Política

PT e PSDB querem manter ponte com Eduardo Campos e tê-lo no palanque num eventual 2º turno

L6AA278435DEE4F1E8909DE840C27D1A1A campanha só começa oficialmente em 5 de julho, mas petistas e tucanos já apostam na repetição do fenômeno que ocorre desde 1994: a polarização entre os dois partidos, hoje representados pela presidente Dilma Rousseff, que tentará reeleição, e pelo senador Aécio Neves.

Diante do cenário previsto pelas pré-campanhas do PT e do PSDB, os dois nomes mais bem colocados nas pesquisas traçam estratégias para manter pontes com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, pré-candidato do PSB que tenta se viabilizar como terceira via. A ideia é tê-lo no palanque num eventual 2.º turno. Enquanto o PSDB articula o embarque no projeto político de Campos em Pernambuco, o PT deflagrou uma ordem aos seus diretórios regionais para que poupem o pessebista de ataques frontais.

Na próxima segunda-feira, o senador mineiro e pré-candidato do PSDB desembarca no Recife para uma série de encontros políticos que devem culminar no anúncio do apoio da sigla à candidatura de Paulo Câmara, nome ungido por Campos, ao governo pernambucano.

A decisão de Aécio é um gesto de boa vontade, uma vez que Campos rompeu o “pacto de não agressão” que tinha com o tucano nas respectivas bases de cada um: o PSB apoiaria o candidato de Aécio em Minas (Pimenta da Veiga) e, em troca, o PSDB apoiaria o nome indicado por Campos em Pernambuco. No começo de maio, porém, Campos passou a articular a candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB) ao governo mineiro.

O movimento fez com que Aécio deixasse o deputado estadual tucano Daniel Coelho de “prontidão” para ser lançado candidato a governador em Pernambuco. Nas eleições municipais de 2012, Coelho foi a grande surpresa na disputa no Recife, tendo recebido mais de 240 mil votos e terminado em segundo lugar, superando o senador petista Humberto Costa. “A estratégia (de apoiar o PSB) tem o olhar no 2.º turno”, diz Coelho.

Segundo o deputado, a falta de um palanque para Aécio em Pernambuco será relativizada pelo “engajamento” dos candidatos a deputado estadual e federal.

Bandeira branca. No PT a percepção de que Aécio é o principal adversário aumenta conforme o cenário eleitoral se consolida. As análises de conjuntura do partido mostram Campos fragilizado por palanques confusos e o fim do efeito positivo da adesão de Marina Silva à sua candidatura.

Depois de uma série de ataques frontais a Campos, principalmente em Pernambuco, que culminaram com uma publicação no Facebook na qual o ex-governador foi chamado de “playboy mimado”, a ordem no partido é manter a disputa na esfera política para preservar as pontes com o PSB. De acordo com um alto dirigente do PT, Campos será tratado como adversário todo o tempo, mas nunca como “inimigo”, mesmo que aumente o tom dos ataques a Dilma, como vem ocorrendo atualmente.

O ataque a Campos nas redes sociais foi publicamente censurado pela direção do partido, as agressões diminuíram – até em Pernambuco – e os canais de diálogo com o PSB foram valorizados. Segundo dirigentes petistas, as principais pontes com o PSB são o vice-presidente da sigla, Roberto Amaral, e os governadores do Amapá, Camilo Capiberibe, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, que têm conversado com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais).

Das 14 alianças estaduais entre PT e PSB nas eleições de 2010, apenas uma será mantida, no Amapá, onde alguns dirigentes petistas querem enfrentar o senador José Sarney (PMDB-AP), para manter o apoio a Capiberibe. Mas a maior aposta do PT para uma reaproximação com Campos em um eventual 2.º turno entre Dilma e Aécio é a relação pessoal do ex-governador de Pernambuco com o ex-presidente Lula. Conforme pessoas próximas, o ex-presidente e Campos conversam com alguma frequência, sempre em tom de respeito mútuo.

Em um encontro com blogueiros, há cerca de 15 dias, Lula citou Campos como exemplo positivo de pré-candidato que faz campanha com “orgulho” e chamou Marina Silva de “companheira Marina”. Ambos foram ministros durante seu governo. Campos de Ciência e Tecnologia e Marina de Meio Ambiente. O PSB só deixou o governo federal em setembro.

Agência Estado

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Diversos

Ministros usam jatos da FAB para turbinar suas pré-campanhas

Nas asas dos jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB), ministros que serão candidatos no ano que vem percorrem suas bases eleitorais num misto mal disfarçado de trabalho com campanha antecipada. Quando não estão viajando, os auxiliares diretos da presidente Dilma Rousseff abrem suas agendas em Brasília para receber líderes políticos locais, já interessados nos dividendos em 2014.

