Judiciário

Gilmar Mendes rasga o verbo “STF teria que fechar se considerasse popularidade de Moro” e “mensagens mostra jogo de promiscuidade”

Prestes a liberar para julgamento o pedido de suspeição do ex-juiz Sergio Moro, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que a corte não pode se curvar à popularidade do hoje ministro da Justiça para tomar suas decisões.

“Se um tribunal passar a considerar esse fator, ele que tem que fechar”, disse o magistrado em entrevista à Folha e ao UOL.

Gilmar Mendes foi o primeiro convidado de um programa de entrevistas de Folha e UOL que estreia neste domingo (15). O programa faz parte da inauguração de um estúdio compartilhado pelas duas Redações em Brasília.

Crítico ferrenho da Lava Jato, o ministro afirmou que as mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil e por outros órgãos de imprensa, como a Folha, mostram um “jogo de promiscuidade”.

“O conúbio entre juiz, promotor, delegado, gente de Receita Federal é conúbio espúrio. Isso não se enquadra no nosso modelo de Estado de Direito.”

Sem citar o nome de Moro nem do coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, Gilmar disse que o Brasil precisa “encerrar o ciclo dos falsos heróis” e defendeu que a cúpula da força-tarefa assuma que cometeu erros e “saia de cena”.

“Simplesmente dizer: nós erramos, fomos de fato crápulas, cometemos crimes. Queríamos combater o crime, mas cometemos erros crassos, graves, violamos o Estado de Direito.”

Popularidade de Moro

Se um tribunal passar a considerar esse fator, ele que tem que fechar, porque ele perde o seu grau de legitimidade. A população aplaude linchamento. E a nossa missão, qual é? É dizer que o linchamento é legal porque a população aplaude? A volúpia, a irracionalidade leva a desastres.

No caso do juiz, isso é mais grave porque ele tem que aplicar a lei. Do contrário, a nossa missão falece. Se é para sermos assim legitimados, entregamos, na verdade, a função ao Ibope.

O processo penal, em geral, não envolve Madre Teresa de Calcutá. Envolve pessoas que podem ter cometido crimes. Ainda assim, elas têm direitos e esses direitos precisam ser respeitados.

Moro e Deltan Dallagnol

As pessoas percebem que esse promotor não está atuando de maneira devida. Esse juiz não está atuando de maneira devida. Se nós viermos a anular ou não esses julgamentos, o juízo que está se formando é o de que não é assim que a Justiça deve funcionar. Que isso é errado, que essas pessoas estavam usando as funções para outra coisa. Isso ficou cada vez mais evidente.

Supremo sob ataque

O país entrou, de uns tempos para cá, isso não é de agora, num processo de acendrada polarização, no final do primeiro governo Dilma [Rousseff] e no início do segundo governo Dilma.

O tribunal, em geral, ficou isolado. A mídia fez esse tipo de eco. O Supremo foi muito vilipendiado nesse contexto, embora o tribunal tivesse um ativo consigo. Foi o tribunal que condenou os mensaleiros, foi o tribunal que levou a cabo sem produzir diatribes processuais, sem produzir violações. Só mandou prender depois do trânsito em julgado.

Ameaças à democracia

Considerando os nossos antecedentes históricos, devemos sempre ter cuidado. Comemoramos no ano passado 30 anos de normalidade institucional, 30 anos de democracia sob a Constituição de 1988, e acho que devemos prosseguir nesse trabalho de construção e reconstrução institucional.

Temos que fortalecer a democracia. E devemos, de fato, criticar fortemente aqueles que, de alguma forma, por discurso, por prática, a ameaçam. Devemos estar atentos e, a cada sinal, especialmente partindo de pessoas com responsabilidade institucional, devemos criticar ou mesmo reprimir. Clamar pela restauração do regime militar é um crime contra a democracia, contra a segurança nacional.

Lava Jato x democracia

Quando alguma autoridade se investe de um poder incontrastável ou soberano, ela de fato ameaça a democracia. Quando se diz que não se pode contrariar a Lava Jato, que não se pode contrariar o espírito da Lava Jato —e muitos de vocês na mídia dão um eco a isso—, nós estamos dizendo que há um poder soberano. Onde? Em Curitiba.

Que poder incontrastável é esse? Aprendemos, vendo esse submundo, o que eles faziam: delações submetidas a contingência, ironizavam as pessoas, perseguiram os familiares para obter o resultado em relação ao investigado. Tudo isso que nada tem a ver com o Estado de Direito.

Vamos imaginar que essa gente estivesse no Executivo. O que eles fariam? Certamente fechariam o Congresso, fechariam o Supremo. Esse fenômeno de violação institucional não teria ocorrido de forma sistêmica não fosse o apoio da mídia. Portanto, são coautores dos malfeitos.

Mensagens da Lava Jato

Por sorte e a despeito de vir de uma fonte ilegal, houve essa revelação. E parece que os colegas hoje percebem a gravidade, que na verdade se estava gerando o ovo da serpente. Pessoas inexperientes que se deslumbraram, sem controle, porque não havia controle sequer dos órgãos correcionais. Eles começaram a delirar no sentido literal do termo.

Uso de provas ilícitas

A gente já tem precedentes, talvez tópicos aqui e acolá, [sobre] o uso da prova ilícita em benefício do réu. Quando você, por exemplo, tem uma informação que isenta alguém de responsabilidade por um homicídio, ainda que tenha sido obtido ilicitamente, deve ser de alguma forma reconhecida.

