Jornalismo

Soninha diz que campanha pró-Serra aumentou seu isolamento na ESPN

soninha2A derrota nas urnas nas eleições para deputada federal foi um duro golpe para Soninha Francine. Ou significou uma ‘brochada’, como ela melhor define. Diante da frustração na política, agora ela quer voltar à TV. À mesma TV em que ela fez sucesso como comentarista esportiva e que a fez guardar boas e más recordações.

Soninha ainda tem frescos na memória os bons amigos, mas também o preconceito e o isolamento político que diz ter sofrido na ESPN Brasil por ter trabalhado na campanha presidencial de José Serra nas eleições de 2010.

“Naquele momento eu era um ponto muito fora da curva tendo trabalhado na campanha do Serra. O pessoal da ESPN era muito Lula, vai? Então isso também não me dava muito ânimo de voltar. Um lugar onde a gente discute a política dentro do futebol, eu estava praticamente isolada ali”.

Entre os livros espalhados até pela escada, ela arrumou um espacinho em sua casa na Zona Oeste de São Paulo para receber a reportagem do UOL Esporte. Soninha relembra temas como as grosserias dos técnicos Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão e a sua frustração com a política. “Você disputa uma eleição e perde, uma eleição que era para ganhar, né? Não tem cabimento eu ficar tão atrás na fila da suplência, dá uma brochada”.

Você sempre foi conhecida como VJ da MTV. Como iniciou sua carreira como comentarista esportiva?

Quando entrei na MTV, entrei carregando pedra. Todo mundo que começou como assistente de produtor, virou produtor, editor, diretor. Foi bom ter feito esse caminho todo para depois ser VJ. Isso contou quando o Trajano (José Trajano, então diretor de jornalismo da emissora) me convidou para trabalhar na ESPN para ser comentarista. Ele dizia que lá futebol tinha contexto muito maior, política, literatura, cinema, sociedade, então tudo o que eu já tinha feito interessava para ser comentarista.

E como é ser mulher em um meio majoritariamente masculino?

Você fica sujeita a um espectro muito maior de ofensas: mulher é vagabunda, mal amada ou está dando para alguém e por isso que ela está ali. Mas também tem uma simpatia inicial, uma abertura. Às vezes o jogador está cansado de dar entrevista para repórter agressivo ou de participar de determinado programa porque foi massacrado. Quando a repórter é mulher, às vezes ele fica até aliviado, sabe que nunca vai ter o mesmo tipo de embate, não quer que dizer que eu vá ser café com leite, mas é outro tipo de enfrentamento. E eu nunca levei cantada. Não me lembro nem de um comentariozinho a mais, nada. Tenho o maior orgulho disso.

Como era a sua relação com os colegas na ESPN Brasil?

Na ESPN tinha muitos níveis de relação, de recepção. Alguns gostavam muito de mim da MTV e por isso gostavam de trabalhar comigo: ‘uau, aquela VJ é nossa, faz parte da equipe’. Outros me viam como uma intrusa, eram super pé atrás. Ficavam super atentos a escorregadas. E tinham os que não suportavam a minha presença. Esses não ficavam só atentos para ver se eu pisava na bola, eles criavam situações. Me colocavam em roubadas no ar. Ou eram claramente hostis fora do ar. Cobrindo lá um jogo entre Inter de Limeira e um time do interior. E ninguém conhece o elenco da Inter de Limeira super bem, nem os meus colegas. Aí tinha uma substituição: sai João Pedro e entra o Pedro João. Entra o narrador e fala assim. “Então Soninha Francine, conhecendo bem esses jogadores, o que você acha da substituição?”. Sacaneando, entendeu? Para me deixar em saia-justa.

E como você lidava com essas situações?

Você fica calejada, né? Mas com o tempo foi mudando, foi muito legal perceber que os caras que eram muito hostis e às vezes me davam cotoveladas no ar mudaram.

Mas você acha que sofreu preconceito?

