Política

‘Quem gosta de dinheiro tem que ser tirado da política’, diz José Mujica, ex-presidente do Uruguai

MUJICAFoto: BBC

Prestes a completar 80 anos, o ex-presidente uruguaio José Mujica diz que a corrupção afeta “a todos” na América Latina, mas que “quem gosta muito de dinheiro deveria ser afastado da política”.

Em entrevista exclusiva à BBC Mundo, Mujica comentou a corrupção em países como México e Brasil, e afirmou que a “vontade de ter bens materiais” não se relaciona bem com o serviço público.

“Sempre disse aos empresários: se eu souber que pediram alguma propina a vocês e vocês não me avisaram, teremos uma relação péssima. Com essa declaração, não havia abertura para que me oferecessem nada.”

“Se misturamos a vontade de ter dinheiro com a política estamos fritos. Quem gosta muito de dinheiro tem que ser tirado da política. É preciso castigar essa pessoa porque ela gosta de dinheiro? Não. Ela tem que ir para o comércio, para a indústria, para onde se multiplica a riqueza”, declarou.

Agora senador, Mujica diz que não descartaria voltar à Presidência, caso sua saúde permitisse. Dá a impressão, no entanto, de que não acredita na possibilidade.

“Se eu tivesse o grau de saúde que tenho hoje, não teria nenhum problema. Mas estou quase com 80 anos, não acho que tenho idade adequada de resistir ao vaivém de uma Presidência.”

O ex-presidente falou à BBC sentado sob uma árvore diante de sua casa nos arredores de Montevidéu. O ambiente tranquilo e silencioso, que sempre disse valorizar, agora é interrompido ocasionalmente pela chegada de crianças e adolescentes à escola rural que ele inaugurou recentemente do outro lado da rua.

Ele falou sobre narcotráfico e opinou sobre governos de outros países latino-americanos. Entre elogios a sua cadela Manuela (“o integrante mais fiel do meu governo”) e comparações entre o mate argentino e o uruguaio, Mujica disse ainda que não considera ocupar um cargo internacional.

“Acredite, para mim seria uma tortura. Não sou afeito ao protocolo, não sou a pessoa mais indicada. Acho que as causas políticas têm muito fôlego e que é preciso incorporar gente mais jovem que nós, que nos supere.”

‘Doença’ brasileira

“Algo doentio acontece na política brasileira”, disse o ex-líder uruguaio sobre a cisão entre o governo de Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, e o Congresso eleito em 2014. “O Brasil é um país gigantesco e cada Estado tem sua realidade, com partidos locais fortes. Conseguir a maioria parlamentar no Brasil é um macramé (técnica de tecelagem manual) onde pedem uma coisa aqui, outra ali.”

Para Mujica, o tráfico de influência é “uma tradição” no país, já que os governos “têm que fazer o impossível para conseguir a maioria parlamentar de alguma maneira”.

“Não digo que os fins justificam os meios, quem diz é Maquiavel. O que digo é que isso é uma doença que existe há muito tempo na política brasileira.”

Ao mesmo tempo, ele afirma que o poder dos presidentes na democracia representativa é relativo e, por isso, demora para que uma vontade do poder Executivo torne-se realidade. “Não se deve confundir governar com mandar. Existe o papel da persuasão e do convencimento. Um presidente deve se cercar de gente útil e de gente boa.”

Mujica diz ainda que é preciso considerar o papel dos agentes externos ao governo na corrupção. “Para que haja corruptos, também deve haver um agente corruptor. Não nos esqueçamos disso.”

Vizinhos

Durante a entrevista, Mujica evitou fazer críticas frontais aos governos latino-americanos. Questionado sobre seu apoio à administração de Nicolás Maduro, na Venezuela, ele afirmou que “não gosta da existência de presos políticos” no país, mas se posicionou contra possíveis intervenções em meio à crise.

“A Venezuela tem problemas, sim. Mas não vai sair deles a pauladas. Não é apoio, são as evidências. Porque não se ganham 14 eleições sucessivas só usando a força.”

