Política

Artigo: Mutualismo Político, fator sobrevivência para Lula e Bolsonaro – por Thiago Medeiros

Numa passagem de 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx mostra como é frequente os atores de uma determinada época buscarem inspiração nos acontecimentos de outra. Cuidado que este texto não tem um viés de esquerda, mas acredito que sim, podemos utilizar diversos autores que estudaram e expressaram teorias sobre diversos acontecimentos. Mas você deve estar se perguntando, o que Marx tem a ver com o momento atual da nossa política? Então eu vou fazer um breve paralelo, associando as principais inspirações para projetos de poder, e prometo que ao final deste artigo você vai entender.

Após uma decisão do STF colocar Luiz Inácio Lula da Silva novamente no jogo político, o cenário eleitoral para 2022 começou a ser jogado de forma diferente. A entrada do petista mudou as narrativas e trouxe uma nova dinâmica. O lulismo é carregado de simbolismo, que desperta em uma parte da população uma inspiração para um futuro melhor e para outra representa tempos tenebrosos da nossa nação. O lulismo e o antipetismo deram vida, em 2018, ao bolsonarismo, movimento encabeçado por Bolsonaro que se aproveitou do momento da opinião pública que clamava por uma mudança em nossa política.

Durante sua campanha e também seu governo, o bolsonarismo se vale de uma volta a este passado para resgatar suas bases morais e também seu ideal de governo. Isso mantém de forma coesa uma clientela eleitoral que, faça chuva ou sol, sustenta as intenções de voto de Bolsonaro o suficiente para levá-lo ao segundo turno.

Bolsonaro deu vida ao lulismo antes mesmo da decisão do STF. A sobrevida que hoje Lula ganhou e ganha é lastreada por palavras e ações de Bolsonaro e seu governo. Colocados em polos opostos, esses dois modelos – lulismo e bolsonarismo – têm uma relação ecológica de sobrevivência.

Na natureza, existem diversos tipos de relações entre os seres vivos. Algumas inspiram competição e outras uma espécie de cooperação, o mutualismo é uma dessas, onde há benefício para ambos. O mutualismo é uma associação imprescindível, pois ela garante que os dois animais envolvidos sejam beneficiados e sobrevivam.

Vamos descrever então essa relação de mutualismo entre o lulismo e o bolsonarismo. Sim, primeiramente começo com a afirmação que um precisa do outro para sobreviver. Eles representam visões de um Brasil que tem sido apresentada de modo antagônica, claro que cada um deles ressalta as suas qualidades e aponta os defeitos do seu oponente. Voltando a Marx, citado no início desse texto, o lulismo volta ao passada numa narrativa do resgate de uma época de ouro, onde para eles a redução da desigualdade social, liderança para enfrentar os desafios, crescimento econômico, dentre outros são as virtudes necessárias para levar o País para um futuro melhor, diante dos desafios de um Brasil pós-pandemia.

Assim, o lulismo, numa comparação ao momento atual do Bolsonarismo, se apresenta como um tipo de espécie mais preparada, uma alternativa positiva. Do outro lado do polo, esse mesmo passado é usado para o bolsonarismo ficar raízes e florescer na mente das pessoas. Para ele, o passado petista representa negatividade, voltar a ele significa um retrocesso dentro daquilo que tem sido conquista, principalmente referente aos valores morais e também na luta contra o comunismo e corrupção. Dessa leitura do passado são resgatadas as lembranças que nutrem o bolsonarismo e enfraquece o lulismo.

Sendo assim, ter um Bolsonaro com monopólio da direita e um Lula apoiado por grande parte da esquerda pode indicar uma eleição polarizada, mas também é bom para chacoalhar a turma da terceira via. Não será fácil, um caminho possível seria buscar um público mais cansado com essa polarização, da esquerda com o lulismo e à direita com o bolsonarismo. Mas até agora nenhuma das figuras apresentadas como alternativa para comandar essa tentativa – Mandetta, Ciro Gomes, Tarso Gereissati, Luciano Hulck, Eduardo Leite, João Dória e até o Danilo Gentili – demonstrou capacidade de emplacar uma viabilidade.

Você muito ouvirá sobre antibolsonarismo e antilulismo (antipetismo). Eles serão como índices na bolsa de valores. O aumento de um significa o avanço do outro polo sobre a mente das pessoas. Porém aqui faço uma ressalva, durante este processo podemos ter diante do jogo os dois lados jogando cada vez mais para os extremos, e isso pode aumentar em mesma proporção as duas rejeições, favorecendo assim uma outra via. Mas caso tenhamos uma polarização, esses dois entes precisam manter uma estabilidade de sobrevivência para essas rejeições. Elas serão fundamentais para criar um clima possível de triunfo de sua espécie.

Ambos jogam num campo que satisfaz suas bases eleitorais, e esperam a aderência das demais classes com o passar do tempo, e também na sua viabilidade diante do possível fracasso o oponente. O mutualismo aqui não significa que não haverá competição, porém quero demonstrar que as duas visões de mundo, os dois projetos precisam um do outro para chegarem competitivos em 2022. Até o final do primeiro turno, Bolsonaro será o maior cabo eleitoral de Lula e vice-versa.

Se atacando e não deixando espaços para uma nova narrativa se estabelecer. Cada um dominando a sua faixa do campo, bolsonarismo e lulismo precisam de um ambiente “hostil” de disputa para garantir que suas agendas sigam despertando interesse. Para quem não se encontra satisfeito com essa posição, resta esperar e tentar encontrar uma melhor solução.

Pode ser que uma hora ela apareça. Pode ser que não.

Thiago Medeiros – Publicitário e Sociólogo.

Opinião dos leitores

  1. A anulação do processo do Lula pelo STF, é mais uma tentativa de manter essa estrutura arcaica e o status quo dos privilégiados retrógrados parasitas da nação. Sem o luladrão nas eleições, estava se desenhando uma vitória avassaladora de um grupo de gestores que com certeza, e pelas experiências vividas e obtidas pela lava jato, iria intervir em toda a administração, onde vícios e desvios anti democráticos são as linhas gerais de atuação. Assim tentam polarizar, entre o Bolsonaro, incompetente gestor do Brasil, onde o congresso e stf ditam o destrambelhado rumo da nação, ao mesmo tempo que mantém os privilégios desses detentores do poder com sua pesada estrutura viciada e ineficiente, afundando o país e alijando os brasileiros das mínimas condições de sobrevivência, por outro lado, se conseguirem eleger o luladrão, aí sim, essas benesses continuaram por mais tempo, e na mesma linha administrativa já desnudada pela lava jato. Portanto essa é a cartada final desses sem escrúpulos, só não sabemos se o povo permitirá, ou exigirá um Moro na presidência, desmoronando todo um castelo habitado por esses maus feitores. Sim, porque se Moro toma as rédias desse país, esses corruptos irão ser desalojados do poder e pagarão por todos os maus feitos.

  2. Acredito que essa briga entre os dois, pode destruir um dos lados e levar os dois juntos. Acredito na terceira via.

  3. Provavelmente esse mesmo “mutualismo” é que irá livrar ambos os lados de punição por seus atos criminosos.

  4. Excelente texto! Diria que até os matemáticos de plantão reconhecem os fortes lampejos de raciocínio lógico na brilhante narrativa! Penso diferente de muitos, apenas na questão da polarização paupérrima. Somente a ignorância, o fanatismo ou a “lei do Gerson” podem lastrear um lado dessa polarização midiática. O outro, apesar da pandemia, apesar da torcida e “Ricuperada” invertida de grande parte da mídia, “o que é ruim se fatura e se divulga”, o atual Governo interrompeu um ciclo de mal feitos e devolveu esperança para uma bela e próspera nação chamada BRASIL! Pensemos nisso!

  5. Esse posa de isentão.
    Fazendo de conta que Lula não criou o foro de São Paulo e é a maior ameaça para o futuro do país.
    Nem implantou o comunismo ainda e conseguiu escapar das condenações…
    Na Venezuela começou assim.
    Hugo Chaves e Msduro colocaram gente de confiança na suprema corte.
    Comunismo é atraso e ditadura.
    Cuba, Venezuela z Nicarágua e Bolívia já caíram nessa arapuca.
    E no Brasil aparecem esses discursos para tentar desmoralizar o único político inimigo do Foro de São Paulo.
    Os outros são aliados do Foro de São Paulo. .
    Doria, Rodrigo Maia, Ciro Gomes, Luciano Huck…

  6. Não acho que existe o Bolsonarismo. Ele foi criado pelo anti Petismo. E da mesma maneira que surgiu, vai desaparecer.

  7. Parabéns pelo artigo. Que sirva de reflexão pra que muitos possam entender que pra Lulaladrao e pro MINTOmaníaco interessam e muito essa polarização nefasta entre eles que só levam o país a um destino pior do que já tivemos e temos atualmente pois eles São farinha do mesmo saco!

