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VÍDEO: Técnica de dar remédio para gatos viralizou na internet; especialistas comentam

@mo_harutan. Vídeo aqui ensina

Quem tem gato em casa sabe como dar remédio é uma verdadeira aventura. Nada bobos, eles reconhecem todas as artimanhas de seus donos e simplesmente rejeitam todas as formas de receber medicamento.

Esconder no meio da ração? Sem chance! Com um olfato extremamente apurado, os gatos não são seres fáceis de serem enganados.

Porém, um vídeo na internet ensinando um novo truque para dar remédio para seu gatinho viralizou pela sua aparente eficácia! A manobra consiste em colocar a pílula diretamente na boca do bichano, e depois massagear a garganta para garantir que o remédio entrou.

Passo a Passo

Primeiro é preciso deixar seu gatinho em uma posição confortável para ele e para você. Pode ser numa mesa ou no seu colo.

Com o o dedão, pressione suavemente a boca do gato, ele vai abri-la. Com a outra mão, segure o comprimido com os dedos em forma de pinça, e deposite dentro da garganta do animal com a ajuda do dedão.

Afinal, funciona?

Para quem tem gatos mais ariscos, nós já ensinamos aqui no SOS um passo a passo completo para medicar seu gato de forma eficaz, e principalmente sem machucá-lo.

Já o novo vídeo chamou a atenção pela facilidade de dar o medicamento, sem nem a necessidade de segurar o gato no colo ou qualquer outra dificuldade. Mas será que funciona?

“Sim, o método do vídeo é válido. Nele é possível perceber que o dono estimula a lateral da boca do animal, induzindo-o a abri-la, para assim colocar o medicamento. Anatomicamente, as papilas da língua de um gato são maiores e voltadas para a face interna da boca. Quando você introduz o comprimido dessa forma, fatalmente ele não consegue expulsar/regurgitar para fora e a tendência é realmente ingerir”, explica o médico veterinário Jorge P. de Morais, da Animal Place.

Expectativa vs. Realidade

Entretanto, apesar de funcionar, sabemos que na vida real o método pode não ser assim tão fácil. “É perceptível também que os gatos do vídeo são mansos e possuem afinidade com a pessoa”, afirma Morais.

Para a médica veterinária Rosangela Gebara, membro da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), “o vídeo mostra gatos muito bonzinhos, praticamente não responderam e nem ficaram estressados ou tentaram morder e arranhar”.

Porém, como todo dono de gato sabe, eles têm personalidades diferentes, então o truque não irá funcionar em todos os animais. Embora para gatos filhotes ou extremamente dóceis a técnica possa sim dar certo, a verdade é que para a grande maioria dos casos não é bem assim que funciona.

“Essa questão de dar comprimido para gato é extremamente complicada e difícil, não é todo mundo que consegue. E também existem diferenças entre os gatos. Alguns são superbonzinhos e você consegue dar o comprimido, e existem gatos que é praticamente impossível você dar qualquer medicamento oral”, explica Gebara.

Além disso, é importante ressaltar que métodos usados com cães não funcionam com os felinos. Segundo a médica veterinária Natalia Gouvêa, da Clínica Soft Dogs e Cats, gatos são mais seletivos que os cães.

“Quando eles sentem um sabor que não os agrada fazem hipersalivação e grande parte do remédio é perdida, dificultando assim saber quanto foi administrado. Já os cães são mais fáceis de agradar, e normalmente conseguimos dar a medicação envolvendo a mesma em um pedacinho de petisco”, relata a especialista.

O que fazer em casos impossíveis?

Felizmente existem sim alternativas para quem está tendo dificuldades em praticar o método do vídeo. A primeira é tentar a outra técnica que o SOS ensinou (veja aqui). Mas selecionamos mais ideias:

1. Pastas e sachês saborizados
Segundo a médica veterinária Rosangela Gebara, hoje em dia existem farmácias de manipulação veterinárias. Dessa forma, é possível preparar o medicamento no tamanho correto e adicionar saborizantes, produzindo um medicamento em formato de sachê com sabor de atum, por exemplo. Depois é só dar a pasta para o gato na quantidade correta. É uma ótima opção para medicamentos de longa duração.

2. Artefatos especiais
Outra facilidade de hoje em dia são artefatos que ajudam nesse momento. Um deles é um aplicador de comprimido, que consiste em uma seringa de plástico que empurra a pílula dentro da boca do gato. Basta colocar o comprimido na ponta da seringa, introduzir gentilmente na boca do gato e empurrar o êmbolo, que faz com que o comprimido vá lá no fundo. Porém, ainda não é tão fácil encontrar para comprar, apenas em alguns pet shops.

3. Facilitando o comprimido
Em casos em que o veterinário não passou uma receita de manipulação ou você não tem acesso a outras alternativas sem ser o comprimido, há truques para facilitar. A dica da doutora Rosangela é colocar na pílula um pouquinho de manteiga, margarina ou requeijão, ou algo que faça com que ela fique mais lubrificada.

“Coloque o animal em cima de uma mesa e enrole suavemente uma toalha felpuda ao redor do corpo dele para proteger as patas. Gentilmente — de preferência com a ajuda de alguém para segurar o gato — abra a boca do gato com os dedos e enfie o comprimido na garganta. Feche a boca do gato e massageie a garganta pra que ele consiga engolir o comprimido. Nem sempre isso é fácil, e é muito perigoso colocar o dedo dentro da boca do gato, ele pode fechar e te morder”, explica a especialista.

O importante nesses casos é sempre se certificar que você está dando o remédio da melhor maneira possível. Cuidado para não traumatizar o animal e também faça de uma maneira segura para você, pois as arranhadas e mordidas podem ser perigosas.

Atenção: em casos de gato de rua ou que você não sabe da possibilidade de doenças, nem pense em fazer o procedimento!

Por fim, encontre o melhor para você e seu gatinho

Truques e dicas são sempre bem vindos, mas o importante é fazer o que é melhor para você e seu gato. Animais têm personalidades diferentes e o que funciona para um pode não funcionar para outro. Tente encontrar a melhor maneira de medicar seu gatinho, de uma forma que seja segura para ambos.

Caso você realmente não consiga se adaptar a nenhum desses métodos, que tal procurar um veterinário? Para casos difíceis, o profissional pode te indicar novos métodos, truques ou até a possibilidade de injetar a medicação na clínica.

R7

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