Saúde

Ivermectina: continua o debate científico sobre efeitos para Covid-19; com alguns estudos apresentando sinais positivos, discussão ganha o mundo e está longe de ser encerrada

Foto: Almeida Aveledo/ZUMA

A Europa está “atrasada” na discussão sobre a ivermectina. Motivo das aspas: a politização a respeito da ivermectina demorou mais a chegar aos países europeus. Mas chegou, obviamente.

“Acho que ela virou uma nova hidroxicloroquina”, resumiu para o jornal Le Parisien o pesquisador espanhol Carlos Chaccour.

Evidentemente, já havia posições divergentes sobre os efeitos do vermífugo para atenuar os efeitos deletérios do novo coronavírus sobre o sistema respiratório. Parece que a discussão começou há muito tempo, mas ela é relativamente nova e foi desencadeada porque “certas propriedades da ivermectina permitem frear a replicação de numerosos vírus, inclusive o da febre amarela”.

A explicação é de Chaccour, um dos pesquisadores da Universidade de Navarra que publicaram na The Lancet em janeiro os resultados de uma pesquisa feita com pacientes sem sintomas severos de Covid-19. Suas conclusões foram que os tratados com o medicamento no prazo de 72 horas depois do aparecimento dos sintomas apresentaram “redução marcante” da perda de olfato e da tosse, além de “uma tendência a cargas virais mais baixas”.

Outro estudo, mais recente, do Instituto Pasteur, testou a ivermectina em hamsters de laboratório (resultados publicados na revista EMBO Molecular Medicine do último dia 12).

“Os resultados sugerem que a ivermectina pode ser considerada como um agente terapêutico contra a Covid-19”, diz o comunicado do histórico Instituto.

Não mostram, porém, efeito sobre a replicação viral do SARS-CoV-2.

“Os autores do estudo mostraram que a ingestão do medicamento em doses padrão permite reduzir em modelo animal os sintomas e a gravidade da infecção por SARS-CoV-2”.

“Os resultados do estudo revelam que a ivermectina atua sobre a modulação da resposta imunológica” e “permite assim diminuir a inflamação nas vias respiratórias”.

“De maneira surpreendente, observamos que o tratamento com ivermectina não limitou a replicação viral, os modelos tratados e não tratados apresentavam quantidades similares de carga viral na cavidade nasal e nos pulmões”, disse o pesquisador Guilherme Dias de Melo, formado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp de Araçatuba.

“Nossos resultados revelam que a ivermectina tem um efeito imunomodulador e não antiviral”.

“A ivermectin pertence a uma nova categoria de agente anti-Covid em modelo animal. As pesquisas abrem caminho a eixos de desenvolvimento de melhores tratamentos contra a Covid-19 no homem”, disse outro dos autores, o epidemiologista Hervé Bourhy.

São notícias positivas para que procura entender a questão do ponto estritamente científico – tarefa para equilibristas, diante da forma como o medicamento também se tornou questão de fé, traduzida por declarações como “Acredito na ivermectina” ou “Quem acredita nisso é um negacionista fanático”.

Do lado negativo, foram levantadas restrições éticas a um estudo feito no Egito chefiado pelo médico Ahmed Elgazzar, diretor da revista de medicina da Universidade de Benha.

Segundo o estudo randomizado, pacientes tratados com o medicamento tiveram recuperação mais rápida e redução de mortalidade de até 90%.

O estudo foi retirado do Research Square depois que um mestrando de medicina na Inglaterra, Jack Lawrence, identificou parágrafos inteiros copiados de sites e outras fontes. O aparente plágio foi disfarçado com a mudança de palavras por sinônimos. O estudante também encontrou disparidade de números entre os pacientes usados para a pesquisa.

“O estudo de Elgazzar era um dos maiores e mais promissores mostrando que o medicamento pode ajudar pacientes de Covid”, anotou o Guardian, com mal disfarçada alegria – todo mundo sabe que, na loucura do mundo atual, ivermectina é “de direita” e tudo que a desmoralizar será considerado uma vitória da esquerda.

O estudo egípcio foi um dos quinze usados numa meta-análise, uma pesquisa sobre pesquisas, publicada no último número do American Journal of Therapeutics.

Entre suas conclusões: existe uma “evidência de certeza moderada” de que o uso da ivermectina possibilita “grande reduções no número de mortes por Covid-19” e pode reduzir os casos que têm evolução negativa.

Entre os estudos incluídos, um analisa como a ivermectina impede o vírus de se acoplar os receptores ACE-2, a porta de entrada da Covid no nosso organismo.

Na introdução, os autores destacam que o uso contra a Covid-19 de medicamentos já existentes, desde que obviamente se mostrem benéficos, é muito importante no caso de uma doença nova, por causa do tempo que leva para desenvolver remédios específicos.

É possível afirmar, categoricamente, que a eficiência da ivermectina foi provada em testes submetidos ao rigor científíco, mais além dos resultados observacionais? Ou que, ao contrário, não tem utilidade?

Muitos esperam a resposta do projeto PRINCIPLE de Oxford, que estuda medicamentos já existentes, tendo já descartado a eficiência da azitromicina.

A ivermectina foi acrescentada ao projeto em junho. O medicamento já é amplamente acessível em escala global, sendo usado para “muitas outras condições infecciosas, sendo portanto um remédio já conhecido com um bom perfil de segurança e resultados iniciais promissores em alguns estudos”, disse um dos chefes da pesquisa, Chris Butler.

O carimbo de Oxford, contra ou a favor, tem um peso obviamente importante, embora não definitivo.

Por enquanto, segundo o pesquisador espanhol Carlos Chaccour, “não existem elementos suficientes para dizer que é eficaz ou que não é”.

“Continuamos na terra de ninguém”.

Veja

 

Opinião dos leitores

  1. Continuo na ivermectina e estou escapando do vírus Chinês, enquanto conhecidos e familiares que foram na coronavac ou pegaram o Covid ou morreram.

  2. Recomendo a todos os bolsominions..tomem ivermectina e cloroquina e deixem a vacina pra quem gosta de estudar.

    1. Definitivamente, está difícil identificar os mais idiotas nesse caso, se ‘os marias vão com as outras’ em relação as opiniões absurdas que esses idiotas vomitam, os idiotas a quem me refiro são os que defendem esses dois crápulas, o Ladrão e o Maluco’. Esse povo não reconhece, nem tão puco respeita quem estudou décadas pra se tornar um cientista e está consumindo toda a sua vida par buscar curas para as mais diversas doenças mundo afora. Desprovidos de sabedoria, dentre a Classe Cientifica sempre teve e terá divergências sobre diagnósticos e seus respectivos remédios para cura. Entendam isso, pelo amor de Deus.

    2. Os Bolsominions também tem que tomar vacina, mas é a da AFTOSA! :))

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *