Polícia

Lula se cala em depoimento de duas horas à PF

Foto: Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso pela Operação Lava Jato desde abril do ano passado em Curitiba, prestou depoimento na Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (5).

Como Lula está detido em uma sala especial na PF, não precisou de deslocamento para a oitiva, que começou por volta das 9h e terminou pouco antes das 11h. O petista ficou em silêncio, conforme informou a PF.

“Ninguém é obrigado a depor sobre um processo sigiloso, sobre documentos ocultos. E é isso que a defesa está buscando, a defesa está buscando exercer um direito, o direito de ter acesso a uma investigação antes que o ex-presidente venha prestar depoimentos”, afirmou o Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula, ao sair da PF.

O advogado deixou claro que a defesa não teve acesso aos autos do inquérito e, por isso, o ex-presidente ficou em silêncio.

O fato de a defesa não ter tido acesso aos documentos já foi motivo para que a oitiva fosse adiada. Contudo, de acordo com Zanin, a defesa ainda não teve esse acesso à íntegra das investigações.

“O ex-presidente é o maior interessado em esclarecer a verdade dos fatos, mas a defesa não pode abrir mão de uma garantia constitucional que é a de conhecer a íntegra do processo antes que ele vá prestar um depoimento”, disse Zanin.

Depoimento suspenso

Esse depoimento estava marcado para 22 de março, mas foi suspendido pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da defesa do petista. Lula foi condenado em dois processos da Lava Jato.

O depoimento é referente a inquéritos que tramitam na Justiça Federal do Paraná. Em março, a defesa do ex-presidente argumentou que ele não havia tido acesso a uma série de relatórios e laudos, o que representava cerceamento de defesa.

Ao analisar o pedido, Fachin deu razão à defesa e determinou que os advogados tenham no mínimo cinco dias para analisar o material.

Inquéritos

Os inquéritos sobre os quais ele deve prestar depoimento envolvem os seguintes fatos:

Se houve lavagem e corrupção em razão do suposto pagamento de propina pela Odebrecht no caso de navios-sonda construídos pela Sete Brasil;

Se houve lavagem, corrupção e cartel em relação a atos de Lula na construção da Usina de Belo Monte.

Versão de Lula

Desde o início das investigações, a defesa de Lula afirma que o ex-presidente não cometeu crimes antes, durante ou depois do mandato, acrescentando que não há provas contra Lula.

O próprio Lula também já disse reiteradas vezes que é inocente e não cometeu irregularidades.

G1

 

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  1. A característica fundamental de todo bandido: não tem bens em seu nome, não viu nada, não sabe de nada.

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Finanças

À PF, empresário diz não se lembrar de acerto de caixa dois para Mercadante

O empresário João Santana, presidente da Constran, afirmou à Polícia Federal que esteve presente na reunião mas “não se recorda” de acerto para doação via caixa dois entre o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, então candidato ao governo de São Paulo pelo PT, em 2010.

O depoimento foi prestado em 21 de janeiro deste ano no inquérito que investiga Mercadante no STF (Supremo Tribunal Federal), aberto com base em delação premiada de Pessoa.

Também em um novo depoimento à Polícia Federal, Pessoa mudou os valores que havia informado inicialmente, em sua delação premiada, como sendo suas doações a Mercadante. Agora, disse que doou R$ 500 mil oficialmente e outros R$ 250 mil em caixa dois, em espécie (antes ele havia afirmado que foram R$ 250 mil oficialmente e R$ 250 mil de caixa dois).

Segundo Pessoa, as doações foram acertadas em uma reunião na casa de Mercadante em São Paulo sob a presença de João Santana, cuja empresa Constran faz parte do grupo da UTC, e do coordenador da campanha do petista, Emidio Pereira de Souza.

Santana confirmou ter participado da reunião, mas disse não se lembrar do acerto do caixa dois. “Tendo em vista que Ricardo Pessoa era quem decidia acerca de doações eleitorais, o declarante não participou ativamente desse diálogo. Por este motivo, não se recorda de detalhes do acerto de como se daria o pagamento da doação de campanha”, afirmou à Polícia Federal.

E completou: “Não se recorda, ainda, se ficou estabelecido que metade do valor seria disponibilizada por meio de doação oficial e a outra metade em espécie”.

O presidente da Constran disse que Ricardo Pessoa concentrava todos as tratativas de doações e que nunca teve conhecimento que a UTC mantinha um caixa paralelo para fazer essas colaborações.

Também ouvido pela Polícia Federal, o ex-diretor da UTC Walmir Pinheiro diz que fez a operação financeira para gerar o dinheiro a ser repassado à campanha de Mercadante, mas que não participou da entrega.

“O declarante não fez o pagamento diretamente ao candidato, e não se recorda de quem o tenha feito, tendo quase certeza de que entregou o respectivo valor a Ricardo Pessoa, que providenciou a entrega”.

OUTRO LADO

Mercadante tem negado o recebimento de doações via caixa dois e afirma que todas as doações foram devidamente registradas na Justiça Eleitoral.

Na Justiça Eleitoral, estão registradas doações de R$ 500 mil do grupo UTC à campanha de Mercadante em 2010. Os outros R$ 250 mil não aparecem -que Pessoa diz ter doado via vai caixa dois e o petista nega recebimento.

Procurada, a defesa de Mercadante afirmou que os depoimentos são “absolutamente contraditórios”. “Não têm informação alguma, até porque o referido fato [doação em caixa dois] nunca aconteceu. Fica claro que há criação visando obter a delação premiada”, disse o advogado Pierpaolo Bottini.

Folha Press

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