Esse é um debate que certamente vamos ter na turma, se chegarmos a esse ponto da questão, sobre o uso das informações vindas do The Intercept.

Mas aí uma curiosidade e uma observação: quem defendia o uso de prova ilícita até ontem eram os lavajatistas. Nas dez medidas [de combate à corrupção], estava lá que a prova ilícita de boa-fé deveria ser utilizada.

Augusto Aras e lista tríplice

É uma pessoa experiente. A lista [tríplice, da associação nacional dos procuradores] é uma coisa inventada. Ela não tem base jurídica e não tem nada de democrática. Na verdade aquilo é um partido de sindicatos.

Um dos grandes erros institucionais do PT foi o de assegurar que nomearia o primeiro da lista, porque isso significava que o presidente se demitia do poder de nomear e de estabelecer qualquer critério. E quem seria o primeiro da lista? O presidente da associação, o dono da associação, o dono do sindicato. É importante a mudança e que o presidente tenha escolhido de forma livre.

Evangélico no STF

Primeiro precisa saber ler a Constituição. É fundamental que tenha a reputação ilibada e notável saber jurídico. O critério religioso não faz parte do texto constitucional. As pessoas podem ter as mais diversas convicções. Poderá vir um ministro evangélico que seja um notável juiz, mas não deve ser escolhido por isso. Deve ser escolhido por saber aplicar bem a Constituição.

Moro no Supremo

Isso terá que ser considerado no seu tempo. Começamos com o Moro quase como primeiro-ministro, agora já não se sabe mais nem se ele será ministro amanhã, se continua [no governo] ou em que condições continua.

Em suma, esse processo é muito dinâmico, e a política é um pouco assim. Nós estamos vivendo tempos de vertigem, de mudanças. Precisamos esperar, mas certamente não será uma indicação muito simples. O Senado terá algo a dizer sobre qualquer nome que vier a ser colocado.

CPI da Lava Toga

É notório que uma CPI para investigar o Supremo ou um dado ministro, pela própria jurisprudência da Casa, é flagrantemente inconstitucional. Acho que os próprios signatários, os principais líderes, sabem disso.

Se essa CPI fosse instalada, produziria nenhum resultado. Certamente, o próprio Supremo mandaria trancá-la. A independência dos Poderes não permite esse tipo de investigação, está dentro das cláusulas pétreas.

Mas, se ela não fosse trancada, também não produziria resultado. É mais uma mensagem desse populismo aí.

FOLHAPRESS

Opinião dos leitores

  1. DISSE TUDO COM UM ATRASO INACEITÁVEL. ENQUANTO SÓ O PT ESTAVA SENDO VÍTIMA DOS ATAQUES DELIBERADOS, COORDENADOS E INTENCIONAIS, DESRESPEITANDO-SE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AS DEMAIS LEIS DO PAÍS E ISSO BENEFICIAVA OS TUCANOS DO PSDB , ALKIMIN, SERRA, FHC E AÉCIO NEVES, TUDO BEM. FICOU CALADO E SE OMITIU, CHEGANDO MESMO ATÉ A APOIAR DECLARADAMENTE.
    AGORA QUE PERCEBEU QUE DEU MERDA GERAL PRO PAÍS, PRO PSDB QUE NÃO CONSEGUIU DECOLAR COM O INSOSSO ALKIMIN, E TEM O PRÓPRIO STF AMEAÇADO DIANTE DE UM PROTÓTIPO DE DITADOR QUE AMEAÇA TODA HORA FECHAR O CONGRESSO E O STF, ESTÁ FINALMENTE SE TOCANDO DO QUE FOI FEITO NO BRASIL, DESTRUINDO-SE O ESTADO DE DIREITO, A SEGURANÇA JURÍDICA, A DEMOCRACIA E A GOVERNANÇA PACÍFICA QUE LUTAMOS TANTO PRA CONSEGUIR DEPOIS DA DITADURA MILITAR.
    CONTUDO, TUDO QUE DIZ HOJE É A MAIS PURA VERDADE!
    E SE NÃO ACORDARMOS AGORA, ENQUANTO AINDA TEM ALGUM TEMPO, VEREMOS NOSSA TOLERÂNCIA SE TRANSFORMAR EM OMISSÃO, CRIME GRAVE QUE JÁ VIMOS ONDE VAI DAR NA EXPERIÊNCIA DA ALEMANHA DE HITLER.
    NÃO PODEMOS SUBESTIMAR A MALDADE E A CAPACIDADE DESSE CIDADÃO AUTORITÁRIO QUE ESTÁ SENTADO NA CADEIRA DE PRESIDENTE, ELEITO POR UM ESQUEMA ENVOLVENDO A PRISÃO ILEGAL DE LULA E SEU IMPEDIMENTO DE SE CANDIDATAR, E AS FAKES NEWS TOLERADAS PELO STE, COM AJUDA DELIBERADA DO JUIZ E DO PROMOTOR EM CONLUIO, JÁ EM ACORDO PARA SER O MINISTRO DA JUSTIÇA.

  2. Esse puteiro deveria fechar mesmo, e entregar a chave a Sérgio Moro, para ele abrir o dia que chegar lá . O congresso Nacional e esse STF estam todos contaminados, só trás prejuizos enormes pros brasileiros, que porra de democracia é essa que só enrriquece esses caras?? Feixe esses cabarés que a vida do brasileiro melhora e muito. Isso São uns abutres, um atrazo de vida.