Mujica chegou a chamar a presidente argentina Cristina Kirchner de “velha”, mas, desta vez, também dedicou-lhe palavras mais suaves. “Não acho que seja uma presidenta maravilhosa, nem acho que seja uma bruxa. É uma mulher que teve de enfrentar todo o machismo arraigado em uma sociedade. Como muitos quiseram passar por cima dela, ela às vezes passa dos limites do outro lado.”

Sobre o México, o ex-presidente voltou a afirmar que o tráfico de drogas é um problema maior no país por causa de sua proximidade com os Estados Unidos.

“Os Estados Unidos são o grande mercado consumidor das drogas e os que têm infinito poder aquisitivo e o México é o lugar de trânsito. Isso vem condicionando a vida deles e o México não teve a capacidade de resolver o problema da influência crescente do narcotráfico, não foi só esse governo.”

“A combinação da ameaça e do dinheiro destroçou os poderes públicos, que não conseguiram enfrentar isso. Mas eu não estou criticando o México, acho que todos estamos expostos a isso hoje”, afirmou, defendendo novamente a lei aprovada em seu governo, que tornou o Uruguai o primeiro país do mundo a regularizar a produção, a venda e o consumo de maconha.

“Curiosamente, eu que não sou neoliberal acho que a melhor fundamentação (para a lei) que encontrei é a de (Milton) Friedman (economista americano). Digo isso raramente, mas não tenho preconceito. Acho que é preciso roubar o mercado deles (dos narcotraficantes).”

Rolling Stones e baseado

Centenas de perguntas foram enviadas para a entrevista com José Mujica, que foi transmitida ao vivo pela internet e acompanhada em seis idiomas pela BBC nas redes sociais. O ex-presidente teve que responder, por exemplo, sobre se já o convidaram a fumar maconha desde a descriminalização do consumo.

“Apareceu aqui um rapaz, não sei de que país, com um baseado, e me convidou para fumar. Eu não quis, mas eu também tenho meus vícios. De vez em quando fumo um cigarro comum. E quem vai dizer que o tabaco é saudável? O único vício bom é o amor, o resto são pragas. O problema está em quanto se consome e isso é um problema mental.”

Algumas das perguntas mais frequentes eram sobre seu estilo de vida, ao que respondeu que “a humildade é uma filosofia que não pretende impor a ninguém”.

“Não posso mudar a cultura do mundo em que vivemos, mas posso viver minha vida e dar minha opinião.”

O ex-presidente também não se esquivou de questões mais difíceis – mesmo que fora do âmbito político – como a enviada por um participante argentino: Beatles, Pink Floyd ou Rolling Stones?

“Diga a ele que sou um analfabeto no tema, porque sou ‘tangueiro’ de alma. Mas feita essa ressalva, prefiro os Rolling Stones.”

G1

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Geral

Lula se prepara para mais uma viagem internacional

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Após participar da cúpula do G7 no Canadá nesta semana, o presidente Lula já se prepara para mais uma viagem internacional. Dessa vez, o destino será Buenos Aires, na Argentina.

A previsão é de que o petista vá à capital argentina nos dias 2 e 3 de julho para participar da cúpula dos chefes do Mercosul. No encontro, o Brasil assumirá presidência do bloco.

Além da reunião do Mercosul, Lula pretende aproveitar a viagem para fazer uma visita à ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, que começou a cumprir prisão domiciliar.

Como Cristina Kirchner está presa em seu apartamento, o chefe do Palácio do Planalto só poderá visitar a aliada caso ela peça autorização e a Justiça argentina autorize.

Viagens de Lula

Desde o começo do seu terceiro mandato, em 2023, Lula já visitou 36 países. A última viagem do petista aconteceu no começo da semana, quando ele esteve no Canadá para participar da cúpula do G7.

Somente em 2025, Lula já esteve no Uruguai, Japão, Vietnã, Honduras, Vaticano, Rússia, China, França, Mônaco e Canadá. No início de julho, o presidente deve ir à Argentina para reunião do Mercosul.

A frequência das viagens internacionais de Lula, como noticiou a coluna do Igor Gadelha na quinta-feira (19), tem provocado divergências entre ministros do Planalto e lideranças do PT.

Metrópoles – Igor Gadelha

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Geral

Confira pontos de alagamento em Natal nesta sexta-feira (20); STTU monitora situação em tempo real

Foto: Reprodução

A STTU divulgou um boletim no início da manhã com pontos de alagamento em Natal após as chuvas que caem desde a madrugada.

Ponto intransitável:

  • Rua Presidente Sarmento – Alecrim (próximo ao mercado): intransitável

Pontos transitáveis com alerta:

  • Av. Nevaldo Rocha (em frente à Semtas)
  • Av. Nevaldo Rocha (entre a linha férrea e a Av. Cel. Estevam)
  • Av. Nascimento de Castro com Prudente de Morais
  • Avenida Interventor Mário Câmara (entre Av. Jerônimo Câmara e Cap. Mor Gouveia)
  • Av. Adolfo Gordo com Av. Cap. Mor Gouveia
  • Av. da Integração (próximo ao número 101)
  • Av. Cel. Estevam com Av. Antônio Basílio

Todos esses trechos estão transitáveis, mas requerem atenção redobrada por parte dos condutores.

Outros pontos de atenção no trânsito:

  • Av. Felizardo Moura (sentido Centro): pequena retenção
  • Av. Senador Salgado Filho (sentido Centro): trânsito lento
  • Semáforo da Rua Apodi com Av. Rio Branco: apagado
  • Semáforo da Rua Ulisses Caldas com Av. Rio Branco: apagado

A STTU reforça que os motoristas devem redobrar a atenção, respeitar as sinalizações e, sempre que possível, evitar vias já conhecidas por acumular água em períodos chuvosos. Para atualizações em tempo real, a população pode acompanhar os canais oficiais da Prefeitura.

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Geral

Ex-ministro Paulo Pimenta é primeira escolha do PT para CPMI do INSS

Foto: VOLMER PEREZ/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, foi o primeiro nome escolhido pelo PT para a CPMI do INSS.

De perfil combativo e “estilo brigão”, Pimenta tem as características que o líder da bancada, Lindbergh Farias (PT-RJ), busca para compor a tropa de choque do governo.

A ideia, segundo Lindbergh disse à CNN, é ter deputados mais experientes e com capacidade de enfrentamento. ⁠A federação formada por PT, PCdoB e PV tem direito a 4 vagas na distribuição feita pela Câmara, entre membros titulares e suplentes.

Ao todo, os deputados terão direito a 15 das 30 vagas titulares da CPMI. A outra metade será indicada pelos senadores. Só na bancada do PL da Câmara, no entanto, 16 deputados já pediram para participar do colegiado.

Na câmara, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro terá direito a seis vagas. Diante da procura, o líder Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) vai reunir a bancada na semana que vem para deliberar sobre a escolha.

“Todos terão o mesmo tratamento e vamos nos reunir para definir juntos”, afirmou à CNN.

Entre os que pediram para participar está o deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), que tem explorado a crise do INSS nas redes sociais em vídeos com milhares de visualizações. Os deputados Coronel Fernanda (PL-MT) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que recolheram assinaturas para a criação de CPIs também pleiteiam espaço.

Os trabalhos devem durar 180 dias e devem começar após a volta do recesso de julho. A presidência deve ficar com o senador Omar Aziz (PSD-AM), um aliado do Planalto.

Já para a relatoria, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou aos líderes que quer um deputado de centro.

CNN

Opinião dos leitores

  1. Parece que o Brasil não tem jeito, como colocar uma criatura corrupta dessa, para uma investigação sobre corrupção?

  2. Não adianta criar uma CPMI pra investigar atos do governo e, colocar políticos que apoiam o governo pra presidir e conduzir a relatório, é o mesmo que colocar uma raposa e um timbu pra vigiar o galinheiro.

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Mundo

Irã diz que não abrirá mão de seu programa nuclear se Israel não parar os ataques

Foto: Behrouz Mehri/AFP

O exército israelense disse nesta sexta-feira (20) que realizou ataques a dezenas de alvos militares no Irã durante a madrugada, incluindo a Organização de Inovação e Pesquisa Defensiva, que segundo ele estaria envolvida no desenvolvimento de armas nucleares do país.

