Polêmica

FOTO: Delegacia da Mulher de Mossoró, no RN, exige roupas longas na entrada e proíbe acesso de crianças

placaUma mensagem curiosa chamou a atenção da professora universitária Alessandra Oliveira, de Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta segunda-feira, quando ela foi até a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade para pedir uma orientação. Na porta da delegacia, uma placa passava as regras de traje e comportamento exigidas dentro da unidade policial e dizia ser proibido o ingresso no local, entre outras coisas, de pessoas com roupas curtas ou crianças.

“Aviso. Informamos que não é permitido entrar na Delegacia da Mulher: trajando bermuda, short ou saia curta, camisa regata, blusa decotada, sem camisa; com crianças, exceto se estiver amamentando; com uso de capacete; fumando”, diz o texto da placa, localizada logo ao lado da porta da delegacia, que fica localizada no bairro Nova Betânia, região nobre da cidade. Indignada com as orientações, Alessandra decidiu compartilhar uma foto da placa no Facebook.

— Em uma delegacia de atendimento à mulher, a mulher não pode ter acesso se estiver de roupa curta. Se ela for agredida e não estiver vestida “de acordo”, vai ter que trocar de roupa para registrar a ocorrência. Eu pergunto: como é que volta? Já não é fácil ir à delegacia, com esses obstáculos então, fica impossível. Em um momento em que ela é vítima de violência, ela tem que se preocupar com a roupa que está vestindo para denunciar — diz Alessandra, que, no dia, por acaso, estava de calça e conseguiu ter acesso à DP.

— Por acaso eu saí do trabalho e estava de calça. Não costumo andar de calça em Mossoró, é uma cidade que faz muito calor. As pessoas aqui não têm o hábito de usar roupa longa ou calça. Hoje, por exemplo, está 37 graus. Quando cheguei de moto, estava um pouco apressada, e só li a orientação sobre o capacete e tirei. Só quando voltei que olhei novamente e vi falando sobre as roupas — comenta a professora.

empodere-duas-mulheresOutra orientação que chamou a atenção de Alessandra e de outras mais de 5 mil pessoas, que compartilharam a foto no Facebook, foi a relacionada à entrada de crianças na delegacia. De acordo com a placa, só podem permanecer no interior da unidade crianças que estejam amamentando.

— Onde e com quem a mulher, que foi agredida, deixa o filho enquanto registra ocorrência? Do lado de fora? Que sentido tem isso? — questiona Alessandra.

No Facebook, vários grupos feministas e de direitos humanos compartilharam a foto publicada pela professora. Internautas reagiram às regras impostas pela delegacia: “Acabou de ser estuprada ou violentada, tem que ir em casa trocar de roupa. Francamente…”, escreveu uma internauta. “Dá pra trocar essa placa por ‘Mulher, nem tente vir aqui’”, escreveu outra pessoa.

comentarios1.jpgProcurada, a delegada titular da Deam de Mossoró, Cristiane Magalhães, não foi encontrada até a publicação desta reportagem. Segundo a Polícia Civil, por meio de nota, a “Delegacia Geral de Polícia Civil do Rio Grande do Norte (DEGEPOL) não tinha conhecimento do fato e o ato partiu de maneira deliberada da delegada responsável.”. Ainda de acordo com o comando da Polícia Civil no Rio Grande do Norte, foi orientada a retirada do cartaz, o que já foi feito.

Extra – O Globo

Opinião dos leitores

  1. Fórum é uma coisa e delegacia é outra coisa, posso desenhar se quiser. Teve um que comparou ao STF, vou nem falar nada, vai que seja algum retardo mental.

  2. Lamentável que alguns comentários ainda não tenham entendido o espírito do que a delegada tentou externar por meio do aviso. Sugiro, conforme meu comentário anterior, que alguém se dirija a algum Fórum em qualquer cidade do país, trajando bermuda, minissaia, blusa decotada ou camiseta regata, e veja se consegue entrar. Entendam, em situações pontuais, de flagrantes, etc, o traje não vai influir, mas em audiências e outros procedimentos rotineiros, tal recomendação é sim necessária, afinal se nos Fóruns e tribunais não pode, por qual motivo nas delegacias deveria ser aceito?

    1. Como não dá para assistir missa de biquini… Muito bem, Lutemberg!

  3. Impressionante como tem gente despreperada atuando no funcionalismo público… Com tanta coisa importante pra resolver,essa delegada ainda arranjou tempo pra brincar de "seu rei mandou dizer" com um seu cargo. Lamentável a mente retrógrada dessa cidadã.

    1. O nível cultural é muito alto à compreensão tanto quanto para delegar.

  4. No caso de uma urgência a pessoa pode ir até nú, não nessa situação ou numa audiência devemos ir pelo menos comportado a não ser que a pessoa não tenha roupa adequada…deveria ter essa ressalva

  5. Professora universitária? Coitados dos alunos dessa pôfesora.
    No STF é assim, vai lá reclamar.
    Já que estava lá, não pediu uma explicação?
    Alguém quer capim?

  6. Quando vejo essas coisas, tenho de pronto dois sentimentos: 1- Algumas autoridade acham que devem cuidar da coisa pública como se fosse patrimônio dela, pois pelo que entendi nem a secretaria a qual a delegada é subordinada tinha conhecimento do fato, ela tem que entender que a delegacia é um bem público, claro que ninguém vai entrar nú, mas se uma mãe e uma filha (criança) fossem espancadas por um esposo e pai violento, a criança não iria poder entrar na tal delegacia? que coisa mais louca. não questiono aqui o "não fumando" "usando capacete" e mais uma coisa, quem iria avaliar o tipo de roupa que uma mulher que acabou de ser surrada e estrupada teria que usar para entra na delegacia da "madame"?
    2- Me senti em Sucupira, lembram?

  7. A bermuda e short, bem como sandálias de dedo, camisetas regata, tornaram-se trajes nacional neste país. Delegada, de uma volta por essa cidade de clima tórrido e peça para algum assessor, que não tenha problemas na vista, lhe mostrar. É o traje oficial do povão, fofa!

  8. Muito burburinho por nada. As pessoas esquecem que delegacia de polícia não é casa de mãe Joana, mas um órgão público como outro qualquer, e que é perfeitamente normal exigir certas regras de conduta para frequentar esses locais, Obviamente que uma mulher que acabou de ser estuprada ou agredida pelo companheiro, ou seja, em situações especificas e pontuais, terá o devido atendimento independente dos trajes que estiver usando, mas aí eu pergunto à ilustre professora universitária, que deveria, em tese, disseminar o conhecimento e estimular o raciocínio lógico das pessoas: no Fórum, perante o magistrado, as mulheres comparecem com minissaias, ou podem ir acompanhadas de crianças que, por seu comportamento natural, poderão fazer algum "arte" ou mesmo algazarra, atrapalhando o andamento da audiência. É muito mimimi por pouca coisa.

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