Esporte

Olimpíadas de Tóquio: Alison dos Santos, de apenas 21 anos, conquista bronze nos 400m com barreiras; “puto”, Abner Teixeira consegue mais uma medalha para o boxe brasileiro

Fotos: Lucy Nicholson/Reuters/REUTERS/Aleksandra Szmigiel

A dancinha começou já na pista de aquecimento, quando ele deslizou o dedo pela tela do celular e mandou a primeira da sua sequência de músicas da playlist “Olympic Games”, escolhida com todo amor e carinho antes da viagem para as Olimpíadas de Tóquio.

Prosseguiu na antessala dos atletas, onde eles ficam nos minutos antes da prova. Na hora da apresentação, Alison Brendom dos Santos, o Piu, de 21 anos, entrou com confiança, apontou para os céus e pediu proteção.

A combinação de descontração e foco surtiu efeito. Piu disputou a decisão dos 400m com barreiras no Estádio Olímpico de Tóquio sob forte sol e uma temperatura de 31ºC (sensação de 38ºC) com autoridade. E o resultado foi histórico. Com a marca de 46s72, novo recorde sul-americano, ele levou a medalha de bronze. O ouro ficou om o norueguês Karsten Warholm, com novo recorde mundial (45s94). A prata acabou com o norte-americano Rai Benjamin (46s17).

Foi a primeira medalha brasileira no atletismo nas Olimpíadas de Tóquio e a 18ª da modalidade em todos os tempos – a primeira veio há 69 anos, com o ouro do lendário Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo em Helsinque 1952.

Antes da decisão pelas medalhas, Alison já havia quebrado seis vezes o recorde continental da prova em um espaço de pouco mais de três meses. A sequência incrível o deixou mais próximos dos dois expoentes da prova: o norueguês Karsten Warholm, bicampeão mundial e atual recordista mundial (46s70), e o norte-americano Rai Benjamin, dono da terceira melhor marca de todos os tempos (46s83).

Nascido em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, o corredor chama a atenção à primeira vista por carregar consigo uma grande cicatriz na cabeça e outras um pouco menores no peito e no braço esquerdo. As marcas são o resultado de um acidente doméstico com uma panela de óleo quente aos 10 meses de idade.

“Puto”, brasileiro Abner Teixeira conquista bronze no boxe

Abner Teixeira acerta golpe em Julio La Cruz na semifinal: ele é bronze no boxe nas Olimpíadas de Tóquio — Foto: Wander Roberto/COB

A medalha é bem-vinda, mas Abner Teixeira não quis fazer média. Depois de perder na semifinal olímpica para o cubano Julio La Cruz, o peso pesado brasileiro foi “sincerão” ao comentar a derrota, mesmo sabendo que o bronze estava garantido, já que no boxe não há disputa de terceiro lugar.

– Isso vai ficar chato de dizer na TV, mas ‘tô’ p*** né? Ninguém gosta de perder, especialmente eu, odeio perder. Trabalho para não acontecer isso. Mas pelo fato de ser medalhista, fico feliz, era o que tinha me proposto a fazer. É a realização de um sonho, de querer estar aqui, participar de uma Olimpíada e não só isso, ganhar uma medalha – afirmou o paulista ao SporTV.

O lutador de Santo Amaro-SP admitiu que não conseguiu impor seu melhor jogo. Ele creditou o cubano, tetracampeão mundial e medalha de ouro olímpico na Rio 2016, por implementar melhor sua estratégia e não permitir que ele jogasse na sua distância preferida.

– Ele soube usar a experiência dele bem. Eu estava me sentindo muito bem para essa luta, não tem desculpa, nem lesão, nada. Trabalhei da melhor forma possível, a luta ficou um pouco agarrada, acho que foi a estratégia dele, não estava conseguindo boxear. Ele acabou parando comigo na curta, não estava esperando. Mas mesmo sem esperar, eu estava pronto, fiz o que consegui fazer. Tentei explodir, acertar o corpo dele, minar o gás dele, mas ele acabou sendo melhor.

Mal saiu do ringue, Abner já vira a chave para outros dois compromissos ainda em 2021. E também já está de olho em Paris 2024.

– Mês que vem tenho o Campeonato Mundial Militar na Rússia. Saindo daqui, vou iniciar diretamente meus treinamentos para o campeonato. E depois desse campeonato, em outubro, eu tenho o Campeonato Mundial de Boxe, em Belgrado, que é minha outra meta, ser campeão mundial de boxe. Vamos atrás dessa outra meta. (…) Paris vai ser melhor, tenho certeza.

Abner levou a quarta medalha de bronze do boxe brasileiro na história dos Jogos Olímpicos: além dele, Servílio de Oliveira (Cidade do México 1968) e Adriana Araújo e Yamaguchi Falcão (Londres 2012) também conquistaram esta medalha. A seleção brasileira tem ainda mais duas medalhas garantidas em Tóquio, com Hebert Conceição e Bia Ferreira, já classificados às semifinais em suas categorias.

Com Globo Esporte

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esporte

Esperança de medalha no atletismo com os 400m com barreiras, Alison dos Santos celebra semifinal com ‘Vulgo Malvadão’ e inspirado na menina Rayssa Leal

Foto: Wagner do Carmo/CBAt

Um dos brasileiros mais cotados a uma medalha no atletismo, Alison dos Santos estreou em grande estilo nos 400m com barreiras no Estádio Olímpico de Tóquio nesta sexta-feira (do horário do Japão, quinta à noite de Brasília). O paulista marcou 48s42 em sua série eliminatória e avançou para a semifinal, que será realizada no domingo a partir de 9h05.

Alison foi à pista embalado pelos “mandamentos” de Rayssa Leal, que levou a medalha de prata no skate street com um show de irreverência e tranquilidade. Ele dançou e cantou um funk chamado “Teu Vulgo Malvadão” antes da prova e, depois dela, até brincou na zona mista. (Vídeo AQUI).

– A Rayssa tem 13 anos, mas já está muito além de todo mundo. Ela é incrível, gravando nas redes sociais, dançando, se divertindo, mostrou o quanto ela não se deixou abater. Quero ir no mesmo caminho – afirmou o recordista sul-americano dos 400m com barreiras, que tem a terceira melhor marca do mundo na temporada.

Além da inspiração com a jovem skatista, Alison tem feito um acompanhamento psicológico intenso para lidar com as expectativas nas Olimpíadas. A orientação foi clara: se divirta.

– Eu passei por uma psicóloga antes das Olimpíadas, que me passou a necessidade de ser eu mesmo, me sentir tranquilo, ter prazer nesses momentos. Ter coisas que me fazem bem. Ouvir música, dançar e me distrair só vai me fazer bem – disse.

Na prova, o brasileiro imprimiu um ritmo muito cadenciado e explicou que tentou ser o “mais econômico possível” pensando na semifinal e na final. Com a primeira parte da missão cumprida, ele voltou para a Vila Olímpica para se preparar e espairecer.

– Tem que ouvir uma boa, tem que ter uma musiquinha para descontrair e ficar mais leve, né? Quanto mais leve você estiver, mais você corre.

Globo Esporte

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *