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Projeto premiado pelo MINC expõe trabalhos de artesãos no Centro de Convenções

unnamedIdealizado pela designer Cristiana Ribeiro, o projeto “Lugares de Charme”, vencedor do Prêmio Brasil Criativo, do MinC, reúne trabalhos autorais de artesãos e artistas de Serra de São Bento e Martins. Peças vão estar à venda até esta sexta-feira, na Femptur – Feira dos Municípios e Produtos Turísticos do RN, que acontece no Centro de Convenções.

O projeto “Lugares de Charme”, idealizado pela designer Cristiana Ribeiro em parceria com artesãos dos municípios de Martins e Serra de São Bento, estreia seu estande itinerante na FEMPTUR – Feira dos Municípios e Produtos Turísticos do RN, que segue até sábado, no Centro de Convenções/Via Costeira. O projeto tem como objetivo dar visibilidade ao artesanato autoral das pequenas cidades e transformar ambientes através da sustentabilidade.

Implementado pela primeira vez em 2015, nos municípios de Serra de São Bento e Martins, o “Lugares de Charme” conquistou o 1º lugar no País do Prêmio Brasil Criativo 2015, do Ministério da Cultura. Por seu ineditismo, o projeto também chamou da atenção da mídia, sendo notícia em reportagens do Valor Econômico, Uol, Isto É, Catraca Livre, Tribuna do Norte, entre outros.

O objetivo é não restringir essa produção artística aos cenários e ambientes dos empreendimentos em suas localidades. As peças irão circular em feiras, eventos e missões fora das comunidades destes artesãos, como é o caso da participação da FEMPTUR

O “Lugares de Charme” participa da feira como projeto social de economia criativa e expõe objetos decorativos e utilitários em madeira, fuxico, cipó, cabaça, tecido, bonecas de pano, crochê, bordados e barro, todos com o selo criado por Cris Ribeiro para dar unidade ao grupo de artesãos nas duas localidades — o “Benditas Mãos” (Serra de São Bento) e “Candeeiro” (Martins). Todos os trabalhos vão estar à venda no local. Em Serra de São Bento e Martins, o “Lugares de Charme” contou com a parceria do Sebrae-RN.

MAIS SEIS CIDADES ATÉ 2017

Esta participação na FEMPTUR vai dar o pontapé para os próximos destinos do “Lugares de Charme”, o município do litoral sul São Miguel do Gostoso e a cidade seridoense de Acari. Também visa apresentar o projeto a quem tem interesse em recebê-lo. A ideia é visitar seis cidades até 2017.

Já estão fechadas as parcerias com as prefeituras de São Miguel do Gostoso e Acari para o ano de 2016. “Lugares de Charme” também já foi aprovado no edital da Lei Câmara Cascudo de Incentivos culturais do Governo do Estado e está em fase de captação de recursos.

Para dar suporte aos próximos destinos, Cris Ribeiro inscreveu o projeto em dois editais, um deles o Rumos Itaú Cultural, que contemplará outros quatro municípios. “O Lugares de Charme” quer ganhar o mundo”, festeja a artista potiguar. Parcerias também com as Tintas Coral já foram pleiteadas.

TRANSFORMAR

O projeto “Lugares de Charme” funciona assim. Com apoio da prefeitura local e centros comunitários é feito o mapeamento das atividades de artesanato e as peculiaridades locais. Identificados os artesãos, é formado o grupo. Cris e sua equipe escolhem os empreendimentos parceiros, que já possuam potencial turístico, e repaginam o lugar junto com os artesãos.

Mercado, cafés, restaurantes, pousadas, espaços culturais, qualquer empreendimento pode ser parceiro, desde que respeite o objetivo do projeto – que é manter o diálogo com os artesãos e ser a vitrine dos trabalhos, sem descaracterizar o que foi construído.

