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Anúncio de sinal de vida em Vênus é ‘imprudente’ e ‘precipitado’, diz astrofísica brasileira associada à Nasa

Astrofísica brasileira Duilia Fernandes de Mello pede cautela pede cautela na divulgação de gás que poderia indicar a presença de micróbios na atmosfera de Vênus — Foto: Duilia de Mello/ BBC

Março de 2014: cientistas chocam o planeta com o anúncio da detecção de ondas gravitacionais descritas como “ecos” do Big Bang, em uma descoberta retratada como das mais importantes da história sobre as origens do universo. O anúncio é destaque nas principais revistas científicas e especialistas dão o prêmio Nobel como certo para a equipe de astrônomos.

Janeiro de 2015: os mesmos cientistas voltam atrás, pedem desculpas à comunidade científica, e afirmam que o que haviam descrito como reflexo da megaexplosão que aconteceu há 14 bilhões de anos era na verdade uma interpretação equivocada. As ondas atribuídas ao Big Bang eram, na verdade, sinais emitidos pela poeira que se espalha pela Via Láctea. A descoberta virava pó.

Foto: NASA / JPL-Caltech

Cinco anos depois, na segunda-feira (14), veio o anúncio da descoberta de um gás que, apesar de várias ressalvas apontadas pelos próprios cientistas, pode indicar a presença de micróbios na atmosfera de Vênus. Divulgada pela revista “Nature Astronomy” e pela Sociedade Astronômica Real, de Londres, a descoberta causou euforia e foi vista, por muitos, como o indício mais forte de vida extraterrestre já anunciado pela ciência.

Explica-se: no planeta Terra, as mesmas moléculas de fosfina identificadas pelo estudo em Vênus só existem na natureza como fruto da ação de seres microscópicos que vivem nas entranhas dos animais e em ambientes pobres em oxigênio, como pântanos.

Como não há outra explicação para a presença natural de fosfina além da atuação destes micróbios, a descoberta poderia ser um sinal concreto de vida na atmosfera venusiana. Mas cientistas importantes como a astrofísica brasileira Duilia Fernandes de Mello, vice-reitora da Universidade Católica de Washington e pesquisadora junto à Nasa há 18 anos, pedem cautela.

“As pessoas, às vezes, na ansiedade de mostrar resultados, acabam cometendo erros”, diz a professora em entrevista à BBC News Brasil.

Na avaliação da brasileira, responsável pela descoberta da supernova SN1997 (supernovas são as megaexplosões que ocorrem no fim do ciclo de uma estrela) e participante da equipe que identificou as chamadas “bolhas azuis” (aglomerados estrelares detectados pelo famoso telescópio Hubble), o anúncio sobre Vênus é “imprudente”, carece de “confirmação” e pode ser fruto de uma “coincidência”.

“Estamos em uma fase muito complicada da ciência, com as pessoas negando a ciência. Então é preciso ser muito cuidadoso.”

Coincidência?

Liderada por astrônomos da Universidade de Cardiff, no País de Gales, em parceria com outros cientistas no Reino Unido, nos EUA e no Japão, a pesquisa identificou a presença de moléculas de fosfina em Vênus por meio de ondas de rádio pelo telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí.

Elas foram confirmadas por um conjunto de 45 das 66 antenas que formam uma espécie de telescópio gigante no importante observatório Alma, que fica no deserto do Atacama, no Chile.

“Só que são dois instrumentos completamente diferentes”, aponta a astrofísica brasileira. “Era preciso que fosse feita uma reconfirmação com o próprio Alma.”

A principal interrogação levantada pela equipe de cientistas chefiados pela professora Jane Greaves, autora do estudo pela Universidade de Cardiff, é sobre a origem da fosfina encontrada em Vênus — e a possibilidade de que a molécula, diferente do que acontece no planeta Terra, possa ser fruto de fenômenos que não envolvam organismos vivos.

“Estamos genuinamente encorajando outras pessoas a nos mostrar um fator (que explique a fosfina sem envolver a vida) que nós podemos ter deixado passar”, disse Greaves em comunicado à imprensa. “Nossos artigos e dados podem ser acessados por outros pesquisadores; é assim que a ciência funciona.”