Tinha preconceito porque eu era mulher, combinado com o fato de que eu era VJ da MTV e que eu não vinha de uma carreira esportiva. A MTV já não era uma coisa que os mais antigos davam muito valor ou viam muita graça. E eu não entrei na ESPN como na MTV em que eu era da produção, depois virei repórter, depois isso, depois aquilo. Já entrei na hora do almoço que é um horário nobre no esporte. Então teve uma desconfiança natural. Tinha uma resistência também que vai além do preconceito. Para o preconceito você dá uma chance e aí sim você forma uma opinião. Mas isso demorou demais em alguns casos.

Você teve problemas com entrevistados também?

O Luxemburgo (Vanderlei) me deu uma cotovelada no ar e foi quase de graça. Era o Dia da Mulher e ele tinha sido entrevistado por uma repórter que perguntou o que ele achava da participação da mulher no esporte. E ele respondeu: “Olha, mulher é muito bonitinha, muito simpática, mas você faz as perguntas que mandaram você fazer, que escreveram para você, tem coisa que não dá”. Alguns dias depois, ele participou do programa na ESPN. Encerrando o programa, sabe quando não dá tempo para mais nada? Ele falou assim: “Obrigada. Eu queria dizer que você é uma boa entrevistadora, você é muito inteligente, mas você não entende nada de futebol”. Cara, eu fiquei assim (boquiaberta), mas eu não podia ficar assim. O certo era dizer “Nossa, Luxemburgo. Que comentário grosseiro”, mas eu não tive presença de espírito na hora. Então só dei risada como se fosse uma brincadeira, que não era. E falei “lá fora a gente vê isso”. Mas foi horrível, foi chato para todo mundo que estava no estúdio, na redação. Foi muito humilhante e foi para humilhar.

A outra foi uma entrevista com o Leão (Emerson) no Bola da Vez e eu perguntei se ele acreditava que poderia ter isso derrubado pelos jogadores porque essa era uma discussão recorrente. E ele falou: “Olha, Soninha. Isso não é pergunta que se faça”. Só faltou dizer assim: “que pergunta idiota”. Foi muito grosseiro também, mas ali eu não estava sozinha e ficou pior pra ele. Eu não fiquei tão desmontada.

Você viveu esse tipo situação com colegas também?

Tiveram dois episódios com o Trajano também. Mas aí o Trajano não é só comigo, imagina ter um chefe totalmente apaixonado por futebol, pelo que ele faz, pela equipe que trabalha e por tudo na vida. Nada com o Trajano é mediano, tudo é exacerbado. Teve uma vez nas Olimpíadas de Sydney (em 2000) em que estavam criando um clima de execração nacional contra aquela equipe de futebol, ‘esses moleques mascarados, não querem nada com nada, a fama subiu à cabeça’. O Brasil foi eliminado e no dia seguinte a gente estava comentando a trajetória do Brasil que tinha sido horrível, eu só não atribuía isso à máscara dos jogadores. Para mim era um problema de futebol, do técnico, das escolhas, da preparação. E o Trajano estava participando do mesmo programa e ele me destruiu, sorte que o Calçade (Paulo Calçade, comentarista) também estava. Ele dizia: ‘vocês, Soninha e Calçade, vocês são muito arrogantes de achar que com esse pouco tempo de vida no futebol vocês têm razão. Vocês são arrogantes, vocês não têm noção”. Acabou com a gente no ar. O pessoal da TV é muito legal e dividiu a tela. Deixaram o Trajano em São Paulo me destruindo e eu olhando para a câmera. Aí vinha a água no olho, mas eu não podia chorar de jeito nenhum, aquele nó na garganta. E eu racionalizando na cabeça… ‘É assim Soninha, o Trajano é assim, normal. Não é nem só com você. Até com o Calçade que é um puta cara, super qualificado’. Era meu chefe ao vivo por 15 minutos me destruindo.

Você sente saudades daquela época?

Normalmente, eu não tenho essa saudade de ser comentarista porque muitas vezes quando eu era comentarista eu sentia saudade de ser torcedor. Eu não queria estar trabalhando desde 1 h da tarde no domingo, discutindo longamente um time, a rodada. Eu queria estar na arquibancada, então agora que eu sou da arquibancada não me bate muita saudade de estar na cabine, não. Mas do grande evento, aí sim. É saudade como da infância.