O grupo de artesãos elabora uma coleção a partir das referências ao dono ou ao lugar onde ele vive; a matéria-prima é sustentável, pois este é um dos pilares da Economia Criativa. São materiais que podem ser encontrados no entorno do local. A partir daí, cria-se objetos que tenham valor agregado e podem ser adquiridos pelos turistas, clientela dos municípios circunvizinhos e comunidade local. São utilizados restos de madeira, através de parceria com fábricas locais e lojas que cedem material. “Eles exploram suas habilidades em novos formatos e isso os qualifica a criar ainda mais”, conta Cris.

O estabelecimento entra com mão de obra, quando necessário, e as tintas são patrocinadas pelas prefeituras, que garantem também o investimento em 20% do projeto. O mutirão criativo envolve a idealizadora do projeto, sua equipe, artesãos e os donos dos estabelecimentos, com ajuda de outros parceiros. Todas as peças criadas na decoração terão etiqueta e estarão à venda.

REQUALIFICAR

Não há interferência que desvirtue o trabalho manual, mas um redirecionamento para valorização das peças criadas, apostando no orgânico e na sustentabilidade. A proposta do “Lugares de Charme” é simples: criar e aplicar novas possibilidades para inserir os produtos no mercado sem deixar a essência artesanal de lado – interferir sem ferir é o lema.

Cris explica: “Muitas vezes o artesão traz como herança a habilidade de fazer algo genuíno com material local, mas o abandona para fazer modelagem em biscuit. O interferir significa recuperar esse olhar para o trabalho original”, comenda a designer. “Encontramos um cenário desanimador, a autoestima baixa por que não existe a valorização do seu trabalho”, lembra.

ESCULTURAS

Entre as peças em exposição estão as esculturas de animais, principalmente aves (passarinhos e corujas) e carrancas do artesão Ernandes, uma das preciosidades descobertas durante a ativação do projeto em Serra de Martins.

“Esse escultor esculpe aves com uma sofisticação artística incrível. Estava deprimido, sobrevivia com 70 reais e vendia suas peças por uma ninharia”, conta Cris Ribeiro. “Ernandes só trabalha com madeira do mato e sua preferência são as aves. Suas criações são genuínas”.

Incorporado à marca Candeeiro, em Martins, as peças de Ernandes ganharam um valor agregado real, que condiz com a qualidade da criação. “Fizemos a primeira experiência de expor os trabalhos durante a Casa Cor RN. Na primeira semana seu Ernandes vendeu 1 mil reais em peças”, conta a idealizadora do projeto.

VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS

A passagem do “Lugares de Charme” recentemente por Martins e no começo de 2015 pela Borborema Potiguar, deu nova vida aos locais repaginados e gerou renda regular aos artistas envolvidos.

Cris conta que um dos requisitos do projeto é o acompanhamento da marca. “Não o abandonamos depois de implementado. Todo ano os locais são (serão) visitados para conferir se os empreendimentos mantém o diálogo com o artesão (reposição de materiais) e se o selo continua fiel à identidade”.

Em Serra de São Bento, o turista que visitar o Café Serrano verá um ambiente de charme que valoriza o trabalho do artesão local. Em Martins, o Mirante e o Restaurante Bela vista teve aumento de 70% do seu faturamento apos a realização do trabalho do Projeto. “Trabalho este que fica para a vida. Não tem como não se emocionar”, diz a idealizadora.

Todas as peças de barro e madeira que ambientam o restaurante estão à venda no local e foram concebidas pelos artesãos do grupo Candeeiro, grupo este formado pelo PLC. Assim como as peças do Café Serrano, que está todo decorado com objetos do “Benditas Mãos”.

No Café Serrano, aliás, o fluxo de turistas dobrou do ano passado para cá. “A nossa comida caseira e o nome do estabelecimento são fortes, mas o ambiente era acanhado e muitos turistas desistiam de entrar. Agora parabenizam nossa estrutura”, comentou Adriana Crisanto, dona do café localizado atrás da igrejinha de São Bento.

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