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Tijolo ecológico a partir de resíduo do sal: cientistas da UFRN desenvolvem nova tecnologia para indústria ceramista

Foto: Divulgação

Um tipo de tijolo solo-cimento, formado a partir da incorporação de um resíduo da produção do sal, é o resultado de uma pesquisa desenvolvida por um grupo de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e objeto de recente depósito de pedido de patente da Instituição, sob a denominação Tijolo ecológico produzido a partir da combinação de cimento, solo laterítico e carago. A nova tecnologia nasce revestida de singular importância para o Rio Grande do Norte, visto que o estado concentra 95% da produção de sal no Brasil, tendo relevância também no fornecimento a âmbito mundial.

“O resíduo incorporado da indústria salineira é o carago, a primeira camada que se forma nos tanques de evaporação. No momento da colheita do sal, ele não é utilizado, ficando em pilhas nas salinas, sem um destino correto. Assim, além da importância tecnológica da inovação e da relevância econômica, há também o aspecto da sustentabilidade, pois provoca a diminuição de impactos ambientais”, afirmou Priscylla Cinthya Alves Gondim, uma das inventoras.

Também professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), ela pontuou ainda que o carago foi analisado durante um ano, através de ensaios, momentos nos quais o resíduo foi inserido no tijolo solo-cimento com oito composições diferente e testes seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Dentre essas, a cientista frisou que o melhor traço foi escolhido para a solicitação da patente, mas que “em todas as composições obtivemos excelentes resultados, cerca de três vezes a mais que a resistência padrão exigida pela norma”. Os materiais apresentaram-se viáveis em alvenaria de vedação, ou seja, as que são dimensionadas para suportar seu próprio peso.

Outro pesquisador envolvido na pesquisa é o professor da UFRN Wilson Acchar. Supervisor do doutorado de Priscylla no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais (PPGCEM) da UFRN, ele complementou que a combinação do resíduo da indústria salineira, o carago, substância de dimensão grossa e lamelar, com o cimento e solo laterítico, ambos com granulometrias fina e esférica, conferiu um bom empacotamento ao material formado, melhorando a coesão entre as partículas, facilitando a trabalhabilidade.

Além de Wilson e Priscylla, o grupo de inventores é composto por Sheyla Karolina Justino Marques e João de Medeiros Dantas Neto, em uma pesquisa fruto de parceria da UFRN com os Institutos Federais do Rio Grande do Norte e de Alagoas. Eles ressaltaram ainda que o tijolo proposto pode ser utilizado para construção de casas populares de baixo custo e a sua elaboração é realizada de forma simples, confeccionando um material de baixo custo e de fácil produção. Por não precisar de materiais sofisticados, tampouco de mão de obra qualificada, acreditam que é uma ferramenta para proporcionar maior acesso à moradia para populações de baixa renda.

O pedido de patente deste novo tipo de tijolo passa a integrar o portfólio da vitrine tecnológica da UFRN, juntando-se a quase outras 300 novas tecnologias. A quantidade de novos pedidos realizados nos últimos anos faz com que a UFRN figure em destaque em rankings alusivos à números de propriedade intelectual. Um exemplo é o ranking dos maiores depositantes residentes 2020, publicação divulgada em setembro e realizada pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Nela, a Universidade entre as 15 instituições com mais pedidos de patente no Brasil. Os dados são relativos à 2019 e mostram que a Universidade subiu 13 posições quando comparados os dados de pedidos aos registrados em 2018, passando de 25° para 12°, empatada com a UFPR e a Robert Bosch.

Falando a respeito da importância do processo de patenteamento, Priscylla Gondim sublinhou que “a patente é a concretização que seu produto foi eficiente e eficaz, ou seja, que obteve bons resultados e que poder ser replicado e inserido no mercado”. As orientações e explicações a respeito dos aspectos para patentear uma determinada invenção, bem como os demais pedidos de registro intelectual, como marcas e programas de computador, estão sendo realizados via e-mail da Agência de Inovação (Agir).

UFRN

Opinião dos leitores

  1. Quando há essas iniciativas, ficou louco pra ver também a viabilidade comercial do projeto.

    Parabéns aos cientistas.

  2. Obg querido pela divulgação do nosso trabalho! Foi uma parceria entre a UFRN- IFRN (campus Mossoró) e o IFAL (campus Palmeiras dos Índios).

  3. Uma excelente descoberta e uma pesquisa de Alta Relevancia. O único problema é o baixo custo, pois ninguém no Brasil quer nada de baixo custo, como há turma vai se beneficiar?

  4. Muito bom quando a universidade apresenta suas pesquisas e estas farão com que a sociedade as aproveite no seu dia a dia , este sim o verdadeiro sentido e papel da universidade , integração com a comunidade .

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