  3. Quando é que ele vai assumir que errou, se corrompeu e vai sair de cena? #ForaGilmarMendes #FechaSTF

  4. Quer dizer que na ótica desse senhor, amanhã se alguém de forma não autorizada judicialmente e, portanto, criminosa, acessar o seu computador ou celular e divulgar todo o conteúdo, ele vai aceitar como prova legal.
    Esse cidadão pense que o povo é imbecil.
    Temos que acabar com o ciclo da corrupção, isso sim. E, lógico, quem é contra tem algo muito sério para esconder.
    #ForaGilmarMendes

  5. STF uma fazenda improdutiva, não serve nem pra reforma agrária. era pra ter feichado e todos os excelentíssimos ministro preso. O Gilmar Mendes esqueceu da sua ligação com ex governador Silvao Barbosa.

  6. STF é uma piada ainda mais este sapo! Lava jato prendeu os que nunca imaginaram ser presos, empreiteiros, presidentes da câmara federal, ex-presidente todos bandidos. O STF não prende nem uma com o mesmo processo é esse sapo é um laxante solta tudo e todos !!

  7. Sérgio Moro, coadjuvante do governo Bolsonaro. Serviu de escada para depois ser desprezado hehehe. Este é o jogo da política que não rejuvenesceu, o cara pensou que sempre seria pedra ao invés de vidraça.

  8. Esse beiçudo, tendencioso, imbecil, que vive tentando mamar nas tetas do estado, devia ter vergonha de abrir a boca. Infelizmente o supremo está repleto desses salafrarios, esse rapaz devia se lembrar de Joaquim Barbosa, Luís Roberto Barroso, Fux e seu desafeto, Marcos Aurélio de Melo. CPI DA LAVA TOGA NELES, o Brasil não pode ficar refém desses pilantras, que envergonham toda uma nação, deviam era dar andamento em seu impedimento.

  9. O Brasil vai muito mal de judiciário também. Um Ministro do STF adiantando o voto dessa forma é no mínimo um atentado contra o sistema processual.

  10. Promiscuidade é tofoli receber petralhas na calada da noite, fora da agenda, pra montar estratégias não republicanas com intuito de tentar inocentar ladrões, que dilapidaram os cofres públicos brasileiros em mais de um trilhão de reais, todos réus confessos, trazendo desemprego e miséria pra maioria do povo brasileiro. Isso sim é repugnante, e a imprensa se cala e até participa do conluio.

    1. Acima da lei? A operação desbaratou parte de um esquema de corrupção que hoje é considerado o maior da história mundial, tudo confessado pelos réus, inclusive recuperaram "uma pequena parte do roubo" cerca de 40 bilhões de reais, prendendo a maior parte da quadrilha, figuras antes consideradas intocáveis como ex presidentes da república, maiores lideres políticos de todos os partidos, executivos de mega empresas brasileiras, que ao longo da história contribuiram para a corrupção endêmica do país, ex gestores e subordinados de todas empresas estatais do país. Depois de todo esse trabalho de êxito, trazendo de volta a sensação de que existe justiça nesse país, um canalha desse, junto com alguns tontos da esquerdalha, tentam reverter o trabalho irretocável desses heróis, em favor dos brasileiros a pó. Ora, tenham santa paciência. isso é um escárnio.

  11. Amigo, somente uma intervenção militar poderia mudar o que Ulisses e outros larápios fizeram ao Brasil. Democracia só funciona onde o dinheiro não compra voto. Juízes são semi deuses aqui nessa republiqueta, qual o dever que tenho de sustentar esse monte de pernósticos com regalias e salários extratosfericos? Chega de ser babaca Brasil! Se tivesse condições, já estaria fora desse país.

    1. Mais um aposentado com 48 anos dando pitaco no blog. Militar com suas aposentadorias precoces, contribuição quase zero e tetas para mulher e filha, certamente estão dando a sua contribuição p o descalabro fiscal do Brasil.

    2. Concordo plenamente, eles são servos da sociedade e mais nada

  12. Tá mais que comprovado que esse bandido do Gilmar é contra a lava jato. É só vê quantos ele soltou enquanto Moro botava na cadeia.

  13. Lamentável o posicionamento do Dr. Gilmar Mendes sobre a Lava Jato e os Digníssimos Drs. Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. A Lava Jato, pelo árduo, sério e abnegado trabalho de seus membros pôs no xilindró políticos e empresários que fizeram mal à sociedade, ao Brasil. Que Deus ilumine o Ministro Gilmar e o encaminhe para o bem. Que Deus abençoe os Drs. Deltan Dallagnol, Sérgio Moro e os demais profissionais que levam a Lava Jato adiante.

  14. Meu sonho é saber do que Gilmar Mendes tem tanto medo?!
    Por que tanto ódio àqueles que lutam para tirar o Brasil da lama da corrupção.?!
    Por que Gilmar não aceita ser investigado!?
    Por que solta com tanta rapidez os larápios!?
    É muito medo de possíveis delações dos bandidos.

    1. Ele (Gilmar ) sabe o q fez….É tanto q procura de todas formas (legais e ilegais)…Desacreditar o trabalho da Lava Jato….Bastou chegar nas contas da mulher dele….Que o sinal amarelo acendeu…Quem conhece be!m ele e os métodos que se utiliza, é o Ex Ministro Joaquim Barbosa..

