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Em dois anos, cresce em 10,2 milhões o número de brasileiros que fazem trabalho sem remuneração, sobretudo aquele relacionado às atividades domésticas, aponta IBGE

Mulheres seguem sendo maioria na dedicação aos afazeres domésticos; 93% das mulheres com 14 anos ou mais fazem algum trabalho doméstico — Foto: Joalline Nascimento/G1

Enquanto o mercado de trabalho no Brasil segue deteriorado, com queda do emprego formal e aumento expressivo da informalidade, cresce o número de pessoas dedicadas ao trabalho não remunerado no país, sobretudo aquele relacionado às atividades domésticas. É o que revela uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O instituto investiga quatro formas de trabalho que, se fossem remuneradas, poderiam agregar valor ao Produto Interno Bruto (PIB) do país. São elas:

afazeres domésticos

cuidados de pessoas

produção para próprio consumo

trabalho voluntário

Segundo a pesquisa, em 2018 148,8 milhões de brasileiros realizavam pelo menos um tipo de trabalho não remunerado, 10,2 milhões a mais que em 2016, quando esse número era de 138,6 milhões – um aumento de 7,35% no período.

Os afazeres domésticos constituem o trabalho não remunerado realizado pelo maior contingente de pessoas no país. Em 2018, 145,1 milhões de brasileiros realizam alguma atividade doméstica, seja no próprio domicílio ou na casa de parentes. Este número também aumentou em 10,2 milhões de pessoas em relação a 2016, quando este grupo somava 134,9 milhões – uma alta de 7,56% nestes dois anos.

A analista da Coordenadoria de Trabalho e Rendimento do IBGE (Coren) Marina Aguas enfatizou que uma mesma pessoa pode realizar mais de um dos trabalhos não remunerados simultaneamente.

Percentualmente, no entanto, foi a produção para o próprio consumo que mais aumentou no período. A alta foi de 25% em dois anos. De acordo com a pesquisa, 13 milhões de brasileiros produziam algo para consumo no lar em 2018, 2,6 milhões a mais que em 2016, quando este contingente era de 10,4 milhões.

Mais homens nas tarefas domésticas

Das 10,2 milhões de pessoas que desde 2016 também passaram a se dedicar a afazeres domésticos, 6,1 milhões são homens – a maioria deles jovens entre 14 e 29 anos, destacou a analista Marina Aguas.

O aumento maior entre os homens é natural, segundo a pesquisadora, pois é o grupo com espaço para crescer. Do total de mulheres com 14 anos ou mais, 92,2% faziam algum tipo de trabalho doméstico em 2018, enquanto o percentual de homens nesta condição chegou a 78,2% – em 2016, estes percentuais eram, respectivamente, de 89,8% e 71,9%.

“É uma coisa realmente estrutural no nosso país a mulher se dedicar mais que os homens aos afazeres domésticos”, enfatizou Marina Aguas.

A pesquisa, no entanto, indica que há uma tendência de reduzir a discrepância entre homens e mulheres nos cuidados com o lar. A diferença da taxa de realização de afazeres domésticos entre os dois sexos era de 17,9 pontos percentuais em 2016, caiu para 15,3 p.p. em 2017, chegando a 14 p.p em 2018.

“O que a gente tem que perceber é quais são as tarefas e o tempo despendido a elas entre homens e mulheres. Elas são mais dedicadas ao funcionamento da casa, eles às atividades mais periféricas. Além disso, as mulheres continuam dedicando o dobro do tempo gasto pelos homens a essas tarefas”, ponderou a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

O IBGE considera como afazeres domésticos:

Preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça

Fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel ou eletrodomésticos

Cuidar da organização do domicílio (pagar contas, contratar serviços, orientar empregados, etc.)

Cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos

Limpar ou arrumar o domicílio, a garagem, o quintal ou o jardim

Fazer compras ou pesquisar preços de bens para o domicílio

Cuidar de animais domésticos

Dentre as mulheres que realizaram afazeres domésticos no ano passado, 95,5% preparam ou servem alimentos, além de arrumar a mesa ou lavar a louça, e 90,9% cuidam da manutenção de roupas e sapatos. Entre os homens, estes percentuais foram, respectivamente, de 60,8% e 54%.

Homens só superaram mulheres nos reparos e manutenção

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Opinião dos leitores

  1. Muito simples, contratem uma doméstica. Se a dona de casa não pode pagar, ela mesma vai ter q fazer. Se ela trabalha pra sustentar a família ganhando um S.M. alguém da casa vai ter q fazer.

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