Por que você saiu da ESPN Brasil?

Eu me afastei pela última vez da ESPN para fazer política na campanha de 2010, eu trabalhava no site oficial da campanha do (José) Serra. Quando terminou a campanha eu estava exausta, precisava de uns dias de folga antes de voltar para o ar, precisava me atualizar com futebol. Mas eu não conseguia mais dar tanta importância para aquilo. Eu tinha ficado completamente afastada de tudo por causa da campanha presidencial e eu tinha que retomar, entender, saber como era o meio campo do Coritiba, o que mudou do início do campeonato e eu não conseguia me motivar para aquilo. Pedi mais uns dias, descobri que não tinha mais o mesmo interesse que precisava ter para ser um bom comentarista. Porque enganar é fácil. Cansei de ver colega enganando, não colega da ESPN. Você vai no clichê, joga para a torcida.. então eu descobri que não dava mais para fazer os dois e decidi ficar com a política.

A sua relação com a política influenciou na sua saída?

A política atrapalha o comentário de futebol, ainda mais na ESPN que é um lugar politizado, que é um lugar em que a política no futebol é muito importante. Que bom que é assim, mas aí as paixões político-partidárias interferem. Naquele momento eu era um ponto muito fora da curva tendo trabalhado na campanha do Serra. O pessoal da ESPN era muito Lula, vai? Então isso também não me dava muito ânimo de voltar. Um lugar onde a gente discute a política dentro do futebol, eu estava praticamente isolada ali. Isso também me desanimou, não era só futebol.

O fato de você ter trabalhado na campanha de um candidato alterou a sua imagem na empresa?

Sim, fez diferença. Eu não só me afastei alguns meses da ESPN para participar de uma eleição como candidata ou como equipe, mas do candidato da oposição ali. O pessoal fala muito agora dessa última eleição, que foi radicalizada, que teve muito golpe baixo, mas em 2010 já foi muito violento, foi muito pesado, assim de acusações, de agressões, então a rivalidade ali se acirrou muito. Na ESPN dava para perceber, era uma coisa que já havia antes desde a primeira eleição do Lula. Tinha toda uma expetativa, esperança. O Trajano participou de um grupo que fez propostas para a política esportiva do governo Lula, o Sócrates, que era muito chapa e querido, era membro do Conselho Nacional de Esporte do governo Lula, então tinha uma aproximação muito visível, muito evidente assim, de afinidade mesmo, normal, de identidade. Então também eu sabia que ia acontecer muitas vezes o que tinha acontecido lá na Olimpíada… de tomar o esculacho, tá todo mundo dizendo que os jogadores estão mascarados e eu estou dizendo ‘não, não é esse o problema’.

Que mudança você percebeu na ESPN por causa da política?

A ESPN aliviando nas críticas. Gente isso era muito anti-ESPN. A ESPN nunca aliviou em crítica, era muito legal isso. Era totalmente independente o espaço jornalístico do espaço comercial. E aí quando eu vi que esse fervor na defesa do dinheiro público estava arrefecendo um pouco na análise dos preparativos para a Copa do Mundo, eu já comecei a ficar um pouco desapontada. E mais ainda quando a audiência na ESPN me identificava como inimiga porque eu continuava fazendo as mesmas críticas contundentes. Então aquela coisa amarga, agressiva e violenta que eu já vivia sendo vereadora ou sendo sub-prefeita, que foram trabalhos que acumulei com a ESPN. Pô! Eu vinha da sub-prefeitura, onde já me davam um pau violento, e continuavam me dando pau na ESPN por causa da política. Já não eram mais divergências esportivas, mas político-partidárias. E aí dentro da ESPN eu fui virando a exceção e isso ressaltava mais a agressividade dos assinantes, dos fãs de esporte. “Ah.. ela fala isso porque ela é ressentida com o PT, ela saiu do PT, então ela tem inveja porque o Brasil vai sediar a Copa do Mundo”. Então vinha dos fãs de esporte e aí começou a aparecer esse ruído entre os próprios colegas. Essa divergência foi ficando muito difícil. Fui vendo essa condescendência da ESPN, ela não foi contundente como sempre tinha sido em relação a essa Copa no Brasil. E eu não fui a única a reparar. Nas redes sociais também, várias pessoas diziam assim: ‘porra meu, que decepção, decepção cara. Não esperava isso desse cara aí da ESPN’. Então doeu.

