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FOTOS: Filho de diarista e de vendedor é aprovado na Universidade Yale, nos EUA

Anré Garcia, de 18 anos, de Embu das Artes (SP), foi aprovado na Universidade Yale, nos Estados Unidos, e ainda aguarda o resultado de outros processos seletivos em instituições no exterior. Filho de diarista e de vendedor de produtos de limpeza, o jovem estudou em escola pública até o nono ano. No ensino médio, conseguiu uma bolsa em um colégio particular – e precisou se esforçar para acompanhar o novo ritmo de aulas.

O menino foi beneficiado pelo Ismart, programa que possibilita a alunos de baixa renda e desempenho de destaque estudarem em colégios particulares. Depois de enfrentar o processo seletivo e ser aprovado para entrar no Colégio Lourenço Castanho, em São Paulo, passou a sonhar em conseguir também uma chance fora do país. “Sempre quis ter educação de excelência. Comecei a pesquisar mais sobre essas oportunidades e fiquei inspirado”, conta.

A principal dificuldade para conquistar seu sonho era o domínio da língua inglesa. “Eu tinha uma defasagem muito grande em relação aos meus novos colegas. Só sabia os cumprimentos, enquanto o pessoal fazia viagens e cursos de idiomas”, diz. “Então estudei muito sozinho, mandei e-mail para editoras e algumas me enviaram livros didáticos.”

Todos os dias, ele levava 2 horas e meia para sair de Embu das Artes e chegar ao colégio, na zona sul de São Paulo. Mas afirma que o cansaço do deslocamento se justificava. “Mudar de escola foi um salto. Eu era bom na escola pública, mas descobri que isso não era suficiente para ser aprovado na particular”, diz. “Passei a ter ajuda dos meus amigos, aulas boas, laboratórios, Datashow na sala – coisa que não existia no ensino público”, completa.

André aproveitou para desenvolver atividades optativas no colégio. Dentre elas, escolheu fazer uma pesquisa sobre como o aquecimento global poderia interferir na incidência da dengue em Embu das Artes, sua cidade. “Com o apoio da minha professora de biologia, dei uma palestra em Embu sobre meu estudo. E fui para Yale falar a 500 pessoas sobre o assunto”, conta.

Sua visita a Yale fez parte do Programa Young Yale Global Scholars, realizado no meio de 2016. André pôde conhecer outros pesquisadores e explorar a universidade. “Me apaixonei, porque além de tudo, incentivam as artes. Eu toco violino, aprendi sozinho, e canto na igreja. Gostei muito de ver que a universidade tem espaços para música, teatro e museus lá dentro. Se encaixa ao meu perfil”, diz.

Saber que foi aprovado justamente em Yale para fazer a graduação foi motivo de alegria para André. Ele ainda terá tempo para escolher a carreira que quer seguir, já que a universidade americana oferece primeiramente matérias básicas de todos os assuntos.

“Estou me preparando há três anos e faço parte de uma família de baixa renda, que vive em uma comunidade de cidade pequena”, afirma. “Pessoal fica receoso de me deixar ir sozinho para fora do país, mas minha mãe sempre me apoiou. Vai ser uma mistura de chororô e alegria”, diz.

G1

 

Opinião dos leitores

  1. Este exemplo pessoal de esforço e dedicação deverá servir de exemplo multiplicador para muitos jovens pobres que se escondem do auto desenvolvimento atrás da alegação de falta de oportunidade. Se a oportunidade nãp vem à sua porta, saia em busca dela. Parabens, André. Boa Sorte. eng. Antonio Maximo. São Luis/MA.

  2. Assim como ele existem inúmeros talentos perdidos em nosso País. Essa perda é fruto do abandono que nós, enquanto coletividade realizamos nas escolhas erradas. Eu reconheço que acreditei em um projeto de 13 anos que tornaria o ensino público tão bom quanto o ensino particular. O tempo passou o ensino não melhorou, as escolas continuam sucateadas, telhados caindo sobre as cabeças de alunos e professores mal remunerados. O que percebemos é o nivelamento por baixo, apenas com a implantação de ARREMEDOS inócuos como políticas de melhorias na educação, enquanto a educação de base…. aquela do 2 + 2 = 4 não receber a devida atenção. Do que vale ao professor perceber que o aluno não tem condições de prosseguir ao próximo nível, e ser doutrinado (obrigado) a passar o aluno de ano. Valerá a pena mascarar a realidade? A quem interessa que o André seja tratado como exceção? Ele deveria ser um de muitos, mas prá que formar pessoas críticas, pois críticos questionam, cobram e exigem! Aos que decidem as políticas públicas de ensino, estes esperam ter pessoas críticas ao redor, e, principalmente de 04 em 04 anos?
    “Mudar de escola foi um salto. Eu era bom na escola pública, mas descobri que isso não era suficiente para ser aprovado na particular”, diz. “Passei a ter ajuda dos meus amigos, aulas boas, laboratórios, Datashow na sala – coisa que não existia no ensino público”, completa.

    1. Será q o Sr. sabe q educação é dever dos estados, municípios e união?
      Pricura saber se as escolas técnicas e universidades federais nao sao boas. Procura saber tb quantos IFs fora construídos no RN de 1500 até 2002 e de 2002 até 2015.

  3. Parabéns a esse jovem que prova que na luta pela vida o que mais pesa é a batalha que CADA UM TRAVA PARA CHEGAR A SEUS OBJETIVOS. Não teve COTA para que ele desse um passo tão digno.
    Mérito dele, por completo! PARABÉNS ANRÉ GARCIA, que seja EXEMPLO a todos e até aos políticos arrumadores de cotas.

    1. […]O menino foi beneficiado pelo Ismart, programa que possibilita a alunos de baixa renda e desempenho de destaque estudarem em colégios particulares.[…]

      Jovem mercedor! Parabéns! Mas ao contrário do comentário abaixo ele teve auxilio de cota sim! Como relatado no próprio texto, se não houvesse o programa para alunos de baixa renda, ele infelizmente não teria entrado.

    2. Caro Silva, o programa SMART não é um programa de COTAS, mas uma ONG (privada) que apóia e concede bolsas de estudos a alunos carentes que destacam, mas o aluno tem que ser aprovado em um processo seletivo. Diferente dos programas de cotas do governo, que reservam vagas a determinadas "categorias" de cidadãos.
      "Criado em 1999, o Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que identifica jovens talentos de baixa renda, de 12 a 15 anos de idade, e lhes concede bolsas em escolas particulares de excelência e o acesso a programas de desenvolvimento e orientação profissional, do ensino fundamental à universidade."

    3. Pra alguns, aqueles q nao têm alento, sao pobres e passam fome nao devem ter ajuda de ninguém, nem do governo, e devem q competir de igual pra igual com aqueles quem têm bolsa papai/mamãe, barriga cheia, internet, boa escolas particulares….
      É cada uma q se ver. Cotas SIM.

    4. A cota que defendo é a do talento, da capacidade, da vontade. Os mortadelas querem apenas criar uma legião de despreparados que lhes sejam gratos com votos.
      Algumas federais baixaram a média de 7,0 para 5,0 de modo a igualar cotista e não cotista. Qual será o próximo passo? Obrigar as empresas a empregarem esse pessoal? Obrigar o serviço público a empregar esse pessoal? Vão fazer o quê?

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