Política

Artigo: Mutualismo Político, fator sobrevivência para Lula e Bolsonaro – por Thiago Medeiros

Numa passagem de 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx mostra como é frequente os atores de uma determinada época buscarem inspiração nos acontecimentos de outra. Cuidado que este texto não tem um viés de esquerda, mas acredito que sim, podemos utilizar diversos autores que estudaram e expressaram teorias sobre diversos acontecimentos. Mas você deve estar se perguntando, o que Marx tem a ver com o momento atual da nossa política? Então eu vou fazer um breve paralelo, associando as principais inspirações para projetos de poder, e prometo que ao final deste artigo você vai entender.

Após uma decisão do STF colocar Luiz Inácio Lula da Silva novamente no jogo político, o cenário eleitoral para 2022 começou a ser jogado de forma diferente. A entrada do petista mudou as narrativas e trouxe uma nova dinâmica. O lulismo é carregado de simbolismo, que desperta em uma parte da população uma inspiração para um futuro melhor e para outra representa tempos tenebrosos da nossa nação. O lulismo e o antipetismo deram vida, em 2018, ao bolsonarismo, movimento encabeçado por Bolsonaro que se aproveitou do momento da opinião pública que clamava por uma mudança em nossa política.

Durante sua campanha e também seu governo, o bolsonarismo se vale de uma volta a este passado para resgatar suas bases morais e também seu ideal de governo. Isso mantém de forma coesa uma clientela eleitoral que, faça chuva ou sol, sustenta as intenções de voto de Bolsonaro o suficiente para levá-lo ao segundo turno.

Bolsonaro deu vida ao lulismo antes mesmo da decisão do STF. A sobrevida que hoje Lula ganhou e ganha é lastreada por palavras e ações de Bolsonaro e seu governo. Colocados em polos opostos, esses dois modelos – lulismo e bolsonarismo – têm uma relação ecológica de sobrevivência.

Na natureza, existem diversos tipos de relações entre os seres vivos. Algumas inspiram competição e outras uma espécie de cooperação, o mutualismo é uma dessas, onde há benefício para ambos. O mutualismo é uma associação imprescindível, pois ela garante que os dois animais envolvidos sejam beneficiados e sobrevivam.

Vamos descrever então essa relação de mutualismo entre o lulismo e o bolsonarismo. Sim, primeiramente começo com a afirmação que um precisa do outro para sobreviver. Eles representam visões de um Brasil que tem sido apresentada de modo antagônica, claro que cada um deles ressalta as suas qualidades e aponta os defeitos do seu oponente. Voltando a Marx, citado no início desse texto, o lulismo volta ao passada numa narrativa do resgate de uma época de ouro, onde para eles a redução da desigualdade social, liderança para enfrentar os desafios, crescimento econômico, dentre outros são as virtudes necessárias para levar o País para um futuro melhor, diante dos desafios de um Brasil pós-pandemia.

Assim, o lulismo, numa comparação ao momento atual do Bolsonarismo, se apresenta como um tipo de espécie mais preparada, uma alternativa positiva. Do outro lado do polo, esse mesmo passado é usado para o bolsonarismo ficar raízes e florescer na mente das pessoas. Para ele, o passado petista representa negatividade, voltar a ele significa um retrocesso dentro daquilo que tem sido conquista, principalmente referente aos valores morais e também na luta contra o comunismo e corrupção. Dessa leitura do passado são resgatadas as lembranças que nutrem o bolsonarismo e enfraquece o lulismo.

Sendo assim, ter um Bolsonaro com monopólio da direita e um Lula apoiado por grande parte da esquerda pode indicar uma eleição polarizada, mas também é bom para chacoalhar a turma da terceira via. Não será fácil, um caminho possível seria buscar um público mais cansado com essa polarização, da esquerda com o lulismo e à direita com o bolsonarismo. Mas até agora nenhuma das figuras apresentadas como alternativa para comandar essa tentativa – Mandetta, Ciro Gomes, Tarso Gereissati, Luciano Hulck, Eduardo Leite, João Dória e até o Danilo Gentili – demonstrou capacidade de emplacar uma viabilidade.

Você muito ouvirá sobre antibolsonarismo e antilulismo (antipetismo). Eles serão como índices na bolsa de valores. O aumento de um significa o avanço do outro polo sobre a mente das pessoas. Porém aqui faço uma ressalva, durante este processo podemos ter diante do jogo os dois lados jogando cada vez mais para os extremos, e isso pode aumentar em mesma proporção as duas rejeições, favorecendo assim uma outra via. Mas caso tenhamos uma polarização, esses dois entes precisam manter uma estabilidade de sobrevivência para essas rejeições. Elas serão fundamentais para criar um clima possível de triunfo de sua espécie.

