Economia

Dilma: avanço da inflação ‘preocupa bastante’, mas população ‘tem de continuar consumindo’

20150611082002811afpFoto:  Philippe Huguen / AFP

A presidente Dilma Rousseff definiu o atual aumento de preços no Brasil, de 8,47% acumulados nos últimos 12 meses — o maior desde 2003 —, como uma “inflação atípica”, provocada por causas conjunturais e não estruturais. Mas ela admitiu que os os atuais índices são preocupantes:

— Preocupam bastante, porque a inflação é um objetivo que nós temos de derrubar, e derrubar logo. O Brasil não pode conviver com uma taxa alta de inflação. Não pode, e não vai.

A presidente acredita que o Brasil voltará a crescer a partir do ano que vem, e que a crise atual é provocada em sua maior parte por fatores externos.

— Não acho que a população tem de consumir menos, pelo contrário, tem de continuar consumindo. Nós continuamos ainda com dois problemas. Um deles é a seca, que atingiu de forma atípica o Brasil. Nós estamos no terceiro ano de seca violenta no Nordeste. Isso afeta os preços dos alimentos. E se está também com um desempenho baixo, da última vez que vi, no Sul do país — justificou em entrevista coletiva após sua participação na cúpula União Europeia Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na capital belga.

Como segundo fator de aumento da inflação, Dilma apontou as consequências do ajuste cambial. E citou a passagem de uma patamar de câmbio de US$ 1 para R$ 1,60 em 2012, passando para R$ 2,50 em 2014, até os R$ 3,17 atuais.

— Este ajuste cambial não fomos nós que provocamos, nós sofremos o efeito dele. É sabido que ajuste cambial provoca essas oscilações, é passado para o preço. Esta passagem para o preço não acontece todos os dias, mas quando está essa flutuação. Sabe-se que o mundo vai ter outro processo que é a variação no juros americanos.

Para a presidente, o ajuste fiscal do governo também não é estrutural:

— Não temos uma bolha de crédito. O Brasil não tem um sistema financeiro com problemas, nós não tivemos nenhuma situação que caracterize desequilibrio estrutural. Nós temos de fazer agora nosso ajuste, porque houve uma queda no crescimento. Nós fizemos de tudo: reduzimos impostos, ampliamos créditos, subsidiamos taxa de crédito, e agora esgotou nossa capacidade fiscal. E tem que recompor a capacidade fiscal e continuar.

Segundo ela, o Brasil não passa atualmente por um momento de austeridade:

— Nós fazemos um ajuste, mas nós não temos um desequíbrio estrutural. Nós continuamos com US$ 370 bilhões de reservas. Temos um sistema financeiro absolutamente sem bolha. O Brasil não tem um desequilíbrio fiscal estrutural. Nem os salários, pelo menos na União, têm um peso muito significativo.

Ela confirmou as palavras do ex-presidente Lula, que em 2008 afirmou que a crise econômica mundial, se chegasse no Brasil, seria uma “marolinha”.

— Para nós, naquele momento, foi sim. Mas depois a marola se acumula e vira uma onda. Por que ela vira onda? Porque o mar não serenou. Se o mar tivesse serenado, se a economia americana tivesse, de fato, tido uma crise em V, ou seja, cai e depois sobe. Mas não foi isso. Agora é que está se curvando.

Dilma alegou que a situação do Brasil frente a atual creise, é “completamente diferente”.

— Agora, todos os países, quando sofrem as consequências de uma crise desta proporção, têm de fazer os seus ajustes. E vamos lembrar que, além dos nossos problemas internos, a economia internacional, que estava em crise desde 2008, até hoje não se recuperou. Ela está andando de lado. Com 7% de crescimento da China, o menor em 25 anos, o crescimento do mundo ainda é de 2,8%.

A presidente ressaltou que apesar da lenta recuperação econômica europeia, os países emergentes votarão a crescer.

— Eu acredito que, apesar de o Banco Mundial dizer que tem problemas estruturais que levaram a uma recuperação mais lenta, vamos ter a partir do ano que vem um processo de recuperação nos emergentes. Apesar do fim do superciclo das commodities, acho que todos estes países, Brasil, China, África do Sul, Rússia, terão uma recuperação.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Como o PT contém gastos? Aumentando impostos, taxas e tarifas. Fazendo privatizações imitando o PSDB. Acabando o discurso acusatório.
    O PT não tirou 01 cargo comissionado, não extinguiu nenhum dos 19 ministérios desnecessários, não diminuiu em R$ 0,01 o peso da máquina pública.
    Simplesmente jogou nas costas da população o peso pela quebradeira e corrupção estatal.

  2. O PT não teve a responsabilidade de conter os gastos antes das eleições e dizia que não havia crise e que não haveria aumento de preços.
    Já está claro também que o governo perdeu o controle da inflação, pois fez uma previsão e veio uma coisa pior.
    No lugar de cortar o absurdo contingente de cargos comissionados, preferiu aumentar os impostos e as taxas de juros.
    Resta sabermos se o governo do PT cortou a dinheirama que o BNDES mandou para "investimentos" em outros países.
    Nós pagamos os impostos e o governo do PT vai fazer obras de infraestrutura em outros países. É mole?

  3. Consumir? O povão tá liso, a inflação petista destrói o poder de compra dos trabalhadores, sem falar nas demissões em massas País a fora. Essa Presidenta mentirosa, ainda tentando tapar o sol com a peneira, como que ela não tenha nada haver com isso, teima em dizer que os problemas são externos, mas o povão se lasca é aqui, no Brasil.

  4. Confio em você, Dilma! Você é economista e tem conhecimento do que está falando. O brasileiro ficou mal acostumado por não ter sofrido tanto os efeitos da crise graças a competente gestão do PT, que soube manter a economia aquecida através de subsídios e isenções fiscais, e grandes investimentos em obras de infraestrutura. Infelizmente chegou-se ao limite e a crise ainda não passou por completo. Se o país tiver de sofrer um pouco dos efeitos da crise por apenas um ano, já está de bom tamanho porque o mundo só agora começa a se recuperar da crise de 2008! Nem por isso a população dos países desenvolvidos em crise quis a cabeça de seus governantes por sofrerem seus efeitos por tanto tempo.

  5. Consumindo aumento de energia,
    consumindo aumento dos alimentos,
    consumindo obras governamentais inacabadas,
    consumindo uma saúde e segurança cada vez pior,
    consumindo a corrupção, consumindo a inflação, consumindo o desemprego e aguentando desmantelo, o descontrole, a ineficiência, as mentiras do PT.

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