Jornalismo

Uma viagem para o futuro ou para o passado?

Crédito: Fotomontagem

No começo dos anos 1960, os cartunistas americanos William Hanna e Joseph Barbera criaram dois desenhos animados que rapidamente caíram no gosto popular e se tornaram sucessos atemporais. Os Flintstones mostravam como uma família poderia viver em um mundo pré-histórico e sem qualquer facilidade tecnológica disponível nos dias atuais. Os Jetsons, por sua vez, apresentavam um cenário oposto, mostrando personagens que viviam em um futuro distante repleto de máquinas inteligentes e serviços que facilitam a vida das pessoas. Neste momento, os políticos brasileiros estão com o papel e o lápis na mão, mas não é possível dizer em qual das animações eles estão se inspirando para desenhar o Brasil dos próximos anos. Na terça-feira 31, o Senado Federal tinha em mãos todas as ferramentas necessárias para ajudar o País a dar um passo em direção à modernidade. Mas escolheu empurrar com a barriga o PLC 28/2017, proposta para regulamentar Uber, Cabify e 99, aprovando um texto favorável às empresas de aplicativos de transporte. Mas, ao mudar sua redação, o texto volta para a Câmara, que agora precisa dar seu veredicto.

A discussão do projeto foi uma batalha que movimentou as ruas, com vários protestos por diversas capitais brasileiras tanto de taxistas, como de motoristas que apoiam os aplicativos. A briga também envolveu uma pesada campanha de publicidade patrocinada pelos aplicativos de transporte, que chamavam o projeto de “a lei do retrocesso”. “Não somos contra a regulamentação. Mas essas regras devem ser pensadas olhando para o futuro, e não para o passado”, disse Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, que veio ao Brasil no esforço final para defender os interesses da empresa (saiba mais ao final da reportagem). “O PLC 28/2017 realmente tem o potencial de restringir o trabalho dos 500 mil motoristas da Uber no Brasil.” Por outro lado, os defensores dos taxistas discordavam. “Eles estão fazendo terrorismo dizendo que o serviço vai acabar, que as pessoas não terão mais renda e que o consumidor não terá mais transporte”, afirmou Carlos Zarattini (PT-SP), deputado federal, autor do texto aprovado na Câmara foi apreciado pelo Senado.

O caso dos aplicativos de transporte é apenas um exemplo entre vários outros em que o rápido avanço tecnológico está transformando importantes setores, como o de telecomunicações, o financeiro e o hoteleiro. Ao mesmo tempo em que não dá para barrar a inovação, é preciso encontrar um meio termo para estabelecer uma competição equilibrada com os setores tradicionais. Por essa razão, a economia digital está sob a mira dos governos. No mesmo dia em que a pauta da regulamentação dos aplicativos de transporte tramitava em Brasília, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou uma medida que fixa alíquota de Imposto Sobre Serviço (ISS) de 2,9% a ser cobrada de serviços de transmissão de áudio e vídeo pela internet, como Spotify e Netflix.

No Banco Central, corre uma consulta pública para colher subsídios que orientem a regulamentação de fintechs, principalmente aquelas que oferecem crédito. No Congresso, a Frente Parlamentar de Economia Digital e Economia Colaborativa pensa em diversas fórmulas para tributar as operações de aplicativos de locação de domicílios por temporada, como o Airbnb. O arsenal burocrático está à disposição do governo e o alvo são as empresas do futuro. “Quando novas tecnologias surgem, há conflito e revolta”, diz Marcus Quintella, coordenador do MBA de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas. “Elas acabam mexendo em mercados que já estão acomodados. Isso incomoda.”

A importância desses novos negócios para o Brasil é indiscutível. Carentes de serviços de qualidade, os consumidores rapidamente abraçaram essas tecnologias como alternativas a setores tradicionais que, não raro, cobram caro por seus serviços e produtos. O caso da Uber é emblemático. Com 65 milhões de usuários e 2 milhões de motoristas cadastrados em todo o mundo, um quarto da operação está em terras brasileiras. Por aqui, são 500 mil motoristas ativos na plataforma, 17 milhões de usuários e atuação em mais de 100 cidades. Números que devem dobrar até 2019, segundo o seu CEO. Não à toa, ele percorreu os principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios para defender os interesses da companhia. A espanhola Cabify também tem no País um de seus maiores mercados, com 1,5 milhão de usuários. A brasileira 99, que deixou de ser um aplicativo para pedir exclusivamente táxis para ser um de transporte privado, recebeu US$ 200 milhões do banco japonês Softbank e da chinesa Didi Chuxing, maior concorrente da Uber.