Nota da redação: Procurado pelo UOL Esporte, o vice-presidente de jornalismo e produção da ESPN Brasil, João Palomino, disse que a empresa sempre primou pela liberdade de expressão e por respeitar todas as opiniões.

“A Soninha sempre foi uma companheira leal e apaixonada por futebol. Tem todo nosso respeito e carinho, como sempre. É uma batalhadora e tem grandes amigos aqui. Não entendemos o motivo que a levou a citar algo que é da percepção dela, não nossa. E falo como companheiro de bancada e amigo dela, não como vice-presidente de jornalismo. Mesmo porque, a ESPN sempre notabilizou-se por respeitar a opinião de todos seus comentaristas, independentemente das suas preferências esportivas, políticas, etc… Não há restrição a quem quer que seja porque entendemos que a liberdade de expressão é sagrada e praticamos isso diariamente.”

Você gostaria de voltar à TV?

No ano passado eu não estava com vontade de voltar a fazer TV a não ser para falar sobre política. Sabe quando eu tenho vontade? Quando estamos discutindo a usina de Belo Monte, ou a Petrobrás, ou os separatistas da Ucrânia, esses grandes temas. Como eu queria fazer um programa de TV sobre a crise da água, a crise energética. Mas a saudade de mídia esportiva eu não tinha, agora eu tenho mais saudade. Até porque o que está acontecendo é que estou me afastando da política. Você disputa uma eleição e perde, uma eleição que era para ganhar, né? Para prefeita você sabe que demora um tempo, mas para deputada federal… eu tinha que me eleger deputada federal. Não tem cabimento eu ficar tão atrás na fila da suplência, dá uma brochada. E aí com essa brochada com a política volta mais a saudade de fazer TV, de fazer reportagem, debate. E isso inclui mídia esportiva. Eu amo esse negócio de esporte. E passou a ressaca também, né?

O que você gostaria de fazer hoje na televisão brasileira?

Eu volto àquela fase da faculdade, de pegar todas as coisas que você precisava fazer no começo e sonhar com essas coisas de novo. Tenho ideias anotadas em milhões de caderninhos, projetos para apresentar. A maioria não é de esporte, mas também tem.

Como você vê essa tendência do jornalismo esportivo de se unir ao entretenimento?

É legal quando entra o humor no esporte ou em qualquer editoria. É legal a ironia, o non sense, acho bacana, mas chega uma hora em que a balança pesa demais para um lado e aí eu sinto falta de um contraponto.

Ao que você gosta de assistir na TV esportiva hoje?

Gosto muito da edição do Tadeu Schmidt no Fantástico. Ele observa as coisas, não fica fazendo graça clichê com a escorregada que o cara deu na área. Vai muito além disso. Eu adoro o Tiago Leifert, acho muito legal como ele faz, super à vontade, coloquial, inteligente. Uma pessoa com dom. Não adianta outros tentarem fazer igual se não tiverem a presença de espírito e a simpatia que ele tem. O Plihal (André, repórter) é um cara da ESPN que eu adorava com uma observação diferenciada.

Como você vê o grande número de ex-atletas comentando?

Eu nunca tive aversão a ex-atletas comentando. Se o cara só está lá porque foi atleta realmente é ridículo, mas às vezes o atleta é super bom, de leitura de jogo e de comentário. E a experiência em campo é insubstituível. Às vezes o narrador vem cheio de teses. Lembro de várias vezes o Casagrande falando para o Galvão Bueno: “Não é assim, Galvão. Essa bola foi difícil, o passe foi ruim”. E ele pode falar sobre o nervosismo em campo, a relação de jogador com outro jogador, com o técnico em campo, com o árbitro. Eu adoro o Belletti comentando. Ótimo, uma visão de jogo diferenciada.

