Finanças

FIZERAM DO CRIME PROFISSÃO: Alvos da Operação Dragão,36ª fase da Lava Jato, lavaram R$ 50 mi, diz MP

alx_policia-federal-lava-jato-operacao26_original2-e1469193051756(Vagner Rosário/VEJA.com)

Alvos da 36ª fase da Lava Jato, batizada Operação Dragão, os operadores Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran são acusados pela força-tarefa de lavar 50 milhões de reais no esquema do petrolão. Ambos são alvo dos mandados de prisão preventiva expedidos pelo juiz federal Sergio Moro – Assad, contudo, já está na cadeia. Isso porque foi preso durante a Operação Saqueador.

“A partir das investigações foram encontradas diversas evidências de que os operadores utilizaram-se de mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre os quais o uso de contas bancárias em nome de offshores no exterior, a interposição de empresas de fachada e a celebração de contratos falsos”, argumenta a Procuradoria da República no Paraná.

O Ministério Público Federal aponta que as empreiteiras UTC Engenharia e a Mendes Júnior usaram empresas do operador Rodrigo Tacla Duran para realizar os pagamentos de propina. Elas repassaram, respectivamente, 9,1 milhões de reais e 25, 5 milhões de reais a Duran entre 2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração pública também realizaram depósitos de mais de 18 milhões de reais com o mesmo destino.

“As investigações também comprovaram que Adir Assad, por meio de transferências de contas mantidas por suas empresas em território nacional, repassou 24.310.320,37 reais para Rodrigo Tacla Duran. No mesmo sentido, empresas ligadas a outro operador, Ivan Orefice Carratu, pessoa ligada a Duran, receberam de Adir Assad a quantia de 2.905.760,10 reais”, diz o MPF.

O nome da operação é uma referência aos registros na contabilidade de um dos investigados, que chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior.

MP: alvo da Operação Dragão era elo entre corruptos e corruptores

O Ministério Público Federal disse nesta quinta-feira que os alvos da 36º fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta manhã, fizeram do crime sua profissão. Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran são responsáveis pela movimentação de dinheiro sujo, oriundo principalmente de relações criminosas entre empreiteiras e empresas sediadas no Brasil com executivos e funcionários da Petrobras. Contas bancárias em nome de offshores no exterior, empresas de fachada e a celebração de contratos falsos eram os recursos usados para lavar o dinheiro ilícito.

“Há evidências de que eles atuaram de forma contínua, fazendo disso a sua profissão. Fizeram da lavagem de dinheiro sua profissão. Atividade criminosa não é profissão. O Estado não pode tolerar isso.”, afirmou o MPF em coletiva de imprensa nesta quinta.

De acordo com os procuradores, Duran trabalhou por dois anos no setor de Operações Estruturadas da empreiteira Odebrecht. Segundo revelações feitas por colaboradores que fecharam delação premiada, o advogado administrou contas fora do país.”Ele administrava mais de doze contas em nome de offshores e recebeu mais de 12 milhões de dólares nessas contas”, afirma a força-tarefa.

Para a força-tarefa da Lava Jato, Duran era o elo entre agentes públicos e empreiteiras. “Rodrigo Tacla Duran era o elo entre os dois contextos criminosos, ele transitava entre os corruptores e os corrompidos e, justamente por isso, as provas colhidas em suas empresas são importantes. Ele faz a interface entre quem corrompe e quem é corrompido”, afirmou o procurador Roberson Henrique Pozzobon.

Há um mandado de prisão preventiva aberto contra o advogado, que está fora do país desde abril. Segundo os procuradores, ele viajava com frequência para o exterior e tem cidadania espanhola. Outro alvo da operação é o lobista Adir Assad, que já está preso na carceragem da PF, em Curitiba. “Era uma confraria criminosa”, afirmou a força-tarefa.

De acordo com o MPF, Duran foi responsável por lavar milhões de reais para empreiteiras envolvidas na Lava Jato. “A UTC revelou provas de que celebrou contratos de 56 milhões de reais com o escritório de advogacia de Tacla Duran. Foram sobrevalorizados ou inexistentes e resultaram num retorno de recursos de 35 milhões de reais”, afirmou Pozzobon.

Os procuradores também condenaram a tentativa dos deputados de anistiar a prática de caixa dois. “É preciso destacar que caixa dois é crime. Caixa dois é produto de crime e vem da prática de lavar dinheiro. O Brasil precisa dar um recado a essas pessoas. É a mensagem de que eles precisam ter medo de praticar esses delitos, pois eles virão à tona cedo ou tarde e eles serão responsabilizados”, afirmou Pozzobon.

Veja

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *