogo, estou desde 2015 no meio das competições de tiro e vejo diariamento o aumento do numero de competidores. Nunca ouvi falar de problemas relacionados aos atiradoras, tão pouco ouvi dizer que armas de atiradores foram parar nas mãos dos bandidos, ou seja, considerar isso preocupante sem se basear em fatos e dados é uma mera irresponsabilidade de quem tem medo de usar uma arma para se defender.

    1. Nei, todo e qualquer cidadão de bem que tenha acesso a arma no Brasil, será demonizado pela imprensa como uma ameaça. Eu, você ou qualquer outro cidadão nunca vimos aos meios de comunicações preocupados com os bandidos que desfilam com rifles e metralhadoras penduradas no pescoço. A bandidagem pode ter acesso e portar armas de uso exclusivo do exército, armas proibidas, mas o cidadão não! Nossa sociedade vem sendo diariamente dominada, presa e a mercê daqueles que tem como filosofia de vida a apologia contra a lei, ordem e a sociedade trabalhadora. Alguma dúvida? Os fatos estão aí nos jornais televisivos, revistas e demais meios jornalísticos. Alguma vez você ouviu um jornalista insinuar que bala perdida não saiu da arma dos policiais?

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