Diferentemente do setor de transportes, outros que são mais tecnológicos já entenderam que não é possível barrar a inovação. Para competir, as empresas tentam se atualizar. No setor bancário, por exemplo, o Bradesco criou o Next, um banco digital, para concorrer com Nubank e Original – duas fintechs puro-sangue. O Itaú migrou seus clientes de alta renda para o atendimento 100% digital. Porém, quando a inovação é demais, a saída parece ser impedi-la. Há uma semana, o bilionário Carlos Wizard Martins junto do empresário Rodrigo Borges lançaram o Social Bank. Nele, uma pessoa física pode contratar um empréstimo diretamente de outra pessoa física, como muitas vezes, de maneira informal, acontece entre um pai e seu filho ou entre dois amigos.

O Banco Central abriu o olho. “Se a instituição financeira faz a capitação junto ao público, o olhar do Banco Central será diferente. A regulamentação tem que ser compatível ao risco que ela impõe ao sistema financeiro”, disse Otávio Damaso, diretor de regulação do BC, órgão que já possui uma consulta aberta para tentar regulamentar esse tipo de operação. O fundador do banco, Rodrigo Borges, diz que nada disso é preciso. “Nós estudamos por dois anos a legislação antes de lançarmos o banco. E posso garantir: estamos respaldados por ela. O empréstimo entre duas pessoas, com a cobrança de juros, já é prevista.”

Nas telecomunicações, nem mesmo o sindicato patronal se posiciona mais contra os serviços de transmissão, como Netflix e Spotify, ou os aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, que permitem ligações entre celulares sem tarifa. O que não é possível aceitar, diz Eduardo Levy, presidente do Sinditelebrasil, é que as empresas tradicionais tenham uma carga tributária de 50%, enquanto que as startups bilionárias recolham menos do que 5%. “Todas as nossas iniciativas são para acabar com os fundos que encarecem o serviço no Brasil, diminuir a cobrança de ICMS sobre serviços essenciais. Não queremos que ninguém tenha uma carga de 50% – nem nós, nem eles”, afirma Levy.

A briga é semelhante no setor hoteleiro. Enquanto os hotéis têm uma carga de 40%, o Airbnb não paga tributos institucionalmente e repassa aos usuários o ônus de recolher 27,5% do imposto de renda. O embate entre a associação do setor, a ABIH-Nacional, e o aplicativo chegou até ao Supremo. “Ninguém é contra a modernidade, mas contra a elevada carga tributária existente para algumas empresas e inexistente para outras”, reclama Dilson Jatahy Fonseca Neto, presidente da ABIH-Nacional. O Airbnb responde. “Sempre reiteramos que novas regras para o aluguel de temporada no Brasil devem proteger a inovação, a concorrência e o empreendedorismo, buscando o maior benefício para toda a sociedade”, posicionou-se, por meio de nota.

O Banco Central abriu o olho. “Se a instituição financeira faz a capitação junto ao público, o olhar do Banco Central será diferente. A regulamentação tem que ser compatível ao risco que ela impõe ao sistema financeiro”, disse Otávio Damaso, diretor de regulação do BC, órgão que já possui uma consulta aberta para tentar regulamentar esse tipo de operação. O fundador do banco, Rodrigo Borges, diz que nada disso é preciso. “Nós estudamos por dois anos a legislação antes de lançarmos o banco. E posso garantir: estamos respaldados por ela. O empréstimo entre duas pessoas, com a cobrança de juros, já é prevista.”

Nas telecomunicações, nem mesmo o sindicato patronal se posiciona mais contra os serviços de transmissão, como Netflix e Spotify, ou os aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, que permitem ligações entre celulares sem tarifa. O que não é possível aceitar, diz Eduardo Levy, presidente do Sinditelebrasil, é que as empresas tradicionais tenham uma carga tributária de 50%, enquanto que as startups bilionárias recolham menos do que 5%. “Todas as nossas iniciativas são para acabar com os fundos que encarecem o serviço no Brasil, diminuir a cobrança de ICMS sobre serviços essenciais. Não queremos que ninguém tenha uma carga de 50% – nem nós, nem eles”, afirma Levy.