De todos os ministros candidatos, a maior ofensiva, com a utilização escancarada dos programas Minha Casa Minha Vida e entrega de caminhões e retroescavadeiras do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC2) a prefeitos de seus estados, tem sido da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, que enfrenta dificuldades para emplacar sua candidatura contra o governador tucano Beto Richa, no Paraná.

Gleisi é seguida nessa lista pelos ministros da Saúde, Alexandre Padilha, prioridade das prioridades do PT em São Paulo, e o da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, escalado para enfrentar o reduto aecista em Minas Gerais.

Na penúltima semana de novembro, por exemplo, Gleisi e o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PT), fizeram uma propaganda maciça, nas redes sociais, sobre uma nova rodada de entrega de máquinas e caminhões em cidades do interior, realizada no sábado da semana passada, dia 23: “No sábado, governo federal vai entregar 54 caminhões basculantes a cidades do Paraná através do #PAC2”, anunciou a ministra, em sua página do Twitter.

Três dias antes, Vargas, que sempre acompanha a ministra, junto com o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) a eventos políticos com os prefeitos, já tinha anunciado o evento no Twitter: “54 municípios do Paraná receberão caminhões com caçamba neste sábado. Estarei na Lapa ao lado da ministra Gleisi”.

E não é só em viagens e eventos públicos no estado que Gleisi tem participado de atos com conotação político-eleitoral. No gabinete da Casa Civil também recebe uma romaria de prefeitos e políticos locais — tudo devidamente registrado nas redes sociais por André Vargas: “Prefeitos de diversas cidades do Paraná foram recebidos hoje no gabinete da ministra Gleisi Hoffmann”, alardeou em 23 de novembro. Também postou registro do evento no Palácio do Planalto, com a foto oficial da presidente Dilma ao fundo.

No dia 9 de novembro, um sábado, Gleisi fez novamente um ato com prefeitos de Londrina, com Vargas e Zeca Dirceu. À FAB, ela requisitou um jatinho para duas pessoas; em nota, sua assessoria chegou a anunciar a presença do ministro da área, Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário, mas ele não apareceu.

Em 4 de outubro, Gleisi viajou ao Paraná duas vezes com Dilma para entregar máquinas e anunciar bondades do governo. Em sua página na internet, após a passagem de Dilma e Gleisi pelo Paraná para entregar máquinas, Zeca Dirceu mostrou fotos de “banners” gigantes dele, ao lado das duas, com o logotipo do PT, pregado em uma das caçambas.

Gleisi e Dilma tinham entregue pessoalmente a prefeitos paranaenses 179 chaves de caminhões, retroescavadeiras e motoniveladoras. Mas nos dias seguintes, Zeca percorreu os municípios e, em novos eventos com os prefeitos, entregou de novo as mesmas máquinas. As “reentregas” foram realizadas com discursos e faixas de agradecimentos ostentando os nomes de Zeca, candidato à reeleição, de Dilma e de Gleisi.

Padilha recepciona médicos

A ministra mantinha agenda discreta de candidata até outubro. Os voos solicitados por ela à FAB, até aquele período, tinham Curitiba como destino, onde ela reside. Porém, em novembro ela começou a circular mais pelo Paraná.

Executor do programa-vitrine com o qual Dilma quer alavancar sua reeleição, o Mais Médicos, o ministro da Saúde também tem mantido uma intensa agenda de viagens, com prioridade para São Paulo. Com o mote de receber médicos estrangeiros e discutir a necessidade dos profissionais nas cidades, ele percorre o país, sempre com profissionais para registrar seus passos e suas declarações. Material que poderá servir para sua candidatura ao governo de São Paulo e à presidente, à reeleição.

No domingo, 27 de outubro, por exemplo, Padilha requisitou um jatinho para ir de São Paulo a Recife, com equipe de assessores e fotógrafo, para receber mais uma leva de médicos estrangeiros; depois voltou a São Paulo, também em aeronave da FAB — o que é legal. Na véspera, viajara de Brasília a Goiânia, para recepcionar outros médicos. Viagens também devidamente documentadas por sua equipe.

Até mesmo ministro que não tem o que entregar — uma vez que a pasta que comanda não tem como finalidade conclusão de obras ou serviços — aparece assinando ordem para liberação de verbas ou entregando obras.

Caso de Fernando Pimentel, que também vem assumindo o lugar de Dilma na entrega de máquinas do PAC2 a prefeitos mineiros. Em 18 de outubro, ele visitou Juiz de Fora, Montes Claros, Paracatu e Belo Horizonte, onde mora. Um dia após o presidente do PSDB e pré-candidato à Presidência, senador Aécio Neves (MG), participar de um grande encontro regional no Triângulo Mineiro, em outubro, Pimentel foi a Uberaba, onde entregou caminhões e tratores. Em 20 de novembro foi a vez de ele entregar, em Governador Valadares, 70 máquinas retroescavadeiras a prefeitos e prefeitas do Vale do Rio Doce.

