Tite falou sobre a acusação envolvendo Neymar — Foto: Alexandre Lozetti
O técnico Tite se pronunciou nesta segunda-feira, em Teresópolis, sobre a acusação de estupro contra o atacante Neymar às vésperas do início da Copa América. Ao lado do auxiliar técnico Cléber Xavier e do coordenador de seleções, Edu Gaspar, o treinador do Brasil lembrou o convívio nos últimos três anos e disse que não vai julgar o camisa 10.
– Sei da importância do assunto, tenho a dimensão. Sei também que é um assunto pessoal e que é preciso um tempo para que as pessoas possam julgar os fatos. Eu não vou me permitir julgar os fatos.
”O que posso afirmar e passar é que tenho três anos de convívio com o Neymar. Os assuntos pessoais que tratamos foram sempre leais e verdadeiros. Eu não posso julgá-lo”, disse Tite.
Edu Gaspa também comentou a situação e disse que procurou uma assessoria jurídica após tomar conhecimento do caso.
– Devido a importância do caso, primeira coisa que fiz foi buscar uma assessoria jurídica. No sábado de manhã, recebemos um delegado, passamos informações. A ideia central de ter a assessoria, por eu não entender os processos que devo cumprir, e deixar a assessoria jurídica ao atleta, para a CBF, e centralizar as informações. A partir daí, tentar resolver o caso o mais rápido possível. A ideia seria a assessoria estar aqui para resolver o caso o mais rápido possível, para que o atleta esteja com a cabeça tranquila para a Copa América.
A Seleção vai realizar dois amistosos antes do início da Copa América, contra Catar e Honduras, na quarta e no domingo, respectivamente. Indagado sobre como evitar que o ”caso Neymar” não afete os jogadores e a preparação, Tite foi direto.
– Sendo transparente, respondendo as perguntas, mas entendendo que é um processo, mas nosso foco é no amistoso contra o Catar. Preparação diária, construção de trabalho em que ele está inserido. Ele é um jogador diferente, mas para ele acontecer há um processo. A equipe está acima disso, nosso trabalho está acima disso.
Confira outras respostas:
Neymar é imprescindível para a seleção brasileira?
Tite: ”Tecnicamente, é imprescindível, sim. Quando a gente fala imprescindível, isso não quer dizer insubstituível. É imprescindível pela qualidade no grupo. Mas insubstituível ninguém é, em lugar nenhum, em nenhum posto”.
Psicológico do Neymar
Tite: ”(Cabeça dele) fica nessa relação que sempre tive com ele. Seleção está acima de todos nós, e dando o nosso melhor, estaremos contribuindo. O senso de equipe está acima de nós todo”.
Relação com o camisa 10
Tite: ”O Neymar é um extraordinário jogador de futebol. Comigo, nas relações particulares, quando converso com o atleta, é muito pessoal. Essa relação é muito transparente, verdadeira. Sempre foi leal dessa forma. É um extraordinário jogador, não vou me permitir julgar”.
Neymar merece ocupar a posição que ocupa pelos momentos recentes?
Tite: ”Está contextualizada em cima de tudo que foi colocado. De novo eu falo para não fazer pré-julgamento, deixar para as pessoas responsáveis. Estou focado no meu trabalho, numa seleção que representa o país. Não temos os fatos claros. O tempo pode dar essas respostas todas”.
Extracampo
Tite: ”Situações disciplinares acontecem, e são sempre tratadas da mesma forma. O Adenor está acima do Tite. Pode ter um repente de vaidade, sou orgulhoso, mas não sou burro e tenho tempo de rodagem. Meus valores estão muito bem consolidados ao longo da minha carreira”
Edu responde se a comissão viu o conteúdo publicado por Neymar
Edu Gaspar: ”Não vi todo o conteúdo, sinceramente. Fiquei sabendo dos fatos, mas a partir do momento, pela importância do assunto, busquei assessoria jurídica para a instituição e para mim. A partir do momento que conversei com advogados, fiquei tranquilo por tudo que passaram, como proceder no caso. Não quis me aprofundar nos íntimos detalhes, minha ideia era tentar ajudar o resolver o caso da melhor maneira possível”.
Neymar será liberado quando solicitado
Edu Gaspar: ”Vou ser o mais simples possível, porque é um fato. Sugestão que me enviaram é de estar o mais disponível possível para atender a demanda. Estar à disposição 100% para que a situação seja resolvida”.
Capitania da Seleção
Tite: ”Eu conversei com o Neymar, inicialmente conversei com o Dani (Alves) por telefone, que consentiu. Depois conversei com o Dani pessoalmente. Aquilo que tínhamos falado está na relação do técnico com o atleta. Foi com o Neymar e com o Dani. Tinha que dar essa resposta”.
Opção por Neymar como capitão após a Copa
Tite: ”Naquele momento me foi feita a pergunta: “Se tiver que tirar, tira?”. E eu disse que tirava. As atitudes podem falar mais por mim. Entendo quando há o processo. O momento dele é muito único e ele tem do lado uma pessoa leal e verdadeira. Se quiser acionar, como acionou ontem, vamos conversar. Vai ter sempre um cara leal, que vai dizer sim ou não e falar sua verdade”.
Neymar argumentou para não perder a braçadeira?
Tite: ”Não vou responder, coisa muito íntima e pessoal, minha e dele. Quando conversei com Neymar, não disse para quem ia dar a braçadeira. No outro dia, pela manhã, liguei para o Dani (Alves) e disse que também queria conversar pessoalmente sobre a capitania. Já foi capitão, no meu sonho de ganhar a Copa do Mundo era o Dani que levantaria a taça. Ele disse: “Sei da responsabilidade”.