A briga é semelhante no setor hoteleiro. Enquanto os hotéis têm uma carga de 40%, o Airbnb não paga tributos institucionalmente e repassa aos usuários o ônus de recolher 27,5% do imposto de renda. O embate entre a associação do setor, a ABIH-Nacional, e o aplicativo chegou até ao Supremo. “Ninguém é contra a modernidade, mas contra a elevada carga tributária existente para algumas empresas e inexistente para outras”, reclama Dilson Jatahy Fonseca Neto, presidente da ABIH-Nacional. O Airbnb responde. “Sempre reiteramos que novas regras para o aluguel de temporada no Brasil devem proteger a inovação, a concorrência e o empreendedorismo, buscando o maior benefício para toda a sociedade”, posicionou-se, por meio de nota.

 

 

ISTOÉ

Opinião dos leitores

  1. Gostaria de saber porque os taxistas, ao em vez querer embarrerar o Uber, não aproveitam a oportunidades pra pleitear a desburocratização do sistema de taxi?

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Geral

EUA dizem que vão revogar visto do presidente da Colômbia após falas em ato pró-Palestina

Gustavo Petro esteve em Nova York para encontro da Assembleia da ONU — Foto: Reuters/BBC

O governo dos Estados Unidos informou que vai revogar o visto do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, após o político ter participado de uma manifestação pró-Palestina em Nova York. Na ocasião, ele pediu que soldados norte-americanos desobedecessem às ordens do presidente Donald Trump.

“Vamos revogar o visto de Petro devido às suas ações imprudentes e incendiárias”, publicou o Departamento de Estado em sua conta no X (antigo Twitter).

Durante o protesto, em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), Petro defendeu a criação de uma força armada global com a prioridade de libertar os palestinos. “Essa força precisa ser maior do que a dos Estados Unidos”, disse.

O presidente colombiano também afirmou:

“É por isso que, daqui de Nova York, peço a todos os soldados do exército dos Estados Unidos que não apontem suas armas para o povo. Desobedeçam às ordens de Trump. Obedeçam às ordens da humanidade.”
A agência Reuters não conseguiu confirmar se Petro ainda permanecia em Nova York. Nem o gabinete da Presidência da Colômbia, nem o Ministério das Relações Exteriores responderam aos pedidos de comentário.

g1

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Geral

Paciente que deixou de receber rim por causa de transplante errado ganha novo órgão; e paciente que havia recebido rim errado tem alta

Foto: Tom Guedes/Inter TV Cabugi

O Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), em Natal, informou em nota que o paciente que deixou de receber rim por causa de transplante errado recebeu a doação de um novo órgão e realizou o procedimento na quinta-feira (25), após o Ministério da Saúde determinar prioridade de atendimento integral pelo SUS.

Segundo o HUOL, o paciente encontra-se em condição estável, em leito de UTI, conforme protocolo usual de acompanhamento.

O outro paciente envolvido no erro, que havia recebido o transplante anterior, permaneceu sob cuidados no HUOL e recebeu alta nesta sexta-feira (26), Ele havia deixado a UTI no dia 22 de setembro, e agora aguarda na fila prioritária por um novo rim. O hospital afirmou ainda que “se solidariza com a família afetada e reafirma seu compromisso com a transparência, a qualidade da assistência e a segurança dos pacientes”.

Em comunicado, o MS pontuou que o incidente foi provocado por uma falha interna do hospital no processo de convocação dos pacientes e informou que a Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes acompanhará de perto a evolução clínica dos pacientes e todas as providências adotadas pela instituição.

Com informações de Tribuna do Norte e g1-RN

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Geral

Anvisa determina apreensão de lotes falsificados de remédio contra câncer

Foto: Reprodução

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou na quinta-feira, 25, a apreensão de um lote falsificado de Keytruda, medicamento usado no tratamento contra o câncer, e do anestésico Oppy. Lotes de uma solução fisiológica da indústria farmacêutica Equiplex também foram alvo das ações de fiscalização.