O que você acha da atuação de atletas na política como Romário, Marcelinho Carioca, etc?

Alguns jogadores têm atuação política ainda enquanto são jogadores. O Bom Senso… Aleluia! Ufa! Você tem caras na história como Sócrates, um exemplo na Democracia. Mas como em qualquer área de atuação o que leva os jogadores à política são coisas bem diferentes. Uns querem defender o esporte de modo geral, profissional ou amador, outros veem na política uma maneira de continuar na vida pública, de desfrutar da popularidade se elegendo para um cargo parlamentar sem muito interesse genuíno, querendo ser celebridade na política como foi no futebol. E tem caras que entram por alguma motivação. O Romário foi muito mais movido por ter a filha com Síndrome de Down do que pelo esporte propriamente dito e foi uma surpresa para muita gente. O Romário como jogador era meio fanfarrão, não estava muito aí, se o Eurico Miranda era bom para ele o resto não interessava. E no Congresso o Romário falava da Copa do Mundo com muita propriedade. Ele não tinha um discurso clichê.

Qual a sua opinião sobre o futebol brasileiro atualmente?

Eu tenho que reconhecer avanços na organização do futebol hoje. Algumas coisas melhoraram como o calendário, mas outras continuam com problemas endêmicos. A falta de transparência na gestão dos clubes profissionais, salários atrasados, o aporte muito desigual de recursos públicos no futebol em relação aos outros esportes e ao próprio futebol. Você tem a Caixa Econômica Federal que escolheu patrocinar dez clubes da Série A. Baseado em quê?

Futebol tem muito a ver com política?

Futebol tem muito a ver com política. Faz parte demais da nossa vida, pelo lado bom e ruim. Às vezes a paixão no futebol vira irracional, aquele pensamento: ‘esse time é minha vida e eu faço qualquer coisa para defender o meu time’. Quando isso acontece na política é cruel. Tem que ter paixão como em tudo na vida, precisa se dedicar, mas também tem que ter racionalidade, sensatez, pelo amor de Deus. Tem que ter uma análise, um pezinho para trás da paixão furiosa, essa paixão cada vez mais furiosa. As pessoas continuam se matando por futebol e na política é uma escalada de violência. Uma pena que a aproximação mais recente entre os dois seja o acirramento da intolerância.

UOL

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Geral

VÍDEO: COP30 VIROU ZONA: Protesto acaba em empurra-empurra, confusão e ferido na ‘área VIP’ da ONU

Imagens: Reprodução/Metrópoles

O clima esquentou na COP30, em Belém. Uma manifestação da sociedade civil, com participação de indígenas, terminou em correria, empurra-empurra e um ferido em frente à Blue Zone, a área mais restrita da conferência, onde ficam líderes e autoridades mundiais.

O protesto fazia parte da Marcha Global Saúde e Clima, que reuniu cerca de 3 mil pessoas no trajeto até o evento. Segundo os organizadores, tudo corria dentro do combinado com a COP — mas um grupo independente tentou avançar além da área de segurança.

Foi o suficiente para começar a confusão. Agentes da ONU reagiram, expulsaram os manifestantes e chegaram a montar barricadas com mesas para bloquear a entrada. Um membro da equipe de segurança acabou ferido e foi levado de cadeira de rodas.

Jornalistas que tentaram filmar o tumulto também foram hostilizados por seguranças do Departamento de Segurança da ONU (UNDSS), que impediram o registro de imagens.

Até o momento, a ONU não se manifestou oficialmente sobre o episódio.

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Política

Boulos chama relator do PL Antifacção de “protetor do crime organizado” e acusa Tarcísio de “mandar fazer o serviço sujo”

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, partiu pra cima do deputado Guilherme Derrite nesta terça-feira (11) e detonou o relatório apresentado pelo parlamentar sobre o PL Antifacção. Boulos classificou o parecer como uma “PEC da blindagem 2.0”, insinuando que Derrite estaria tentando proteger o crime organizado e atrapalhar a Polícia Federal.

