Economia

Candidato dos sonhos patina e banqueiros aceitam Jair Bolsonaro

Bolsonaro: banqueiros estão confortáveis com a escolha de Paulo Guedes (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Há uma piada circulando entre os banqueiros sobre Geraldo Alckmin, o candidato preferido do setor financeiro para se tornar presidente nas eleições de outubro: Alckmin é o genro que todo pai gostaria de ter, com apenas um problema – as filhas não se apaixonam por ele.

Alckmin, ex-governador do Estado de São Paulo, promete privatizar ativos do Estado, cortar gastos e equilibrar o orçamento do governo. Sua equipe econômica é altamente respeitada e ele tem apoio político suficiente para aprovar reformas no Congresso. Mas ele está em quarto ou quinto lugar nas pesquisas e é improvável que passe do primeiro turno das eleições, em 7 de outubro, de acordo com o Eurasia Group.

Sobra para os banqueiros Jair Bolsonaro, o candidato que assustou investidores no passado com comentários críticos sobre privatização e investimentos estrangeiros. Agora, ele já é visto como a opção mais viável contra a esquerda. Em conversas com presidentes e executivos de meia dúzia dos principais bancos do Brasil, eles dizem estar confortáveis com a escolha do principal conselheiro de Bolsonaro: Paulo Guedes, um defensor do Estado pequeno, da livre iniciativa e da reforma da Previdência Social.

Desde que trouxe Guedes para sua campanha, Bolsonaro tem mostrado entusiasmo com a ideia de vender propriedades do Estado, defender a independência do Banco Central e buscar a aprovação das reformas apoiadas pelo setor bancário.

Nem todo mundo está convencido de que ele terá sucesso.

“Os mercados financeiros estão subestimando a dificuldade do Bolsonaro para criar uma base de governo sustentável”, disse Ricardo Lacerda, sócio e presidente da BR Partners, um banco de investimentos em São Paulo.

Lacerda apóia João Amoêdo, banqueiro e candidato do Novo Partido, que atrai contribuições da comunidade financeira, mas continua em sétimo lugar nas pesquisas, de acordo o Ibope e o Datafolha. Lacerda admite que seu apoio a Amoêdo o coloca na minoria, já que a maior parte de seus pares fez as pazes com Bolsonaro.

Bolsonaro, ex-capitão do Exército, ocupa o primeiro lugar nas pesquisas que excluem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está na prisão lutando contra acusações de corrupção. Lula, de longe o candidato mais popular, foi impedido de concorrer pelo Tribunal Superior Eleitoral na sexta-feira e seu partido, o PT, disse que vai recorrer da decisão. Lula se opõe a reformas consideradas fundamentais para manter as contas fiscais brasileiras sob controle, segundo os banqueiros.

A relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto do Brasil deve chegar a cerca de 100 porcento em 2023, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, em comparação com 84 porcento no ano passado. Era de 60,2 porcento em 2013.

Bolsonaro ganhou apoio generalizado no Brasil dizendo que ele afrouxaria as restrições às armas de fogo e daria mais poder à polícia. As autoridades deveriam ter armas mais letais, de acordo com Bolsonaro, que defende que aqueles que matam criminosos devem receber medalhas, não irem a julgamento. A mensagem ressoa forte em um país onde 63.880 pessoas foram assassinadas no ano passado, mais do que em qualquer outro lugar do mundo.

Raiva Pública

“O apelo que o Bolsonaro tem junto ao público em geral está relacionado à raiva contra os políticos tradicionais e contra a corrupção”, disse Silvio Cascione, analista sênior do Eurasia Group para o Brasil. “As pesquisas mostram que ele é apoiado principalmente por homens da classe média e alta.”

Cascione disse que Bolsonaro o convenceu durante a campanha de que está realmente comprometido com as reformas e com o estímulo ao investimento estrangeiro, embora o candidato “pareça contraditório às vezes”, como quando ele defende limites às aquisições no Brasil por firmas chinesas.