No caso do Keytruda, usado no tratamento de tumores de pulmão, cabeça e pescoço e estômago, a Anvisa determinou a apreensão do lote Y005786, e sua comercialização, distribuição e uso foram proibidos. A ação ocorreu depois que a farmacêutica Merck, responsável pelo registro do remédio, identificou unidades desse lote no mercado com características diferentes das originais.

Segundo a Anvisa, o rótulo do produto apresenta defeitos de formatação, texto e pontuação que não são consistentes com os rótulos produzidos pela empresa. As tampas usadas no medicamento falsificado também não têm a mesma qualidade das utilizadas no produto original.

Também foi determinada a apreensão de um lote falsificado de Oppy, anestésico usado para dores intensas, após o laboratório que possui o registro do medicamento notificar a Anvisa. A agência afirma que produtos do lote 48170003 apresentam um sistema de abertura por anel de ruptura, com tinta de cor verde, características completamente diferentes das do produto original.

Equiplex

Outra ação de fiscalização ordenou o recolhimento de lotes da solução fisiológica de cloreto de sódio Equiplex (9 mg/ml Sol Inj IV Cx 70 Fr Plas Pe Trans Sist Fech X 100 ml). Três lotes estão suspensos e não devem ser comercializados, distribuídos ou consumidos: 2511697, 2511701 e 2419158.

A medida foi tomada após um laudo da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre indicar a presença de um “material estranho” dentro da bolsa do soro.

O Estadão tentou contato com a Equiplex Indústria Farmacêutica Ltda., responsável pelo produto, por meio do número informado no site da empresa, mas as ligações não foram atendidas.

Orientações

Caso sejam identificados produtos pertencentes a esses lotes, seja por pacientes ou profissionais da saúde, os mesmos não devem ser utilizados. Além disso, é importante comunicar a Anvisa, pelos canais de atendimento, ou a Vigilância Sanitária local, por meio dos canais disponíveis para consulta no portal da agência.

CNN

Opinião dos leitores

  1. É só identificar nas farmácias que foi que forneceu os medicamentos pra comercialização nas farmácias. As farmácias e drogarias compro de alguém, é só seguir o rastro, esses medicamentos falsos não caiu do céu.

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Fachin assume STF com pautas sobre Ferrogrão e vínculo na uberização

Foto: Rosinei Coutinho

O ministro Edson Fachin, que tomará posse como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) na próxima segunda-feira (29), já definiu pautas prioritárias, como o destino da Ferrogrão e das relações de trabalho na chamada “uberização”.

Fachin, como presidente do Supremo, será responsável por definir as pautas de julgamento da Corte.

Já para a próxima quarta-feira (1º), Fachin marcou o caso do processo envolvendo o projeto Ferrogrão, ferrovia que ligará o Pará ao Mato Grosso.

Na ação, o PSOL questiona a alteração dos limites do Parque Nacional do Jamanxim (PA), com a destinação da área suprimida pelo projeto Ferrogrão para escoar produtos agrícolas. A construção da ferrovia é articulada desde o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

Na mesma quarta, está previsto para julgar o processo que discute a existência ou não de vínculo trabalhista entre motoristas e as plataformas digitais, como a empresa Uber.

O processo chegou ao Supremo por um Recurso Extraordinário (RE 1446336), apresentado pela Uber. O caso também é conhecido como “uberização” e o julgamento tem repercussão geral reconhecida. Fachin é relator do processo.

Também está previsto para o dia 1º de outubro começar o julgamento de uma ação ajuizada pela Rappi Brasil contra decisões da Justiça do Trabalho que reconheceram vínculo empregatício entre a empresa e um entregador (motofretista) que atuava por meio da plataforma. O caso está sob relatoria de Alexandre de Moraes.

Outro caso com repercussão geral reconhecida será a análise de se o Estado tem o dever constitucional de informar ao preso seu direito ao silêncio no momento da prisão em flagrante — e não apenas durante o interrogatório formal. O julgamento está previsto para a quinta-feira (2) e também está sob relatoria do novo presidente.

Na mesma sessão, o STF deve começar a analisar se o Ministério Público deve arcar com os custos de perícia técnica que ele próprio requer em ações civis públicas, especialmente quando atua na defesa de direitos difusos e coletivos. Cristiano Zanin é relator do caso.