“Ele está protegendo alguém, querendo acobertar alguém ou, como se diz na linguagem popular, passando pano pra alguém”. O ministro foi além e atacou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas: “O Tarcísio mandou o Derrite voltar pra Câmara pra fazer o serviço sujo. Essa é a verdade”.

Derrite, que deixou a Secretaria de Segurança Pública paulista na semana passada pra reassumir o mandato, rebateu e disse que não há nenhuma tentativa de limitar a PF.

Mas dentro do governo Lula, o clima é de bronca. Outros ministros, como Haddad, Gleisi e Lewandowski, também criticaram o relatório, que será votado nesta quarta-feira (12). O projeto, de autoria do Executivo, pretende endurecer o combate às facções criminosas — mas o texto de Derrite mudou pontos-chave, como a forma de atuação conjunta entre a PF e as polícias estaduais.

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Geral

ORGULHO POTIGUAR: Pesquisadores da UFRN entram na lista dos cientistas mais influentes do mundo

Foto: Reprodução

Sete pesquisadores da Universidade Federal do RN (UFRN) foram reconhecidos entre os cientistas mais influentes do mundo em 2025, segundo ranking internacional da editora Elsevier, uma das maiores do setor científico. O levantamento destaca os pesquisadores mais citados globalmente ao longo de 2024, com informações do Novo Notícias.

Entre os nomes, dois são do Instituto de Química (IQ): Carlos Alberto Martínez-Huitle e Kássio Michell Gomes de Lima, ambos do Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET). O grupo ainda inclui Madras Viswanathan Gandhi Mohan, João Medeiros de Araújo, Rafael Chaves, Edward J. Tehovnik e Eudenilson Lins de Albuquerque, de áreas como Física, Engenharia e Neurociências.

Para Kássio Michell, que é professor titular da UFRN e bolsista de produtividade do CNPq, o reconhecimento é fruto de trabalho em equipe. “É uma honra representar nossa universidade e mostrar que o Nordeste faz ciência de ponta”, afirmou.

Já Martínez-Huitle, que aparece na lista pelo sétimo ano consecutivo, reforça que o destaque é coletivo: “Esse reconhecimento é de todo o grupo. Ciência se faz com colaboração e paixão.”

Os dois pesquisadores atuam em áreas estratégicas — como química analítica, produção de hidrogênio verde, tratamento de água e soluções sustentáveis para a indústria, meio ambiente e saúde pública. Mais uma vez, a UFRN mostra que faz ciência de excelência — e com DNA potiguar.

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Judiciário

Veja fotos da “Papudinha”, cela onde Bolsonaro pode cumprir pena — com TV, ventilador e até copa

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom Agência Brasil

A chamada “Papudinha”, como é conhecida a carceragem do 19º Batalhão da PM do Distrito Federal, pode ser o destino do ex-presidente Jair Bolsonaro para cumprir a pena de 27 anos e 3 meses de prisão imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, no caso da suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.

As fotos do local, obtidas pelo portal Metrópoles em um processo de 2023, mostram celas amplas, com beliches, TV, ventilador e até uma copa. Segundo a reportagem, o espaço foi reformado recentemente e tem estrutura bem diferente das unidades comuns da Papuda — o que reacende a discussão sobre tratamento diferenciado para autoridades e políticos.

Fotos: Reprodução/Metrópoles

A equipe do ministro teria visitado o local pessoalmente para avaliar as condições da carceragem. Foram inspecionadas três áreas: o bloco de segurança máxima da Papuda, o Complexo Penitenciário principal e a Papudinha, onde já ficaram presos nomes conhecidos, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima.

De acordo com a coluna Igor Gadelha, Moraes já teria sinalizado a aliados que a Papudinha é o local mais provável para receber Bolsonaro quando a prisão for executada. Por enquanto, o ex-presidente segue recorrendo da condenação, mas o destino já parece traçado — e com ventilador, TV e tudo.