Segundo a mídia iraniana, uma planta industrial do local, que realiza pesquisa de produção de armas, foi destruída. Porém, ali não havia pesquisas nucleares, mas sim produção de fibra de carbono, usado na confecção de mísseis.

Já o Irã disse, também nesta sexta, que não discutirá o futuro de seu programa nuclear enquanto estiver sob ataque israelense. A fala ocorre enquanto líderes da Europa buscam atrair Teerã de volta à mesa de negociações, com uma decisão sobre o possível envolvimento dos EUA –esperada para dentro de duas semanas.

Israel começou a atacar o Irã na sexta-feira passada, alegando que o objetivo era impedir que seu inimigo de longa data desenvolvesse armas nucleares. O Irã retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel. O país afirma que seu programa nuclear é pacífico.

Ataques aéreos israelenses mataram, segundo dados mais atualizados da Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos, 639 pessoas no Irã. Entre os mortos estão membros do alto escalão militar e cientistas nucleares.

Pelo lado de Israel, ao menos duas dúzias de civis morreram em ataques com mísseis iranianos. Os números de mortes, contudo, são imprecisos de ambos os lados.

Israel tem como alvo instalações nucleares, capacidades de mísseis e áreas civis, enquanto tenta destruir o governo do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, de acordo com autoridades ocidentais e regionais.

“Estamos visando a queda do regime? Isso pode ser um resultado, mas cabe ao povo iraniano se levantar por sua liberdade”, disse o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu nesta quinta-feira (19).

Israel acusou o Irã de alvejar civis deliberadamente com o uso de munições de fragmentação, que dispersam pequenas bombas por uma ampla área. A representação do Irã nas Nações Unidas não respondeu à reportagem, mas o país alega que está atacando instalações militares e de defesa em Israel –embora também tenha atingido um hospital e outras instalações civis.

O Irã disse nesta sexta que cinco hospitais já foram danificados em ataques israelenses.

Folha de S.Paulo

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Geral

‘Como cristão, me emociono’, diz Lula em mensagem à Marcha para Jesus

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou mensagem para evangélicos que participaram nesta quinta-feira, 19, da Marcha para Jesus, em São Paulo, depois de participação de um dos principais opositores da atualidade: Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, que cantou com o público e exibiu uma bandeira de Israel.

Mesmo sem agenda oficial, o petista afirmou também não ter viajado para capital paulista por “compromissos de governo”. A mensagem foi endereçada aos criadores da marcha, o apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sônia Hernandes, da Igreja Renascer.

“A Marcha para Jesus é muito mais do que um evento, é um ato extraordinário de fé coletiva, uma caminhada de oração, de louvor e de compromisso com um Brasil mais humano, mais justo e mais solidário”, disse Lula, em trecho do comunicado publicado pelo Planalto nesta quinta.

Nos últimos anos, as igrejas evangélicas demonstraram maior aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que tem feito o petista tentar uma aproximação da corrente religiosa. No comunicado, o presidente diz ser cristão e elogia a multidão que tomou conta da região central de São Paulo com destino ao Campo de Marte, na zona norte da capital.

“Como cristão, me emociono com a alegria que brota da fé do nosso povo. E como presidente da República, reafirmo, em cada gesto de governo, meu compromisso com a liberdade religiosa e com o respeito à diversidade de crenças, porque a pluralidade religiosa é uma das maiores riquezas da nossa democracia. Nosso governo tem promovido o diálogo inter-religioso, respeitado as diferentes crenças, e valorizado o papel das igrejas na construção de um Brasil mais justo e solidário”, disse.

VEJA

Opinião dos leitores

  1. Deixa de mentira seu mentiroso.
    Vc deveria dizer assim: “Como político eu me emociono para captar votos dos cristãos bestas”
    Vc é o político que apoia ditaduras e é contra Israel e a Ucrânia, ambos atacados por quem vc apoia.

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Geral

VÍDEO: Cavaleiros do Forró arrasta multidão no Polo Oeste

Vídeo: Reprodução

A noite dessa quinta-feira (19) foi marcada pelo enorme público na abertura do maior São João de Natal no polo da Zona Oeste. Milhares de pessoas estiveram presentes para curtir a primeira grande noite de festa junina, que teve shows de Jarbas do Acordeon, Cavaleiros do Forró e Eliane.