CNN

Opinião dos leitores

  1. O UBER recebe comissão sobre as corridas realizadas, caso seja criado vínculo empregatício com os motoristas, o UBER acaba e haverá um retrocesso voltando para os famigerados e ultrapassados Taxi.

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Geral

Careca do INSS recorre ao STF para não ver “carrões” perderem valor

Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

Dono de uma grande frota de carros de luxo, sendo que alguns estão apreendidos pela Polícia Federal (PF) e outros sob restrição judicial, o empresário e lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, ingressou com uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o fim da proibição de circulação dos veículos. Ele alegou que os carros parados poderiam perder valor de mercado.

“Há, ainda, outro aspecto relevante a ser considerado para a reavaliação da medida excessivamente imposta: a necessidade de prevenir a depreciação dos veículos em razão da paralisação prolongada. A proibição de circulação imposta aos automóveis de propriedade do peticionante pode ocasionar a significativa perda de valor de mercado, uma vez que a imobilização por tempo indeterminado compromete a vida útil dos bens”, escreveu a defesa.

Conforme revelou a coluna do Tácio Lorran, o Careca do INSS circulou com carros de luxo em São Paulo e em Brasília, mesmo após restrições judiciais impostas no âmbito da primeira fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril.

Registros obtidos pela coluna do Tácio Lorran revelam que o Careca do INSS levou seis multas após a operação, visitou uma concessionária de carros de luxo e até foi parado em uma blitz na capital paulista. Os veículos, no entanto, já estavam sob restrição de circulação, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).

Questionado pela coluna, o advogado Cleber Lopes, que faz a defesa do lobista, explicou que a ordem judicial do Tribunal Regional Federal da 6ª Região do dia 23 de abril não tratou sobre proibição de circulação dos carros, mas apenas do bloqueio de bens. Nesse sentido, alega que “algum agente do Detran” inseriu equivocadamente a restrição de circulação dos veículos no sistema da Senatram, sem que esse pedido constasse na decisão judicial.

Segundo informou a defesa de Antonio Antunes, o empresário só descobriu que seus carros estavam proibidos de circular após ele ter sido parado em uma blitz, em 5 de julho deste ano, em São Paulo. Na ocasião, Antonio Antunes teve seu Mercedes-Benz AMG apreendido. Após essa data, afirma Cleber Lopes, Antonio Antunes não mais rodou com os veículos, cumprindo assim a restrição de circulação dos carros de luxo.

A petição apresentada pela defesa junto ao STF é do dia 10 de julho, ou seja, cinco dias após o Careca do INSS ter sido parado na blitz e antes mesmo dele ser preso preventivamente. No documento, que a coluna teve acesso, a defesa descreve os danos gerados pelo fato dos carros ficarem sem rodar. “A não utilização contínua dos veículos acarreta desgaste natural e deterioração de componentes essenciais, como motor, pneus, baterias e demais sistemas mecânicos, o que agrava ainda mais os efeitos de uma medida que, além de ilegal, revela-se desproporcional e economicamente danosa.”

Na petição, a defesa de Antonio Antunes afirma ainda que proibição de circulação gera obstáculos à própria manutenção e revisão dos carros, “pois impede o seu deslocamento para concessionárias ou oficinas, o que, em se tratando de bens de luxo, acentua consideravelmente a desvalorização dos veículos.”

O advogado listou os carros do Careca do INSS que estão sob restrição de circulação:

  • Peugeout 208 Style T200
  • Porsche Panamera 4SEHY
  • Porsche Cayenne S CP
  • JTA Suzuki/GSX1300RA
  • Porsche 911 Carrera GTS
  • Polo CL ADA
  • Polo MF
  • Mercedes Benz AMG
  • Land Rover R.R SPT
  • Audi R8 V10 Sport

Dos dez veículos listados acima pelo Careca do INSS na petição, cinco deles foram apreendidos pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sem Desconto: Porsche Panamera; Porsche Cayenne; JTA Suzuki/GSX1300RA; Porsche 911 Carrera GTS e a Polo CL ADA.

O STF ainda não se manifestou sobre a petição apresentada pela defesa do lobista. Ainda assim, a Suprema Corte impôs novas restrições à frota de carros de luxo de Antonio Antunes no último dia 12/9, data em que o empresário foi preso. As medidas de proibição de circulação e de transferência, ou seja, mudança de propriedade para um terceiro, valem por tempo indeterminado.