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Visita de Lula a Cristina Kirchner cria tensão em cúpula do Mercosul com Milei

Foto: Reprodução

A segunda cúpula do Mercosul em que os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Javier Milei, estarão juntos desde que o argentino assumiu o poder, em dezembro de 2023, será ofuscada pela visita que o brasileiro fará à ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2019), condenada a seis anos de prisão por corrupção e atualmente cumprindo regime de prisão domiciliar. Na quarta-feira, a Justiça argentina autorizou Lula a visitar Cristina, dando aval a um pedido apresentado pelos advogados da defesa da ex-presidente. Por sua vez, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) confirmou a visita.

Diante deste cenário, a decisão da Casa Rosada, confirmaram fontes oficiais argentinas, será “manter uma atitude cautelosa, evitar comentários e buscar blindar a cúpula de situações políticas externas”.

Mas a tensão está no ar na capital argentina. Milei, que nunca foi um entusiasta do Mercosul, foi convencido por representantes do setor privado e por aliados de conveniência a manter a Argentina dentro do bloco. O motivo principal é o fato de o Mercosul ser uma plataforma comercial para seus membros, a partir da qual podem negociar com mais força acordos com outros blocos e países. O entendimento com a União Europeia (UE), que ainda deve ser assinado e enfrenta resistências por parte de alguns países europeus, entre eles a França de Emmanuel Macron, é um claro exemplo.

Milei, que será anfitrião pela primeira vez de uma cúpula presidencial, optou por reagir de forma “civilizada”, frisou uma fonte argentina.

“O presidente argentino não gostou da notícia, claro, mas não deve reagir. Milei é imprevisível, mas a ideia do governo é não comentar a visita de Lula a Cristina. Não querem prejudicar o Mercosul nem abrir uma frente de conflito com o Judiciário argentino”, disse uma das fontes consultadas.

Cordial e civilizado

Outra fonte argentina admitiu que “a visita de Lula a Cristina não será boa para a relação bilateral, mas evitaremos sobressaltos na cúpula”. O que ninguém controla é a atuação da tropa digital de Milei nas redes sociais. Ontem, aliados do presidente começaram a postar mensagens criticando a visita de Lula à ex-presidente em redes como X e Instagram.

“[O encontro entre Lula e Cristina] Ajudar, não ajuda. Mas tentaremos manter um clima cordial”, acrescentou a fonte argentina.

Segundo fontes do governo brasileiro, Lula visitará a ex-presidente, que está detida em seu apartamento do bairro portenho de Constitución, após o encerramento da cúpula presidencial. Logo em seguida, o presidente brasileiro viajará para o Rio de Janeiro, onde será anfitrião, nos dias 6 e 7, da cúpula de presidentes e chefes de governo do Brics.

Ao longo do dia de ontem, funcionários do governo brasileiro conversaram com autoridades argentinas sobre a visita de Lula a Cristina. O diálogo, disseram fontes oficiais, “foi cordial e muito civilizado”. O governo argentino, disseram fontes locais, entendeu que é difícil para Milei questionar publicamente a decisão de Lula, “lembrando que o presidente argentino já fez o mesmo com o ex-presidente Jair Bolsonaro”. De fato, Milei se ausentou da cúpula de presidentes do Mercosul em meados do ano passado, no Paraguai, e viajou até Santa Catarina para reunir-se com Bolsonaro e outros aliados da extrema direita internacional.

Nas últimas semanas, houve um intenso debate dentro do governo brasileiro sobre a conveniência de que o encontro aconteça. O Itamaraty liderou o lobby contra a visita, argumentando, segundo fontes, “que um encontro entre Lula e Cristina poderia trazer complicações na relação com a Casa Rosada e, também, no cenário interno brasileiro”.

O Globo

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Com medo de avanço bolsonarista, PT cogita lançar Haddad ao Senado

Foto: KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES

Com a mira dos bolsonaristas apontada para o Senado nas eleições de 2026, têm ganhado força dentro do PT conversas para que o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seja candidato a uma das duas cadeiras da Casa em São Paulo.

Haddad é tido como nome de forte recall eleitoral, já que foi ex-prefeito da capital e adversário de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno em 2022. O objetivo do movimento seria evitar que ambas as vagas ao Senado no estado fiquem com nomes da direita.

De acordo com interlocutores de Lula, o presidente tem demonstrado cada vez mais preocupação com a possibilidade de o Senado ser dominado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve apostar em nomes fortes para isso — inclusive da família, como sua mulher, Michelle, no Distrito Federal, e os filhos Eduardo, em São Paulo, e Carlos, em Santa Catarina.

Caso faça mais da metade do Senado, Bolsonaro teria um alto poder de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) com a possibilidade, por exemplo, de abrir processos de cassação de ministros da Corte. “Se me derem 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil, nem preciso ser presidente”, disse em ato realizado na avenida Paulista no último domingo (29/6).

Embora esteja na “fritura” em meio à recente crise com o Congresso Nacional devido às discussões do IOF, o endosso de Lula às propostas de Haddad tem sido encarado pelo entorno como um sinal de força política do ministro.

Possibilidades para o PT

Segundo petistas ouvidos pelo Metrópoles, para fazer frente à ofensiva, há, neste momento, duas possibilidades colocadas na mesa: uma delas seria uma chapa com Haddad para o governo de São Paulo e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para o Senado.

Este cenário tem a simpatia de parte significativa dos correligionários, que acreditam que um nome como o do ministro pode fortalecer a chapa e alavancar o voto de candidatos à Câmara dos Deputados, além de ter mais chances de garantir um palanque a Lula no segundo turno em São Paulo. A outra possibilidade é colocar Haddad para a disputa do Senado e apoiar o ministro do Empreendedorismo e da Microempresa, Márcio França (PSB), para o Palácio dos Bandeirantes.

Nesta configuração, a avaliação é de que, embora Haddad represente um obstáculo para a vitória de dois nomes da direita para o Senado, há o risco de não garantir um palanque para Lula no segundo turno, com França considerado um nome de menor apelo, além de sinalizar uma falta de prioridade do PT para o governo paulista.

Os nomes mais cotados para disputar o Senado no campo bolsonarista são os do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos. Outros que correm por fora são o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), e o deputado federal Marco Feliciano (PL).

Neste fim de semana, o PT realiza eleição interna para eleger o novo presidente, além da composição dos diretórios estaduais e municipais. Segundo petistas, as articulações sobre os nomes para a disputa da eleição de 2026 devem se intensificar após a conclusão do Processo de Eleição Direta (PED).

Metrópoles

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Presidentes de partidos veem Lula distante e dizem que nunca foram procurados para reuniões

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Presidentes de partidos com ministérios no governo Lula afirmam nunca terem sido procurados para reuniões diretas com o presidente.

A queixa dos líderes partidários surge no momento em que cresce o desgaste na relação entre Executivo e Legislativo, especialmente por conta do cabo de guerra envolvendo a derrubada do aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).

Caciques ouvidos pela TV Globo relataram um distanciamento de Lula na articulação política. Apesar de contarem com ministérios na Esplanada desde o início do terceiro mandato, presidentes do MDB, do União Brasil, do PP e até mesmo do PSD, apontam pouco ou nenhum contato quase com o presidente da República.

Lula já demonstrou a aliados o interesse em se aproximar dos presidentes das legendas, de maneira a afinar a governabilidade do seu terceiro mandato. Apesar disso, os comandantes partidários deixam claro que isso nunca aconteceu.

Interações, só em eventos

Os presidentes partidários restringiram suas interações com Lula a eventos, mas sem oportunidade para discutir sua relação com o governo, bem como propostas e projetos de interesse do Planalto.

O MDB, um dos maiores partidos do país, está no governo desde o primeiro dia da atual gestão, ocupando três ministérios: Cidades, Transportes e Planejamento.

No entanto, fontes próximas ao presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, deixam clara a insatisfação pela falta de convites de Lula e apontam que ele jamais foi convidado por Lula para discutir o cenário político ou trabalhar por uma melhor sinergia entre o partido e o Palácio do Planalto.

Situação semelhante é relatada pelo União Brasil. Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, nesta quarta-feira (2), o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, foi taxativo: “Desde que assumi a legenda, jamais fui chamado por Lula para uma conversa.”

O partido conta com duas pastas no governo: o Ministério das Comunicações (que teve Juscelino Filho como titular e foi posteriormente assumido por Frederico de Siqueira Filho, aliado da cúpula do partido) e o Ministério do Turismo.

No PP – que possui o Ministério do Esporte com André Fufuca –, o presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), é enfático ao afirmar que vê Lula “totalmente afastado dos partidos políticos”.

Ciro afirma que nunca foi convidado para uma reunião com Lula, e “se fosse convidado, não aceitaria”. Ex-ministro da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro e ainda um dos principais aliados do ex-presidente, Ciro faz parte da ala do partido que defende um “desembarque total” do governo.

No caso do PSD, que também ocupa ministérios na Esplanada, o pragmatismo de Gilberto Kassab dilui a insatisfação da sigla com o governo. Ele afirma ter estado com Lula em apenas três ocasiões, desde o início do mandato, em janeiro de 2023, mas não se queixa de distanciamento.

Secretário de Governo e Relações Institucionais do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, Kassab já fez críticas públicas à equipe econômica do governo e tem enfatizado sua associação com o governador.

G1

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Cotado para ministério de Lula, Boulos ataca centrão nas redes com mote ‘ricos contra pobres’

Foto: Marlene Bergamo/Folhapress

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que foi o candidato de Lula (PT) nas eleições municipais em São Paulo e é cotado para a Secretaria-Geral da Presidência, tem protagonizado ataques ao centrão nas redes sociais em ofensiva de lulistas após a derrubada pelo Congresso do decreto do IOF (Imposto sobre Operação Financeira).

Em vídeos e cards, Boulos diz que o governo Lula foi derrotado na votação da semana passada porque resistiu a pressões do Congresso e do mercado financeiro para cortar gastos com a população pobre.

Haveria, segundo o deputado, uma aliança entre o centrão e a direita para aumentar a insatisfação popular por meio dos cortes, enfraquecer Lula e pavimentar o caminho para a eleição de um candidato de direita em 2026.

“Se juntam para derrubar o decreto do Lula e tentar forçar o governo a fazer os cortes no lombo do povo. É o lobby dos bilionários que atuou para que eles não paguem nada e o povo pague a conta”, diz o deputado em uma das postagens.

Das últimas 21 postagens do perfil do deputado no Instagram, 10 são ataques ao centrão ou à direita no Congresso. Outras quatro tratam do que seria a luta do governo por justiça tributária —discurso que governistas mobilizaram nas redes desde a derrota da quarta-feira passada.

Perfis próximos, inclusive o da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), mobilizam a palavra de ordem “Congresso inimigo do povo”, mas Boulos evita o mote por enquanto. Ele também não direcionou críticas diretas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Motta demonstrou irritação com o mote da mobilização governista.

A postura de Boulos contrasta com a de outras figuras proeminentes no governo e na base aliada.

Mesmo o usualmente combativo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) tem feito críticas mais amenas à conduta do Congresso, e o tom das postagens do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é visivelmente mais leve.