  8. A nova política ainda não chegou. Os dois representam a divisão e conflito entre o povo brasileiro. Precisamos de um diploma, pacificador, competente, honesto e cristão.

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Trump vai ao Oriente Médio para cúpula da paz e diz que a guerra em Gaza ‘acabou’

Foto: SAUL LOEB/AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, decolou neste domingo para o Oriente Médio, onde deve celebrar seu plano de paz para Gaza. A primeira parada de Trump será em Israel, onde discursará no parlamento e se encontrará com famílias de reféns, antes de seguir para Sharm El-Sheikh, no Egito, onde acontecem as negociações indiretas entre Israel e Hamas

A cidade será palco também de uma cúpula para discutir a paz no enclave palestino, com a participação de líderes de mais de 20 países. A expectativa é que o encontro celebre ainda a assinatura de um “documento que encerra a guerra na Faixa de Gaza”, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Egito, pelos mediadores do conflito: Catar, Egito, EUA e Turquia.

— Este será um momento muito especial — disse Trump. — (…) A guerra acabou. Certo? Vocês entendem isso?

O Globo

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VÍDEO: Terroristas do Hamas atacam civis palestinos em áreas recém-desocupadas pelas tropas israelenses

O grupo Hamas tem promovido ataques contra civis e clãs palestinos nas regiões recentemente desocupadas pelas tropas israelenses, acusando-os de colaboração com Israel.

Relatos locais indicam que, em algumas dessas áreas, o confronto interno já assume contornos de guerra civil, aumentando o clima de tensão e insegurança entre a população.

Nos últimos dias o Hamas mobilizou cerca de 7 mil homens para reocupar áreas evacuadas por Israel, em uma ação pode dificultar plano de paz em Gaza.

Uma força de segurança afiliada ao Hamas, conhecida como Rad’a, foi flagrada nas ruas da Cidade de Gaza. Canais de mídia social afiliados ao Hamas relataram confrontos na área de Sabra, também na Cidade de Gaza

Em um comunicado, a força afirmou: “De norte a sul, a mão de Rad’a está golpeando os antros da traição e da colaboração neste exato momento”.

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PESQUISA GENIAL/QUAEST: 44% dizem que direita representa melhor discurso de patriotismo e combate à corrupção

Foto: reprodução/X/Flavio Bolsonaro

Uma pesquisa da Genial/Quaest revelou que 44% dos brasileiros veem a direita como representante mais forte do discurso de patriotismo e combate à corrupção, enquanto 28% associam esse papel à esquerda. Outros 12% disseram que nenhum dos dois lados se destaca, e 16% não souberam responder.

Os dados mostram diferenças por gênero e religião: 50% dos homens identificam mais o patriotismo na direita, contra 39% das mulheres. Entre evangélicos, o índice sobe para 53%.

Analistas apontam que o resultado reflete uma estratégia de comunicação bem estruturada pela direita, que reforça temas como ordem, moralidade e segurança. Já a esquerda enfrenta o desafio de reconstruir sua ligação com símbolos de identidade nacional.

O estudo indica que o patriotismo segue sendo um campo de disputa simbólica no Brasil, onde narrativas culturais e morais têm tanto peso quanto as propostas políticas.

O levantamento ouviu 2.004 pessoas em 120 municípios entre os dias 2 e 5 de outubro, com margem de erro de 2 pontos percentuais e 95% de confiança.

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Pedimos que tarifa de 40% seja suspensa já durante a negociação com EUA, diz Alckmin

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Em telefonema a Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que a sobretaxa de 40% imposta a produtos brasileiros seja retirada já na fase da negociação, informou o presidente em exercício Geraldo Alckmin neste domingo (12), em Aparecida (SP).

“O pedido do presidente Lula para o presidente Trump foi que, enquanto negocia, suspende os 40%. Esse foi o pleito. Enquanto negocia, suspende os 40%”, disse Alckmin a jornalistas.

A reunião entre Lula e Donald Trump foi realizada em 6 de outubro. Na ocasião, o presidente norte-americano designou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Marco Rubio

Na avaliação do presidente em Exercício, Marco Rubio não deve representar um empecilho para o andamento da negociação.

“Não acredito. A orientação do presidente Trump foi muito clara. Nós queremos fazer um diálogo e entendimento. E o Brasil sempre defendeu isso”, disse Alckmin.