Em noite histórica, a banda Cavaleiros do Forró levou uma verdadeira multidão ao delírio em Natal. Do início ao fim do show, o público cantou em coro todos os sucessos, transformando o evento em um espetáculo emocionante. Foi forró, saudade e energia do começo ao fim — Natal viveu uma noite inesquecível.

Foto: Divulgação

Com mais de 40 shows no período junino, a banda potiguar saiu do seu roteiro só para prestigiar o São João de Natal, que está se consagrando ainda mais esse ano.

A programação segue ao longo dos próximos dias, levando cultura, música e tradição junina na capital potiguar.

Foto: Divulgação

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Esporte

Botafogo faz história, vence o PSG e se aproxima de classificação na Copa de Clubes

Foto: Frederic J. Brown / AFP

O Botafogo chocou o mundo do futebol, na noite desta quinta-feira (19), ao vencer por 1 a 0 o Paris Saint-Germain, atual campeão da Champions League, pela Copa do Mundo de Clubes.

Com a vitória histórica, os campeões da Libertadores chegam aos seis pontos no grupo B, com 100% de aproveitamento, e estão muito perto da vaga nas oitavas de final — entenda os cenários.

O gol da partida foi marcado pelo centroavante Igor Jesus, aos 35 minutos do primeiro tempo, levando à loucura a barulhenta torcida do Botafogo presente ao estádio Rose Bowl, na Califórnia, palco do tetracampeonato da Seleção Brasileira.

PSG mexe no time e é surpreendido pelo Botafogo

Técnico do PSG, o espanhol Luis Enrique mexeu algumas peças do time após o golear o Atlético de Madrid por 4 a 0 na estreia. Marquinhos, João Neves, Fábian Ruiz e Nuno Mendes foram sacados por Beraldo, Zaïre-Emery, Mayulu e Hernandez.

Já Renato Paiva fortaleceu o meio de campo, escalando o volante Allan na vaga do atacante Mastriani, para diminuir os espaços do times francês e explorar possíveis contra-ataques.

Foi o que aconteceu: o PSG teve 75% da posse de bola no primeiro tempo, assustou o goleiro John, mas foi para o intervalo perdendo para o time brasileiro graças a uma saída rápida do Botafogo.

Artur tirou a bola de Kvaratskhelia, acionou Marlon Freitas, que passou para Savarino. O venezuelano lançou Igor Jesus na velocidade, o atacante fintou Pacho, bateu rasteiro, a bola desviou no zagueiro e matou Donnarumma.

Valente, o Botafogo voltou para o segundo tempo na mesma toada do primeiro, deixando a bola com o PSG, mas fechando os espaços dos pontas Kvaratskhelia e Doué, armas mais fortes do time francês.

Tanto que por até o fim do segundo tempo, a melhor chance do PSG havia saído de uma bola parada. Vitinha cobrou falta aos 6 minutos, Mayulu desviou e John fez uma defesa milagrosa, no reflexo.

Nos acréscimos, Kvaratskhelia cobrou uma falta perigosa, mas a bola passou por cima do gol de John.

A partida seguiu até o fim com pressão e domínio total do time de Paris, mas ineficiente. O tempo foi passando e o que antes parecia improvável, um sonho para a torcida do Botafogo, que estava na Série B até 2021, virou realidade.

CNN

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Geral

MST deixa de ser um aliado e se consolida como fonte de desgaste político para Lula

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Histórico parceiro do Partido dos Trabalhadores (PT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixou de ser um aliado estratégico e passou a figurar como fonte constante de desgaste político para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Cobranças públicas, invasões e críticas diretas ao Palácio do Planalto têm exposto a fragilidade da articulação política do Executivo e o impasse em torno da pauta agrária.

O mais recente capítulo dessa tensão envolve a pressão aberta pela saída do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. O MST acusa o titular da pasta de não cumprir promessas relativas a assentamentos e de travar o andamento da reforma agrária. Na avaliação de lideranças do movimento, o governo se perde em anúncios vazios e compromissos não executados, aprofundando a insatisfação no campo.