Igual é a postura da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), responsável pelas relações com o Congresso, que chegou a ir às redes sociais defender o presidente da Câmara dos Deputados.

“O debate, a divergência, a disputa política fazem parte da democracia. Mas nada disso autoriza os ataques pessoais e desqualificados nas redes sociais contra o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta”, escreveu no X.

Procurado pela Folha, Boulos disse que nenhum colega parlamentar manifestou incômodo com suas postagens e disse que a direita tem que aprender a receber críticas.

“As críticas são parte do jogo democrático. Da mesma forma que a direita ataca, tem que saber ser atacada. É importante o povo saber o que está em jogo no país neste momento”.

Folha de S.Paulo

Opinião dos leitores

  1. Essa conversinha furada de rico contra pobre não cola mais, o povo tá vacinado contra esse discurso barato.

  2. Esse bandido, invasor de propriedade privada, merece estar preso, más é eleito deputado pelos analfabetos que votam nas esquerdas, é um verme.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Vereadora suspeita de contratação feita por Erika Hilton e aciona PGR

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A vereadora da cidade de São Paulo Zoe Martínez (PL) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a deputada federal Erika Hilton (PSol) por suscitar a hipótese da prática de improbidade administrativa. Martínez levanta suspeitas a respeito da contratação de uma empresa de segurança privada pela deputada. Conforme a petição, organização privada não tem autorização para atuar no segmento.

No Portal da Transparência da Câmara consta que em março deste ano, Erika Hilton fez um pagamento no valor de R$ 8.700,00 para a empresa Mapi Consultoria em Sistemas de Segurança e Proteção Comunitária, sob o CNPJ 45.930.204/0001-60, situada no bairro de Paraíso, na capital São Paulo. A despesa consta dentro da cota parlamentar da deputada e é descrita como “serviço de segurança prestado por empresa especializada”. O questionamento da vereadora é que a empresa contratada pela parlamentar não possui habilitação para atuar no segmento de segurança privada.

Descrição das atividades econômicas secundárias da Mapi

  • Instalação e manutenção elétrica;
  • Representantes comerciais e agentes do comércio de mercadorias em geral não especializado;
  • Comércio varejista de material elétrico;
  • Consultoria em tecnologia da informação;
  • Atividades de vigilância e segurança privada;
  • Atividades de monitoramento de sistemas de segurança eletrônico;
  • Atividades de investigação particular;
  • Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas;
  • Treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial.

A legislação brasileira delega para a Polícia Federal (PF) o controle das empresas de segurança privada no Brasil. Na representação enviada para a PGR, Martínez anexou um ofício da corporação no qual é informado que a Mapi “não possui autorização da PF para atuar no segmento da segurança privada”.

O documento da PF é assinado pelo delegado Rodrigo Strini Franco e teve a autenticidade confirmada pela reportagem do Metrópoles. No ofício, Franco ainda solicita à vereadora o encaminhamento de “maiores informações sobre os serviços supostamente ofertados pela empresa”.

Sede em coworking

Martínez afirma no documento direcionado para a PGR que o endereço constante no CNPJ da empresa de segurança é um coworking, e, diz ainda, conforme a legislação, é “improvável” que tenha as instalações físicas aprovadas pela PF. O endereço citado é Rua Desembargador Eliseu Guilherme, nº 292, conj. 91, Paraíso, São Paulo, caixa postal 159.

“Esta vereadora, Zoe Martínez, fez questão de ir pessoalmente ao local dos fatos, e questionou sobre a existência das empresas, suas salas, suas atividades, e verificar, primeiramente, se existem fisicamente de fato, e ainda, verificar se cumprem todos os requisitos para poder exercer suas atividades regularmente”, diz trecho do requerimento da vereadora Zoe.

Conforme Martínez, a Mapi também aparece na prestação de contas da vereadora da cidade de São Paulo Amanda Paschoal (PSol) com uma nota fiscal referente a maio deste ano no valor de R$ 9.000,00. O serviço prestado seria de “consultoria e monitoramento das redes sociais”, ou seja, destoa da descrição das atividades constantes no CNPJ.

Pedido

No documento direcionado para a PGR, Martínez levanta a hipótese de improbidade administrativa. “Atos de impessoalidade na contratação, devem ser investigadas, e, caso comprovadas, penalizar os envolvidos com base na Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8429/1922, alterada pela Lei nº 14.230/21”, diz trecho do documento.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da deputada Erika Hilton e aguarda um posicionamento. A vereadora Amanda Paschoal não foi localizada, mas o espaço segue aberto.

No CNPJ da Mapi havia dois números de telefone.Um deles não atendeu e no outro, um homem afirmou que o número não pertencia à empresa.

Metrópoles

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

VÍDEO: Comando Vermelho impõe clima de guerra em bairro da Zona Oeste de Natal

Vídeo: Reprodução/BZNoticias

Nos últimos meses, o bairro de Nova Cidade, na zona Oeste de Natal, tem sido palco de intensos confrontos armados entre facções criminosas. O Comando Vermelho (CV), oriundo do Rio de Janeiro, vem disputando território com o Sindicato do RN, facção local que historicamente dominava a região.

Tiroteios frequentes, intimidações e um clima constante de medo. O CV tem utilizado ações violentas e simbólicas para consolidar sua presença, mirando bairros estratégicos como Nova Cidade, Cidade da Esperança e Mãe Luíza.

Apesar da resposta das forças de segurança, a guerra entre as facções continua ativa, afetando diretamente a vida cotidiana da população.

