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Desrespeitar a recomendação de autoridades da saúde e revogar as medidas de isolamento social antes do necessário — como vêm defendendo alguns governadores, prefeitos e empresários — pode ser pior ainda para a atividade econômica, na avaliação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita.
No debate “Propostas para o Recomeço”, webinar promovido hoje pelo Valor em parceria com o Itaú, Maia e Mesquita concordaram que determinar qual será a duração do período de confinamento é competência de especialistas em saúde. Em seu cenário econômico, o banco assume que o isolamento será de cinco semanas.
Ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, Mesquita disse que o pior cenário para a economia é um em que se interrompa o isolamento social de forma prematura. Com o contágio pelo novo coronavírus voltando a aumentar, as autoridades teriam que voltar atrás e impor o confinamento novamente mais à frente, o que derrubaria o PIB num momento em
“Isso pode ser mais negativo para a atividade do que enfrentar o processo agora”, alertou Mesquita. Na projeção oficial do banco, o PIB brasileiro vai recuar 0,7% em 2020, mas o economista não descarta retração maior. O tamanho da contração vai depender da velocidade da retomada no período pós-isolamento.
De acordo com o economista-chefe do Itaú, se a recuperação no terceiro trimestre for de 75% do que foi perdido em termos de atividade, o PIB vai cair 2% na média anual. Se a reação repuser apenas metade das perdas, o recuo seria mais forte, de 3% a 4%. “Recessão nós teremos. A questão é ver o tamanho do baque”, disse.
Já a taxa de desemprego do país, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, pode superar 12%, previu Mesquita. Ele ressaltou, no entanto, que é difícil mensurar o tamanho da desocupação nesta crise por causa do distanciamento social.
“A medida de desemprego pelo IBGE é a pessoa que está sem emprego e procurando emprego. Pode procurar emprego online, mas na rua… A coleta de dados fica prejudicada”. Além disso, em razão da disseminação da covid-19, o órgão suspendeu entrevistas domiciliares para a coleta de informações da Pnad.
Maia, por sua vez, confrontou empresários que pressionam Estados e municípios a revogarem as decisões de fechar comércio e serviços não essenciais. “Todos nós precisamos seguir a orientação do ministro da Saúde [Luiz Henrique Mandetta]. Essas empresas vão pagar o isolamento dos idosos nas comunidades do Brasil todo? Vão pagar o isolamento das pesso
Segundo o deputado, nas famílias desses empresários, assim como na dos parlamentares, quem tem acima de 60 anos já está isolado, mas o mesmo não ocorre em comunidades carentes da região metropolitana do Rio, por exemplo. “Vamos garantir a mesma separação entre as famílias nas comunidades? Eles [os empresários] vão financiar isso?”, reforçou.
Com o argumento de preservar a economia, o discurso favorável ao fim da quarentena partiu de dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de donos de cadeias de lojas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. O presidente vem defendendo a tese de que seria suficiente um isolament
“Os presidentes de federações de empresários não têm as condições técnicas, nem eu tenho, de avaliar se é melhor isolamento vertical ou horizontal”, apontou Maia. “Tem que tomar cuidado para não assumir responsabilidades e depois ser culpado por mortes no futuro”.
O presidente da Câmara criticou, ainda, quem se propõe a falar de medidas que combatem a contaminação que contrariem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. “Palpiteiro de crise que pode gerar mortes não me parece uma decisão adequada e responsável de qualquer um de nós”, afirmou.
O ciclo do coronavírus deve ir até junho, disse Maia, mas ainda não é possível saber quanto tempo vai durar a quarentena. De qualquer forma, ele reforçou que essa decisão cabe somente ao ministro Mandetta. Ao Estado, cabe garantir condições para solvência das empresas e para que os brasileiros mais pobres consigam cumprir a determinação da pasta, d
Valor
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