Segurança

Ceará tem 5º dia de ataques a veículos e prédios públicos; ônibus são escoltados por policiais em Fortaleza

Ônibus foram incendiados no pátio da Prefeitura de Jucás, no interior do Ceará, em meio a onda de ataques no estado — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Dois caminhões e três ônibus foram alvos de ataques incendiários na madrugada desta terça-feira (24), no 5º dia seguido de ações violentas no Ceará. Criminosos atearam fogo em um veículo de carga na ponte do Rio Ceará, em Fortaleza, e em dois ônibus estacionados em um posto de gasolina no município de Canindé, no sertão cearense.

O Governo do Estado não divulgou o motivo da onda de ataques. Fontes ligadas ao sistema penitenciário do Ceará afirmam ao G1 que a descoberta de um plano de resgate de presidiários e o isolamento dos detentos que iriam fugir gerou reações dos criminosos.

Em um dos ataques desta terça, o caminhoneiro Kelvin Alves, 37 anos, sofreu queimaduras depois que criminosos arremessaram uma substância inflamável e atearam fogo no veículo que ele conduzia. Alves dormia dentro do caminhão na Avenida Vicente de Castro, em Fortaleza, e acordou com o susto. Ele foi atendido em um hospital e passa bem. Ao todo, três pessoas já ficaram feridas durante as ações.

Desde a sexta-feira (20), foram registrados pelo menos 30 ataques no estado contra prédios públicos e privados, transportes coletivos, caminhões, carros particulares, uma torre de telefonia e uma loja revendedora de veículos.

Até a noite de segunda (23), a polícia havia capturado dez suspeitos de envolvimento nos atentados. Ainda não há informações sobre feridos e pessoas detidas nesta terça-feira. O Governo do Estado convocou os policiais militares de férias para reforçar a segurança no estado.

Serviços afetados

Durante os cinco dias de ataques, pelo menos três ônibus de transporte coletivo, três carros da empresa Enel, um veículo da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), três ônibus escolares e um caminhão de coleta de lixo foram incendiados no estado.

No sábado (21), uma torre de telefonia foi atacada no Bairro Messejana, em Fortaleza. Já na segunda-feira (23), o alvo foi a 15ª Unidade do Juizado Especial Cível e Criminal, no Bairro Vila Velha, também na capital, onde foi detonada uma bomba caseira.

Por conta das ações, a frota de ônibus de Fortaleza e da Região Metropolitana foi reduzida. Nesta terça-feira (24), 70% do total habitual de coletivos circula em Fortaleza, e parte deles com escolta policial. Com a redução da oferta, as paradas de ônibus estavam lotadas na manhã desta terça-feira.

Conforme o Sindicato Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus), todas as linhas estarão disponíveis, contudo, algumas devem mudar a rota.

No município de Jucás, onde dois ônibus escolares foram incendiados, a Secretaria Municipal de Educação cancelou as aulas nas escolas da rede pública. Cerca de 1.300 alunos são afetados.

Motivações

Segundo informou uma fonte do sistema penitenciário ao G1, uma das possíveis motivações para a sequência de ataques é que agentes de segurança impediram uma fuga em massa de um presídio em Aquiraz, na Grande Fortaleza. O plano foi descoberto em um papel na boca de um detento.

Ainda conforme a fonte, os internos que iriam fugir passaram por um regime disciplinar mais rigoroso, com vistorias nas celas e permanência em áreas isoladas da detenção.

Pelo WhatsApp, o secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, e o chefe da PM no Ceará, Alexandre Ávila de Vasconcelos, pediu que as equipes de segurança ficassem em alerta. “Mais uma vez o Estado está sob ataques, tudo indica. Temos que novamente mostrar que o estado não cederá nenhum milímetro”, afirmou Mauro Albuquerque.

Policiais militares de férias foram convocados para retornar às atividades, e servidores que estavam em cursos tiveram as aulas suspensas para reforçar o policiamento ostensivo, informou a secretaria.

O governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que “não iria recuar” das medidas mais rigorosas nos presídios do estado.

“Não recuaremos em absolutamente nada nas medidas que foram tomadas até aqui. Muito pelo contrário, seremos cada vez mais rigorosos com quem desrespeitar a lei. A possibilidade do retorno às regalias nos presídios é zero.”

G1

 

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