Em 2 meses, Ideli foi dez vezes a Santa Catarina

A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que terá de dar satisfação à Comissão de Ética da Presidência sobre o uso de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal para participar de agenda política, intensificou suas viagens a Santa Catarina em agosto e setembro. Foram cinco viagens em cada mês — incluindo o episódio no qual se deslocou a bordo da aeronave que tem convênio com o Samu para transferir acidentados. A oposição tem explorado o caso.

— Enquanto a dona Ideli passeava no helicóptero do Samu fazendo campanha, ele deixou de atender 116 casos graves em acidentes com mortes. Isso é uma barbaridade! — disse o líder da minoria no Senado, Mário Couto (PSDB-PA).

De acordo com relatório dos voos divulgados pela FAB, as viagens de Ideli para Florianópolis ou outras cidades de Santa Catarina se deram, na maioria das vezes, às sextas-feiras. Porém, há outras atividades que ela desenvolveu durante a semana. Em 29 de agosto, por exemplo, uma quinta-feira, Ideli visitou obras no campus da Universidade Federal de Santa Catarina, em Joinville, e anunciou a liberação de recursos para a cidade.

Entrega de caminhões-pipa

Menos de um mês depois, em 13 de setembro, lá estava Ideli novamente na cidade, dessa vez para receber o título de cidadã honorária de Joinville. Em 18 de outubro, ela foi à cidade de Gaspar para tratar das obras de uma ponte.

Outro que tem cuidado muito bem de suas relações políticas no seu estado é Aguinaldo Ribeiro, ministro das Cidades. É difícil uma semana em que ele não receba alguém da Paraíba ou viaje para lá. Em 1º de novembro, por exemplo, esteve em Mamanguape para entregar casas. Em 24 de outubro, concedeu audiências para três prefeitos paraibanos das cidades de Bayeux, Coxixola e Várzea. No véspera, outros dois prefeitos estiveram com ele: os representantes de Lucena e Algodão de Jandira. No dia 18 de outubro, uma sexta-feira, passou o dia em João Pessoa onde, entre outras atividades, entregou caminhões-pipa.

Uso de aviões em atos com viés eleitoral é negado

Os ministros negaram que estejam usando os jatinhos da Força Aérea com o objetivo de se ir aos seus estados para fazer campanha. A assessoria de imprensa da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, informou que ela participa de eventos para os quais é convidada, desde que não interfiram em suas atividades em Brasília.

“Vale lembrar que é competência da ministra–chefe da Secretaria de Relações Institucionais a interlocução com estados, Distrito Federal e municípios”, afirma a assessoria.

A assessoria da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, declarou que ela foi a cidades paranaenses recentemente para representar a presidente Dilma Rousseff em eventos oficiais. Por meio da assessoria, Gleisi disse que “fazer entregas de equipamentos e obras de programas de governo é parte das atribuições dos ministros, inclusive da Casa Civil, que coordena implantação e execução de muitos programas”.

A Casa Civil segue: “A inauguração de obras e a entrega de equipamentos são também prestação de contas à população. Um governante se elege, assume compromissos com a sociedade e tem que fazer as entregas. A equipe auxilia o governante. Como auxiliar da presidente, a ministra Gleisi tem colaborado nesse sentido”.

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, negou, por sua assessoria, que priorize atendimento a políticos de seu estado: “O ministro tem a prática de manter as portas abertas do ministério para todas as autoridades que o procuram”.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio informou que Fernando Pimentel segue as regras para o uso das aeronaves da FAB. “O texto autoriza aos ministros de Estado a utilização das aeronaves da FAB nas viagens a serviço e nos deslocamentos entre Brasília e suas cidades de residência permanente, que, no caso do ministro, é Belo Horizonte. O ministro passa os finais de semana na capital mineira desde que assumiu o ministério. É onde mora a família”, afirmou.

O Ministério da Saúde informou que a agenda de Alexandre Padilha não é pautada por diretrizes político-partidárias, nem eleitorais: “O ministro cumpre extensa agenda de trabalho, composta de compromissos e atividades para o acompanhamento e o monitoramento de programas e ações desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, em parceira com as secretarias estaduais e municipais de Saúde. Além disso, o ministro vistoria o andamento de obras e acompanha a execução dos programas federais para a Saúde em unidades de saúde em todos os estados brasileiros”.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Farinhas do mesmo saco, a diferença é apenas o tratamento dado pela mídia.

    Por reeleição, Alckmin do PSDB dobra verba de publicidade.

    Desgastado pelas manifestações e pela investigação do cartel dos transportes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) lança na próxima semana uma campanha em rádio e TV. As propagandas, preparadas pelas agências Propeg, Lua Branca e Nova SB, mostrarão as obras do governo, principalmente em transporte e saúde. Pesquisa concluída na semana passada indica que a aprovação de Alckmin, que havia caído para 35%, chegou a 42%. O objetivo é atingir 50% até a campanha à reeleição. Para isso, a verba de publicidade, que era de R$ 100 milhões, dobrou.

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