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Das pranchas de isopor ao ouro olímpico – (FOTOS): conheça a história do potiguar Ítalo Ferreira

Foto: LISI NIESNER / REUTERS

95%. Essas eram as chances de Italo Ferreira conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos, segundo medalhômetro feito pelo GLOBO. Na sua frente, um velho amigo e rival: Gabriel Medina, com 96%. Quis o destino – e o mérito de ambos – que os dois só tivessem a chance de se enfrentar numa final. A possibilidade fez os brasileiros sonharem, mas não aconteceu. Medina caiu antes. Com isso, o caminho estava livre para Italo conquistar a primeira medalha de ouro do surfe na história dos Jogos Olímpicos. Na final, contra o japonês Kanoa Igarashi, algoz de Medina na semi, o Rei dos Aéreos não titubeou.

Durante toda campanha, Italo foi impecável. Com manobras arrojadas e empolgantes, foi enfileirando vitórias tranquilas. Na semifinal, depois da eliminação de Medina, passou dificuldade um pouco maior, mas nada que pudesse o parar. A final começou com requintes de crueldade. Com menos de um minuto, a prancha do brasileiro quebrou. Foi amparado pela equipe técnica, que trocou o equipamento e voltou ao mar para voar para o ouro.

De Baia Formosa ao ouro

Nascido e criado numa pousada em que a mãe trabalhava, na pequena Baía Formosa (RN), cidade com apenas 8 mil habitantes, Italo Ferreira aprendeu a pegar ondas usando a prancha de primos emprestada — quando não conseguia, chegava a improvisar até tampa de isopor do pai, que era pescador, para poder treinar.

A trajetória de Italo rumo à elite do surfe começou aos 12 anos, quando foi descoberto por Luiz “Pinga”, então diretor de marketing de uma das principais marcas de surfe do mundo. Pinga ficou impressionado com o desempenho do jovem surfista potiguar durante uma competição amadora na praia de Ponta Negra, em Natal, e o convidou para se juntar à equipe que contava com surfistas do calibre do campeão mundial Adriano de Souza.

Em 2011, em Garopaba (SC), Italo venceu a sua primeira competição válida pela extinta ASP (hoje WSL) Foto: Basílio Ruy

Dono de um talento natural raro, Italo estreou no circuito mundial em 2015, terminando o campeonato na sétima posição do ranking. A campanha rendeu para o surfista o prêmio de “Novato do Ano”.

Mas foi em 2019 que Italo explodiu para o cenário mundial, mas principalmente nacional — fazendo uma espécie de trajeto reverso. Depois de derrotar a lenda do surfe Kelly Slater na semifinal da WSL (Liga Mundial de Surfe), venceu o mesmo Gabriel Medina em uma decisão emocionante em Pipeline e conquistou seu primeiro e único título mundial, se tornando o terceiro brasileiro a vencer a WSL — Medina ganhou duas vezes e Adriano de Souza uma.

Ítalo Ferreira com a taça de campeão mundial em 2019 Foto: WSL

Além de ser o atual campeão da elite do surfe, Italo também é o número 2 do ranking mundial — atrás de Medina — e tem classificação encaminhada para a fase final da WSL. Mas mesmo se não conquistar o título da Liga, 2021 já ficará marcado na carreira de Italo Ferreira como o ano em que o potiguar se tornou o primeiro medalhista de ouro da história dos Jogos Olímpicos.

O Globo

 

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