No texto que detalha a descoberta, os autores mostram que fizeram uma série de testes na tentativa de identificar a possibilidade de uma origem natural e não-biológica para a molécula. Mas não encontraram uma resposta convincente — o que poderia reforçar a tese de vida microscópica em Vênus.

Em coro com outros cientistas, por outro lado, a brasileira Duilia de Mello chama atenção para o método usado para a identificação da fosfina na atmosfera venusiana.

À reportagem, ela explica que os dados captados pelos equipamentos usados no estudo são fruto de uma razão entre o sinal emitido pelo objeto pesquisado, no caso Vênus, e o ruído intrínseco à observação — como o barulho da atmosfera da Terra ou dos instrumentos usados, por exemplo.

“Nesse caso, esta razão, que é a divisão entre o sinal e o ruído, é muito baixa. O ruído está quase dominando o sinal, a detecção”, avalia a brasileira.

Ela continua: “Quando é assim, quando são sinais muito fraquinhos, é preciso observar várias vezes e em outras épocas, para confirmar realmente se a detecção foi feita ou se não foi apenas uma coincidência por conta de um, digamos, sinalzinho errado (um ruído confundido com um sinal)”.

Ponderação

A especialista brasileira ressalta a relevância de pesquisas detalhadas sobre Vênus — “um planeta muito parecido com o nosso em tamanho e muito próximo”.

“Dada a importância de uma substância que tem a ver com vida em outro planeta, achei imprudente terem publicado agora”, pondera. “Eles poderiam ter esperado mais para confirmar o resultado.”

A Nasa se limitou a fazer um breve comentário sobre o anúncio, destacando que “não fez parte da pesquisa e não pode comentar diretamente sobre as descobertas”.

“No entanto, nós acreditamos no processo científico de revisão por pares e aguardamos a discussão encorpada que vai acontecer na sequência dessa publicação”, disse a agência.

Segundo o estudo, o gás fosfina foi observado nas latitudes médias do planeta, a aproximadamente 50 a 60 km de altitude. A concentração é pequena, eles formam apenas de 10 a 20 partes em cada bilhão de moléculas atmosféricas. Mas, neste contexto, isso é bem significativo.

Uma hipótese semelhante à levantada pela brasileira aparece em um artigo publicado pela “The Planetary Society” (Sociedade Planetária), fundada há 40 anos pelo astrônomo Carl Sagan — que, por sua vez, foi o primeiro cientista a levantar a possibilidade de vida nas nuvens de Vênus em um artigo publicado em 1967, na revista “Nature”, junto ao biofísico molecular Harold Morowitz.

“Este é o primeiro anúncio de uma detecção difícil que exigiu uma significativa modelagem e análise de dados para separar o sinal de fosfina do ruído”, diz o texto.

“É possível que a análise dos autores contenha um erro ou tenha ignorado algum contexto importante, levando a um resultado falso-positivo. Equipes científicas independentes devem agora fazer o trabalho para confirmar esse sinal”.

Em entrevista à BBC News, o professor da Universidade de Oxford Colin Wilson, que trabalhou na sonda Venus Express da Agência Espacial Europeia entre 2006 e 2014, mencionou pontos semelhantes aos da brasileira, mas disse acreditar na metodologia usada.

“É realmente emocionante e levará a novas descobertas — mesmo que a detecção de fosfina original acabe sendo uma interpretação espectroscópica incorreta, o que eu não acho que será”, ponderou.

“Acho que a vida nas nuvens de Vênus hoje é tão improvável que nós vamos encontrar outras vias químicas de criação de fosfina na atmosfera. Mas vamos descobrir muitas coisas interessantes sobre Vênus nesta pesquisa”, prosseguiu o professor inglês.

Missões a Vênus

Questionada pela BBC News Brasil sobre o que poderia ter levado os pesquisadores à uma eventual publicação precipitada, Duilia de Mello lembra que “estamos em momento de decidir missões espaciais, tanto na Europa quanto aqui (nos EUA)”.

Em fevereiro deste ano, a Nasa anunciou dois projetos de lançamentos com destino a Vênus entre os finalistas de um processo de seleção de missões espaciais. A decisão será divulgada em 2021.

Também em meados do ano que vem, a Agência Espacial Europeia bate o martelo sobre uma expedição que pretende estudar a geologia e a composição química da atmosfera de Vênus.

