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Edifício Andrea ‘era uma bomba-relógio maquiada’, diz advogado de engenheiro responsável por reforma antes do desabamento

Foto: José Leomar/ SVM

Enquanto os escombros do Edifício Andrea, desabado em Fortaleza na última terça-feira (15), ainda são removidos, as possíveis responsabilidades seguem sendo apuradas pela Polícia Civil do Ceará. Um dos envolvidos é o engenheiro José Andresson Gonzaga dos Santos, que, conforme o advogado, Brenno de Almeida, definiu o prédio como uma “bomba-relógio maquiada”. O engenheiro aparece no vídeo acima logo após o desmoronamento.

Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro. Nove pessoas morreram e sete ficaram feridas na tragédia. O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de 3 quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense.

Andresson, engenheiro responsável pela reforma que começaria no edifício no dia em que desabou, se apresentou à comissão do Conselho Regional de Engenharia do Ceará (Crea/CE), na tarde dessa segunda-feira (21). No depoimento à comissão especial montada pela entidade, o profissional descreveu os diálogos que teve com a síndica Maria das Graças Rodrigues, última vítima encontrada sob os escombros, e o que aconteceu no dia do desmoronamento.

Conforme Brenno, que relatou ao G1 detalhes do depoimento de Andresson, o engenheiro esteve no Andrea junto a um pedreiro e ao segundo engenheiro, Carlos, por volta das 9h20 do dia 15 – uma hora antes de a estrutura ruir.

“Ele chamou a síndica pra mostrar a situação dos pilares, que estavam fofos. O emboço não estava mais aderindo à estrutura e, nesse caso, não precisaria ter cautela de escoramento. Esse foi o posicionamento do profissional, por isso o pedreiro fez aquela demonstração (vista nas câmeras)”, justifica o advogado.

O engenheiro e a equipe saíram do prédio para “comprar material e reforçar o pedido de escoramento da estrutura já feito a outra empresa”.

‘Faltou tempo’

“Com 15 minutos, a síndica manda mensagem: ‘Andresson, vem aqui, que aconteceu algum problema’. Eles retornaram imediatamente e chamaram ela pra mostrar a real situação. Ali, ele não teve tempo de gritar ‘pessoal, a estrutura está em colapso’. O prédio gritou, a estrutura gritou. Ela chegou a fim. Não teria como ter cautela profissional nenhuma”, sentencia Brenno.

“Se tivesse tempo suficiente, ele (Andresson) teria pego na mão da síndica, do pedreiro, e dito ‘vamos evacuar o prédio, porque ele está em colapso’.”, diz advogado

Para Andresson, “a estrutura já estava em colapso antes, devido às intervenções negligentes dos maquiadores”. Como “maquiadores” Brenno define profissionais que passaram pelo Andrea em serviços anteriores. “Estão querendo culpar um engenheiro profissional que pegou uma bomba-relógio maquiada. Tudo isso será apurado”, conclui o advogado.

Os próximos passos, conforme Brenno, incluem a listagem de quais testemunhas serão chamadas pela defesa para depor no processo judicial. Enquanto isso, o próprio Andresson não deve ter contato com direto com a imprensa.

“Quem é que quer receber um prédio para fazer uma reestruturação e deixar na situação que deixou? Nenhum profissional tem essa intenção, a não ser que seja suicida. Porque ele estava lá embaixo no momento do colapso. Ele não colocou uma bomba-relógio e foi embora.”

G1

 

Opinião dos leitores

  1. Na praia de Areia Preta, em Natal, há uma fartura de "bombas-relógio maquiadas". E o CREA nem tchuns!
    Depois não digam que não avisei.

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Diversos

Vale ‘não vê responsabilidade’ e pede liberação de bens, diz defesa

Foto: Pablo Nascimento/R7 MG

A Vale, dona da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, “não vê responsabilidade” sobre o rompimento da barragem da cidade, que até o começo da tarde havia resultado em 60 mortes, e já enviou à Justiça mineira pedido de reconsideração sobre as decisões que bloquearam R$ 11 bilhões da empresa para garantir as compensações pelo desastre. As informações são do advogado Sergio Bermudes, um dos principais defensores contratados pela empresa.

“A Vale não vê responsabilidade. Nem por dolo, que é infração intencional da lei, nem por culpa, que é a infração da lei por imperícia, imprudência ou negligência. Ela atribui o acontecido a um caso fortuito que ela está apurando ainda”, afirmou advogado ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

Bermudes atacou falas do senador Renan Calheiros (MDB), provável candidato à Presidência do Senado que, neste domingo, 27, defendeu pelo Twitter que a diretoria da Vale fosse afastada. “Eu acho que a declaração do senador Renan Calheiros é uma declaração leviana que, na aparência, parece que quer tirar dividendos políticos do sofrimento causado pelo fato”, disse o advogado. “Também não tem nenhuma procedência a ideia de que haverá intervenção do governo na Vale. De acordo com o artigo 37 da Constituição, o governo tem de agir no estrito termo da legalidade. Não há nenhuma lei que permita a intervenção. A Vale é uma empresa privada, de propriedade da Previ, via Litel, do Bradesco, via Bradespar, do BNDES, via BNDESpar, da Mitsui e de inúmeros outros acionistas.”

Ele ainda fez críticas à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que afirmou que a empresa deve ser responsabilizada “severamente” pelo caso. “Parece não ter fundamento a declaração da procuradora-geral de que há crime. A Vale tem todo o interesse em apurar a existência de crime, embora não haja nenhum elemento apontando nesse sentido”, afirmou o advogado.

O pedido de reconsideração sobre o bloqueio de bens, que totalizam R$ 11 bilhões, foi ingressado na Comarca de Brumadinho e ainda está em análise, segundo o defensor. Ele argumenta que “nem ela (Vale), nem nenhuma outra empresa, tem essa liquidez. Ela tem dinheiro suficiente para atender qualquer necessidade e, por outro lado, ela tem um patrimônio gigantesco, capaz de responder por qualquer responsabilidade que seja apurada de acordo com a lei.”

Estadão e R7

 

Opinião dos leitores

  1. Certo que a Vale tem patrimônio gigantesco, mas será que consegue trazer as vidas que se foram!?

  2. A figura indica a barragem VI. Etá equivocada. A barragem que ruiu é a da esquerda e que apresenta um tamanho menor.

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