Os banqueiros também têm dúvidas quanto à personalidade de Guedes, que eles dizem ser menos adequada ao trabalho em equipe necessário no governo e na formação de coalizões para promover as reformas. Eles preferem o principal assessor econômico de Alckmin, Persio Arida, ex-chairman do Banco BTG Pactual e um respeitado economista que, segundo eles, ajudaria a atrair mais autoridades talentosas para o governo.

Alckmin já provou sua capacidade de gerenciar orçamentos depois de 15 anos como governador do Estado de São Paulo, disseram os banqueiros. Ele também é do PSDB, um dos maiores partidos brasileiros, e conta com o apoio do chamado “Centrão”, o que é fundamental para garantir a aprovação de reformas.

Habilidades não testadas

Bolsonaro, por outro lado, nunca esteve no governo e não tem experiência em negociação. Sua capacidade de formar alianças também não foi testada. Ele foi membro de pelo menos oito partidos políticos e nunca liderou nenhum deles. Para esta eleição, ele é um candidato pelo pouco conhecido Partido Social Liberal, ao qual se juntou em março.

“Bolsonaro teria um relacionamento difícil com o Congresso, mas, no final, ele também conseguiria aprovar as reformas de seguridade social”, disse Cascione, do Eurasia. “Ele só levaria mais tempo para isso e os resultados finais seriam mais fracos.”

Cascione considera que Bolsonaro tem uma chance de 60 porcento de passar para o segundo turno das eleições em 28 de outubro. Ele disse que a popularidade de Lula deve ajudar seu companheiro de chapa no PT, Fernando Haddad, a passar para o segundo turno também, com uma chance de 60 porcento. Ainda assim, a eleição continua muito incerta. Pesquisas do Ibope que incluem Haddad em vez de Lula sugerem que até 38 porcento dos eleitores estão indecisos, vão votar branco ou anular seu voto.

Os banqueiros disseram que a vitória de Lula ou Haddad seria o pior cenário, por causa de suas propostas para novos impostos sobre os ricos e sobre os bancos que não reduzirem juros que cobram em empréstimos. Um governo do PT provavelmente também promoveria mais intervenção estatal na economia, o que poderia levar a mais gastos e um maior déficit público, dizem os banqueiros.

Ciro Gomes, o candidato do PDT, é outra possibilidade indesejável, disseram os banqueiros, citando sua proposta de impostos sobre dividendos corporativos e planos para renegociar as dívidas dos Estados.

Alta do dólar

Os investidores já deixaram claro sua antipatia por Lula e Haddad. O real perdeu 11 porcento em relação ao dólar desde 3 de agosto, depois que as pesquisas mostraram que o apoio de Lula estava crescendo e que Alckmin continua fraco em intenções de voto.

Outra candidata, Marina Silva, ganhou apoio de alguns dos banqueiros entrevistados, que elogiaram sua equipe econômica e o conselheiro André Lara Resende, que foi presidente do BNDES em 1998. Silva, candidata do partido Rede Sustentabilidade, apoiou o candidato do PSDB Aécio Neves na eleição de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff.

Mas com Marina em segundo ou terceiro lugar nas pesquisas, os banqueiros decidiram que suas chances não são tão boas quanto as de Bolsonaro. Essa é a mesma razão pela qual alguns dos aliados de Alckmin, incluindo muitos políticos, também estão começando a abandonar o navio. Um banqueiro disse que Alckmin terá que se mostrar capaz de subir nas pesquisas durante as duas primeiras semanas de setembro, pois, caso contrário, vai ficar sozinho no barco afundando.

A última esperança para Alckmin é a campanha de TV que começou na sexta-feira, dizem os banqueiros.

Exame

 

Opinião dos leitores

  1. O candidato que era contra a exploração e ia mudar tudo que estava aí, já começa a mudar o discurso e aceitar apoio da Rede Globo que até ontem era a imagem do cão e dos banqueiros que são uns vampiros sanguesugas?
    Se ilustram e já começam a ver o que vai dar, não É?
    Se iludem porque quer!