“Um resultado desse tipo motiva missões”, diz a brasileira. “Estou só especulando que isso poderia ser, até inconscientemente, algo que nos leva a divulgar esse tipo de resultado para mostrar a importância de se ir a Vênus, por exemplo.”

Nascida em Jundiaí, no interior de São Paulo, e criada no subúrbio do Rio por uma família com poucos recursos financeiros, a astrofísica se tornou uma das raras representantes da ciência brasileira no Centro de Voos Espaciais Goddard, maior laboratório de pesquisas da Nasa em Washington, capital dos EUA.

Com um currículo que inclui participação, em 2013, na descoberta da então maior galáxia em espiral do Universo, a brasileira se tornou uma das poucas astrônomas a conhecerem em detalhes o telescópio Espacial Hubble, da Nasa, um de seus principais meios de pesquisa em colaboração com a agência espacial norte-americana.

“A Universidade Católica de Washington tem um instituto dentro da Nasa que possibilita esta colaboração. Temos 100 funcionários da universidade dentro da Nasa trabalhando full-time”, diz a brasileira, que também coordena o projeto Mulher das Estrelas, que desde 2016 oferece mentoria em especialidades como física, matemática e robótica a jovens que sonham em seguir carreiras científicas.

A experiência leva a brasileira a optar pela prudência na divulgação científica.

G1, com BBC

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‘Cadeira do Xandão’: Moraes vota para condenar a 17 anos de pena homem que ocupou seu assento no 8 de Janeiro

Foto: Fellipe Sampaio /STF | reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para condenar a 17 anos de pena Fábio Alexandre de Oliveira, homem que foi filmado sentado na cadeira do ministro durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Oliveira, que é mecânico, aparece em vídeos sentado na cadeira do ministro gritando frases ofensivas, como: “Cadeira do Xandão aqui, ó! Aqui ó, vagabundo! Aqui é o povo que manda!”. A defesa diz que o acusado apenas exerceu seu direito constitucional de manifestação e que não há provas de materialidade e autoria dos crimes imputados.

Na gravação, ele utiliza luvas, para dificultar sua identificação datiloscópica, e mantém uma máscara de proteção contra gases sobre suas pernas. Para o Ministério Público Federal (MPF), o uso dos equipamentos demonstra “intenção e preparação para a prática de atos de que poderiam resultar em confronto com as forças de segurança pública que guarneciam os prédios invadidos”.

Moraes votou para condenar Oliveira à pena de 17 anos, sendo 15 anos e 5 meses de reclusão e 1 ano e 6 meses de detenção, além de 100 dias de multa – cada um fixado no valor de um terço do salário mínimo.

As penas foram aplicadas pelos crimes de: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado ao patrimônio público; deterioração do Patrimônio tombado; e associação criminosa armada.

Para Moraes, está comprovado, tanto pela ampla investigação realizada pela Polícia Federal quanto pelas provas documentais e audiovisuais constantes dos autos, que Oliveira “participou ativamente das manifestações antidemocráticas que antecederam os eventos de 8 de janeiro de 2023, aderindo, desde então, ao intento golpista”.

“Suas manifestações públicas, sua presença nos locais invadidos, o uso de equipamentos para dificultar identificação, bem como as comunicações com outros envolvidos, evidenciam que instigou, apoiou e legitimou a atuação das massas que, no dia 8 de janeiro de 2023, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes da República, com o objetivo de depor o governo legitimamente constituído e abolir o Estado Democrático de Direito”, diz o ministro.

O ministro sustenta que os elementos constantes dos autos comprovam que a conduta não foi “episódica, tampouco passiva ou neutra, mas sim engajada, voluntária e com forte adesão ao propósito criminoso de ruptura da ordem constitucional”.

Estadão Conteúdo

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Gilmar pede a Barroso para decidir se ação sobre IOF no Supremo fica com ele ou Moraes

Foto: Wilton Júnior/Estadão

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, pediu ao presidente da Corte, Luiz Roberto Barroso, que avalie com quem ficará a relatoria da ação do PSOL contra a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – se com o próprio decano da Corte ou com o ministro Alexandre de Moraes.

O Congresso derrubou na quarta-feira, 25, o decreto presidencial que aumentava o IOF. Os primeiros ajustes nas alíquotas do tributo foram anunciados em maio, mas o governo Lula, a Câmara dos Deputados e o Senado não chegaram a um acordo em uma discussão que se estende por mais de um mês.

Gilmar diz que parece haver “coincidência parcial de objetos” entre a ação do PSOL e outro processo que o PL moveu, no início do mês, pela derrubada do decreto do IOF. Esta segunda ação está sob relatoria de Moraes.

“Caso se compreenda inexistir, na espécie, coincidência parcial de objetos, há, no mínimo, segundo penso, risco de prolação de decisões contraditórias”, alertou Gilmar ao pedir que Barroso avalie se é necessária a redistribuição da ação. O despacho foi assinado após a ação do PSOL ser distribuída para o gabinete do decano.

Segundo Gilmar, há a possibilidade de, em uma ação, se entender que os decretos do governo federal são válidos, enquanto na outra ação, se entenda pela constitucionalidade da derrubada.

“Em outras palavras, revela-se indispensável, para deslinde da presente controvérsia, examinar o próprio conteúdo dos Decretos 12.466/2025, 12.467/2025 e 12.499/2025, delineando se o presidente da República exerceu seu poder dentro dos limites regulamentares ou da delegação legislativa, para, na sequência, analisar se o procedimento suspensivo do Parlamento encontra amparo no texto constitucional”, explicou.

Estadão Conteúdo

Opinião dos leitores

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VÍDEO: PT dobra a aposta para aumentar disputa de pobres contra ricos

Imagem: reprodução

O PT (Partido dos Trabalhadores) publicou na 6ª feira (27.jun) um novo vídeo de propaganda na internet em que intensifica o discurso de enfrentamento entre pobres e ricos. O mote é um dos preferidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: os pobres pagam muitos impostos, os ricos quase nada.

A propaganda circula nas redes sociais com imagens que aparentam ter sido geradas por IA (inteligência artificial). O Poder360 procurou o PT para confirmar a técnica utilizada. Quando houver resposta, este texto será atualizado.

No vídeo, os pobres são retratados como figuras abatidas, carregando grandes sacos com a inscrição “imposto” nas costas. Já os ricos aparecem como homens brancos, de terno, segurando pequenos sacos com o mesmo rótulo.

O comercial intercala essas imagens com a narração de um locutor. Eis o texto lido na peça, na íntegra:

“No Brasil, quem vive de salário sempre carregou o maior peso dos impostos. É taxa no pão, no gás, na luz, no remédio da vó e até sobre a pouca renda. J

“Já quem tá no topo, os super ricos, esses sempre pagam proporcionalmente bem menos. Imposto é necessário, mas justiça também é.

“Por isso, o governo Lula quer virar esse jogo com o novo IR, fazendo super ricos e site de aposta pagarem mais para investir em quem mais precisa. 

“Taxação BBB dos bilionários, bancos e bets. Novo IR é justiça histórica, justiça de verdade. Mostre que você tem inteligência, mas não é artificial. 

“Lute por justiça. Espalha esse vídeo por aí.

A retórica lembra discursos dos séculos 19 e 20, em que o proletariado é tratado como moralmente superior e guiado por um Estado que promete corrigir desigualdades estruturais. O Estado e o governo de esquerda nesse caso são o farol que ilumina o caminho: “O governo Lula quer virar esse jogo com o novo IR. Fazer os super ricos e os sites de apostas pagarem mais”.

A estética é parecida a livros e filmes do passado, em que os trabalhadores são apresentados como subjugados, mas que desejam reagir. Em alguns momentos, as imagens do vídeo evocam romances como “Os Miseráveis” (1862), de Victor Hugo (1802-1885) ou “Germinal” (1885), de Émile Zola (1840-1902).

Lula, Sidônio Palmeira, responsável pela Secom (Secretaria de Comunicação), PT e as esquerda acreditam que a melhor fórmula para ganhar as eleições em 2026 é aprofundar a divisão na sociedade, promovendo o confronto de pobres contra ricos. Alguns marqueteiros acreditam que essa possa ser uma estratégia errada.

O próprio PT, por meio da Fundação Perseu Abramo, descobriu anos atrás que eleitores pobres na periferia de São Paulo desejam subir na vida sendo empreendedores para ficar “ricos”. Isso é muito presente entre eleitores evangélicos, perto de 35% do total hoje, que enxergam o lucro e uma carreira bem-sucedida com algo positivo —em vez de apenas esperar que o governo ajude de alguma forma.