BZNoticias

Opinião dos leitores

  1. Eu vejo direto vídeos de gente “de bem” peitando a polícia, questionando todo tipo de ação, filmando as ocorrências e colocando em situações constrangedoras.
    Vejo bandidos presos em flagrante, seja por tráfico de droga, roubo sendo liberados em audiência de custódia.
    Vejo projetos para liberar droga.
    E por último, vejo um bandido condenado em todas instâncias possíveis ser eleito presidente da república.
    Como acreditar em um bom futuro para o Brasil?

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esporte

LUTO NO FUTEBOL: Diogo Jota, do Liverpool, morre em acidente na Espanha

Foto: Jason Cairnduf/Reuters

O futebol europeu amanheceu de luto nesta quinta-feira (3). O atacante português Diogo Jota, de 28 anos, que defendia o Liverpool e a seleção de Portugal, faleceu em um grave acidente de carro na província de Zamora, na Espanha.

Segundo informações do jornal espanhol Marca, o acidente ocorreu na altura do quilômetro 65 da rodovia A-52, na região de Sanabria. O veículo em que o jogador estava saiu da pista e pegou fogo. Jota estava acompanhado do irmão, André, de 26 anos, que também faleceu no acidente.

Natural de Massarelos, nascido em 1996, Diogo Jota iniciou sua trajetória no Paços de Ferreira, teve passagem de destaque pelo Porto e ganhou projeção internacional atuando pelo Wolverhampton. Em 2020, foi contratado pelo Liverpool, onde viveu o melhor momento da carreira, conquistando títulos importantes como a Premier League, a Copa da Inglaterra e duas Copas da Liga.

Pela seleção portuguesa, Jota foi presença constante nas convocações e somou 14 gols em 47 partidas. No mês passado, levantou o troféu da Liga das Nações, em final emocionante contra a Espanha, decidida nos pênaltis após empate em 2 a 2.

A morte de Diogo Jota representa uma enorme perda para o futebol mundial.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

IOF: Número 2 da Fazenda ouve pedido de Alcolumbre para que governo cesse ‘nós contra eles’

Foto: Senado e Ministério da Fazenda

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, número 2 de Fernando Haddad, se reuniram nesta quarta-feira, 2, em Brasília, em uma primeira aproximação desde a derrota do governo na votação para a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Durigan ouviu de Alcolumbre que o discurso do “nós contra eles” entoado pelo governo precisa parar em nome de uma pacificação.

A reunião foi pedida por Durigan, que também se reuniu com líderes da Câmara que não viajaram a Portugal para o “Gilmarpalooza”. Como mostrou a Coluna do Estadão, os encontros são uma primeira tentativa de “quebrar o gelo” após o acirramento da tensão política provocada pela derrubada do aumento do IOF pelo Congresso e, em seguida, pela decisão do governo de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde que a crise escalou, como admitiu o próprio Haddad, as conversas entre a equipe econômica e o Parlamento cessaram.

Alcolumbre tem dito nos bastidores que vai trabalhar para reduzir a tensão, mas espera que o governo faça a sua parte, mostrando que também deseja pacificar a relação.

Senadores afirmam, sob reserva, que dois gestos nessa direção foram dados nesta semana: a conclusão da votação da medida provisória (MP) que permite ao governo ampliar em R$ 15 bilhões os gastos com o Minha Casa Minha Vida e a MP do crédito consignado privado – as poucas iniciativas do governo Lula mirando a classe média.

A expectativa de parlamentares agora é que o governo, de sua parte, pare de patrocinar campanhas nas redes sociais que tratam o Congresso como “inimigo do povo” e defensor de lobbies privados.

Haddad é um dos principais porta-vozes dessa narrativa, iniciada com a fala de que o governo Lula quer que “os moradores da cobertura” paguem mais imposto, ainda que o aumento do IOF alcance também pequenas empresas do Simples e empreendedores do MEI.

O discurso ganhou tração após a votação dos vetos de Lula no setor elétrico, quando parlamentares votaram por permitir a inclusão de novos custos nas contas de luz. A votação foi negociada com a equipe política do governo, mas a culpa recaiu sobre o Congresso – o que irritou Alcolumbre e a cúpula do Senado.

O senador disse a Durigan que a hora é de calma e de cautela, pois o acirramento prejudica o diálogo e o debate político, e que os ataques “não são justos” no momento em que votações de interesse do governo avançam.

A dúvida principal agora é sobre o projeto que isenta quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda, como mostrou o Estadão. O projeto está na Câmara, sob relatoria de Arthur Lira (PP-AL), e já está atrasado, segundo cronograma apresentado pelo próprio parlamentar.

Deputados creem que o tema já está contaminado pelo clima de tensão, o que pode afetar a principal bandeira política que Lula pretende levar para a eleição do ano que vem.

Estadão

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Lula rejeita sancionar aumento de deputados e avalia manter ônus com Congresso ou vetar proposta

Foto: Gabriela Biló/Folhapress

O presidente Lula (PT) deverá evitar sancionar o projeto de lei que aumenta o número de deputados federais, aprovado pelo Congresso na semana passada, segundo integrantes do governo e parlamentares governistas.

Lula tem até o dia 16 para sancionar o texto, mas aliados dizem que hoje essa possibilidade está descartada. De acordo com os relatos, são discutidos dois cenários: ele não se pronunciar a respeito da proposta, e o Congresso promulgar o texto; ou o veto presidencial à medida.

Lula não descarta vetar a proposta, segundo auxiliares, o que ocorreria em meio à queda de braço com o Legislativo após a derrubada do decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Apesar disso, há um movimento no entorno do petista para que nenhuma decisão seja tomada no calor dos eventos recentes.

Aliados ressaltam a impopularidade do projeto que aumentou o número de deputados e dizem que, por ser iniciativa dos parlamentares, não haveria motivos para que o governo se envolva com o tema —sob o risco de, ao sancionar o texto, ser alvo de críticas pela opinião pública num momento de baixa popularidade.

Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 17 mostrou que 76% dos brasileiros são contra o aumento de deputados e apenas 20% são a favor.

O cenário mais provável neste momento é que Lula não sancione nem vete a proposta. Assim, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), terá de promulgar o texto.

Apesar de recomendações pelo veto, há um grupo de auxiliares do presidente que desaconselham esse movimento por causa do risco de acirramento ainda maior na tensão entre Palácio do Planalto e Congresso.

Um auxiliar de Lula disse à reportagem que, ao não se manifestar sobre o projeto, o governo evita ser acusado de interferir numa questão interna da Câmara.

Aliados reconhecem, no entanto, que vetos são prerrogativa do presidente da República, assim como o Legislativo pode derrubá-los. Assim, a avaliação do cenário nos próximos dias pode ser decisiva, ainda segundo esses interlocutores.

O projeto de lei complementar aumenta o número de deputados de 513 para 531, com impacto anual estimado por deputados de cerca de R$ 65 milhões com os custos da criação das novas vagas, incluindo salários, benefícios e estrutura para novos congressistas.

A proposta sofreu críticas até mesmo de parlamentares e foi aprovada por senadores num placar apertado. O texto voltou à Câmara e no mesmo dia foi aprovado a jato por deputados, seguindo para a sanção presidencial.

Aliados de Lula lembram que o governo poderá ser cobrado por sancionar a proposta num momento em que é discutida a revisão de gastos e em que integrantes do Planalto e parlamentares aliados têm reforçado a retórica da luta entre pobres e ricos.

Quem defende que o petista não sancione a proposta afirma que a atitude poderia ser uma sinalização da insatisfação do Planalto com os parlamentares após a derrubada do decreto do IOF e uma demonstração de que o Executivo não ficará inerte nesse embate com os congressistas —mas sem gerar grande crise com o Legislativo.

Um vice-líder do governo, por sua vez, diz que o melhor cenário seria se Lula sancionasse a medida, numa sinalização ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que foi um dos principais articuladores do projeto. Na avaliação desse deputado, o presidente mostraria que atendeu a um pedido caro de Motta.

A tensão com o Congresso aumentou após o Legislativo derrubar do decreto do IOF e o governo entrar com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar reverter a medida. Nesta quarta (2), na Bahia, Lula defendeu a iniciativa e classificou como “absurda” a decisão de Mottacolocar o tema em votação, alegando que houve descumprimento de acordo.

“O erro, na minha opinião, foi o descumprimento de um acordo, que tinha sido feito no domingo [8 de junho] à meia-noite na casa do presidente Hugo Motta. Lá estavam vários ministros, deputados, o ministro [Fernando] Haddad com sua equipe e, quando chega na terça-feira, o presidente da Câmara tomou uma decisão que eu considerei absurda”, acrescentou o petista.

O projeto que aumenta o número de cadeiras na Câmara foi articulado pela Casa em reação a uma determinação do STF para que o número de deputados, que varia de estado para estado, fosse proporcional ao número de habitantes medido pelo Censo de 2022.

Em vez de redistribuir as 513 cadeiras entre os estados e o Distrito Federal, o que levaria parte das unidades federativas a perder representantes, a Câmara decidiu criar mais 18, contemplando aqueles que tiveram aumento populacional. Com isso, evitou-se que a bancada da Paraíba, estado de Motta, diminuísse de tamanho, por exemplo.

Com a mudança aprovada no Congresso, devem ganhar mais vagas na Câmara em 2027 os estados de Pará e Santa Catarina (quatro cada um), Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Norte (duas cada), Goiás, Ceará, Paraná e Minas Gerais (uma cada).

Folha de S.Paulo

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esporte

Rodrigo Santana é o novo técnico do ABC

Foto: Divulgação

O ABC tem um novo comandante para a sequência da Série C do Campeonato Brasileiro. Rodrigo Santana, de 43 anos, foi oficialmente anunciado como técnico do Mais Querido nesta terça-feira (2). O treinador chega para substituir Evaristo Piza, demitido após a derrota para o Ypiranga no último domingo (29), no Frasqueirão. O novo comandante chega ao Mais Querido ao lado do auxiliar técnico Neto Pajolla.

Com passagem recente pelo Remo, onde fez uma campanha de recuperação e conquistou o acesso à Série B em 2024, Rodrigo estava livre no mercado desde março. Apesar do bom desempenho, acabou desligado do clube paraense no início da atual temporada.

No currículo, o novo técnico abecedista ainda acumula trabalhos em clubes como Atlético-MG, Avaí e Coritiba.

A negociação com Santana foi antecipada pelo programa Jogo Rápido, da 96 FM, na última segunda-feira (30). Antes de bater o martelo com o novo treinador, o clube também manteve conversas com nomes como Marcelo Chamusca e Bruno Pivetti, mas sem avanço.

Rodrigo viaja direto para Aracaju (SE), onde se juntará à delegação e comandará o treino visando a partida diante do Confiança/SE, pela 11ª rodada do Brasileirão Série C.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *