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Câmara articula alteração para votar de novo redução da maioridade

Comandada pelo PMDB e pelo presidente Eduardo Cunha (RJ), a Câmara prepara uma alteração no projeto que reduz a maioridade penal para tentar reverter nos próximos dias a derrota sofrida no plenário na madrugada desta quarta-feira (1º).

A cúpula da Casa articula a votação de uma emenda aglutinativa (que reúne emendas de vários deputados e altera o texto do relator) que retira o tráfico de drogas do rol de crimes a que a redução de maioridade pode se aplicar.

Com essa flexibilização, o PMDB acredita que conseguirá “virar” os cinco votos necessários para a aprovação da medida.

A nova proposta pode ser colocada em votação ainda nesta quarta-feira (1º) ou na próxima semana, no dia 8 de julho.

Uma articulação comparável foi feita no fim de maio para garantir a aprovação o financiamento privado de campanhas eleitorais. Derrotado em um primeiro texto, Cunha colocou em votação uma proposta semelhante no dia seguinte e venceu. O PT recorreu ao Supremo para questionar a manobra.

Se o novo trabalho de convencimento dos deputados nos bastidores não tiver sucesso, a conclusão dessa discussão e uma nova votação podem ficar para agosto, após o recesso parlamentar.

Nos bastidores, os peemedebistas praticamente descartam a aprovação do texto original da proposta, que reduz a maioridade penal não só para crimes graves, mas para qualquer tipo de crime –uma vez que não há consenso sobre a medida em bancadas de partidos como o PSDB.

A retirada do tráfico de drogas da lista de crimes pelos quais os jovens de 16 anos passariam a ser julgados como adultos seria uma concessão a deputados mais moderados.

A rejeição da proposta que reduziria a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes graves ocorreu por apenas cinco votos. Votaram a favor 303 deputados, mas eram necessários 308 para a aprovação desse tipo de mudança na Constituição.

O projeto rejeitado tinha apoio de Cunha, presidente da Casa, que deu celeridade a sua tramitação. Ele havia sido resultado de uma negociação com deputados tucanos. O texto que serviu de base do acordo foi feito pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

O texto derrotado na madrugada pretendia alterar a Constituição para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos (como estupro e latrocínio) ou equiparados (como tráfico de drogas), homicídio doloso (quando há intenção de matar), roubo qualificado (quando há uso de arma de fogo, por exemplo) e lesão corporal grave ou seguida de morte.

Folha Press

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Ministros de Dilma, Lula e FHC lançam carta contra a redução da maioridade

Em encontro na tarde desta quinta-feira (30) em São Paulo, o ministro dos Direitos Humanos, Pepe Vargas, e sete ex-ministros que ocuparam a pasta de Direitos Humanos nos governos FHC, Lula e Dilma assinaram um documento contra a redução da maioridade penal no Brasil (leia o documento na íntegra ).

“Estamos aqui nos dando as mãos em defesa dessa causa e queremos, com isso, criar um processo de mobilização na sociedade brasileira”, disse Vargas. O objetivo é convencer o Congresso a não aprovar a redução da maioridade no país.

Uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que pretende reduzir a idade penal de 18 para 16 anos está sendo discutida numa comissão especial na Câmara dos Deputados, depois de ter sido aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa. Se aprovada em plenário, seguirá para o Senado.

Também estão em análise propostas alternativas, como a que prevê um período maior de internação para adolescentes que cometerem crimes graves, como latrocínio e estupro. Hoje, o tempo máximo de internação é de três anos.

Segundo o ex-ministro Paulo Vannuchi (governo Lula), se a resistência da sociedade civil não for suficiente para barrar a mudança no Congresso, haverá posteriormente uma ampla disputa “no terreno da constitucionalidade”. Para alguns juristas, a PEC é inconstitucional por querer alterar uma cláusula pétrea da Constituição.

O ministro Vargas também afirmou que, caso a alteração seja aprovada no Congresso, o governo deverá analisar medidas para barrá-la, questionando sua constitucionalidade. Por se tratar de uma PEC, o tipo de tramitação não prevê a possibilidade de veto presidencial.

INDÚSTRIA DE ARMAS

“A bandeira contra a violência só cabe, historicamente, na mão de quem defende os direitos humanos. Não caiam nessa de que quem lucra com a venda de armas possa se arvorar na luta contra a violência”, disse o ex-ministro José Gregori (governo FHC).

A fala foi em referência a parlamentares que tiveram suas campanhas financiadas por empresas de armamentos e que apoiam a redução da maioridade penal. Nenhum parlamentar foi nominalmente citado.

Paulo Sergio Pinheiro, ex-ministro do governo FHC, também atribuiu a tramitação da PEC aos parlamentares financiados por fábricas de armas, e criticou a Câmara por tentar “impor uma agenda de direita” ao país.

A ex-ministra Maria do Rosário (governo Dilma Rousseff) afirmou que o grupo terá “duas estratégias casadas” para impedir mudanças na idade penal: fazer o convencimento dentro do Congresso e realizar eventos para mobilizar a sociedade.

Todos os presentes afirmaram que é um equívoco dizer que os adolescentes não são punidos atualmente, assim como é um erro dizer que os jovens são os principais responsáveis pelos crimes graves.

O encontro foi promovido no Centro Universitário Maria Antonia, da USP, pelo NEV (Núcleo de Estudos da Violência).

Nesta semana, esse foi o segundo ato contrário à redução da maioridade penal. Na terça (28), juristas e autoridades reuniram-se num ato público que lotou o Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro de São Paulo.

Folha Press

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