O “novo IR” citado na propaganda, mas o governo do presidente tem enfrentado resistência no Congresso em relação à taxação dos mais ricos para compensar a isenção do IR para os rendimentos de até R$ 5.000. A previsão é que o projeto seja analisado na Câmara e no Senado no 2º semestre.

Em 2025, cerca de 43,4 milhões de brasileiros declararam IR. Com a nova regra, esse número cairia para 15 milhões, numa população economicamente ativa de 106 milhões.

Líderes do Congresso criticam a estratégia fiscal do governo. A avaliação é que, nos dois primeiros anos do 3º mandato de Lula, o Palácio do Planalto aumentou os gastos públicos sem apresentar propostas relevantes de corte de despesas.

Programas sociais como o Bolsa Família são considerados importantes, mas há questionamentos sobre a gestão. Auditores identificaram fraudes que geram perdas estimadas em R$ 11 bilhões por ano, como casos de beneficiários que omitem o estado civil para receber valores maiores.

Recentemente, o presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT)sofreram derrota no Legislativo. O Congresso derrubou uma MP (Medida Provisória) que aumentava impostos e um decreto que revogava parte do reajuste do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

As medidas haviam sido previamente acordadas durante reunião entre a Fazenda e a cúpula do Congresso em 9 de junho.

Apesar dos gestos de boa vontade trocados no dia entre os envolvidos, o entusiasmo foi arrefecendo ao longo do tempo e a insatisfação entre congressistas e o mercado aumentou a pressão contra as medidas do governo.

A intenção de Haddad era aumentar a arrecadação para garantir o equilíbrio fiscal. Com a derrubada das medidas, o governo estuda alternativas, como buscar novas fontes de receita, recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão do Congresso ou fazer cortes adicionais no Orçamento.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Esses sem futuro taxaram tudo,aumentaram tudo que é imposto, queriam taxar o pix e ainda vem com uma lorota dessas??
    Bando de sem vergonha.
    É imoral.
    É querer interrar de vez a inteligencia das pessoas.
    Fora Lula, condenado.

  2. Dinheiro tem sobrando para abaixar impostos e não aumentar.
    A receita??!!!!!
    BASTA NÃO ROUBAR.
    jair Bolsonaro.

  3. “…Pobre é pobre, a gente ganha o voto de pobre na época da eleição, pra que cuidar de pobre? Porque na hora que a gente começa a ajudar as pessoas mais humildes, e as pessoas vão comendo, as pessoas vão trabalhando, as pessoas vão estudando, as pessoas também ficam mais conscientes politicamente e as pessoas podem não votar…”

  4. O esquerdismos é isso: dividir pra conquistar. Tem uma história do pote de formigas vermelhas e amarelas, que viviam em paz, até o dia em que o moloque que cuidava do pote sacudiu o pote e uma guerra começou, os dois formigueiros se mataram, nenhuma formiga sobreviveu. As amarelas pensaram que as vermelhas atacaram, as vermelhas pensaram que as amarelas tinham atacado. No fim, a culpa era do moleque com o pote que se divertiu com a carnificina. O moleque com o pote na mão é esse ex-condenado.

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Geral

Bloqueio orçamentário do governo federal afeta agências e paralisa serviços essenciais na ANP, Aneel e Anatel

Foto: Agência Brasil

O bloqueio de recursos promovido pelo governo federal em 2025 atingiu em cheio as agências reguladoras, responsáveis por supervisionar setores estratégicos como energia elétrica, combustíveis, saúde e telecomunicações.

Com orçamentos reduzidos e verbas contingenciadas, as autarquias têm paralisado projetos, demitido funcionários terceirizados e diminuído o escopo de suas atividades.

Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), por exemplo, anunciou que irá interromper serviços de fiscalização e atendimento a partir de 1º de julho. A agência sofreu um corte de R$ 38,2 milhões, ou 25% de seu orçamento discricionário.

O impacto será nacional: atendimentos da ouvidoria terão horário reduzido, ações fiscalizatórias com equipes próprias serão limitadas por falta de verba para deslocamentos, e a tradicional pesquisa de satisfação dos consumidores, realizada desde 2000, foi suspensa.