Metrópoles – Tácio Lorran

Opinião dos leitores

  1. Só pode ser brincadeira, um criminoso impondo ao stf, as condições que ele deseja para os seus frutos de roubo e corrupção. Em país sério, esse bandido era pra terminar a vida na cadeia, e liso igual a careca dele.

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Encontro entre Lula e Trump é primeiro passo para resolução do tarifaço, avalia Alckmin

Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP e MICHAEL M. SANTIAGO / Getty Images via AFP

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o encontro entre Lula e Donald Trump é um primeiro passo para a resolução do tarifaço. A reunião deverá ocorrer na próxima semana. Alckmin defendeu que o comércio entre os países deve ser bom para ambos.

No entanto, ele ressaltou que a atuação da Organização Mundial do Comércio foi limitada pelos Estados Unidos.

Segundo Alckmin, o governo permanece trabalhando para reduzir a alíquota de 50%. Ele voltou a dizer que o Brasil não é um problema para os Estados Unidos, e sim a solução.

Alckmin também pontuou que, para cada dez produtos americanos que entram no Brasil, oito não pagam impostos.

E acrescentou que a tarifa média para eles é de 2,7%. Alckmin concluiu que um comércio exterior bem feito é essencial e todos saem ganhando nesse cenário, mas que é preciso ter regras justas.

CBN

Opinião dos leitores

  1. Esse babacas estão pensando que vão conseguir enganar Donald Trump com narrativa fajuta. Hô coitados!

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Geral

STJ revoga prisão preventiva do rapper Oruam e impõe medidas cautelares

Foto: Reprodução

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu liminar nesta sexta-feira (26) para revogar a prisão preventiva do rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, e substituí-la por medidas cautelares alternativas, que serão definidas pelo juiz de primeiro grau.

O artista estava preso desde julho, acusado de tentativa de homicídio qualificado contra o delegado Moyses Santana Gomes e o oficial Alexandre Alves Ferraz, da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio não havia sido notificada oficialmente até a noite desta sexta. A pasta afirmou que “aguardava a publicação nos canais competentes para adoção das medidas cabíveis”.

Em nota conjunta, os advogados de Oruam afirmaram que a medida “restabelece a regra do processo penal: a liberdade” e que a prisão foi ilegal, decretada “para atender a finalidades estranhas ao processo”.

“Nunca existiram evidências acerca de cometimento de crime e tampouco acerca da necessidade da prisão provisória. Mauro Davi se submeterá às medidas cautelares diversas a serem determinadas e, como vem fazendo, provará sua inocência no curso do processo”, afirmam os escritórios FHC Advogados, Nilo Batista & Advogados Associados e Gustavo Mascarenha & Vinícus Vasconcellos Advogados.

Na decisão, o relator do recurso em habeas corpus, ministro Joel Ilan Paciornik, afirmou que o decreto de prisão expedido pela 3ª Vara Criminal da capital fluminense se apoiou em “argumentos vagos”, sem comprovar concretamente risco de fuga ou de reiteração delitiva.

O magistrado ressaltou que Oruam é réu primário e se apresentou espontaneamente para o cumprimento do mandado de prisão, o que, segundo a jurisprudência do STF, afasta a presunção de que houvesse intenção de fuga.

Paciornik também frisou que a gravidade do crime e o abalo social decorrente do caso não bastam, por si só, para justificar a medida extrema. “A jurisprudência pacífica desta Corte Superior repudia a manutenção da prisão preventiva com base em fundamentação genérica, abstrata ou baseada em meras ilações”, escreveu o ministro. Para ele, a custódia cautelar deve ser excepcional e só se sustenta quando demonstrada sua real indispensabilidade.

O episódio que levou à prisão ocorreu em 21 de julho, quando policiais civis foram à casa do rapper, no Joá, zona oeste do Rio, cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente. Segundo a polícia, o jovem apontado como segurança do traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca, do Comando Vermelho, estava descumprindo medida socioeducativa.

