Esporte

SÉRIE B: Santa Cruz é punido com a perda de cinco mandos de campo

Acaba de ser decidida a pena do Santa Cruz por conta da morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva. Em sessão realizada agora há pouco na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio de Janeiro, a entidade condenou o clube com a perda do mando de campo nos próximos quatro jogos (contra o Lagarto, pela Copa do Brasil, o Tricolor já cumpriu o primeiro), além de uma multa de R$ 60 mil.

O julgamento começou por volta das 11:30h, e o Tricolor foi representado pelo presidente Antônio Luiz Neto e pelos advogados Pedro Avellino, vinculado ao clube, e Oswaldo Sestário, contratado pela CBF para prestar assistência a clubes que não possuem preposto no Rio de Janeiro. Além deles, o clube também contou com o testemunho de Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol.

A sessão foi aberta com a leitura do processo por parte do relator Wanderley Godoy, que fez questão de lembrar que o Santa Cruz é reincidente em casos desse tipo. Depois, começou o depoimento de Evandro Carvalho, que, em perfeita sintonia com o discurso do departamento jurídico tricolor, defendeu o Santa Cruz de qualquer responsabilidade, alegando que o clube cumpriu todas as exigências de segurança. “Temos três grandes estádios em Pernambuco. A CBF me informou que encaminhou ao STJD os laudos sobre o Arruda, que até já comportou jogos da Seleção. Os maiores shows de Pernambuco são lá. O estádio sempre foi aprovado. Os laudos de segurança e outros estão em dia”, argumentou o presidente.

 “Não havia organizada no Arruda”

O cartola ainda ressaltou os esforços do clube e da Federação para coibir a violência no futebol, e citou como exemplo as delegacias especializadas. “Foi o sistema interno de monitoramento do estádio que permitiu a identificação e posterior prisão dos envolvidos. A imagem é nítida e viabilizou a prisão dos três. Sempre tivemos índice zero de violência dentro dos estádios. Os casos recentes foram fora. Somos, talvez com São Paulo, o único estado do Brasil uma delegacia especializada, com um grupo específico para atuação em jogos de futebol”, declarou, em juízo, o presidente. E acrescentou ainda que as ruas do estado não sofrem com a violência das uniformizadas. “Temos monitoramento nas redes sociais. Isso faz com que Pernambuco não tenha conflito de organizadas em vias públicas”.

Contrariando as próprias evidências do crime, cuja vítima fazia parte da Torcida Jovem e os suspeitos, da Inferno Coral, Evandro afirmou também que não havia organizadas no Arruda no dia em que a tragédia ocorreu. “Nesse jogo, não houve torcida organizada na arquibancada porque elas estavam suspensas por medida judicial”, disse. Ele completou o seu depoimento corroborando com a tese de invasão construída pela defesa. “O relatório da delegada indica que o estádio foi invadido após o fechamento. E fizeram a ação criminosa. As imagens mostram que saíram durante o jogo. Eles invadiram por um portão de serviço, destinado a funcionários. Esvaziou o Arruda e entraram os três”, contou o mandatário.

Após o testemunho do presidente, a defesa tricolor (calma, torcedor, ainda estamos no extra-campo) manteve o discurso que vem sendo usado nas últimas semanas, sob o argumento de que o clube estava quites com as regras de segurança. Mas o único ponto acolhido pela procuradoria foi mesmo a identificação dos suspeitos, que serviu não como excludente de culpa, e sim como atenuante. Ao final, o Tricolor pode se dar por satisfeito com a punição – que, se comparada a outros casos recentes, como o episódio do Couto Pereira, em 2012, ou o da Arena Joinville, no final de 2013, pode ser tida como amena.

Superesportes

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *