Política

Conspirador, leal, bom negociador? Afinal, quem é Michel Temer?

em-1984-o-secretario-de-seguranca-publica-michel-temer-com-mario-covas-da-esq-para-dir-fernando-henrique-cardoso-o-entao-governador-de-sp-franco-montoro-e-o-comandante-da-pm-nilton-viana-1462792987986_615x300Temer (ao microfone) nos tempos do governo Montoro (ao centro), seu padrinho político

Considerado discreto e hábil negociador, o advogado e professor de direito Michel Miguel Elias Temer Lulia (PMDB), 75, chega à Presidência da República, o maior desafio de sua trajetória, de forma interina, com uma larga experiência política e algumas suspeitas. Em 2016, com a fama de gostar do que faz, ele completa 35 anos de política partidária –sua militância começou, porém, há mais de 50 anos.

O presidente interino, nascido em 1940 na cidade de Tietê (a 143 km a noroeste da capital paulista), filiou-se ao PMDB em 1981, época em que o partido liderava a oposição à ditadura e Franco Montoro era senador e o principal líder da legenda em São Paulo. Temer é o segundo pupilo de Montoro a chegar à Presidência da República –o primeiro foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Eleito governador de São Paulo em 1982, Montoro nomeou Temer como procurador-geral do Estado e depois como secretário da Segurança Pública. A atuação no governo do padrinho político serviu de trampolim para Temer arriscar-se em sua primeira candidatura. Lançou-se candidato a deputado federal em 1986 e conseguiu se eleger para participar da Assembleia Constituinte.

Democracia cristã

A ligação com Montoro remontava à década de 1960, quando este era um dos líderes do PDC (Partido Democrata Cristão). “Ele [Montoro] fazia um grupo de estudos. E eu trabalhei muito nas teses da democracia cristã, liderado pelo Montoro”, afirmou Temer em entrevista publicada em seu canal no YouTube em 2014. Temer e Montoro, que era católico, também conviveram como professores na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Morto em 1999, Montoro era tido como político preocupado com o social, apesar de não ser socialista. Foi importante opositor da ditadura e artífice da campanha de redemocratização do país na década de 1980. Deixou o PMDB em 1988 para fundar o PSDB, partido com o qual Temer e os peemedebistas mantêm laços.

“A linha do Michel é a da Constituição. Nossa Constituição é neoliberal. Ela prestigia o capital, a liberdade de iniciativa, mas ao mesmo tempo tem um número grande de cláusulas de caráter social”, afirma o advogado e professor Adilson Dallari, amigo de longa data de Temer.

Amigos destacam lealdade

O peemedebista construiu uma carreira política procurando se afastar dos holofotes, das polêmicas e dos conflitos. “Ele é modesto e não é exibido. Um dia me disse a seguinte frase: não tenho a mínima vocação para carro alegórico. Ele é de grande sobriedade”, diz o também advogado e professor Celso Antônio Bandeira de Mello, outro antigo amigo do presidente interino.

Chamado de golpista por apoiadores da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), Temer goza de um conceito completamente diferente entre muitos que conviveram com ele ao longo de sua vida.

“A Dilma não poderia ter um vice mais leal do que ele, mas nem a pessoa mais leal do mundo resiste ao desaforo contínuo. Michel é um homem extremamente leal e posso garantir [isso] porque foi meu secretário. Ele foi obrigado a tomar as posições que tomou porque foi completamente hostilizado, desprezado e humilhado até. Ele é um homem que tem muita dignidade”, argumenta o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB).

Fleury é especialmente grato a Temer por este ter assumido a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo logo após o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 detentos foram assassinados pela Polícia Militar. Foi o pior momento do governo Fleury.

“Uma característica marcante no Michel é o equilíbrio que ele tem em momentos de crise. Tem uma capacidade de controle pessoal que é invejável. Quando ocorreu o episódio do Carandiru, ele não titubeou. Aceitou na mesma hora. Fiquei muito grato porque era um momento difícil.” De acordo com Fleury, o principal mérito de Temer na ocasião foi pacificar o ambiente dentro das polícias Militar e Civil de São Paulo.

Mesmo divergindo politicamente de Temer e se opondo ao impeachment, Bandeira de Mello também aponta a lealdade com uma das qualidades do amigo. “É uma pessoa extremante digna e leal, um homem muito equilibrado, muito sereno.”

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Opinião dos leitores

  1. É um TRAIDOR, aliás é uma prática comum do seu partido PMDB, o mais fisiologista do Brasil, que o digam Micarla e Rosalba recentemente aqui no nosso pobre Estado. Não que eu as apoiasse, mais a covardia faz parte da história do PMDB. Além de TRAIDOR, entrará para a história como um GOLPISTA, além de ser FICHA SUJA.

    1. Na atual situação brasileira o discurso de buscar um santo puro e inquestionável para assumir o governo, beira a insanidade mental.
      Não passa de mero discurso oportunista de quem vai sair.
      Para ser político no Brasil tem que jogar fora a inocência, a retidão, a conduta 100% correta.
      Política no Brasil é feita de oportunistas e leva quem tem o maior jogo nas conversas. Isso é cultural, desde o ano de 1500.
      Porém o inverso é verdade, não podemos deixar o Brasil nas mãos das piores cobras que se tem notícia na história da política brasileira. Um grupo dominador, doutrinador, onde os meios justificam os fins para manter um projeto de poder.
      Um grupo corrupto que coloca um partido imoral acima dos interesses de uma nação, aparelhando de forma ilegal o Estado, para enriquecimento de uns. Um partido que tem toda sua cúpula investigadas e muitos já condenados.
      Estávamos entregue a pior espécie política já registrada na história brasileira, todos oriundos de movimentos comunistas e que durante 14 anos eram apoio incondicional a países dominados por ditadores. Nada no Brasil é pior do quê aqueles que até o da 12/05/2016 estavam no poder.
      Não escrevo meias verdades, falo apenas de fatos devidamente comprovados e de conhecimento público, embora o PT tente escondê-los.

    2. Colosso disse tudo, quanto ao Rica fico com pena porque foram isto que deram durante muitos anos, o Partido das Trevas só tinham coisas ruins para nos dar.
      Agora não, fomos salvos por alguém que tem sim biografia e não folha corrida.
      Toda boa sorte do mundo TEMER

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