Na próxima sexta-feira (17), Mauro Vieira deve se reunir com Marco Rubio em Washington para tratar do tarifaço e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, como a aplicação da Lei Magnitsky e a revogação de vistos.

Além da negociação que vem sendo conduzida pelas equipes do lado brasileiro e do lado americano, Lula e Trump acordaram de se encontrar pessoalmente em breve. O presidente brasileiro aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia, e se dispôs a viajar aos Estados Unidos.

De acordo com Alckmin, 42% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão fora do tarifaço. O governo estima que cerca de 34% dos produtos produzidos no Brasil estão sendo impactados diretamente pela tarifa de 50%.

CNN Brasil

 

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Brinquedos tradicionais superam eletrônicos nas vendas do Dia das Crianças

Imagem: reprodução/SBT

O comércio e o setor de serviços esperam faturar quase R$ 20 bilhões neste Dia das Crianças, a terceira data mais importante do varejo, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. E, ao contrário do que muitos pensam, os brinquedos tradicionais superaram os eletrônicos na preferência dos consumidores.

De acordo com pesquisa do Datafolha, encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, 61% dos entrevistados pretendem comprar brinquedos, 26% roupas e apenas 4% eletrônicos.

Nas lojas físicas, o movimento foi intenso na véspera da data, com filas e lojas cheias. Segundo Ondamar Ferreira, gerente dos Armarinhos Fernando, “carrinhos, bonecas, bolas e jogos de tabuleiro estão entre os itens mais procurados. Os pais estão tirando as crianças das telas virtuais”.

Especialistas em educação comemoram essa mudança de comportamento. A psicopedagoga Paula Furtado, autora de mais de 100 livros infantis, destaca que os jogos físicos ajudam no desenvolvimento emocional e social.

“O brinquedo ensina a esperar a vez e lidar com a frustração. Nas telas, a criança perde e já começa outro jogo — isso gera ansiedade”, explica.

A recente proibição do uso de celulares nas escolas também contribuiu para o resgate dos jogos analógicos. Segundo Paula, “as crianças voltaram a jogar tabuleiro, a ler mais e até os irmãos menores estão pegando livros para se entreter”.

O resultado: um Dia das Crianças mais analógico, criativo e educativo, com pais e filhos redescobrindo o prazer dos jogos e brincadeiras fora das telas.

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Rogério Marinho se reúne com prefeitos do Alto e Médio Oeste para discutir projetos em favor dos municípios

O senador Rogério Marinho (PL-RN) se reuniu com prefeitos e lideranças do Alto e Médio Oeste potiguar neste sábado (11), em Riacho da Cruz, para debater projetos e parcerias voltados ao desenvolvimento dos municípios da região. O encontro reforçou o compromisso do parlamentar com a interiorização de investimentos e o fortalecimento das gestões municipais.

Estiveram presentes os prefeitos Antonimar (Olho D’Água dos Borges), Dr. Cássio (Riacho de Santana), Pezão (Umarizal), Marcos Aurélio (Riacho da Cruz), Ludmila Amorim (Rafael Godeiro), José Augusto (Portalegre), Claudinha (Rodolfo Fernandes), Gisely Porfírio (São Francisco do Oeste) e Rosania Teixeira (Serrinha dos Pintos).

Durante o encontro, Rogério destacou a importância de ouvir os gestores locais para identificar as demandas prioritárias e buscar soluções conjuntas.

“Nosso trabalho no Senado e junto aos ministérios é fortalecer os municípios, especialmente os do interior, que precisam de infraestrutura, geração de empregos e acesso a políticas públicas. É dialogando com os prefeitos que conseguimos direcionar melhor os recursos e transformar realidades”, afirmou o senador.

O encontro fez parte da agenda do senador na região Oeste neste final de semana. Na sexta (10), em Mossoró, Rogério Marinho participou de um grande ato de filiação de Jorge do Rosário ao PL. Na manhã do sábado (11), foi a Upanema para a inauguração de uma adutora viabilizada a partir de sua atuação em Brasília.

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Homem intoxicado com metanol tem alta após tratamento com vodca russa; entenda

Cláudio Crespi, de 55 anos, recebeu alta do hospital neste domingo (12). — Foto: Arquivo pessoal

O comerciante Cláudio Crespi, de 55 anos, recebeu alta neste domingo (12) após quase duas semanas internado por intoxicação por metanol, em São Paulo. Ele sobreviveu, mas ficou com apenas 10% da visão e ainda faz hemodiálise para tratar sequelas.

