Economia

Greve de fiscais federais causa prejuízo diário de R$ 15 mil a exportadora de atum do RN

Andrielle Mendes, da Tribuna do Norte

A greve dos fiscais agropecuários federais, deflagrada em todo o país na última segunda-feira, já causa prejuízos no Rio Grande do Norte. Os agentes – ligados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – suspenderam por tempo indeterminado inspeções, registro e certificação de produtos, afetando a importação e exportação de produtos de origem vegetal e animal. No Porto de Natal, um carregamento de 300 toneladas de atum foi retido. A carga, avaliada em US$ 2 milhões (o equivalente a R$4,05 milhões, considerando o dólar comercial a R$ 2,0280), seguiria já nesta quarta-feira para o destino final.

Cerca de 250 toneladas seguiriam para o Japão, principal consumidor, e o restante seria comercializado dentro do Brasil, como explica Gabriel Calzavara, presidente da Atlântico Tuna e responsável pelo carregamento, um dos maiores da empresa.

A empresa teve que alugar conteinners especiais para acondicionar o pescado resfriado a menos de 60 graus e também terá que pagar pela permanência da carga no porto. Gabriel estima que o prejuízo fique em torno de US$ 15 mil por dia (equivalente a R$ 30,4 mil por dia). “O problema é que a gente não sabe quando a greve vai terminar”, observa.

O pescado será transferido da embarcação pesqueira para conteinners especiais hoje pela manhã. Ainda não há previsão para liberação da carga, segundo Gabriel. A demora não afeta a qualidade do produto, mas provoca a quebra de contratos. “O pescado, que será acondicionado na câmara fria, pode esperar. O mercado  não”, diz ele, que passou a tarde inteira negociando a liberação da embarcação e ligando para os clientes. Dois novos desembarques da empresa, que captura atum no oceano Atlântico em parceria com a japonesa Japan Tuna, estão previstos para setembro.

De acordo com Januspablo Fonseca de Macêdo, delegado sindical do Sindicato dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) no Rio Grande do Norte, apenas cargas perecíveis e animais vivos – como frutas, principais itens da pauta de exportação – serão despachados. O restante ficará retido até segunda ordem. Só os serviços considerados essenciais serão mantidos.

Antes de ser informado do incidente, o presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), responsável pelo porto, Pedro Terceiro de Melo, que estava em viagem, chegou a dizer que a greve dos fiscais agropecuários federais não afetaria a operação do porto. “Não afetou ainda e acredito que não vai afetar”, disse minutos antes de ser informado.

Reivindicações

Em todo o país, os fiscais reivindicam melhores condições de trabalho, reestruturação da carreira e contratação de profissionais mediante concurso público. No Brasil, são 3,2 mil profissionais. No RN, são 33 médicos-veterinários, engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos e zootecnistas – 12 deles com idade suficiente para se aposentar. Segundo Januspablo, seriam necessários, pelo menos, 60, para atuar no porto, aeroporto, frigoríficos e indústrias de alimentos e bebidas.

Trinta e um fiscais aderiram à greve no Estado. “Trabalhamos sobrecarregados. Estamos no limite”, afirma o delegado sindical. A categoria, explica Januspablo, está em negociação com o governo federal desde janeiro de 2010. “O governo, no entanto, cancelou a última reunião, e nós decidimos iniciar o movimento”.

Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento afirmou que está disposto a dialogar desde que os serviços essenciais sejam mantidos. “O Mapa está monitorando dia a dia, por meio de relatórios das superintendências, o andamento das atividades”, afirma a nota.

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