Na ocasião, de acordo com a corporação, Oruam apareceu na varanda e teria incitado reação contra os agentes, arremessando pedras junto com outros homens. O delegado Moyses e o oficial Alexandre disseram ter sido atingidos durante a ação, que terminou em confronto. Após o episódio, a Justiça decretou a prisão preventiva do rapper, que se entregou no dia seguinte.

A defesa, no entanto, contesta a versão da polícia. Advogados afirmam que não há provas de que o cantor tenha lançado pedras e sustentam que perícias foram inconclusivas em relação a uma suposta arma atribuída a ele. Também apontam contradições sobre a letalidade dos objetos e irregularidades na condução do inquérito. Um vídeo divulgado pela defesa mostra o delegado Moyses agredindo um dos jovens presentes na noite, material que, segundo os advogados, reforça a tese de abuso policial.

A Polícia Civil, por sua vez, afirma que o vídeo divulgado pela defesa é um recorte que omite o contexto real. “Quando o delegado se dirigiu a um dos presentes, a equipe já tinha sido atacada com pedras, contra a viatura e contra os policiais, inclusive com um agente atingido. O delegado conteve um dos envolvidos que retirava uma pedra para lançar. Essa reação ocorreu após a violência contra a polícia, e não antes, como tenta fazer parecer a defesa. O material foi claramente manipulado para proteger os agressores e inverter a narrativa”, disse a corporação.

Ainda segundo a Polícia Civil, a operação foi conduzida “de forma técnica e dentro da legalidade”. “Quatro indivíduos eram revistados, com um já detido, quando outro passou a desacatar e reagir de forma violenta. Nesse momento, o delegado interveio com técnicas de contenção previstas em treinamento policial”, afirmou.

Nesta semana, o adolescente que era alvo da operação foi apreendido por policiais militares da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, na Penha, zona norte do Rio. Segundo a corporação, o jovem é um dos principais ladrões de carros do estado e tinha um mandado de busca e apreensão em aberto. Ele foi localizado em uma ação de inteligência e, de acordo com a polícia, resistiu à abordagem.

Folha de S.Paulo

Opinião dos leitores

  1. Nunca vi gostar tanto de bandido quanto o judiciário brasileiro, é demais, já virou fetiche.

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Geral

Saída de Sabino expõe dilema do Centrão entre pragmatismo e oposição a Lula

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Com o anúncio da saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo nesta sexta-feira (26), o União Brasil se afasta cada vez mais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, alas no Centrão evitam uma ruptura total com o presidente da República.

Pressionado com risco de expulsão, Sabino buscou continuar no Turismo até onde pôde e, inclusive, ainda pretende viajar com Lula na semana que vem antes de sair da pasta de vez. A ideia é acompanhar o mandatário em preparativos para a COP 30, que acontece em novembro em Belém, no Pará, sua base eleitoral.

O político paraense busca contar com a realização da COP 30 e o apoio de Lula para se cacifar nas eleições de 2026. Outro que se encontra em situação semelhante é o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP). Quem também continua ao lado de Lula – e com cargos na esfera federal – é o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A cúpula do União Brasil, por sua vez, acelerou o processo de desembarque do governo depois que o presidente do partido, Antônio Rueda, teve o nome envolvido em investigações da Polícia Federal.

A saída de Sabino consolida o desembarque do partido para enfrentar Lula nas eleições do ano que vem. A federação União-PP quer emplacar um candidato de centro que tenha apelo entre os bolsonaristas.

O nome mais forte continua sendo o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ainda titubeia em se lançar ao Planalto e não descarta tentar a reeleição.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse nesta sexta que o plano principal do partido é contar com Tarcísio. Contudo, o governador segue sem garantias de apoio da família Bolsonaro e convive com uma direita mais dividida desde o início do tarifaço americano.

As dúvidas de Tarcísio abrem espaço para avanços do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), que tem se tornado uma espécie de plano B do Centrão. Ratinho Junior intensificou as viagens a São Paulo para conversas com empresários, economistas e o setor financeiro, sob a benção de Kassab.

“A aliança com outros partidos do centrão ou de outras vertentes sempre é bem-vinda, e, da nossa parte, o PSD está de braços abertos para discutir, para apoiar ou ser apoiado. Mas vamos aguardar as decisões, em especial a que diz respeito ao governador Tarcísio”, disse Kassab.

Ao mesmo tempo, o PSD está de olho na vaga deixada por Celso Sabino no Turismo. A sigla — assim como alas do União e do PP — não quer se desligar do governo de forma tão abrupta, especialmente com a alta na aprovação do presidente e a força com que ele deve chegar na eleição do ano que vem.

Pesquisa Pulso Brasil/Ipespe divulgada nesta semana mostra que a aprovação do governo Lula avançou sete pontos percentuais desde julho e atingiu os 50%, superando a desaprovação, de 48%, que recuou três pontos percentuais.

A aprovação à gestão de Lula também já supera a desaprovação entre eleitores de centro e da classe média, indica a pesquisa.

Entre idas e vindas perante pautas que impactam o Planalto, a situação favorável a Lula não passou despercebida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), outro integrante do Centrão.

“Nós temos pela primeira vez o presidente da República três vezes eleito desde a redemocratização do país, já caminhando para a sua quarta eleição, já em processo de reeleição.”

CNN – William Waack

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Geral

Condução de Moraes no caso da suposta trama golpista fortalece ‘mau juiz’, diz advogado de Heleno

Foto: Ton Molina/STF

Advogado do general Augusto Heleno, Matheus Milanez avalia que a condução do caso relativo à suposta trama golpista pelo ministro Alexandre de Moraes no STF (Supremo Tribunal Federal) pode impactar na atuação de magistrados de instâncias inferiores, empoderando “maus juízes”.

Em entrevista à Folha, ele defende que o relator não pode ter protagonismo durante a instrução do processo. “O problema de decisões de alto escalão que ferem direitos fundamentais não é o bom juiz. Esse vai continuar sendo bom. O problema é o mau juiz”, diz.

Milanez estreou na corte como advogado principal de um caso ao defender o ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da gestão Jair Bolsonaro. Ainda que já tivesse atuado em outras operações ruidosas, afirma que o volume de provas e a velocidade da tramitação da ação penal o surpreenderam.

O volume de material somado ao pouco tempo de análise gerou, na avaliação dele, o cerceamento do direito de defesa. Além disso, ele acredita ter provado a inocência de Heleno e, portanto, que os recursos têm o potencial de anular a condenação de 21 anos de prisão imposta ao cliente.

O advogado criticou também a PGR (Procuradoria-Geral da República) por não produzir novas provas ao longo do processo e os ministros da corte, por não darem respostas aos questionamentos das defesas.

Folha de S.Paulo

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Governo quer encontro remoto entre Trump e Lula; Casa Branca avalia reunião presencial

Foto: Wilton Junior/Estadão e Chip Somodevilla/Getty Image/AFP

Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva resistem quanto à possibilidade de a reunião entre ele e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana que vem, ocorrer de forma presencial, apurou a Broadcast. Auxiliares do presidente defendem que o primeiro encontro seja por videoconferência ou por telefonema. Seria uma maneira de abrir o diálogo que até então estava fechado com a Casa Branca.

Fontes ouvidas pela reportagem, no entanto, indicam que o desejo do governo norte-americano é realizar essa reunião de forma presencial ainda na próxima semana. A Casa Branca seria um dos locais possíveis. Mar-a-Lago, na Flórida, seria outra opção, que daria mais privacidade ao encontro entre os dois presidentes.

Integrantes do governo querem evitar que Lula seja submetido a qualquer situação desconfortável, como ocorreu com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, e com o da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Por isso, a cautela em relação ao encontro presencial, com exposição à imprensa internacional.

A reunião em Mar-a-Lago seria uma possibilidade de ter menos jornalistas, o que reduziria o risco de um desconforto diplomático. Membros do governo também mantêm no radar a possibilidade de um encontro presencial entre os dois em um país neutro.

Auxiliares do presidente, todavia, alegam que haveria pouca disponibilidade de agenda por parte de Lula na próxima semana. Na segunda-feira, ele participa de uma conferência sobre políticas voltadas às mulheres. Além disso, deve ir à posse de Edson Fachin como presidente do Supremo Tribunal Federal.

Lula ainda tem compromissos previstos na quinta e na sexta-feira em Belém. Também há articulações de bastidores envolvendo trocas ministeriais e governabilidade nas quais o presidente deve se empenhar nos próximos dias, o que reduziria o tempo para uma viagem de bate-volta aos Estados Unidos.

Estadão

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