No outro lado da ponta o Cientista Sidarta Ribeiro deu uma entrevista que diretamente deixa muito claro que diferentemente do que Nicolelis afirmou, a maior parte do investimento no projeto da neurociência no Rio Grande do Norte foi público e que existe um problema na parceria público-privada, Sidarta ainda afirmou que agora os Cientistas, professores e alunos vão ter liberdades e vão poder trabalhar. Para você leitor qual a conclusão que tiram dessa entrevista? Segue abaixo feita pela Tribuna:
Alheio às declarações de Miguel Nicolelis, o neurocientista Sidarta Ribeiro concedeu entrevista à TRIBUNA DO NORTE. Ele detalhou os motivos pelos quais a parceria entre ambos chegou ao fim. Sidarta reiterou que os problemas que geraram a separação dos grupos de pesquisa em nada tem a ver com “ego ferido” ou disputas pessoais. De acordo com Sidarta Ribeiro, todos os demais professores e cientistas que se dispuseram a romper com Miguel Nicolelis, o fizeram por espontânea vontade. O principal argumento defendido pelo grupo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi de que o Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN), se tornou um local no qual eles encontravam dificuldades para desenvolver as pesquisas.
Até que ponto Miguel Nicolelis contribuiu para o desenvolvimento deste projeto de neurociência no Rio Grande do Norte?
O Miguel teve um papel importantíssimo. Ele alavancou esse projeto de uma maneira de extrema importância.
Quem financiou, de fato, a estrutura disponível hoje?
A maioria dos financiamentos foram públicos. Quem bancou esse projeto foram os reitores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O ex-reitor Oton Anselmo, o professor e ex-reitor Ivonildo Rego e, agora, a professora Ângela Paiva. É a Universidade quem realmente banca isso, junto com o Ministério da Educação (MEC), que é o principal investidor.
Como o senhor analisa o projeto?
Este é um projeto valioso que precisa ser defendido. O projeto foi vitorioso em todos os objetivos. Ele se propôs a repatriar neurocientistas brasileiros no exterior, a trazer cientistas e estudantes estrangeiros para cá para trabalhar em neurociência e trazer gente da região Sudeste do país. Tudo isto foi feito.
Além disto, o que foi criado?
Criamos os cursos de mestrado, doutorado. Inserimos a neurociência na graduação da Universidade, publicamos artigos científicos em diversas revistas, ganhamos espaço no debate nacional sobre ciência e neurologia. Tudo isso foi feito. E tudo isso foi feito e consolidado dentro da Universidade. Agora, existe um problema na parceria público-privada.
Que problemas são estes?
É um problema que não é pessoal. É um problema dessa parceria, dessa relação entre o público e o privado. Esse problema tem que ser resolvido e vai ser pelas instituições envolvidas.
Qual o sentimento dos cientistas e professores da UFRN com o rompimento com o neurocientista Miguel Nicolelis?
A gente está esperançoso de que a partir de agora a gente vai poder trabalhar. Além de dar sequência às missões e aos objetivos deste projeto de uma maneira mais adequada.
A reitora comentou, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, que esperava que houvesse um entendimento para que vocês dividissem o mesmo espaço físico, no Campus do Cérebro, em Macaíba. Você acredita que isso poderá ocorrer?
Eu acho que se o recurso público tiver gestão pública e o recurso privado tiver gestão privada, eles podem interagir harmonicamente. Mas é preciso que haja essa separação bem clara, que fique tudo bem esclarecido. Nós não teremos nenhum problema se os pesquisadores da AADASP necessitarem utilizar os equipamentos públicos no nosso espaço. E nós não teremos nenhum problema em utilizar os equipamentos privados no espaço privado. Tudo, claro, se eles permitirem.
Houve alguma disputa de egos que gerou a ruptura entre os pesquisadores da UFRN com Nicolelis ou foi uma cisão estritamente profissional?
Estritamente profissional. Não se trata de ego ferido, nada disso. Trata-se de que as pessoas vieram para cá para trabalhar e tiveram dificuldade. E o motivo é que a dificuldade não existiria na Universidade.
As pesquisas desenvolvidas pelos professores, alunos e cientistas da UFRN irão continuar?
O trabalho continua. Eu tenho meus alunos, cada professor envolvido tem seus alunos. Os alunos, os pós-doutorandos, os professores, todos irão continuar trabalhando como sempre o fizeram.
Como?
Com liberdade, com respeito.
Novas parcerias com o Instituto Internacional de Neurociências de Natal serão possíveis?
Se for possível fazer uma parceria privada em outras bases, nós estaremos interessados. Mas quem vai negociar isso é a reitora.
Qual o lado positivo de toda essa problemática?
Estou muito esperançoso e acho que agora teremos mais liberdade para trabalhar. E isto depende muito da UFRN…
A Universidade está se posicionando adequadamente.
O senhor deseja fazer alguma declaração espontânea?
Na verdade eu estou doido pra esse assunto acabar. Nós já passamos pela crise. Nós estamos satisfeitos em trabalhar no ambiente público.
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