Ambos jogam num campo que satisfaz suas bases eleitorais, e esperam a aderência das demais classes com o passar do tempo, e também na sua viabilidade diante do possível fracasso o oponente. O mutualismo aqui não significa que não haverá competição, porém quero demonstrar que as duas visões de mundo, os dois projetos precisam um do outro para chegarem competitivos em 2022. Até o final do primeiro turno, Bolsonaro será o maior cabo eleitoral de Lula e vice-versa.

Se atacando e não deixando espaços para uma nova narrativa se estabelecer. Cada um dominando a sua faixa do campo, bolsonarismo e lulismo precisam de um ambiente “hostil” de disputa para garantir que suas agendas sigam despertando interesse. Para quem não se encontra satisfeito com essa posição, resta esperar e tentar encontrar uma melhor solução.

Pode ser que uma hora ela apareça. Pode ser que não.

Thiago Medeiros – Publicitário e Sociólogo.

Opinião dos leitores

  1. A anulação do processo do Lula pelo STF, é mais uma tentativa de manter essa estrutura arcaica e o status quo dos privilégiados retrógrados parasitas da nação. Sem o luladrão nas eleições, estava se desenhando uma vitória avassaladora de um grupo de gestores que com certeza, e pelas experiências vividas e obtidas pela lava jato, iria intervir em toda a administração, onde vícios e desvios anti democráticos são as linhas gerais de atuação. Assim tentam polarizar, entre o Bolsonaro, incompetente gestor do Brasil, onde o congresso e stf ditam o destrambelhado rumo da nação, ao mesmo tempo que mantém os privilégios desses detentores do poder com sua pesada estrutura viciada e ineficiente, afundando o país e alijando os brasileiros das mínimas condições de sobrevivência, por outro lado, se conseguirem eleger o luladrão, aí sim, essas benesses continuaram por mais tempo, e na mesma linha administrativa já desnudada pela lava jato. Portanto essa é a cartada final desses sem escrúpulos, só não sabemos se o povo permitirá, ou exigirá um Moro na presidência, desmoronando todo um castelo habitado por esses maus feitores. Sim, porque se Moro toma as rédias desse país, esses corruptos irão ser desalojados do poder e pagarão por todos os maus feitos.

  2. Acredito que essa briga entre os dois, pode destruir um dos lados e levar os dois juntos. Acredito na terceira via.

  3. Provavelmente esse mesmo “mutualismo” é que irá livrar ambos os lados de punição por seus atos criminosos.

  4. Excelente texto! Diria que até os matemáticos de plantão reconhecem os fortes lampejos de raciocínio lógico na brilhante narrativa! Penso diferente de muitos, apenas na questão da polarização paupérrima. Somente a ignorância, o fanatismo ou a “lei do Gerson” podem lastrear um lado dessa polarização midiática. O outro, apesar da pandemia, apesar da torcida e “Ricuperada” invertida de grande parte da mídia, “o que é ruim se fatura e se divulga”, o atual Governo interrompeu um ciclo de mal feitos e devolveu esperança para uma bela e próspera nação chamada BRASIL! Pensemos nisso!

  5. Esse posa de isentão.
    Fazendo de conta que Lula não criou o foro de São Paulo e é a maior ameaça para o futuro do país.
    Nem implantou o comunismo ainda e conseguiu escapar das condenações…
    Na Venezuela começou assim.
    Hugo Chaves e Msduro colocaram gente de confiança na suprema corte.
    Comunismo é atraso e ditadura.
    Cuba, Venezuela z Nicarágua e Bolívia já caíram nessa arapuca.
    E no Brasil aparecem esses discursos para tentar desmoralizar o único político inimigo do Foro de São Paulo.
    Os outros são aliados do Foro de São Paulo. .
    Doria, Rodrigo Maia, Ciro Gomes, Luciano Huck…

  6. Não acho que existe o Bolsonarismo. Ele foi criado pelo anti Petismo. E da mesma maneira que surgiu, vai desaparecer.

  7. Parabéns pelo artigo. Que sirva de reflexão pra que muitos possam entender que pra Lulaladrao e pro MINTOmaníaco interessam e muito essa polarização nefasta entre eles que só levam o país a um destino pior do que já tivemos e temos atualmente pois eles São farinha do mesmo saco!

  8. A nova política ainda não chegou. Os dois representam a divisão e conflito entre o povo brasileiro. Precisamos de um diploma, pacificador, competente, honesto e cristão.

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