Pensa em voltar a braçadeira para o Neymar?
Tite: ”Talvez, tudo é possível. Não sei, o que eu posso é definir o agora, senão ficamos falando em termos hipotéticos, e não é legal. Trabalhando com a condicional, é difícil. Pergunta dura de responder, qualquer resposta que eu der aqui gera uma série de possibilidades. Só gostaria de uma coisa: que vocês tivessem sensatez nas respostas, um livro é escrito num contexto todo. Nunca pedi arrego de crítica, mas a batalha que quero é dar a informação correta. O resto é do jogo, faz parte, errar ou acertar”.
Sobre críticas feitas sobre Neymar em 2012, quando dirigia o Corinthians
Tite: ”A manifestação contextualizada, em 2012. Tinha enfrentado o Neymar sete vezes como adversário, não tinha tido convívio nenhum. Hoje fico tranquilo de dizer que tenho três anos de convívio com ele. Não vou pré-julgar, mas na relação minha e dele, quando conversamos, somos leais e sinceros. Não vou falar de forma pública, é a minha relação. Há diferença entre 2019 e 2012, sete anos. Não vou ter sempre a mesma opinião. Não quero ser o cara que tem uma opinião há sete anos, não olhar o contexto e não mudar de opinião. Me permito mudar de opinião”.
Foco no momento
Tite: ”Eu não posso me fazer comentarista e nem me transpor a outras pessoas. Tenho série de responsabilidades, energia para gastar no que é importante, que é a preparação da equipe. Quero que vocês entendam que meu foco é a preparação para o jogo contra o Catar, 23 atletas em busca de desempenho. Se eu ficar buscando, fazendo projeções, vai me consumir energia que vai me tirar do meu foco”.
Copa América será o torneio mais difícil da carreira?
Tite: ”Talvez. Talvez o primeiro, talvez esse. Talvez tenha sido a Libertadores, o título mundial contra o Chelsea. Talvez. Talvez tenha sido o primeiro jogo contra o Equador, talvez assumido o risco de não classificar para a Copa. Não sei responder”.
Momento mais agudo da carreira de Tite?
Tite: ”Momento mais agudo que tive na carreira foi no primeiro clube que trabalhei, Guarani de Garibaldi. Ato de indisciplina de um atleta, que foi tomar uma cerveja porque estava na reserva. Mas é algo que fica entre nós, conversa pessoal”.
Edu, sobre o interesse do Arsenal
Edu Gaspar: ”Vocês sabem minha resposta, entregar o melhor na Copa América, focado. Depois da Copa América posso tomar a decisão”.
Mais alternativas do que na Copa?
Tite: ”Principalmente o setor do meio-campo, no quarteto ou no sexteto, proporciona formatações diferente, com diferentes composições. Casemiro com Arthur, com Fernandinho ou com Allan. Permite combinações que você pode trabalhar”.
Tite: ”Com Casemiro e Arthur você tem um articulador, onde o Arthur sempre produziu mais no Grêmio. Pode ter Casemiro e Fernandinho, para dar liberdade para o lateral. Pode ter o Allan para fazer recomposição. Gera, sim, variáveis, com Coutinho, Paquetá, com Firmino. Dá mais (possibilidades) do que na Copa”.
Sobre os atletas que ainda não se apresentaram (Alisson, Cássio, Fagner e Firmino)
Tite: ”Primeira coisa que vou dar é um choque de realidade: acabou Brasileiro e acabou Champions. Agora é a nova realidade. O que era para curtir e comemorar, deu. Tem um relato legal sobre o Firmino, mandou um áudio, e é difícil de falar, falando que quer estar logo”.
Edu Gaspar: ”Programação inicial era para se apresentarem direto em Brasília, estendendo a folga. Mas eles escolheram chegar antes, o que é um ponto positivo em termos de preparação”.
Amistoso contra o Catar
Tite: ”Fiz uma substituição entre David Neres e Richarlison. Richarlison foi usado como 9 na equipe que não vai começar, porque estamos sem o Firmino. Teve mescla, meio tempo Arthur, meio tempo Fernandinho. Mas a tendência é a equipe que começou (o treino)”.
Jogadores do Liverpool podem jogar contra o Catar?
Tite: ”Está definido o Éderson como titular. Vamos avaliar o Alisson pela questão da viagem. Fora isso, em relação ao Gabriel Jesus também está confirmado. Também vamos avaliar o Firmino. Se tiverem condições (Alisson e Firmino), vão estar no banco”.
Como o time que deve jogar?
Cléber Xavier: ”Como o Tite falou, o time para o jogo contra o Catar está definido. A gente sempre analisa, fizemos reunião às 9h, tem o treino da tarde, treino de amanhã para o jogo contra o Catar. Campeão da Copa da Ásia, time que tem uma saída de qualidade. Estudamos como sempre estudamos. Vai ser uma surpresa dentro da competição. O jogo vai nos dar oportunidade de avaliar a equipe. Temos alternativas no meio e no ataque”.
Cléber Xavier: ”Não vamos nos ater a uma titularidade contínua, aprendemos isso. A partir daí vamos pensar no jogo contra Honduras, e ter o melhor para a estreia contra a Bolívia. Mesmo com jogadores chegando aos poucos, conseguimos dar um padrão e colocar o que planejamos. Treinos em que ficamos felizes pela qualidade do treino e alternativas táticas”.
Globo Esporte
Comente aqui