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Política

Derrite recua e tira terrorismo do projeto antifacção: “Não é recuo, é estratégia”

Foto: Pablo Jacob/Governo de SP

Pressionado por governistas, Polícia Federal e Ministério Público, o deputado Guilherme Derrite desistiu de equiparar o crime organizado ao terrorismo no texto do projeto antifacção. A proposta original previa endurecer a lei antiterrorismo para enquadrar facções criminosas, mas o relator voltou atrás — ou, como ele mesmo disse, “mudou de estratégia”.

“Vamos manter um texto duro. Isso eu não abro mão”, garantiu Derrite em entrevista coletiva. Segundo o parlamentar, o novo texto vai aumentar as penas contra integrantes de facções, mas sem alterar a lei do terrorismo. Ele negou recuo e afirmou que a mudança “beneficia a população”.

A decisão veio após forte reação da Polícia Federal, que alertou para risco de perda de autonomia nas investigações, e do governo Lula, que teme impacto sobre operações de combate ao crime organizado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a dizer que o relatório “fortalece o próprio crime organizado” e poderia prejudicar ações da Receita Federal, como a Operação Cadeia de Carbono, no Rio de Janeiro.

Mesmo com o recuo, Derrite promete “linha dura” contra as facções e diz que o texto será “um marco legal do combate ao crime organizado”. Nos bastidores, aliados avaliam que o deputado tenta blindar o projeto das críticas sem abrir mão do tom mais rígido que o fez ganhar força entre os defensores de uma política de segurança mais firme.

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Polícia

Homem é preso por agredir e ameaçar ex em Nova Cruz — e ainda bate em policial durante prisão

Foto: Divulgação/PCRN

Um homem de 31 anos foi preso nesta terça-feira (11) em Nova Cruz, no Agreste potiguar, depois de descumprir medida protetiva, ameaçar e injuriar a ex-companheira. A prisão foi feita por equipes da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) no bairro Cidade do Sol.

O sujeito já era figura conhecida da polícia. Ele havia sido preso em março deste ano pelo mesmo crime, mas foi solto em outubro. Segundo a investigação, o homem voltou a usar drogas e recomeçou o ciclo de ameaças e violência psicológica contra a vítima.

Na hora da prisão, o “valentão” resistiu à abordagem e ainda partiu pra cima de um policial, sendo autuado também por resistência e lesão corporal. Depois dos procedimentos, foi mandado de volta para o sistema prisional, onde deve continuar — pelo menos por enquanto.

A Polícia Civil reforça que qualquer denúncia pode ser feita de forma anônima pelo Disque 181.

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Economia

México mete tarifa de 210% no açúcar importado e Brasil entra na mira

Foto: Reprodução

O governo do México resolveu pesar a mão e anunciou tarifas de até 210% sobre o açúcar importado de países com os quais não tem acordos comerciais — o que inclui o Brasil. A medida, que entrou em vigor nesta terça-feira (11), é uma tentativa da presidente Claudia Sheinbaum de proteger os produtores locais e segurar o impacto da queda dos preços internacionais, segundo informações de O Antagonista.

A decisão faz parte do chamado “Plano México”, programa lançado para fortalecer a produção doméstica e estimular a economia nacional. As novas tarifas atingem vários tipos de açúcar, como o de cana, beterraba, xaropes e açúcar líquido refinado. Antes, a taxação era bem menor — cerca de US$ 0,36 por quilo.

Em nota publicada na rede X, o Ministério da Agricultura mexicano disse que o aumento serve para “proteger empregos e evitar distorções no comércio internacional”. Traduzindo: o governo quer frear a entrada de açúcar estrangeiro e dar fôlego à indústria local, que vinha sofrendo com o excesso de oferta no mercado global.

A nova taxação atinge em cheio o Brasil, um dos maiores exportadores de açúcar do mundo e fornecedor importante para o México. A decisão surge num momento em que o país latino negocia com os Estados Unidos ajustes no acordo comercial USMCA (o “Nafta 2.0”), previsto para revisão em 2026. Especialistas alertam que o movimento protecionista pode esfriar relações comerciais e aumentar o preço do produto nos mercados interno e externo.

