Saúde

Pela primeira vez, EUA aprovam vírus para tratar câncer

O órgão americano responsável pelo controle de alimentos e medicamentos (FDA) aprovou esta semana uma nova droga para o tratamento do câncer, que se destaca não pela eficácia, mas por abrir caminho para novas terapias. O Imlygic é indicado para tratar o melanoma, responsável pela morte de aproximadamente 10 mil pessoas anualmente nos EUA, e não demonstrou resultados significativos em termos de sobrevida dos pacientes. Porém, trata-se de um marco por ser o primeiro vírus aprovado comercialmente para o combate da doença.

— Melanoma é uma doença séria, que pode avançar e se espalhar por outras partes do corpo, onde se torna difícil de tratar — disse Karen Midthun, diretora do Centro para Avaliação Biológica e Pesquisas da FDA. — Essa aprovação fornece aos pacientes e médicos um novo tratamento para o melanoma.

O Imlygic é uma variação do vírus da herpes modificado geneticamente, indicado para casos em que o câncer não possa ser removido completamente por cirurgia. O medicamento é injetado diretamente nas lesões, onde se replica no interior das células cancerígenas, provocando a sua ruptura. O tratamento consiste de uma primeira injeção, seguida por uma segunda dose três semanas depois, e manutenção a cada duas semanas pelo período mínimo de seis meses.

Na comunidade científica, o Imlygic é classificado como um vírus oncolítico, que ataca o tumor e estimula o sistema imunológico a continuar reconhecendo e destruindo as células cancerígenas. Existem outros laboratórios e centros de pesquisas trabalhando com esse tipo de terapia, mas a Amgen é a primeira a conseguir aprovação da FDA, o que pode abrir espaço para outras companhias farmacêuticas.

A avaliação da FDA se deu com base em testes clínicos com 436 pacientes com melanoma metastático que não poderia ser removido cirurgicamente. As lesões foram tratadas com a droga pelo período de seis meses ou até o desaparecimento das lesões. O estudo mostrou que 16,3% dos pacientes que receberam Imlygic tiveram uma redução no tamanho das lesões, comparado a 2,1% do grupo de controle, que recebeu outra medicação. Entretanto, ressalta o órgão americano, “o Imlygic não mostrou melhoria em relação à sobrevida ou em melanomas que se espalharam para o cérebro, osso, fígado, pulmão ou outros órgãos internos”.

— O melanoma avançada continua sendo uma doença complexa para se tratar, que requer o uso de várias modalidades durante o curso da jornada terapêutica do paciente — disse Howard L. Kaufman, presidente da Sociedade para a Imunoterapia do Câncer. — Sendo uma terapia oncolítica viral, o Imlygic fornece uma abordagem única, mais uma opção para tratar pacientes com recorrência após cirurgia inicial.

Mas o custo ainda será uma barreira. De acordo com a Amgen, o preço médio do tratamento será de US$ 65 mil.

O Globo

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