“Tenho gratidão a Deus, aos médicos e a todos que torceram por mim. Agora é seguir o tratamento e esperar que não haja mais vítimas”, disse Crespi ao deixar o hospital.

O caso ocorreu em 26 de setembro, quando ele passou mal após beber vodca em um bar. No dia seguinte, o quadro se agravou e ele foi levado à UPA da Vila Maria, na zona norte. Os médicos suspeitaram de intoxicação por metanol, mas o hospital não tinha o antídoto.

Tratamento com vodca russa

A sobrinha do comerciante, Camila Crespi, levou de casa uma garrafa de vodca russa com 40% de álcool, usada como decoração, para ser administrada no tratamento. “Foi usada por cerca de quatro dias no ambiente controlado do hospital. Ajudou a estabilizá-lo, mas a hemodiálise foi decisiva”, contou.

O Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) confirmou que a administração de bebida alcoólica é um procedimento emergencial reconhecido, usado quando o antídoto específico, o fomepizol, não está disponível.

Segundo o hepatologista Rogério Alves, o metanol é um álcool altamente tóxico que, ao ser metabolizado pelo fígado, se transforma em substâncias que atacam o nervo óptico e o sistema nervoso, podendo causar cegueira ou morte. O etanol, usado como antídoto, impede essa transformação.

Mais de 2 mil doses de fomepizol chegaram na quinta-feira (9) ao Ministério da Saúde, que adquiriu 2,5 mil ampolas via Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O medicamento será usado em pacientes que ingeriram bebidas adulteradas entre 6 e 72 horas antes dos sintomas.

Crespi ainda enfrenta limitações motoras e visuais, mas comemora o resultado: “Fiquei sem andar, sem falar, sem enxergar. Agora tenho 10% da visão, mas ganhei uma nova vida.”

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51% dos consumidores brasileiros reduziram gastos em datas especiais no último ano, diz estudo

Foto: Pexels

A inflação acumulada de 5,17% nos últimos 12 meses impactou fortemente o bolso do consumidor brasileiro: 95% afirmam ter sentido alta nos preços, segundo pesquisa da Neogrid. Mesmo assim, três em cada quatro brasileiros (75%) continuam comprando mais em datas comemorativas — embora de forma mais controlada.

O levantamento mostra que 51% dos consumidores ainda gastam mais nessas ocasiões, mas reduziram o valor desembolsado em comparação a anos anteriores. Outros 24% mantêm o mesmo padrão de gasto.

O comportamento foi confirmado em um estudo da FIA Business School, que registrou um salto de 107% no interesse por brinquedos neste Dia das Crianças, frente a 2024. Apesar disso, o ticket médio é baixo — até R$ 145, indicando um consumo mais racional.

“O brasileiro está equilibrando economia e indulgência. O consumo hoje é mais estratégico diante da inflação persistente, do crédito caro e da perda de poder de compra”, afirma Christiane Cruz Citrângulo, diretora da Neogrid.

Como o brasileiro dribla a alta dos preços

O estudo mostra que 82% dos consumidores trocaram produtos por versões mais baratas. A substituição é maior entre itens essenciais:

  • Produtos de limpeza: 69%

  • Higiene pessoal: 57%

  • Alimentos e bebidas: 54%

  • Carnes e derivados: 53%

Outras estratégias adotadas:

  • Trocar marcas conhecidas por alternativas mais baratas (62%)

  • Comprar apenas itens em promoção (52%)

  • Reduzir a quantidade comprada (39%)

  • Comprar em atacado ou embalagens maiores (35%)

“Planejamento, comparação de preços e consumo racional deixaram de ser medidas emergenciais. Hoje fazem parte do dia a dia do brasileiro”, explica Citrângulo.

Expectativa de retomada

Mesmo com o cenário difícil, 63% dos consumidores afirmam que pretendem retomar suas marcas e produtos preferidos quando os preços voltarem a cair.

“Assim que o orçamento permitir, o brasileiro tende a resgatar escolhas ligadas à identidade e recompensa pessoal — mas com mais atenção ao custo-benefício”, conclui Citrângulo.

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María Corina Machado, Prêmio Nobel da Paz: ‘Foi um caminho muito longo e doloroso, mas sinto que estamos chegando às horas finais’

Foto: Pedro Rances Mattey/AFP

Na manhã de sexta-feira, María Corina foi informada de que havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz em Oslo e ainda parece animada. Ela diz que não sabia que havia sido indicada, que esse reconhecimento é para todo o povo venezuelano e pode mudar o destino de seu país. “Ainda estou processando”, diz a líder da oposição venezuelana com um sorriso nesta entrevista em vídeo, uma das primeiras após ser reconhecida com um dos maiores prêmios do mundo.

Teve um efeito impressionante. É muito bonito porque os venezuelanos dizem ‘todos nós merecemos isso’. Este é um reconhecimento de suas conquistas, da sociedade. Um país unido em um momento tremendamente doloroso, mas com enorme esperança“, diz Machado de um local desconhecido em seu país. A ex-deputada se escondeu em agosto do ano passado, depois que o regime chavista atribuiu a vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024 a Nicolás Maduro. As atas dessas eleições ainda não foram divulgadas e, de acordo com as atas coletadas pela oposição, o vencedor foi Edmundo González, agora exilado na Espanha.

Como esse Prêmio Nobel que você ganhou impacta o regime chavista?

Mesmo aqueles envolvidos no crime global entendem perfeitamente a reputação, a credibilidade e a proteção que o Prêmio Nobel da Paz representa. Há também algo sobre o momento. Digo a vocês, é a mão de Deus, porque ocorre em um momento em que já estamos em uma fase decisiva, na minha opinião, em que o regime é mais brutalmente agressivo, repressivo e violento.

Isso reafirma que a comunidade internacional, a democracia mundial, nos apoia e reconhece a importância da luta que está ocorrendo na Venezuela, que vai muito além da Venezuela. Os países latino-americanos entendem isso devido às consequências da crise migratória, das redes de crime organizado, da desestabilização, do tráfico de drogas, de tudo o que é organizado e controlado a partir da Venezuela.

No final, esta é a história e o testemunho de uma sociedade que, usando as ferramentas da luta cívica, foi capaz de enfrentar a estrutura criminosa mais brutal; resistir, avançar e se aliar, persuadindo outros atores a garantir uma transição ordenada para a democracia. Acredito que seja uma história de sucesso para a humanidade.

Entrevista completa em O Globo

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742 municípios brasileiros sentem queda nas exportações para os EUA após tarifaço

Foto: Diego Baravelli/MInfra

As exportações do Brasil para os Estados Unidos somaram US$ 2,6 bilhões em setembro de 2025, queda de 20% em relação ao mesmo mês de 2024 (US$ 3,2 bilhões), segundo levantamento com base nos dados do comércio exterior. Foi o segundo mês de impacto direto do tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Ao todo, 742 municípios brasileiros registraram queda nas vendas aos EUA. Desses, 265 cidades que haviam exportado em setembro de 2024 não venderam nada em setembro deste ano.

Os produtos mais afetados foram carne bovina, ferro fundido, açúcares de cana, café não torrado, madeira e armas — todos incluídos nas novas tarifas, que chegam a 50%.

O Rio de Janeiro (RJ) liderou as perdas, com queda de 22% e redução de US$ 62,2 bilhões no faturamento, principalmente nas exportações de ferro e aço, que já vinham sendo taxadas desde julho.

Outros municípios fortemente impactados incluem:

  • Confins (MG) – exportações praticamente zeradas após queda nas vendas de aeronaves;

  • Sete Lagoas (MG) – prejuízo ligado ao setor de ferro e aço;

  • Ribeirão Pires (SP) – redução nas exportações de armas e munições;

  • Imperatriz (MA) – queda nas vendas de pastas de madeira;

  • Joinville (SC) – impacto nas exportações de máquinas e equipamentos;

  • Araxá (MG) – prejuízo nas vendas de café.

Segundo Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, o tarifaço já tornou inviável a continuidade das exportações em alguns setores:

“Existem empresas em várias regiões do país para as quais as tarifas se tornaram proibitivas”, afirma.

Negri explica que setores como carne e café conseguem redirecionar exportações mais facilmente, mas indústrias de bens sofisticados, como máquinas e equipamentos, enfrentam dificuldades:

“Esses produtos são feitos sob medida para o mercado americano, e as tarifas de 50% tornaram a operação inviável.”

Em julho, quando o tarifaço foi anunciado, 906 municípios estavam sob risco direto. Agora, com os números consolidados de setembro, os efeitos já são visíveis em todo o país — especialmente nas regiões dependentes de commodities e produtos manufaturados destinados aos Estados Unidos.

Opinião dos leitores

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