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Judiciário

VÍDEO: BATE-BOCA NO STF: Toffoli e Mendonça trocam farpas e expõem racha: “Vossa excelência está exaltado”

Imagens: Reprodução/Metrópoles

O clima ferveu na Segunda Turma do STF nesta terça-feira (11). Os ministros Dias Toffoli e André Mendonça protagonizaram um bate-boca constrangedor em plena sessão, durante o julgamento de um caso que se arrasta desde 2005, segundo informações do Metrópoles.

A discussão começou quando Mendonça discordou do voto de Toffoli sobre um processo em que um juiz processou um procurador da República por ataques pessoais em entrevistas à imprensa. O ponto central era saber quem deve pagar a indenização — o servidor público ou o Estado, com base no chamado Tema 940 do STF.

Toffoli defendeu que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) agiu certo ao responsabilizar diretamente o procurador. “Cria um precedente muito ruim para os servidores públicos”, alertou. Mendonça rebateu dizendo que na época “era comum esse tipo de conduta”. Foi o bastante para o clima azedar. “Vossa excelência está exaltado”, disparou Toffoli, em tom irritado. Mendonça respondeu de forma seca: “Não acho.”

O embate durou cerca de dois minutos, mas deixou claro o racha interno no STF, onde até os ministros indicados por governos diferentes já não escondem as divergências — nem a impaciência.

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Política

Lewandowski diz que projeto antifacção é inconstitucional e segura votação na Câmara

Foto: Reprodução

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, jogou um balde de água fria no projeto antifacção que o governo Lula vinha tentando empurrar no Congresso. Em reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta, o ministro disse considerar inconstitucionais trechos do relatório feito pelo deputado Guilherme Derrite, que é ligado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — provável nome da direita para enfrentar o PT em 2026.

A conversa durou quase uma hora na residência oficial da Câmara, e o resultado foi claro: a votação, que estava prevista para esta terça (11), deve ser adiada. Derrite, relator do projeto, tem reescrito o texto várias vezes, mas o governo segue chiando. Um dos motivos é que as mudanças dele tirariam poder da Polícia Federal, obrigando operações a depender de autorização de governos estaduais — o que, segundo delegados, enfraqueceria investigações contra o crime organizado.

Lewandowski usou o artigo 144 da Constituição para sustentar que o texto mexe em funções da PF e ainda criticou a tentativa de equiparar facções criminosas ao terrorismo, algo que o Planalto rejeita com medo das consequências políticas. Bastidores de Brasília dizem que o governo teme também que o relatório crie brechas para blindar políticos investigados.

A escolha de Hugo Motta por Derrite irritou o Planalto, que viu um movimento político para fortalecer Tarcísio e transformar o debate sobre segurança pública em palanque eleitoral antecipado. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, correu para reunir aliados e tentar resgatar o texto original do governo — ou, no mínimo, empurrar o assunto com a barriga até que o clima político esfrie.

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Geral

VÍDEO: Potiguar 01 evita tragédia e salva jovem que quase morre afogado na Redinha

Imagens: Reprodução/Via Certa Natal

Um jovem de cerca de 25 anos viveu momentos de desespero e quase perdeu a vida na tarde desta terça-feira (11) na praia da Redinha, Zona Norte de Natal. Ele se afogava quando foi visto por banhistas e acabou sendo salvo por uma equipe do Ciopaer (Centro Integrado de Operações Aéreas), que usou o helicóptero Potiguar 01 no resgate.

A operação chamou atenção de quem estava na orla. O helicóptero sobrevoou baixo, um tripulante desceu até o mar e puxou o rapaz, que já estava exausto e prestes a submergir. Foi tudo muito rápido — segundos que fizeram a diferença entre a vida e a morte.

Em terra firme, o Corpo de Bombeiros Militar prestou os primeiros socorros e confirmou que o jovem passa bem. Segundo informações do Ciopaer, o resgate foi realizado com sucesso e o homem não corre risco de vida.

Com o calor intenso e praias cheias, o alerta fica para os banhistas: a Redinha é uma das áreas mais perigosas para mergulho em Natal, conhecida pelas correntes fortes e maré traiçoeira. A recomendação dos bombeiros é simples — redobrar a atenção e nunca subestimar o mar.

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