Além disso, 145 funcionários terceirizados serão dispensados. “Hoje o trabalho exercido por esses colaboradores tem sido fundamental para a manutenção das nossas atividades”, afirmou o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa.

ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis)

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) também precisou rever suas operações. O LPC (Levantamento de Preços de Combustíveis), feito semanalmente em postos de todo o país, sofreu nova redução.

Em 2024, a cobertura já havia sido cortada em 43%. Agora, com os efeitos do decreto de contingenciamento, o alcance do levantamento foi reduzido para 390 municípios, com 7.034 coletas semanais, quase metade das realizadas anteriormente. A suspensão da ampliação planejada da pesquisa prejudica o monitoramento dos preços e da concorrência no setor.

Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)

Na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o contingenciamento foi de R$ 73 milhões, cerca de 25% do orçamento discricionário. Conforme apurado pelo Poder360, a direção decidiu preservar atividades de fiscalização e manutenção dos contratos de custeio, concentrando os cortes em projetos de investimento.

Como resultado, nenhum projeto novo deve sair do papel neste ano, incluindo a aquisição de drones para monitoramento de radiofrequências e a modernização do parque tecnológico da agência, medida que afetaria o avanço de ações contra pirataria digital, como o bloqueio de TV boxes ilegais e bets clandestinas. Por outro lado, não haverá demissões por ora.

Quadro generalizado

Segundo Fábio Rosa, presidente do Sinagências (Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Reguladoras), o quadro é generalizado. “A gente vive uma situação que é estrutural, sistêmica, com a qual a gente já lida há um certo tempo”, disse.

Ele destacou os impactos na área da saúde, particularmente na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo ele, cerca de R$ 20 bilhões em investimentos do setor farmacêutico estão represados por falta de pessoal suficiente para analisar processos e liberar licenças.

Rosa afirma que o orçamento médio das agências foi reduzido em 41% nos últimos 10 anos, ao mesmo tempo em que essas instituições seguem com 4.127 cargos efetivos vagos. Mesmo sendo superavitárias, com arrecadação estimada em R$ 200 bilhões, o orçamento total das agências está abaixo dos R$ 5 bilhões.

A situação compromete a capacidade operacional das autarquias e inviabiliza a execução de políticas públicas. “Tem agência que está sem recurso até para emitir multa. No caso da ANP, não há dinheiro para fazer a fiscalização de qualidade dos combustíveis […] Então, soma-se todo esse cenário, [as agências] ficam em condições operacionais muito complicadas”, declarou Rosa.

Poder 360

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Geral

Prefeita Nilda traz de volta o São João do Povo em Parnamirim

A sexta-feira (27) marcou o primeiro dia do Festival de Quadrilhas Juninas de Parnamirim em um verdadeiro espetáculo de cores, ritmos e emoção. Realizado no Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, o evento marcou o resgate de uma das maiores tradições culturais do município, que retorna ao calendário oficial após 21 anos, graças ao compromisso da gestão da prefeita Nilda Cruz. É o São João do Povo.

A Prefeita Nilda acompanhou de perto as apresentações e celebrou a grande participação do público, que lotou o espaço em uma noite marcada por muito forró, animação e a presença de famílias inteiras prestigiando a cultura popular. “Estou muito feliz em termos resgatado nosso São João, depois de 21 anos fora do calendário, o povo de Parnamirim merece essa festa linda” comemorou a prefeita Nilda Cruz.

Mais de 40 grupos juninos de todo o Rio Grande do Norte estão confirmados ao longo do festival, que segue neste sábado (28) e domingo (29). O palco recebeu ainda shows de artistas locais, que deram um verdadeiro show de talento e reforçaram a valorização da cena cultural parnamirinense.

Além da festa e da tradição, o evento também movimenta a economia local, com dezenas de empreendedores atuando na área gastronômica e comercial. O Festival de Quadrilhas de Parnamirim é, acima de tudo, um grande encontro com a cultura nordestina, com o povo e com a memória afetiva de gerações.

Opinião dos leitores

  1. Até aqui, não disse pra quê veio.
    Fazer festa com dinheiro do povo, qualquer um faz.
    Isso é uma vergonha.

  2. Com uma administração fraca e com compromissos com seus aliados que travam a sua gestão
    A prefeita procura garimpar em meio as redes sociais apoio e fortalecimento para o seu mandato, porém estar sendo difícil pois si esperava muito e o que tá acontecendo é quase nada
    Saúde precária e servidores com dificuldades financeiras que si diga os terceirizados
    Foi realmente um barulho antes e uma decadência administrativa depois

    Parnamirim precisa voltar a crescer e ser a cidade trampolim da vitória .

  3. Esse ano, o São João de Parnamirim, não chega nem perto do que foi realizado na antiga fábrica da Coca cola.

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Educação

6 em cada 10 estudantes com Fies estão inadimplentes

Foto: Agência Brasil

A taxa de inadimplência do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) alcançou 59,3% em 2024, o maior índice desde a criação do programa. Isso significa que 6 em cada 10 estudantes financiados estão devendo. E a dívida não é pequena: uma média de R$ 46.000 por aluno.

Os dados são do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e foram obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação). As informações são referentes até maio de 2025.

Com mais devedores, menos estudantes se interessam pelo programa. A adesão também caiu: os novos contratos firmados por ano recuaram 88% desde 2015.

A região Sudeste concentra 1,01 milhão de contratos ativos. O Nordeste vem em seguida, com 711 mil.

Neste 1º semestre de 2025, foram apenas 34.000 novos financiamentos. O recuo acompanha mudanças nas regras, como o fim da carência total e o início dos pagamentos durante o curso.

O curso mais financiado é direito (397 mil), seguido por enfermagem (201 mil) e engenharia civil (172 mil).

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que trabalha para ampliar o acesso ao ensino superior com condições diferenciadas para alunos de baixa renda. A pasta reconhece a necessidade de aprimorar o programa e afirma que renegociações já somam mais de 387 mil contratos.

Poder 360

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Geral

Padre Fábio de Melo é acusado de impedir apresentação de banca católica em festa

Foto: reprodução/TV Brasil

Durante a tradicional festa de São João em Nordestina (BA), o nome de Padre Fábio de Melo se viu envolvido em uma polêmica.

A banda católica Ministério Sinal da Cruz afirmou, em nota nas redes sociais, que teve sua apresentação impedida pela equipe de um artista “de grande renome” — que, segundo o contexto, seria o próprio padre, já que ele era a única outra atração confirmada no evento.

O grupo relatou que não conseguiu montar seus equipamentos no palco principal, o que inviabilizou o show.

Apesar do contratempo, a banda permaneceu no evento e participou da Santa Missa, que foi transferida para outro espaço, sob os toldos. “Ali, entregamos a Deus o nosso louvor, mesmo em meio às limitações”, escreveram. A prefeitura da cidade e o padre não se pronunciaram sobre o episódio, limitando-se a divulgar trechos do show.

Canal Paulo Mathias

Opinião dos leitores

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Geral

Alunos do Fies devem R$ 17,9 bilhões em 2025

Foto: Adobe Stock

A dívida dos estudantes do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) em atraso há mais de 90 dias chegou a R$ 17,9 bilhões em 2025.

A alta foi de mais de R$ 2 bilhões em relação ao ano anterior e é o maior valor registrado desde a criação do programa federal de financiamento estudantil.

Dados do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) mostram que cada aluno inadimplente deve, em média, R$ 46.000.

As informações são referentes até maio de 2025 e, ao todo, os contratos ativos do programa somam R$ 93,8 bilhões em valores ainda a serem pagos aos cofres públicos.

A maior parte dos recursos vem do orçamento do MEC (Ministério da Educação), abastecido por impostos. Quando um aluno deixa de pagar, o prejuízo recai sobre o Tesouro Nacional —o que impacta também os investimentos em educação.

Assim, a política criada para democratizar o ensino superior se transforma em um deficit bilionário nas contas públicas.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. O governo desse bebum deixou as universidades federais a míngua, incentivou a criação de universidades particulares sem qualidade e controle, transformou os cidadãos pobres em refém do FIES, resultado dessa brincadeira, profissionais pessimamente formados e endividados até o pescoço, os donos das universidades privadas nadam em dinheiro e os abestalhados que cursam nas federais, não tem direito a uma refeição.

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Geral

PARANÁ PESQUISAS: 30,6% acham Lula responsável por fraudes no INSS

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O levantamento da Paraná Pesquisas divulgado neste sábado (28) mostra que 30,6% dos brasileiros consideram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o principal responsável pelas fraudes e desvios registradas no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Só 12% disseram ser o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o responsável.

Outros 25% dos entrevistados atribuíram a principal responsabilidade aos funcionários da entidade.

Eis como responderam os entrevistados ao serem questionados sobre quem é o “principal responsável pelas fraudes e desvios do INSS”:

  • o presidente Lula – 30,6%;
  • os funcionários do INSS – 25%;
  • o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – 12%;
  • sindicado/associações – 7,1%;
  • Congresso Nacional – 0,9%;
  • todos – 3,3%;
  • outras citações – 12%;
  • não sabem/não opinaram – 19,9%.

A pesquisa foi realizada de 18 a 22 de junho de 2025. Foram entrevistadas 2.020 pessoas de 16 anos ou mais em todo o Brasil. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.

CONHECIMENTO SOBRE AS FRAUDES

A maioria (90,5%) dos entrevistados disse ter tomado conhecimento das fraudes no INSS. Outros 9,5% declararam que não tomaram conhecimento.

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Geral

São João de Natal atrai 70 mil pessoas à Avenida da Alegria, no bairro da Redinha, na sexta-feira (27)

Foto: Magnus Nascimento

A abertura do polo Zona Norte do São João de Natal levou cerca de 70 mil pessoas à Avenida da Alegria, no bairro da Redinha, nesta sexta-feira (27). O evento, promovido pela Prefeitura do Natal, marcou o início da última etapa do maior ciclo junino já realizado na cidade. Subiram ao palco Yuri Filho, Augusto Dantas, Banda Grafith, Kadu Martins e Henry Freitas, que encerrou a noite como atração principal.

O prefeito Paulinho Freire acompanhou a programação e destacou a consolidação da Avenida da Alegria como novo espaço de grandes eventos na cidade. “É uma festa de toda Natal, mas hoje é a Zona Norte quem recebe. A gente apostou na Avenida da Alegria durante o Carnaval e, com o São João, fica ainda mais claro que foi um grande acerto. Preparamos tudo com cuidado, pensando na segurança, no conforto e na tranquilidade das famílias que vêm pra cá”, afirmou.

Banda Grafith e Henry Freitas, os shows mais aguardados da noite,  levantaram o público. Natural de Natal, a Grafith sempre foi muito bem recebida, especialmente na Zona Norte, que acompanha os sucessos da banda ao longo de mais de 35 anos de carreira.

“Na Arena foi um sucesso. Na Zona Norte não foi diferente. Esse é mais um momento especial na nossa carreira, e também na história da cidade. Natal vive um momento muito bacana e só tenho a parabenizar toda a equipe”, disse o vocalista Júnior.

Henry Freitas, que consolidou sua carreira no Rio Grande do Norte, também protagonizou um dos grandes momentos da noite. Pernambucano, ele se destacou no Carnaval deste ano ao reunir 70 mil foliões no Ginásio Nélio Dias, e agora repetiu o feito no São João, no polo Zona Norte.

A festa também impulsionou a economia local. Na área destinada aos ambulantes — uma das maiores entre os polos — o movimento começou cedo. Bruna, vendedora de bebidas, veio de São Gonçalo do Amarante com a mãe e se instalou às 13h no ponto de comercialização.

“Essa é a segunda vez que viemos. A primeira foi na abertura e deu pra tirar um dinheirinho bom. A expectativa agora é a mesma. Vou ficar até domingo aqui”, contou.

A estrutura de atendimento ao público foi reforçada. A Avenida da Alegria conta com 12 postos médicos, todos com ambulâncias de suporte avançado. A área reservada para pessoas com deficiência, com visibilidade privilegiada e acesso facilitado, foi mantida.

Foi nesse espaço que estava Magna Bento, moradora da cidade. “Depois de um tempo difícil, esse espaço me deu segurança para voltar a participar desses momentos. É bom demais se sentir parte da festa de novo”, contou.

A segurança foi garantida por uma força-tarefa integrada pela Guarda Municipal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, além das equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), STTU, Urbana, Defesa Civil e demais órgãos da administração.

Programação de sábado (28)

A programação segue neste sábado (28), com shows de Garotões do Forró, Raynel Guedes e o cantor Léo Santana. As apresentações têm transmissão ao vivo pelo canal oficial da Prefeitura no YouTube.

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