  2. Concordo com Thiago – só a Educação resolve… e é por isso que mantenho o meu voto no menos ruim: Bolsonaro 17

    1. Luciano você diz que "só a Educação resolve", porém esquece que o bolsonaro votou a favor da PEC do congelamento de investimentos por 20 ANOS na educação, saúde e segurança.
      É meio contraditório…

    2. Não existe essa tal "PEC do congelamento". Existe a PEC do teto de gastos ou PEC da responsabilidade fiscal. A coisa é bem simples (exceto para os esquerdistas): não se pode gastar mais do que se tem. Igual ao que pessoas responsáveis fazem com seus orçamentos particulares. E só aqueles que adoram gastar o dinheiro alheio de forma irresponsável são contrários a isso. A conta chega, mais cedo do que se imagina. O Brasil precisa ser administrado com responsabilidade.

  3. É uma pena que o povo brasileiro esta se iludindo com um canditado que fala tanto em segurança mas quer que a população se arme isso gera mas violência,pensem e votem sem emoção não só na escolha de presidente mas principalmente no nossos representantes no congresso nacional.
    dia 7 de outubro use a arma mas poderosa que nos temos O VOTO.

    1. Falou alguém sensato neste país, temos que principalmente pensar no congresso, que é quem manda e um presidente que não faça do Brasil um campo de guerra, um filme de bang bang. tão bom seria que existissem muitos EDUARDOS no Brasil no dia de votar. Vamos nos unir por um Brasil melhor e deixar essas briguinhas entre partidos de lado.

    2. Papo furado de quem deseja manter as coisas como sempre estiveram. Se queremos um Brasil diferente, temos que buscar alternativas diferentes. E Bolsonaro é o único realmente diferente. Os demais são quase todos de esquerda e aquele Amoedo que é o candidato do Banco Itaú. Temos que deixar de mimimi, de papo furado. Nessa eleição, o único capaz de evitar a volta da esquerda ao poder é o Bolsonaro. Só temos dois candidatos: Jair ou já era. É simples.

  4. se ele ganhar as coisas vão melhorar e MUITO.
    começando pela segurança que está um caos em todos os estados do Brasil.
    só isso aí já é MUITA coisa, quem discordar é bandido rs

    1. Sou polícia e lhe pergunto, o que Bolsonaro vai fazer para segurança? Porque bandido morre todos os dias, batemos recordes de prisões, ele vai fazer o quê? Quem não de dentro do sistema, aceita “falácia” de político. O problema da segurança, resolve-se com investimento na EDUCAÇÃO, a logo prazo.

    2. Enquanto um e aprovado pelos banqueiros Ciro Gomes e o mais odiado!! agora tenho certeza que estou do lado certo…CIRO12!!!

    3. Caro Thiago, ele não poderá fazer muito, pois depende do congresso. Mas, com certeza, envidará esforços no sentido de alterar a legislação, para aumentar as penas, dar retaguarda jurídica para o seu trabalho de policial, controlar a ação de ongs de direitos humanos dos bandidos, combater a corrupção, desparelhar parte do estado que está nas mãos de esquerdistas pró-bandidos, atualizar o ECA, rever a questão da audiência de custódia, facilitar a posse de armas pelo cidadão (não o porte).
      Já é alguma coisa. Se reduzir a criminalidade em 20% já valerá ter votado nele.

    4. Euzim, tenho um tempo na polícia, não sou militar. Até hoje, NUNCA vi ninguém dos direitos humanos, o bandido se “tora” de todo jeito. Outrossim, Bolsonaro teve 27 anos para combater a corrupção dentro do congresso. Eu até ia votar nele, mas vi que ele é mais dos mesmo. Hoje voto em José Amoedo!

    5. Uma porção de empregados dos candidatos de esquerda se fazendo passar até por policial e tentando por em dúvida o único candidato realmente diferente e capaz de evitar a volta da esquerda ao poder. Bolsonaro é a última esperança de voltarmos à ordem e ao progresso.

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