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Análise química do Santo Sudário pode estar errada

(Wikimedia Commons/Reprodução)

Ao longo dos séculos, o Santo Sudário esteve envolto em polêmica. Já foi (e ainda é) objeto de adoração, mas também de grande contestação e controvérsia. A suposta mortalha que teria envolto o corpo de Cristo após a crucificação passou por diversos estudos científicos com o intuito de determinar se é, ou não, autêntica. Em 1988, cientistas dataram de quando é o pano — mas, agora, um artigo afirma que o procedimento precisa ser refeito.

A pesquisa original, publicada em 1989 na revista Nature, concluiu através de datação por radiocarbono que o sudário foi confeccionado entre os anos de 1260 e 1390. Teria sido costurado no período medieval, um milênio e três séculos após a morte de Jesus. Mas pesquisadores da França e da Itália contestam os resultados. Segundo eles, os dados podem estar errados.

Desde o século 14 até 1983, a relíquia pertenceu à Casa de Savoia, importante família da nobreza italiana que tinha como base a cidade de Turim, no Piemonte, próxima dos Alpes e da França. Quando a Itália se unificou, foram eles que assumiram o trono do país. Na década de 80, a mortalha foi doada ao Vaticano, que a mantém guardada a sete chaves. Cinco anos depois, cientistas tiveram uma das poucas chances de examiná-la.

Três instituições de pesquisa foram autorizadas a conduzir seus próprios estudos de datação: a Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, o Instituto Federal de Tecnologia, na Suíça, e a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Todos os grupos concluíram que a fabricação ocorrera naquele mesmo intervalo de tempo na Idade Média. Porém, os dados que embasaram essa afirmação não foram revelados.

Em 2017, uma equipe liderada pelo pesquisador Tristan Casabianca entrou na Justiça para pedir acesso a essas informações — e conseguiu. Eles passaram os últimos dois anos avaliando os dados originais das pesquisas e comparando com os resultados que saíram na Nature. A análise estatística revelou falta de homogeneidade nas informações, e sugeriu que o procedimento deve ser feito de novo para cravar com confiança a data do sudário.

Segundo os pesquisadores, o estudo de 1988 é falho, porque utilizou somente um fragmento das beiradas do tecido. Casabianca e colegas acreditam que freiras medievais possam ter feito reparos na costura – o que levaria a um resultado distorcido na datação por carbono. Para tirar a dúvida de vez, seria preciso realizar análises em outras partes do Santo Sudário. Difícil será convencer o Vaticano a permitir novas investigações.

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Santo Sudário: estudo genético revela que tecido contém DNA de plantas encontradas em todo o mundo

Santo-Sudario-ou-Sudario-de-Turim-960x500Um novo estudo de DNA contribuiu ainda mais para o mistério que envolve o Sudário de Turim, o suposto pano usado no enterro de Jesus Cristo.

Sequenciando genes de partículas de pólen e poeiras do sudário, os pesquisadores foram capazes de mapear os tipos de plantas e as pessoas que entraram em contato com o linho – tecido.

“Aqui nós relatamos as principais conclusões da análise do DNA genômico extraído de partículas de pó aspiradas de partes da imagem corporal e na borda lateral usada para datação por radiocarbono”, disse o Dr. Gianni Barcaccia, professor de genética de plantas na Universidade de Pádua, na Itália.

Os pesquisadores descobriram uma série de grupos de plantas nativas do Mediterrâneo, de acordo com um relatório publicado no portal Real Clear Science, incluindo trevos, cavalinha, chicória e azevém. Outros genes de plantas eram do Oriente Médio, Ásia ou Américas, mas os cientistas sugerem que estes genes podem ter sido introduzidos em algum momento após o período medieval. “Identificamos espécies cultivadas, em grande parte, por agricultores, comum em muitos sistemas agrícolas do Velho Mundo, incluindo chicória e pepino”, revelaram.

Os resultados, publicados na revista Scientific Reports, sugerem que o pano pode ter sido criado na Índia. Em seguida, viajou extensivamente por todo o mundo, fazendo contato com fiéis de todo o planeta, passando por Jerusalém, Turquia e França, antes de acabar na Itália. Outra sugestão é que o sudário foi criado na Europa Medieval, mas pessoas de todo o mundo, ao tocá-lo, transferiram seu DNA a ele – bem como resquícios microscópicos de pólen.

Predecessor do atual Papa, Bento XVI, descreveu o pano como um ícone “escrito com o sangue” de um homem crucificado. Bento disse que não havia “plena correspondência com o que os Evangelhos nos dizem de Jesus”, mas o debate sobre a autenticidade do Santo Sudário normalmente é impresso com a imagem de um homem que parece ter sido crucificado. Ele mostra, na parte traseiro e dianteira, sinais de um homem com barba, com braços cruzados sobre o peito. O pano é marcado pelo que parece ser filetes de sangue de ferimentos nos pulsos, pés e lado do tronco.

Os pesquisadores do mais recente estudo descrevem-no como um homem “que sofreu trauma físico de uma forma consistente com a crucificação, depois de ser espancado, açoitado e coroado de espinhos”. Em 1998, o Sudário foi datado em carbono como sendo do final do século 13, dando apoio àqueles que dizem que ele é uma falsificação medieval. Mas ele manteve o seu ar místico para muitos, graças, em parte, ao fato de que os pesquisadores não foram capazes de estabelecer exatamente como a imagem foi criada.

O pano de 4,3 metros de comprimento foi colocado em exposição, em Turim, entre abril e junho deste ano. Antes deste ano, visitas públicas ao pano foram realizadas pela última vez em 2010. A Igreja não diz oficialmente que o corpo de Cristo foi envolto na mortalha ou que quaisquer milagres estavam envolvidos na criação da imagem, agora em exposição. “Não é algo de fé, porque ele não é um objeto de fé, nem de devoção, mas pode ajudar na fé de algumas pessoas”, disse o arcebispo de Turim, Cesare Nosiglia.

Jornal Ciência, via Daily Mail

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