Polícia

Witzel alerta que é alvo do crime organizado e suspeita de bombas em seu carro e no de sua família; governador do RJ confirma que snipers “já estão atuando”

Foto: Reprodução/TV Globo

O governador Wilson Witzel afirmou na manhã desta quinta-feira que está sendo feito controle de bombas nos carros dele e de sua família porque o crime organizado o “transformou num alvo”. Em entrevista ao “Bom Dia Rio”, da TV Globo, o governador disse que não é um cidadão comum, mas um cidadão “que está aniquilando o tráfico de drogas e as milícias”:

– Eu estou na rua, não deixo de sair às ruas, mas eu sou um alvo. O crime organizado me transformou num alvo, estamos combatendo o crime organizado de tal forma, o prejuízo que estamos dando aos cartéis, pelas apreensões de drogas que estamos fazendo, quantidades absurdas. (…). Sou um cidadão que está aniquilando o tráfico de drogas e as milícias. Hoje nós estamos fazendo controle de bombas nos carros meu e da minha família.

Após dizer, nesta segunda-feira, que não o cabia “fazer juízo de valor” , Witzel comentou a morte do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, cujo carro foi alvo de mais de 80 tiros disparados por militares na tarde deste domingo. Segundo o governador, ele estava esperando uma manifestação da Justiça Militar, que decretou a prisão de nove homens, para se pronunciar sobre o caso:

– Eu tenho que me posicionar. Quando o juiz decreta a prisão, e foi decretada a prisão daqueles militares que atiraram contra aquela família. Desde já manifesto aqui os meus sentimentos pelo erro grosseiro que foi praticado por aqueles militares.

O governador negou que tenha ignorado o episódio e que não o faria “em hipótese alguma”.

– Estão me acusando de ter ignorado a morte do músico. Em hipótese alguma. Eu quero dizer que jamais faria algo abominável como isso. Eu só aguardei que a Justiça Militar se manifestasse, e assim ela o fez, decretando a prisão para que eu, como governador, pudesse me manifestar – disse Witzel.

Witzel acrescentou que, como magistrado, tinha que aguardar “minimamente os indícios de autoria” antes de acusar “o Exército Brasileiro de ter praticado um ato abominável, que foi praticado”. E afirmou que “o Exército tem que reavaliar seu protocolo”:

– Eu não sou um cidadão comum, eu sou um governador de estado. Eu não posso sair por aí acusando o Exército Brasileiro de ter praticado um ato abominável, que foi praticado. A juíza decretou a prisão preventiva daqueles soldados, que não têm uma capacidade, como tem a Polícia Militar, de fazer um policiamento. E agora o Exército tem que reavaliar seu protocolo.

Snipers

Sobre os snipers, o governador afirmou que “já estão atuando” e que não faz “a menor ideia de quantos já foram mortos”:

– Não faz parte do meu trabalho acompanhar quem são os mortos pela Polícia Militar. Quem tem de fazer isso é o Ministério Público. Os autos de resistência estão à disposição da instituição, cada um tem seu papel constitucional. O meu é fazer a polícia funcionar, é dar instrumentos para que ela tenha condições de operar, com material, com homens, com treinamento. É meu dever fiscalizar se a PM está dando treinamento, está orientando os homens, se está com viatura, se está funcionando. É fazer funcionar.

Segundo Witzel, seus alvos no quesito segurança são a milícia, o tráfico e o crime organizado. E destacou que “já são mais de 700% de novos investigados em lavagem de dinheiro por esse departamento”. Para o governador, foi desenvolvida uma investigação “importante contra o colarinho branco”, mas não há investigação “com a mesma eficácia da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, dos cartéis instalados no Brasil, e do tráfico de armas”.

Ele destacou o plano de, nos dois primeiros anos de governo, contratar 3 mil novos policiais militares, 400 policiais civis e fazer concurso para 180 delegados e mais 800 policiais. E falou sobre seu projeto para acabar com a milícia:

– Vamos ter de prender eles. Para isso, é preciso ter uma Polícia Civil, que está totalmente desestruturada, com o efetivo em praticamente um terço. Estamos com concursos previstos para delegado e policial. Contratei papiloscopistas, que vão ajudar também nos cartórios. Dobrei o número, com recursos repassados da economia da Alerj. Com isso, começamos a recompor a capacidade dessas polícias de operar. Principalmente a polícia judiciária.

O governador disse ainda que não vê “nenhuma inconstitucionalidade” no projeto de lei que dá porte de arma a deputados estaduais e agentes do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), aprovado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quarta-feira. A princípio, a proposta era restrita aos agentes do Degase. O autor do parecer que modificou o projeto é Márcio Pacheco (PSC), líder do governo Witzel e presidente da Comissão de Constituição e Justiça:

– O fato de os deputados terem aprovado este projeto é preciso avaliar no juízo de conveniência, uma vez que eles não estão contemplados (no estatuto do desarmamento). Mas é um poder, legislativo, mas um poder. Diante daquilo que eles entendem que é cabivel a eles, é preciso ter uma interpretação constitucional talvez extensiva, não limitada ao estatuto do desarmamento. Enquanto juiz, eu diria ao advogado: “suas argumentações são boas. Eu tenho cinco dias para tomar uma decisão liminar, aguarde a publicação no D.O”. No caso da sanção, eu tenho 15 dias. Em cinco dias, tudo pode mudar.

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