A atriz e diretora Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães D’Áurea Bengell, conhecida como Norma Bengell, faleceu por volta das 3h da madrugada desta quarta-feira (8) na unidade Bambina do Hospital Rio Laranjeiras. Ela tinha 78 anos.
Norma Bengell foi diagnosticada há cerca de seis meses de câncer no pulmão direito, e estava no Centro de Tratamento Intensivo do hospital desde o último sábado (5).
Ainda não há informações sobre o velório e enterro do corpo da atriz.
Conheça a trajetória
Norma Bengell nasceu no Rio de Janeiro, cidade onde começou a se apresentar como vedete do teatro de revista aos 16 anos. Por causa de sua beleza e talento, Norma também chegou a ser lançada como cantora e gravou versões de “A Lua de Mel na Lua” e “E Se Tens Coração”.
O primeiro LP, “OOOOOH! Norma”, viria em 1959, no mesmo ano de sua estreia no cinema, com a comédia “O Homem de Sputinik”, em que interpretava um símbolo sexual, em uma clara analogia com a atriz Brigitte Bardot.
O sucesso na tela grande foi tanta que a carreira de Norma de voltou quase que totalmente para a sétima arte. Em 1961, estrelou o filme “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Primeiro nu frontal no cinema nacional
A atriz entrou para a história ao protagonizar a primeira cena de nu frontal do cinema brasileiro. Ela tinha 26 anos. A cena, um avanço para a época, fez parte do filme “Os Cafajestes”, de 1962, dirigido por Ruy Guerra.
A exposição internacional, e a repercussão de “Os Cafajestes”, a levou a trabalhar no cinema europeu. Chegou a conhecer e a namorar o ator francês Alain Delon, segundo a própria atriz. Fez filmes na Argentina (“Sócio de Alcova”) e na Itália (“Mafioso”, de 1962, e “Os Cruéis”, de 1967).
Com o sucesso, engatou quase um filme por ano, participando de produções que marcaram a história do cinema nacional, como “A Casa Assassinada” (1971), de Paulo Cesar Saraceni; “A Idade da Terra” (1980) , de Glauber Rocha e “Rio Babilônia” (1982), de Neville d’Almeida. Em “Noite Vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri, em que interpretava uma prostituta ao lado de Odeta Lara e o ator italiano Gabriele Tinti, com quem se casou em 1963 até 1969.
Carreira como diretora
Estreou como diretora em 1988 em “Eternamente Pagu”, sobre a escritora modernista Pagu. Ainda atrás das câmeras, adaptou um clássico da literatura brasileira para o cinema, “O Guarani”, de José de Alencar, lançado em 1997. Em 2005, voltaria a focar em histórias de grandes mulheres como “Infinitamente Guiomar Novaes”, um documentário sobre a pianista morta em 1979, e “Magda Tagliaferro – O mundo dentro de um piano”.
No teatro, subiu aos palcos em 1968, sob a direção do então estreante Emilio Di Biasi em “Cordélia Brasil”, primeiro texto do escritor e dramaturgo Antônio Bivar. Em 1976, faz “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues. A atriz retornaria ao texto clássico, em 2008, com a Cia. Os Satyros, sob a direção de Rodolfo García Vázquez.
Em 2007, em sua volta aos palcos, após 20 anos distante do palco, teve uma crise de stress que a fez abandonar a apresentação de “O relato íntimo de Madame Shakespeare”. Na época, Norma passava por um processo judicial, onde era acusada de desviar verbas na captação de recursos para os filmes “O Guarani” e “Norma”, projeto que nunca foi concluído.
UOL
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