Em declarações à imprensa e em manifestações como a ocorrida na Câmara de Vereadores de Votuporanga (SP), a atuação do ministro vem sendo criticada. Teixeira foi chamado de “ministro promessinha” por um coro de militantes que participavam de uma audiência pública em maio. Além disso, lideranças históricas do movimento têm afirmado que o ministro “fala sempre a mesma coisa” e inventa “números que não são reais”.

Um dos líderes do movimento no Rio Grande do Sul, Ildo Pereira afirmou que existe insatisfação diante de uma série de demandas locais, estaduais e até nacionais. “Nós não estamos tão simpáticos a alguns anúncios do governo para a reforma agrária”, disse Pereira à Gazeta do Povo.

Para o líder da oposição, deputado Luciano Zucco (PL-RS), o governo do PT conseguiu a “proeza de transformar um antigo aliado em problema”. “O MST hoje não está satisfeito com pouco, quer mais poder, mais cargos e, agora, quer até escolher o ministro do Desenvolvimento Agrário”, afirmou Zucco.

Assim, a crise com o MST – antes limitada a críticas da oposição e de setores do agronegócio por causa das invasões – ganha contornos de problema político com ainda mais fôlego.

A Gazeta do Povo procurou o MST para obter um posicionamento oficial a respeito das queixas relacionadas ao ministro Paulo Teixeira, mas o movimento preferiu não se posicionar.

O ministro Paulo Teixeira, por sua vez, minimizou as críticas. “Ao contrário de governos anteriores, respeitamos as manifestações. As cobranças fazem parte da dinâmica dos movimentos sociais”, disse o ministro por meio de nota enviada pela assessoria.

MST cobra promessas não cumpridas

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, desde 2023 para cá, já foram homologados cerca de 38 mil novos lotes para famílias sem terra em todo o Brasil.

Os números do governo, no entanto, não atendem à demanda apresentada pelo MST. No começo de maio, o MST reforçou o pedido de assentamento prioritário de 65 mil famílias que estariam acampadas há mais de 20 anos. Ao todo, o movimento afirma que há 120 mil famílias à espera de terras. Um pedido de R$ 1 bilhão no Orçamento para a reforma agrária também fez parte das reivindicações. A estimativa do movimento é de que, com R$ 100 milhões, em média 4 mil famílias podem ser assentadas.

“Ainda não estamos satisfeitos com a proposta do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] sobre o tema da obtenção de terra. O MST está pressionando muito para que o governo se comprometa que ano que vem vá assentar todas as famílias acampadas, são 65 mil”, disse o coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, em matéria publicada em novembro de 2024 na página do MST.

Em nota à Gazeta do Povo, Teixeira afirmou que as metas de novos lotes de assentamentos estão sendo cumpridas. “O objetivo do governo é entregar 60 mil novos lotes em assentamentos tradicionais até 2026. Para 2025, a meta é de 30 mil novos lotes em assentamentos e até maio, faltando mais da metade do ano, já foram entregues mais de 15 mil lotes. Isso significa que, depois do desmonte realizado pelos governos anteriores, a reforma agrária no Brasil retomou o ritmo dos primeiros governos do presidente Lula”, diz a nota do ministro.

Ainda assim, integrantes do MST têm feito críticas recorrentes à gestão petista. “Nossa expectativa é que o Lula reassuma o compromisso que ele fez”, disseram Maurício Roman e Lara Rodrigues, dirigentes nacionais do movimento no Rio Grande do Sul, ao Poder360, em 29 de maio. “Não é que a gente está pedindo a cabeça do ministro. O Lula tem total autonomia. Mas todos os acordos que fizemos com ele [Paulo Teixeira] até agora não foram cumpridos”.

Gazeta do Povo

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Mundo

Hezbollah iraquiano ameaça atacar bases dos EUA no Oriente Médio

Foto: Murtadha Sudani/Anadolu Agency via Getty Images

O Kataib Hezbollah, milícia xiita que faz parte das Forças de Mobilização Popular do Iraque (PMF), disse que bases dos Estados Unidos no Oriente Médio podem ser atacadas, caso o país entre no conflito entre Israel e Irã. A ameaça foi divulgada nesta quinta-feira (19) pelo líder de segurança do grupo, Abu Ali al-Askari.

“Reafirmamos, com ainda mais clareza, que, caso os Estados Unidos entrem nesta guerra, o desequilibrado Trump perderá todos os trilhões que sonha em angariar nesta região”, afirmou al-Askari. “Sem dúvida, as bases americanas espalhadas pela região tornar-se-ão semelhantes a campos de caça a patos”.

Além disso, o líder do grupo iraquiano — que possui ligações com o Hezbollah libanês — ameaçou fechar importantes rotas de navegação no Oriente Médio. Entre eles, o Estreito de Ormuz, entre os golfos Pérsico e de Omã, e a hidrovia de Bab-el-Mandeb, no Mar Vermelho.

Apoio declarado

Mais cedo, o Hezbollah no Líbano declarou apoio ao Irã na guerra contra Israel. Ambos os grupos são supostamente apoiados pelo regime iraniano.

Até o momento, os planos de Donald Trump para o conflito, que se arrasta por sete dias, ainda não são claros. O presidente norte-americano, contudo, já disse que não busca mais um cessar-fogo para a guerra, mas sim uma “vitória completa” contra o Irã.

Metrópoles

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Geral

Lula prioriza Centrão e PT na 1ª leva de emendas de 2025

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou a reserva de emendas a congressistas nos últimos dias e priorizou partidos de centro e o PT.

A sigla que mais teve dinheiro empenhado de 12 de junho até quarta-feira (18), os últimos dados disponíveis, foi o PSD: R$ 95,2 milhões. O União Brasil fica em 2º no ranking, com R$ 83,3 milhões a mais no período analisado. No total, desde o início do ano, as duas siglas somam R$ 102,8 milhões e R$ 88,9 milhões, respectivamente.

Os petistas vêm em 3º lugar com mais dinheiro em novas emendas: ganharam R$ 80,1 milhões nos últimos dias. Têm R$ 93,5 milhões reservados no ano.

As emendas reservadas na última semana foram majoritariamente para siglas que têm ministérios. Essas legendas tiveram ganhos que somam R$ 517,3 milhões (75,7% de tudo que foi liberado nos últimos dias).

Foto: Poder 360

A prioridade dada a partidos do Centrão e ao PT evidencia um cenário que é alvo de críticas de congressistas de partidos que formam a base de sustentação do governo Lula no Congresso. Integrantes de PSB, Rede e Psol, por exemplo, dizem que são escanteados pelo Planalto, que já conta com o voto dos congressistas dessas legendas.

O objetivo principal dessa derrama de dinheiro é tentar salvar o decreto de Fernando Haddad (Fazenda) que aumenta o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A Câmara aprovou na 2ª feira (16.jun) o requerimento de urgência ao PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 314 de 2025, que revoga a medida. Agora, a proposta pode ser votada no plenário a qualquer momento. O Planalto tenta reverter o jogo e evitar uma derrota na votação final, que deve ser realizada só em julho.

Até agora, foi empenhado só 1,5% do total reservado para o ano, entre emendas individuais, de comissão e de bancada. O valor pago foi ainda menor do que isso: só 0,01%.

O ritmo acelerou nos últimos dias, mas ainda é lento. Deputados e senadores reclamam da demora. Estão preocupados em ter o que mostrar no início de 2026 em seus redutos eleitorais.

Se a Câmara decidir que a proposta não é suficiente e votar por acabar com a alta do IOF, o governo contará com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para fazer uma barreira de contenção no Senado. Só que aliados do presidente da Casa afirmam ser difícil ele segurar o projeto caso a insatisfação perdure.

Empenhar as emendas significa reservar parte do Orçamento para assegurar que determinado gasto possa ser realizado futuramente. É diferente da etapa de pagamento, quando o dinheiro efetivamente sai dos cofres públicos.

Os dados acima são do Siop (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento) e podem ser ligeiramente diferentes das informações do Siga Brasil, do Senado.

A tendência é que nesta 2ª metade do ano haja um intensivo maior para o pagamento das emendas. Essa fisiologia pode ajudar Lula a avançar com algumas pautas, diminuindo o mau-humor dos deputados.

Poder 360

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