Comportamento

Traição: casais contam como definiram limites do que é infidelidade

Imagem: iStock

A palavra traição tem o poder de estremecer relacionamentos dos mais sólidos. Para muita gente, basta imaginar uma possível infidelidade que vem aquela mistura de raiva, medo e decepção. Mas você já parou para pensar que as fronteiras que delimitam uma traição são diferentes para cada casal?

Segundo a psicóloga e sexóloga Yris Souza, nos baseamos em nossas experiências de vida para poder definir o que consideramos adultério.

“Há pessoas que entendem traição apenas quando caracterizada pelo contato físico, outras já associam a conversas com segundas intenções ou até mesmo pensamentos”, explica. Já a psicóloga Khristian Barbalho Fragoso de Sequeira define como traição o desrespeito à relação. “É ferir com imaturidade a quem está sendo leal”.

Mas só quem pode chegar a um veredito é o casal por meio de um acordo. Para Yris, o ideal é que o par defina conjuntamente o entendimento do que é infidelidade para evitar futuros desentendimentos. “Isso nem sempre é algo pactuado inicialmente –o que evitaria muitos conflitos–, mas por vezes são direcionamentos que vão se desenvolvendo no decorrer do relacionamento e a partir das vivências do casal”, comenta.

As regras têm de valer

O casal Tuy Potasso e Biel Vaz, do canal de Youtube Sensualise Moi, acredita que traição é mesmo descumprir esse acordo citado pela psicóloga, “seja ele qual for”. “A questão do chifre não está relacionada a uma pessoa, mas como você trata as regras dentro do seu relacionamento. É quebra de contrato”, opina Biel.

Tuy e Biel são casados e costumam convidar terceiros para participar de sua vida sexual. Em seu canal, os dois falam sobre sexo e das experiências que têm com outras pessoas. “Quando falamos que nosso relacionamento tem regras, as pessoas acham que estamos nos prendendo. Pelo ao contrário, as regras libertam, pois sei até onde posso ir sem magoá-lo. E vice-versa. Isso dá uma liberdade gigantesca”, conta Tuy.

A principal a regra que norteia o romance dos dois é de que eles não podem “ficar sexualmente com outra pessoa” se ambos não estiverem presentes. “Num relacionamento monogâmico, quando um dos dois sai com outro é traição. Para nós não. Vou me sentir traído se algo que eu deixei claro e explícito não for cumprido”, diz Biel.

Uma maioria monogâmica

Uma pesquisa do aplicativo Ashley Madison mostra que, para 55% das pessoas, ter ligação emocional com alguém que não seja o parceiro já é um um tipo de traição. Os mais de 3 mil entrevistados apontaram como infidelidade desde um flerte pelo WhatsApp até o envio de nudes.

Para Tuy, todo casal deve ser sincero na hora de estabelecer o seu código de conduta, caso contrário, haverá arrependimento futuro, desconforto ou até mesmo traição. “O que falta é cada relacionamento se entender como individual e não como parte da sociedade”.

É o caso do colorista Rafael Cesar Ocker, que afirma saber ser um homem “mais antigo”. Casado há 8 anos com a técnica em segurança do trabalho Karini Nunes, ele acredita que o casal não precisa ter as mesmas opiniões, mas não devem esconder questões relacionadas à fidelidade. “A base de uma relação, para mim, é o respeito. Tenho que aceitar suas qualidades e defeitos porque comprei um pacote completo”, diz.

Paquera pode ser problema

Rafael considera traição desde o contato físico até o contato verbal, como conversas em WhatsApp e flertes virtuais. “Considero traição tudo que acaba envolvendo mentiras. A partir do momento que a pessoa se sente disposta a conversar e a dar abertura para conversas que não podem ser reveladas ao parceiro ou agir por suas costas escondendo opiniões desejos”.

Karini acredita que só o simples desejo, ou seja, o interesse por uma pessoa fora da relação, já configura traição. “Claro que o ato físico, o sexo e o beijo também estão nessa conta”. Todavia, para ela, o fato de “dar abertura” para conversas não é infidelidade para ela. “Mas entendo que possa, sim, levar à traição”. Segundo a psicóloga, um evento que é visto como “pequeno” por um, pode ser um desastre na vida de outro. Isso porque a paquera em si promove aspectos como interesse, atração, atenção e disponibilidade. “São fatores que podem (ou não) estar ausentes no relacionamento, uma vez que estão sendo direcionados a outra pessoa, mesmo que virtualmente”, explica.

“Não é uma questão física”

“Considero traição quando existe um envolvimento emocional maior”, comenta o editor de vídeos Tiago Barbosa. Namorando há um ano com o videomaker Daniel Alfaya, ele diz que os dois conversaram sobre fidelidade para acertarem os ponteiros. “O combinado é que se não abalou, não precisa nem contar”, diz.

Para eles, se rolar beijo em balada, por exemplo, e for apenas aquela coisa momentânea, não é preciso dizer ao outro. “Se um dia eu souber que ele ficou bêbado e deu um beijo em alguém, não ia ser o fim do mundo, mas minha confiança poderia ficar abalada”, afirma. Daniel concorda: “Se ele quiser ficar alguém, quero que fique e perceba que, ainda assim, eu sou a melhor coisa para ele”.

Para eles, a traição pinta quando há algo maior que o tesão. “Existem pessoas que ficam em um flerte eterno pelas redes sociais. Pode parecer inofensivo, mas já é uma semente que está sendo plantada”, comenta Tiago. Daniel considera infidelidade “aquele momento que você fica de papinho no Instagram depois de dar três curtidinhas”. “Me sentiria traído se a pessoa não quer mais estar comigo e fica me ocupando simplesmente por apego, daí acho muito triste”, finaliza.

Universa – UOL

 

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