Judiciário

Lava-Jato faz ‘reféns’ para tentar manter apoio da opinião pública, diz Gilmar Mendes

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que a Operação Lava-Jato faz “reféns” para tentar manter o apoio popular. A declaração foi dada em entrevista à colunista Monica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

“[…] A maioria dos diretores da Odebrecht que fizeram delação estavam soltos. Há um pouco de mito nisso tudo. E tem também a doutrina da Operação Mãos Limpas [realizada na Itália na década passada]. Aqui também há uma luta pela opinião pública. O apoio dela está associado a ter reféns desse grau”, respondeu quando questionado se acreditava que os executivos da empreiteira fariam delação caso não tivessem sido presos.

“Como tem sido divulgado [por integrantes da Lava Jato], o sucesso da operação dependeria de um grande apoio da opinião pública. Tanto é assim que a toda hora seus agentes estão na mídia, especialmente nas redes sociais, pedindo apoio ao povo e coisas do tipo. É uma tentativa de manter um apoio permanente [à Lava Jato]. E isso obviamente é reforçado com a existência, vamos chamar assim, entre aspas, de reféns”, prosseguiu Mendes.

Quando questionado pela jornalista se os reféns seriam os presos, o ministro disse que sim.

“Os presos. Para que [os agentes] possam dizer: ‘Olha, as medidas que tomamos estão sendo efetivas’. Não teria charme nenhum, nesse contexto, esperar pela condenação em segundo grau para o sujeito cumprir a pena. Tudo isso faz parte também de um jogo retórico midiático. Agora, o apoio da opinião pública é importante porque se trata também de um jogo de poder. Você está confrontando gente com poder econômico, influência política”, completou.

Durante a entrevista, Mendes admitiu que a operação tem grande importância no combate à corrupção e rebateu críticas feitas a ele, que decidiu pela soltura do ex-ministro José Dirceu na semana passada. Os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli também votaram a favor da medida.

“Eu decidi o mandado de segurança contra a posse do Lula [como ministro]. E virei, mais uma vez, herói de determinados grupos e inimigo número 1 de outros. Agora, no caso de Dirceu, foi o contrário. Nós temos que conviver com isso. É preciso ter consciência de que exercemos um papel civilizatório.

A tentativa de jogar a opinião pública contra juízes parece legítima no jogo democrático. Mas ela não é legítima quando é feita por agentes públicos. O que se quer no final? Cometer toda a sorte de abusos e não sofrer reparos. Há uma frase de Rui Barbosa que ilustra tudo isso: o bom ladrão salvou-se mas não há salvação para o juiz covarde”, disse ele.

Durante a entrevista, o ministro também comentou a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que quer que ele seja declarado impedido de relatar o habeas corpus do empresário Eike Batista, solto há duas semanas por decisão liminar expedida pelo ministro.

Janot argumentou que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, é sócia do escritório do advogado Sérgio Bermudes, que atua em diversos processos ligados ao empresário. Sobre o tema, Mendes disse:

“O ambiente, como se percebe, está confuso. Ao que estou informado, o escritório em que ela trabalha representa Eike Batista em processos cíveis, o que não tem nada a ver com o tema colocado. Nem cogitei de impedimento até porque não havia. Eu já tinha negado habeas corpus do Eike. E ninguém lembrou que eu poderia estar impedido. Isso mostra a leviandade e o oportunismo da crítica”.

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Opinião dos leitores

  1. Uma vergonha vem com palavras para defender enroladas e benificiar mulher. Como esse tem vários. Trabalhar pagar salários desse povo que só fazem por eles.

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