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Cerveja: Importadores e fabricantes preveem aumento de 20% no preço da bebida

cervejaria-badebrown-denis-ferreira-netto-2Está em vigor desde a semana passada o novo sistema de imposto federal sobre a cerveja. Mudou tudo, são muitos detalhes (veja lá embaixo), mas o que importa é: o imposto aumentou. Em alguns casos, aumentou 1.000%. Resultado, a cerveja vai ficar mais cara. Importadores e fabricantes estimam que para o consumidor final o preço vai subir, em média, 20%.

Fora este lado prático, há outro grave nó nessa história.

É a primeira vez que a lei que rege o imposto estabelece uma diferença entre cerveja convencional e cerveja especial. Finalmente coisas diferentes são tratadas como diferentes. Mas, infelizmente, a distinção, como foi feita, é ruim para nós, bebedores.

Para a Receita Federal, a partir de agora, cerveja especial é aquela feita com pelo menos 75% de malte de cevada. Ou seja, ficam de fora as cervejas de trigo e as cervejas radicalmente experimentais – justo a parte mais legal da explosão de pequenas cervejarias.

A maior parte das chamadas cervejas de trigo – weizens, weisses e witbiers – não tem direito a desconto. Não interessa em que escala sejam produzidas nem qual a intenção do uso de outra matéria-prima.

Dois exemplos: a Tânger, witbier com casca de tangerina, da paulistana Júpiter, não é cerveja especial – leva mais de 25% de malte de trigo. A recém-lançada Branca de Brett, da também paulistana Serra das Três Pontas, é uma american wheat – cerveja de trigo à moda americana, com bastante lúpulo – fermentada com brettanomyces. É uma delícia, mas para a Receita Federal não é especial: tem 71% de malte de cevada.

Mas vamos além, porque o problema não é só esse. Uma das coisas mais vibrantes da chamada Revolução Cervejeira é a criatividade dos cervejeiros, que ficam o tempo todo testando os limites. Tudo o que esse cenário não precisa é de uma lei determinando quanto por cento disso ou daquilo faz a cerveja ser especial.

Na semana passada, a curitibana Way levou ao festival Copenhagen Beer Fest, na Dinamarca, sua Cider IPA, uma cerveja experimental feita com 45% de malte de cevada e 55% de maçã. Para a Receita Federal, nada especial.

Criar regra sobre a receita é um corte seco na experimentação, uma das armas mais potentes das novas cervejarias – que vêm, a duras penas, inventando um novo mercado e uma nova cultura de tomar cerveja.

Quem vai querer abrir mão de 20% de desconto nos impostos federais, ainda mais num cenário em que tudo aumentou de preço? É bom lembrar que a matéria prima das cervejas especiais é quase toda importada, comprada em dólar, que aumentou 30% nos últimos 12 meses. Quem sai perdendo? Nós, bebedores, que vamos pagar mais caro e ainda por cima ver a ousadia de novos cervejeiros tolhida por uma tolice.

Volume. Bom, criatividade engavetada, vamos ao porquê de fazer uma definição. A lei dá desconto no Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para quem produz cerveja especial. São duas faixas de desconto: até 5 milhões de litros por ano, 20% de desconto. Entre 5 e 10 milhões de litros por ano, 10% de abatimento – ainda não está claro se o cálculo do volume vai permitir, por exemplo, que uma megacervejaria que produza um pouco de cerveja especial tenha esse desconto.

A maior parte das chamadas artesanais está bem abaixo desses volumes. A Colorado produz menos de 2 milhões de litros. A Bamberg, menos de 1 milhão. A Way, menos de 500 mil.

Quanto é, quanto vai ser

Prepare-se, beber cerveja boa vai ficar mais caro. A média estimada pelo setor é de 20% de aumento para o consumidor. Os preços ao lado são projeções feitas pelos produtores. Fique de olho na variação de preço entre lojas.ad

Veja mais em: http://blogs.estadao.com.br/paladar/mais-cara-ja-e-ruim-mais-careta-e-pessimo/

Blog Paladar – Estadão

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